NOTA BREVE

 

Comportamento ingestivo de novilhos alimentados com feno de diferentes tamanhos de partículas*

Ingestive behavior of steers fed with hay of different particle sizes

 

 

Pereira, E.S.¹, I.Y. Mizubuti², M.A.B. Cavalcante³ e R.H. Clementino⁴

¹Departamento de Zootecnia. UFC. Av. Mister Hull s/n. CEP 60455-760. Brasil. elzania@hotmail.com
²Departamento de Zootecnia. UEL. Londrina, PR. Brasil.
³ADAGRI. R. Presidente Costa e Silva, 41. Quixeramobim, CE. Brasil. mariaandrea_borges@yahoo.com.br
⁴Departamento de Zootecnia. UFC. Fortaleza, CE. Brasil. ane_shepp@yahoo.com.br

*Projeto desenvolvido com apoio do CNPq.

 

 

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RESUMO

Avaliou-se o efeito de tamanhos de partículas de feno de Tifton 85 (5, 7, 10 mm e inteiro) na dieta de novilhos Holandeses, sobre a eficiência de alimentação, eficiência de ruminação, tempo de alimentação (TAL), tempo de ruminação (TRU), tempo de mastigação total (TMT), número de bolos ruminais, tempo de mastigações merícicas por bolo ruminal e número de mastigações por bolo ruminal. O experimento foi em quadrado latino 4 x 4, com 4 novilhos e 4 períodos. O comportamento ingestivo dos animais foi influenciado apenas para as características TAL, TRU e TMT em relação aos perfis granulométricos das dietas.

Palavras chave: Capim Tifton 85. Consumo. Fibra efetiva. Novilhos Holandeses.

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SUMMARY

It was evaluated the effect of particle sizes of Tifton 85 hay (5, 7, 10 mm and whole) in the diet of Holstein steers, on the feeding efficiency, rumination efficiency, feeding time (TAL), rumination time (TRU), total mastication time (TMT), number of ruminal bolus, time of mericics mastications per ruminal bolus and number of mastications per ruminal bolus. It was used a 4 x 4 Latin square experimental design, with four steers and four periods. The ingestive behavior of the animals was influenced by dietetic particle sizes only for the characteristics: TAL, TRU and TMT.

Key words: Tifton 85 grass. Intake. Effective fiber. Holstein steers.

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Introdução

A capacidade do alimento de ser ingerido pelo animal depende da ação de fatores que interagem em diferentes situações de alimentação, comportamento animal e meio ambiente.

Geralmente os animais reduzem o consumo de alimentos volumosos por meio do enchimento, mas o tamanho do bocado e o tempo despendido para ingerir suficientemente o alimento também podem limitar o consumo (Stobbs, 1973). Segundo Welch e Smith (1969), o teor FDN do alimento e sua densidade, bem como os tempos disponíveis para a associação entre quantidade de bocados e mastigações são fatores que limitam o consumo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o comportamento ingestivo de novilhos holandeses alimentados com dietas à base de feno de capim Tifton 85, com diferentes tamanhos de partículas.

 

Material e métodos

O experimento foi realizado na Fazenda Antônio Carlos dos Santos Pessoa da Unioeste, localizada no Campus de Marechal Cândido Rondon-PR.

Foram utilizados quatro animais Holandeses, com 300 kg de peso vivo (PV), alojados em baias individuais dotadas de comedouros e bebedouros. Os animais foram distribuídos em quatro dietas a base de feno capim de Tifton 85 com tamanhos de partículas de 5, 7, 10 mm e inteiro, em delineamento em quadrado latino 4 x 4. Cada período experimental teve duração de 16 dias, sendo 14 dias de adaptação às dietas e à iluminação noturna, e dois dias para mensuração do comportamento ingestivo. As rações foram formuladas de acordo com o NRC (1989), adotando-se a relação volumoso:concen-trado de 60:40 e teor de proteína bruta de 16%. A composição químico-bromatológica dos alimentos e da dieta está apresentada na tabela I.

 

A dieta total foi fornecida à vontade, duas vezes ao dia, as 6:30 e as 13:30 h, permitindo-se 10% de sobras.

