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Archivos de Zootecnia
versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592
Arch. zootec. vol.61 no.234 Córdoba jun. 2012
https://dx.doi.org/10.4321/S0004-05922012000200011
Níveis de valina digestível para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg
Dietary digestible valine levels for barrows from 15 to 30 kg
Lohmann, A.C.1*, Pozza, P.C.1, Pozza, M.S. dos S.1, Nunes, R.V.1, Castilha, L.D.1, Possamai, M.1, Bruno, L.D.G.1 e Lazzeri, D.B.1
1Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Campus de Marechal Cândido Rondon. Paraná. Brasil. *andre12acl@hotmail.com
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar níveis de valina digestível para suínos machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso. No primeiro experimento, para determinação do balanço de nitrogênio, foram utilizados 20 suínos, machos castrados, com peso inicial de 22,88±1,19 kg, distribuídos individualmente em gaiolas de metabolismo, em delineamento experimental de blocos ao acaso, constituído de cinco tratamentos (0,60; 0,67; 0,74; 0,81 e 0,88% de valina digestível) e quatro repetições. No segundo experimento, de desempenho, foram utilizados 40 suínos, machos castrados, com peso inicial de 15,49±0,06 kg, submetidos aos mesmos tratamentos, repetições e delineamento experimental utilizados no primeiro experimento. A relação N retido:N absorvido apresentou resposta quadrática, indicando um nível ótimo de valina digestível de 0,748%. A excreção total de N apresentou efeito quadrático em função dos níveis de valina digestíveis, sendo reduzida até o nível de 0,730% de valina digestível e a partir deste nível a excreção de N aumentou novamente. A eficiência de utilização de valina, para ganho de peso reduziu de forma linear à medida que aumentaram os níveis de valina digestível nas rações, e ao utilizar o modelo linear response plateou obteve-se a redução deste parâmetro até 0,790% de valina digestível. Concluise que o nível de 0,748% de valina digestível foi o mais adequado, ao se considerar o N retido: N absorvido, para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg de peso.
Palavras chave: Aminoácidos de cadeia ramificada. Desempenho. Metabolismo do nitrogênio.
SUMMARY
The objective of this study was to evaluate the digestible valine levels for barrows from 15 to 30 kg of weight. In the first experiment, to determine the nitrogen balance, were used 20 barrows, averaging 22.88±1.19 kg of initial weight, individually allotted in metabolic cages in a randomized blocks design, consisting of five treatments (0.60, 0.67, 0.74, 0.81, 0.88% of digestible valine) and 4 replications. In the second experiment we determined animal performance in 40 barrows, with initial weight of 15.49±0.06 kg, submitted to the same treatments, experimental design and replicates used in the first experiment. The retained N: absorbed N ratio showed a quadratic effect, indicating 0.748% as an optimum level of digestible valine. Total N excretion showed a quadratic effect depending on the digestible valine levels, being reduced until 0.730% of digestible valine and from this level the N excretion increased again. The efficiency of valine utilization for weight gain decreased linearly as the digestible valine increased in the diets, and according to the Linear Response Plateau model was observed a reduction of this parameter up to 0.790% digestible valine. It was concluded that the level of 0.748% of digestible valine was the most appropriate when considering the retained N: absorbed N ratio, for barrows from 15 to 30 kg of live weight.
Key words: Branched chain amino acids. Performance. Nitrogen metabolism.
Introdução
Durante anos a formulação de rações para suínos foi baseada no conceito de proteína bruta, que na maioria das vezes fazia com que as dietas tivessem níveis de aminoácidos desbalanceados, resultando em excesso de vários destes nutrientes e ocasionando sua desaminação, ficando o nitrogênio resultante disponível para a síntese de outros compostos, ou simples-mente excretado enquanto a cadeia carbônica era predominantemente utilizada como fonte de energia (Nones et al., 2002).
Com a disponibilidade de aminoácidos sintéticos as rações podem ser formuladas com níveis destes nutrientes mais próximos das necessidades dos animais, atendendo ao conceito de proteína ideal (Rademacher, 1997). Desta forma, a proteína bruta da ração pode ser reduzida, proporcionando uma diminuição na excreção de nitrogênio.
