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Archivos de Zootecnia

On-line version ISSN 1885-4494Print version ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.62 n.238 Córdoba Jun. 2013

https://dx.doi.org/10.4321/S0004-05922013000200005 

 

Levedura mista (cerveja + cana-de-açúcar) spray-dry na alimentação de leitões na fase inicial

Mixed spray-dry yeast (brewer + sugar cane) on starting pigs feeding

 

 

Poveda Parra, A.R.1 *; Moreira, I.1; Furlan, A.C.1; Carvalho, P.L.O.1; Peñuela Sierra, L.M.1 e Filho, C.C.1

1Departamento de Zootecnia. Universidade Estadual de Maringá. Maringá, PR. Brasil
*angelapovedaparra@hotmail.com

 

 


RESUMO

Foram conduzidos três experimentos para determinar o valor nutricional das leveduras spray-dry cana-de-açúcar (LEV35) e levedura mista (cerveja + cana-de-açúcar - LEV40) e o efeito da inclusão da LEV40 em rações para leitões sobre o desempenho e viabilidade econômica. No ensaio de digestibilidade total foram utilizados 15 leitões machos castrados, com 21,49 ± 4,85 kg de peso vivo, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. Os valores de energias digestível e metabolizável na matéria natural para a LEV35 e LEV40 foram de 2788 e 3455 (kcal/kg); 2761 e 3289 (kcal/kg), respectivamente. No primeiro ensaio de desempenho foram avaliados cinco níveis de inclusão da LEV40 (0, 5, 10, 15 e 20 %) na forma farelada, utilizando 50 leitões, com peso inicial de 14,60 ± 1,28 kg, distribuídos em delineamento de blocos inteiramente casualizado. No segundo ensaio de desempenho foram avaliados os cinco níveis de inclusão utilizados no ensaio anterior nas formas farelada ou peletizada, utilizando 80 leitões, com peso inicial de 15,16 ± 2,00 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 2. Os resultados indicam que a inclusão de até 20 % da LEV40 em rações para leitões nas duas formas não afeta o desempenho. Entretanto, a viabilidade econômica vai depender da relação de preços entre os ingredientes.

Palavras chave: Alimento protéico. Subproduto. Valor nutricional.


SUMMARY

Three experiments were carried out to determine the nutritional values of the spray-dry yeast sugar cane (LEV35) and mixed (brewer + sugar cane - LEV40) and the inclusion effect on starting pigs diets on performance and economic feasibility. In total digestibility assays were used fifteen barrow pigs with initial body weight of 21.49 ± 4.85 kg were allotted in a completely randomized design. The values of digestible and metabolizable energy as-fed basis for LEV35 and LEV40 were: 2788 and 3455 (kcal/kg); 2761 and 3289 (kcal/kg), respectively. In performance trial were evaluated five inclusions levels of LEV40 (0, 5, 10, 15 and 20 %) utilizing 50 piglets, with initial weight of 14.60 ± 1.28 kg in meal form, distributed in a completely randomized bloc design. In second performance trial were evaluated five inclusions levels of previous assay in meal form or pellet form, using 80 piglets, with initial weight of 15.16 ± 2.00 kg, allotted in a completely randomized factorial 5 x 2. The results indicate that the inclusion of up to 20 % of LEV40 in diets for piglets in the two forms did not affect performance. However, the economic feasibility will depend on the price relationship between the ingredients.

Key words: Co-product. Nutritional value. Protein feedstuffs.


 

Introdução

As frequentes oscilações nos preços do milho e farelo de soja, principais componentes das rações de suínos no Brasil, estimulam a busca por ingredientes alternativos. Ingredientes de origem vegetal processados têm sido utilizados como fonte energética ou proteica nas dietas de leitões (Bertol et al., 2000), entre eles está a levedura seca (Saccharomyces spp), indicada como alternativa em substituição parcial ao farelo de soja (Moreira et al., 2002; Castillo et al. 2004; Araújo et al, 2006; Junqueira et al., 2008).