As determinações dos teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas conforme os procedimentos padrões (AOAC, 1990); e a fibra em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA) conforme Van Soest et al. (1991). Os teores de carboidratos totais (CT) e de carboidratos não estruturais (CNE) foram obtidos conforme Sniffen et al. (1992).

Para mensuração do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos à observação visual no final de cada período experimental, durante dois dias consecutivos. No primeiro dia, os animais foram avaliados durante três períodos de duas horas (8 às 10 h; 14 às 16 h e 18 às 20 h), para se estimar o número de mastigações merícicas por bolo ruminal e o tempo despendido de mastigação merícica por bolo ruminal, utilizando-se cronômetro digital. No segundo dia, os animais foram analisados, a intervalos de cinco minutos, durante 24 horas, para determinação do tempo despendido em alimentação, ruminação e ócio (Johnson e Combs, 1991). As variáveis avaliadas foram obtidas pelas relações:

EAL= CMS/TAL

ERU= CMS/TRU

TMT= TAL+TRU

NBR= TRU/MMtb

MMnd= NBR/MMnb

em que:

EAL (gMS/h) é a eficiência de alimentação;

CMS (gMS/dia), o consumo de MS;

TAL (min/dia), o tempo de alimentação;

ERU (gMS/h), a eficiência de ruminação;

TRU (min/dia), o tempo de ruminação;

TMT (h/dia), o tempo de mastigação total;

NBR (n^o/dia), o número de bolos ruminais;

MMtb (seg/bolo), o tempo de mastigação merícica por bolo ruminal;

MMnb (n^o/bolo), o número de mastigações merícicas por bolo e MMnd, o número de mastigações merícicas por dia.

As variáveis foram submetidas à análise de variância e as médias, comparadas pelo teste de Tukey, a 1 e 5% de probabilidades, utilizando-se o programa SAEG - Sistema de análises estatísticas e genéticas (UFV, 1997).

 

Resultados e discussão

Na tabela II estão apresentados as médias de consumo de MS (CMS), consumo de FDN (CFDN), eficiência de alimentação (EAL), eficiência de ruminação (ERU), tempo de mastigação total (TMT), tempo de mastigações merícicas por bolo (MMtb), número de mastigações merícicas por bolo (MMnb), número de bolos ruminais (NBR), tempo de alimentação (TAL), tempo ruminação (TRU), número de ciclos por minuto (n^o ciclo/min), mastigação por minuto para MS (min/kgMS) e o número de mastigações merícicas por dia (MMnd), em função dos tamanhos de partícula das dietas.

 

À exceção do TAL, TRU e TMT, nenhuma das variáveis acima foi afetada (p>0,05) pelos tamanhos de partículas das dietas.

A ausência de efeito das dietas sobre o consumo de MS pode ser atribuído ao fato de as dietas serem isonutricionais, então os níveis de energia e de FDN não poderiam realmente ter influenciado o consumo de MS. No entanto, o perfil da fibra presente na dieta poderia ter reflexos sobre o tempo médio de retenção da digesta e como conseqüência, influenciar os consumos, mas isto não foi observado.

Para o TMT nos animais, maior valor foi obtido para a dietas composta por partículas de 5 mm, enquanto que as dietas constituídas de tamanho de partículas de 7, 10 mm e inteira, não diferiram entre si. O TMT médio obtido nesse estudo considerando todas as dietas foi de 841,65 min/dia, cujo valor foi superior ao registrado por Beauchemin (1991), de 764,4 min/dia, e inferior ao encontrado por Miranda et al. (1999), de 894,2 min/dia.

O TAL (min/dia) dos animais foi influenciado significativamente (p<0,05) quando estes foram submetidos às dietas contendo feno de Tifton 85 inteiro e em partículas de 5 mm, registrando-se maior TAL para animais recebendo feno na forma inteira (411,25 min).

O TRU (min/dia), realizado pelos animais, foi maior (p<0,05) quando submetidos à dieta com tamanho de partícula de 7 mm em relação a dieta constituída por feno inteiro. Resultados semelhantes foram observados por Beauchemin et al. (2003) em vacas Holandesas recebendo dietas com tamanhos de partículas de 4 e 10 mm.

 

Conclusões

O comportamento ingestivo dos animais foi influenciado para as características TAL, TRU e TMT em relação aos perfis granulo-métricos das dietas.

 

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Recibido: 10-5-07
Aceptado: 17-5-07