Entre os aminoácidos essenciais, a lisina, treonina, metionina e o triptofano são considerados aminoácidos-chave (Hahn e Baker, 1995) e, segundo Fraga et al. (2008), na formulação de dietas o modelo de proteína ideal geralmente é aplicado apenas aos aminoácidos mais limitantes. Ribeiro et al. (2006) afirmaram que a treonina é, normalmente, o segundo ou o terceiro aminoácido limitante, podendo ser o primeiro, quando a ração for suplementada com lisina sintética e, de acordo com Lordelo et al. (2008), leitões podem ter um desempenho otimizado ao receberem ração com baixa proteína bruta, desde que suplementadas com lisina, triptofano, treonina, metionina e valina (Lordelo et al., 2008).
No mesmo sentido, Nyachoti et al. (2006) observaram uma redução no ganho de peso diário dos leitões quando a proteína bruta da ração foi reduzida de 21,0 para 17,0% PB, revelando que as rações experimentais apresentaram deficiência de isoleucina e valina, o que pode ter colaborado para piores resultados de desempenho, sugerindo que a valina, e algum outro aminoácido essencial poderiam ter limitado o desempenho dos animais, o que demonstra a importância do conhecimento adequado da exigência de valina para suínos, com o intuito de formular rações que atendam adequadamente às exigências nutricionais.
Trabalhando com suínos dos 5 aos 10 e dos 10 aos 20 kg, Mavromichaliset al. (2001) determinaram a exigência de valina digestível verdadeira como sendo de 2,50 e 2,22 gramas por Mcal de energia metabolizável, respectivamente. Estes valores são superiores aos apresentados pelo NRC (1998), que recomenda 2,45 e 2,11 g de valina digestível por Mcal de energia metabolizável, para suínos dos 5 aos 10 e dos 10 aos 20 kg, respectivamente, sendo os níveis sugeridos por Rostagno et al. (2011) para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg de 2,93 g de valina digestível por Mcal de energia metabolizável.
O objetivo deste trabalho foi o de avaliar níveis de valina digestível para suínos machos castrados, dos 15 aos 30 kg de peso.
Material e métodos
Foram realizados dois experimentos, sendo um de metabolismo e outro de desempenho, na Fazenda Experimental da Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE.
EXPERIMENTO I - METABOLISMO
O experimento foi realizado na sala de metabolismo de suínos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Foram utilizados 20 suínos, machos castrados, com alto potencial genético e desempenho superior, com peso inicial de 22,88±1,19 kg; distribuídos individualmente em gaiolas de metabolismo semelhantes às descritas por Pekas (1968) em delineamento experimental de blocos ao acaso, constituído de cinco tratamentos (0,60; 0,67; 0,74; 0,81 e 0,88% de valina digestível) e quatro repetições, sendo cada gaiola considerada a unidade experimental.
O período experimental teve duração de 12 dias, sendo sete de adaptação dos animais às gaiolas de metabolismo e às rações e cinco dias de coleta total de fezes e urina.
As rações foram formuladas conforme as recomendações nutricionais propostas por Rostagno et al. (2005), para suínos machos castrados de alto potencial genético com desempenho superior, sendo isoenergéticas e isonutritivas, com exceção da valina digestível (tabela I). Com o intuito de se obter o menor nível de valina digestível (0,60%) a proteína bruta das rações experimentais foi reduzida em quatro unidades percentuais, em todos os tratamentos, em relação ao valor sugerido por Rostagno et al. (2005).
As composições aminoacídicas do milho e do farelo de soja, utilizados nas rações, foram analisadas na EVONIK Industries, sendo posteriormente aplicados os coeficientes de digestibilidade ileal verdadeira, propostos por Rostagno et al. (2005), para estimar os valores de aminoácidos digestíveis do milho e farelo de soja.
A quantidade de ração fornecida diariamente a cada animal foi calculada com base no peso metabólico (PV0,75), e após estabelecido o consumo não se verificou sobras de ração após o fornecimento das rações (7:00 e 19:00 h), sendo que para evitar perdas, e facilitar a ingestão, as rações foram umedecidas e fornecidas duas vezes ao dia
As coletas de fezes e urina foram realizadas uma vez ao dia, às oito horas da manhã. Para definir o início e o final do período de coleta foi utilizado o óxido férrico (Fe2O3) como marcador na ração.
As fezes foram coletadas, pesadas, acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e armazenadas em congelador (-5oC), até o final do período de coleta. Ao final desse período as amostras foram descongeladas, pesadas, homogeneizadas e secas em estufa ventilada a 50oC.
A urina foi filtrada, à medida que excretada e colhida em baldes plásticos que continham 20 mL de ácido clorídrico (HCl) 1:1, para evitar a proliferação bacteriana e possíveis perdas por volatilização. Do volume total foram retiradas alíquotas de 5,0%, acondicionadas em frascos de vidro, identificadas e armazenadas em refrigerador (3oC).