A levedura obtida da indústria sucroalcooleira é um alimento protéico proveniente da fermentação anaeróbia do caldo de cana ou do melaço. A secagem pelo método de spray-dry, resulta em um produto de melhor qualidade em função da menor exposição às altas temperaturas (Moreira, J.A. et al., 1998; Zanutto et al., 1999). Neste processo de secagem, são preservadas as vitaminas do complexo B, principalmente, tiamina, riboflavina, niacina e ácido pantotênico (Furuya et al., 2000). No Brasil, usa-se a levedura de cana-de-açúcar (seca por spray-dry) proveniente da produção de álcool de cana-de-açúcar, entretanto, recentemente, tem sido disponibilizado um composto misto de levedura de cana-de-açúcar + levedura de cervejaria. Por ser novo no mercado, este produto não foi devidamente estudado e as informações sobre o uso como alternativa na alimentação de suínos é limitada.

As rações oferecidas aos leitões na fase inicial podem ser na forma farelada, sendo esta a mais utilizada por ser mais econômica e trazer resultados zootécnicos satisfatórios, ou na forma peletizada a qual melhora o consumo de ração, o ganho diário de peso, a conversão alimentar e diminui a formação de pó e reduz desperdícios (Moreira et al., 1995).

Assim, objetivou-se, com este trabalho, determinar o valor nutricional das leveduras spray-dry (cana-de-açúcar- LEV35 e levedura mista (cerveja + cana-de-açúcar - LEV40), por meio de estudo de digestibilidade e verificar os efeitos da inclusão da LEV40 em rações para leitões na fase inicial (15-30 kg) sobre o desempenho e a viabilidade econômica.

 

Material e métodos

Os experimentos foram realizados no Setor de Suinocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), da Universidade Estadual de Maringá, localizado no estado do Paraná (23o21'S, 52o04'W, a uma altitude de 564 metros).

No ensaio de digestibilidade foram utilizados 15 suínos machos castrados com peso inicial de 21,49 ± 4,85 kg . Os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo, em sala com temperatura parcialmente controlada (24 oC), por meio de equipamentos de ar condicionado.

A ração referência foi composta principalmente por milho e farelo de soja, foi calculada para atender as exigências indicadas no NRC (1998). A ração referência foi composta por milho (69,51 %), farelo de soja (26,95 %), óleo de soja (0,24 %), calcário (0,64 %), fosfato bicálcico (1,49 %), sal comum (0,52 %), suplemento vitamínico mineral (0,65 %). Os ingredientes testados foram a LEV35 e LEV40 que substituíram, com base na matéria seca, 25 % da ração referência, resultando em duas rações teste (RT). O período experimental durou 17 dias (12 dias de adaptação às gaiolas e a ração e cinco de coleta total de fezes e urina). O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos, cinco repetições, e a unidade experimental constituída por um suíno.

Foi adotada a metodologia de coleta total e o Fe2O3 (2 %) foi usado como marcador fecal no início e final das coletas. As fezes totais produzidas foram coletadas uma vez ao dia, acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas em congelador a -18 oC. Posteriormente, o material foi homogeneizado, seco em estufa de ventilação forçada (55 oC) e moído em moinho tipo martelo (criva de 1 mm) para a realização de análises laboratoriais. A urina foi coletada em baldes plásticos, contendo 20 mL de HCl 1:1 para evitar a proliferação bacteriana e possíveis perdas por volatilização.

As análises das rações e das fezes foram realizadas segundo os procedimentos descritos por Silva e Queiroz (2002). Os valores de energia bruta foram determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr Instrument Co.). Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), energia bruta (CDEB), proteína bruta (CDPB) e matéria orgânica (CDMO) foram calculados conforme Moreira et al. (1994). Aplicou-se a fórmula de Matterson et al. (1965) para a obtenção dos nutrientes digestíveis das duas leveduras spray-dry.

Para avaliar as diferenças entre os coeficientes de digestibilidade da LEV35 e LEV40, os dados foram submetidos à análise de variância, utilizando o pacote estatístico SAEG (UFV, 1997), de acordo com o seguinte modelo estatístico:

No primeiro ensaio de desempenho (ensaio I) foram utilizados 25 machos e 25 fêmeas, híbridos comerciais, com peso inicial de 14,60 ± 1,28 kg e final de 31,36 ± 3,82 kg. O experimento foi realizado no período de março a maio de 2008 e as temperaturas médias registradas no período experimental foram de 16,99 ± 3,56 oC mínima e 26,8 ± 4,3 oC máxima.