As análises de nitrogênio, das fezes e de urina, foram realizadas conforme as metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002), no Laboratório de Nutrição Animal da UNIOESTE.
De posse dos dados foram determinados o nitrogênio (N) ingerido, N excretado nas fezes, N excretado na urina, N absorvido, N retido, relação N retido/N absorvido e a excreção total de nitrogênio.
Os dados foram submetidos às análises estatísticas utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas - SAEG (UFV, 1999). A estimativa do nível de valina digestível foi feita com base nos resultados obtidos para as variáveis, utilizando-se os modelos quadrático e ou descontínuo Linear Response Plateou (LRP), descrito por Braga (1983), conforme o ajustamento obtido para cada variável.
EXPERIMENTO II - DESEMPENHO
O experimento foi realizado na creche demonstrativa experimental da Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE.
Foram utilizados 40 suínos machos e castrados, com alto potencial genético, com peso inicial de 15,49±0,06 kg, distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso, constituído de cinco tratamentos, quatro repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos consistiram de cinco níveis de valina digestível (0,60; 0,67; 0,74; 0,81 e 0,88%).
Os animais foram alojados em creches metálicas, suspensas, com piso de polipropileno, dotadas de comedouros semi-automáticos e de bebedouros tipo chupeta, localizada em prédio de alvenaria com piso de concreto e com janelas basculantes nas laterais.
As rações experimentais (tabela I) foram as mesmas descritas no experimento I, à base de milho, farelo de soja, minerais, vitaminas, aminoácidos e aditivos.
Os animais foram pesados no início e no final do experimento para determinação do ganho de peso. As rações foram pesadas todas as vezes que fornecidas aos animais e o desperdício de ração, e as sobras de ração nos comedouros ao final do experimento, foram computados para determinação do consumo.
No final do experimento foi realizada a coleta de sangue de um animal por unidade experimental, para determinação dos níveis de uréia e creatinina no plasma sangüíneo.
Antes da coleta de sangue os animais permaneceram em jejum das 17:00 horas até às 7:00 horas do dia seguinte, e das 7:00 até às 8:00 horas os animais tiveram acesso à alimentação, depois, das 8:00 horas até às 13:00 horas, ficaram em jejum novamente e nesse horário foi realizada a coleta de sangue.
As amostras de sangue foram obtidas através de punção na jugular, com auxilio de agulhas de 100 mm de comprimento (Moreno et al., 1997). O sangue foi coletado em tubos de vidro do tipo vacutainer, contendo anticoagulante EDTA. Após a coleta o sangue foi encaminhado ao Laboratório de Parâmetros Sangüíneos da UNIOESTE, onde as amostras foram centrifugadas à 3000 rpm por um período de 10 minutos. O plasma foi retirado com auxilio da pipeta automática e acondicionado em tubos do tipo ependorf, identificados e armazenados para analises posteriores de creatinina e uréia.
As análises de uréia e creatinina no plasma foram realizadas pelo método colorimétrico, após realizados os procedimentos operacionais padrões descritos nos kits específicos. A dosagem da uréia plasmática foi multiplicada pelo fator 0,467 que representa a fração de nitrogênio na molécula de uréia (Newman e Price, 1999), para obtenção do nitrogênio na uréia plasmática (NUP).
Foram determinados o peso final (PF), o consumo de ração diário (CRD), o ganho de peso diário (GPD), a conversão alimentar (CA), o consumo de lisina diário (CLisD), o consumo de valina diário (CValD), o consumo de nitrogênio diário (CND), a eficiência de utilização do nitrogênio para ganho (EUNG) (EUNG = GPD / CND), a eficiência de utilização da valina para ganho (EUValG) (EUValG= GPD/CValD), o nitrogênio na uréia plasmática (NUP) e a creatinina plasmática.
Os dados foram submetidos às análises estatísticas utilizando-se Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas-SAEG (UFV, 1999). A estimativa do nível de valina digestível foi feita utilizando-se os modelos quadrático e ou descontínuo Linear Response Plateau (LRP), descrito por Braga (1983), conforme o ajustamento obtido para cada variável.
Resultados e discussão
EXPERIMENTOI -METABOLISMO
Foi observada diferença (p<0,01) para o nitrogênio (N) ingerido e N absorvido, no entanto o ajustamento da equação de regressão apresentou baixo coeficiente de determinação.
O nitrogênio nas fezes (tabela II) não foi influenciado (p>0,05) pelos níveis de valina digestível, o que pode ser devido às rações serem isonitrogenadas, uma vez que o nitrogênio das fezes tem origem no nitrogênio ingerido, que não foi absorvido, e na fração endógena que é proveniente, principalmente, das secreções digestivas (pancreáticas, biliares e intestinais), das descamações do epitélio intestinal e da massa microbiana (Kerr et al., 1995; Figueroa et al., 2002). Por outro lado, Lordelo et al. (2008) obtiveram redução do nitrogênio nas fezes em leitões alimentados com rações com redução de PB na primeira e na quarta semana, com a exceção dos leitões alimentados com rações suplementadas com valina sintética, na quarta semana do experimento.
A excreção de N na urina foi influenciada (p<0,05) pelos níveis de valina digestível e ao se utilizar o modelo LRP observou-se uma redução até o valor de 6,66 g/dia de N, correspondendo ao nível de 0,641% de valina digestível (figura 1). Esta redução na excreção de nitrogênio na urina, até o nível ótimo de valina na dieta, pode estar associado ao melhor balanço entre os aminoácidos, pois de acordo com Kerr et al. (1995) e Figueroa et al. (2002) o nitrogênio urinário é constituído pelo nitrogênio eliminado no metabolismo animal, e a urina é a principal via de eliminação de nitrogênio no organismo dos suínos, sendo que 60 a 80% do nitrogênio total é eliminado por esta via.
Diferenças para a excreção de nitrogênio na urina também foram observadas por Lordelo et al. (2008), que observaram uma excreção de 4,59 g/dia para a ração que continha somente a suplementação de valina, e uma excreção de 6,07 g/dia para a ração suplementada com isoleucina e valina.
A relação N retido:N absorvido apresentou efeito quadrático (p= 0,05), havendo um aumento até o nível de 0,748% de valina digestível (figura 2). Estes resultados podem ser devido ao desequilíbrio dos aminoácidos proporcionado pelos diferentes níveis de valina na dieta, que pode induzir a maior desaminação, explicando em partes o efeito que os diferentes níveis de valina digestível proporcionaram na relação entre o nitrogênio que foi absorvido e retido. Por outro lado, Lordelo et al. (2008) observaram que a retenção de nitrogênio, como percentagem do N absorvido, ou como a percentagem do N consumido, foi semelhante entre os tratamentos, durante todo o período experimental (quatro semanas), ao utilizarem valina e isoleucina sintética nas rações.
O nitrogênio retido não foi influenciado (p= 0,2560) pela valina digestível (tabela II), e calculando seu percentual em relação ao N ingerido foram obtidos valores compreendidos entre 69,5 a 78,8%, que são superiores aos obtidos por Kerr et al. (1995) e Figueroa et al. (2002), onde afirmaram que estes valores podem variar de 50,0 a 60,0% do nitrogênio consumido pelos suínos quando alimentados com rações convencionais, sendo o restante eliminado nas fezes e urina.
A excreção total de N foi reduzida (p<0,05) até o nível de 0,73% de valina digestível (figura 3), e a partir deste nível a excreção aumentou novamente. Lordelo et al. (2008) relataram que a excreção total de N, dos leitões alimentados com rações de baixa PB suplementadas com isoleucina e valina na primeira semana, foi reduzida em 26,0% comparado com a ração de alta PB, e após a quarta semana a redução foi de 29,0%.
O nível de 0,748% de valina digestível foi o mais adequado ao se considerar o nitrogênio retido: nitrogênio absorvido, uma vez que esta variável representa a relação do nitrogênio que foi ingerido e do que foi excretado nas fezes e urina, resultando no nitrogênio que é utilizado pelo animal. Resultados semelhantes foram obtidos por Paul et al. (2007) que obtiveram 0,74% de valina digestível para suínos dos 7 a 20 kg.
O nível de valina digestível obtido é inferior ao observado por Mavromichalis et al. (2001), que avaliando o desempenho de leitões, dos 5 aos 10 kg e 10 a 20 kg, obtiveram a melhor resposta com o nível de 0,775% de valina digestível verdadeira.
No entanto, o nível de valina digestível de 0,748% é superior às exigências pro-postas pelo NRC (1998) para leitões dos 10 aos 20 kg (0,690% de valina digestível) e dos 20 aos 50 kg (0,560% valina digestível), mostrando-se ainda intermediário aos níveis de valina digestível propostos por Rostagno et al. (2005) para suínos machos castrados, dos 15 aos 30 kg, com desempenho médio (0,684%) e superior (0,790%).