Os animais (dois por baia) foram alojados em galpão de creche, em baias (1,32 m2) elevadas, com comedouros semiautomáticos e bebedouros tipo chupeta. As rações e água foram fornecidas à vontade durante todo o período experimental.

Os tratamentos consistiam de cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 5, 10, 15 e 20 %) da levedura spray-dry mista (cerveja + cana-de-açúcar, LEV40). As rações à base de milho e farelo de soja (tabela I) foram formuladas para atender as exigências recomendadas pelo NRC (1998) para suínos na fase inicial. Foram adicionados aminoácidos sintéticos (L-lisina, DLmetionina, L-treonina e L-triptofano) para atender ao padrão de proteína ideal (tabela I), conforme o indicado pelo NRC (1998). Para os cálculos foi utilizada a composição química e energética da LEV40 obtida no experimento de digestibilidade (tabela II).

 

 

Os animais foram distribuídos em um delineamento de blocos (no tempo) inteiramente casualizado, com cinco níveis de inclusão da levedura (0, 5, 10, 15 e 20 %), cinco repetições e dois leitões por unidade experimental. Os animais foram pesados no início e no final do experimento, bem como o consumo total de ração computado ao final. Com estes dados foram calculados o consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA).

No início e no final do experimento foram colhidas amostras de sangue via veia cava cranial em tubos com heparina (Cai et al., 1994) para análise do nitrogênio da ureia plasmática (NUP). As amostras foram centrifugadas (3000 rpm por 15 minutos) para obtenção do plasma, que foi transferido para microtubos de 1,5 mL os quais foram devidamente identificados e armazenados em freezer (-18 oC) para posteriores análises. Os valores de NUP foram determinados pelo método de Marsh et al. (1965). Os resultados do NUP inicial foram utilizados como covariável para a análise estatística do NUP final.

Para avaliar a viabilidade econômica da levedura mista spray-dry foram cotados os preços das matérias-primas no mercado local e calculado o custo da ração por quilograma de peso vivo ganho, segundo Bellaver et al. (1985) conforme descrito:

O índice de eficiência econômica (IEE) e o índice de custo (IC) foram calculados segundo a metodologia proposta por Gomes et al. (1991).

Os preços dos insumos foram utilizados para calcular os custos das rações experimentais. Os preços dos insumos foram utilizados para calcular os custos das rações experimentais. O milho custou R$ 0,32/kg1, o farelo de soja R$ 0,76/kg, o óleo de soja R$ 2,28/kg e a levedura de cerveja + cana-de açúcar spray-dry R$ 1,10/kg.

Os resultados foram submetidos à análise de regressão polinomial de acordo com o seguinte modelo estatístico:

Para a comparação dos resultados da ração testemunha (sem inclusão de LEV40) com cada um dos níveis de inclusão da levedura mista, foi aplicado o teste de Dunnet (Sampaio, 1998). As análises estatísticas foram efetuadas utilizando o pacote estatístico SAEG.

Como foi verificado no ensaio I que os níveis de inclusão da LEV40 não influenciaram as variáveis estudadas, foi conduzido o ensaio II para verificar se o processo de peletização melhoraria as respostas dos níveis mais elevados da LEV40.

Neste segundo experimento de desempenho foram utilizados 40 machos e 40 fêmeas, com peso inicial de 15,16 ± 1,36 kg e final 30,72 ± 2,72 kg. Os animais foram alojados em galpão de creche, conforme o descrito anteriormente no ensaio II. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 5 x 2, sendo cinco níveis de inclusão de LEV40 (0, 5, 10, 15 e 20 %) e duas formas (farelada ou peletizada), com quatro repetições e dois leitões por unidade experimental.

A composição das rações experimentais (tabela I) bem como os demais procedimentos experimentais foram os mesmos utilizados no ensaio II.

Os resultados foram submetidos à análise de variância, utilizando o pacote estatístico SAEG, adotando-se o seguinte modelo estatístico:

 

Resultados e discussão

A levedura de cana-de-açúcar (LEV35) apresentou, de forma geral conteúdo de nutrientes inferior (tabela II) aos encontrados por Miyada et al. (1992) e Moreira, I. et al. (1998) que estudaram respectivamente a levedura seca e a levedura de recuperação seca por spray-dry, como ingrediente de rações de leitões. Estes autores encontraram valores superiores para o fósforo 1,23 e 0,67 %, o cálcio 0,23 e 1,35 % e para a matéria mineral 10,14 e 12,17 %, respectivamente.