EXPERIMENTOII -DESEMPENHO
O CRD não foi influenciado (p>0,05) pelos níveis de valina, conforme apre-sentado na tabela III. Resultados semelhantes foram obtidos por Lewis e Nishimura (1995), ao utilizarem suínos com aproximadamente 70 kg, em que o consumo de ração e o ganho de peso não foram influenciados pela concentração dietética de valina, apesar do aumento de 9,00% no ganho de peso quando a concentração de valina foi aumentada de 0,35 para 0,45%.
Por outro lado, Lordelo et al. (2008) e Mavromichaliset al. (1998) observaram que rações com baixa PB, suplementadas com valina sintética, melhoraram o consumo de ração e o GPD em relação a ração sem suplementação.
As variáveis CLisD e CND (tabela III) foram semelhantes (p>0,05) entre os níveis de valina avaliados, o que pode ser devido ao CRD não ter apresentado diferença. Por outro lado o CValD aumentou (p<0,01), sendo proporcionado pelo aumento nos níveis de valina digestível das rações.
Theilet al. (2004) verificaram que suínos alimentados com 80,0% da exigência diária de valina (0,823 g de valina digestível/Mcal EM) apresentaram redução na ingestão de ração, em relação à suínos alimentados com 100,0% da exigência diária (0,827 g de valina digestível/Mcal EM), porém este fato não se confirmou no presente trabalho que o consumo não foi afetado pela diminuição nos níveis de valina na dieta.
A CA não foi influenciada (p>0,05) pelos níveis de valina digestível (tabela III). Resultados semelhantes foram obtidos por Lordelo et al. (2008) e Mavromichalis et al. (1998), onde observaram que rações com baixa PB, suplementadas com valina sintética, não influenciaram a eficiência alimentar. Porém, Mavromichalis et al. (1998) verificaram que a eficiência alimentar piorou em leitões alimentados com uma ração controle negativo (13,50% PB, sem adição de valina) em relação à leitões alimentados com um nível adequado de valina (19,20% PB, sem adição de valina).
Theil et al. (2004) verificaram pior CA nos leitões que receberam 80,0% da exigência diária de valina em relação aqueles alimentados com 100,0% da exigência diária. Russell et al. (1987) também observaram que a combinação de isoleucina e valina, em rações com baixa PB, mostraram resultados semelhantes para a eficiência alimentar, em relação à suínos consumindo uma ração controle negativo (ração com 17,0% PB sem adição de isoleucina e valina).
A EUNG não apresentou diferença (p>0,05) devido aos níveis de valina digestível também não terem influenciado o CRD, associado ao fato das rações experimentais serem isoprotéicas, o que proporcionou resultados semelhantes para o CND e consequentemente para EUNG, uma vez que esta variável está diretamente relacionada ao consumo de nitrogênio.
A EUValG reduziu (p<0,01) até o nível de 0,79% de valina digestível (figura 4), ao se considerar o modelo descontínuo LRP, o que representou uma eficiência 57,52%, podendo-se inferir que o nível ótimo de valina digestível seria inferior a 0,79%.
Dentre os parâmetros sanguíneos avaliados (tabela III) a creatinina foi influenciada (p= 0,067) pelos níveis de valina digestível, aumentando sua concentração plasmática à medida que os níveis de valina digestível aumentaram (figura 5). De acordo com Oliveira (2004) o teor de creatinina pode ser usado como indicador da qualidade da proteína dietética, pois o aumento do catabolismo muscular eleva as concentrações de creatinina sanguínea.
Os diferentes níveis da valina digestível não influenciaram (p>0,05) o NUP que apresentou valores de 6,29 a 11,59 mg/dL, e possivelmente o alto coeficiente de variação obtido para esta variável tenha colaborado para não se obter uma resposta significativa. Valores baixos de NUP estão relacionados à melhor utilização de nitrogênio para a deposição de tecido (Coma et al., 1995) e o aumento do NUP pode indicar ineficiência na utilização de aminoácidos (Gasparotto et al., 2001), sendo que tais alterações não foram observadas. Além disso, Fraga et al. (2008) relataram que o NUP é um eficiente parâmetro para indicar a utilização dos aminoácidos dietéticos pelo suíno.
Conclusão
Concluiu-se que o nível de 0,748% de valina digestível foi o mais adequado, ao se considerar o nitrogênio retido: nitrogênio absorvido, para suínos machos castrados dos 15 aos 30 kg.
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Recibido: 15-3-11
Aceptado: 22-12-11.