A composição química da LEV35 apresentou valores superiores aos apresentados por Rostagno et al. (2005) para matéria seca (90,85 %), energia bruta (4157 kcal/kg) e inferiores para proteína bruta (36,75 %), cálcio (0,29 %), fósforo (0,82) e energia metabolizável (3370). Os valores apresentados por Brumet al. (1999) foram inferiores para matéria seca (90,28 %), proteína bruta (32,02 %) e energia bruta (3932 kcal/kg) e superiores para cálcio (0,15 %) e fósforo (1,02 %). Os valores da LEV35 foram inferiores aos encontrados por Zanutto et al. (1999) para a matéria seca (96,0 %), proteína bruta (35,27 %) e cálcio (0,47 %), porém foi superior para o fósforo (0,42 %) e para a energia metabolizável (3139 kcal/kg) e semelhante para energia bruta (4283 kcal/kg).

As variações nos valores da composição química da levedura de cana-de-açúcar, podem ser explicados pela variação do clima e cultivares. Além disso, a levedura pode ser obtida em diversas condições de processamento e manejo, o que pode afetar também sua composição (Generoso et al., 2008).

Por ser um produto novo no mercado brasileiro, não foram encontrados dados na literatura para a LEV40, porém comparando com os valores apresentados por Rostagno et al. (2005) para a levedura de cana-deacucar e para a levedura de cerveja foi observado que a LEV 40 apresentou valores superiores para a matéria seca (92,94 %), calcio (0,19 %), matéria mineral (12,89 %) e materia orgânica (87,11 %), entretanto, o valor do fosforo (0,63 %) foi inferior. Os valores de energia bruta e proteina bruta da LEV40 difierem dos apresentados por Rostagno et al. (2005) para as leveduras.

Os coeficientes de digestibilidade das duas leveduras spray-dry (tabela II) foram diferentes (p<0,05), sendo que a LEV35 apresentou coeficientes de digestibilidade menores que a LEV40. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e da energia bruta da LEV35 foram inferiores aos encontrados por Zanutto et al. (1999). Por outro lado a LEV40 apresentou coeficiente de digestibilidade da matéria seca superior e da energia bruta inferior aos resultados de Albuquerque et al. (2011).

O coeficiente de digestibilidade da proteína bruta da LEV35 foi baixo comparado a LEV40 (93,21 %). Segundo Yamada et al. (2003) a baixa digestibilidade proteica da levedura de cana-de-açúcar pode ser atribuída à resistência da parede celular à ação das enzimas digestivas, provavelmente seja esse o fator que as tornam mais espessas, dificultando a proteólise. A digestibilidade aparente da proteína na LEV40, cuja composição é a combinação da cana-de-açúcar e cerveja, foi superior ao valor encontrado por Albuquerque et al. (2011) quando avaliaram resíduo seco de cervejaria.

O valor de matéria seca digestível, energia digestível e energia metabolizável da LEV35 foram inferiores aos encontrados por Zanutto et al. (1999) para levedura semelhante à LEV35.

No ensaio de desempenho (ensaio I) o consumo diário de ração e o ganho de peso diário (tabela III) não foram diferentes (p>0,05) para as duas leveduras. Castillo et al. (2004) avaliaram o efeito da substituição (0, 25, 50, 75 e 100 %) do farelo de soja pela levedura desidratada por spray-dry como fonte protéica sobre o desempenho e observaram efeito quadrático para o CDR, sendo maior com 41,18 % de substituição da proteína bruta do farelo de soja pela proteína bruta da levedura.

 

A conversão alimentar apresentou piora linear (p<0,04) com a inclusão de LEV40 (tabela III), indicando que a LEV40 teve efeito prejudicial sobre a eficiência de uso das rações. Resultados semelhante foi observado por Moreira et al. (1996) onde observaram uma pior conversão, sem contudo, prejudicar o consumo. Araújo et al. (2006) avaliando três níveis de inclusão de levedura (5, 10 e 15 %) e Junqueira et al. (2008) que avaliaram o efeito de diferentes fontes proteica (10 % de levedura) em rações para leitões não observaram diferenças nas variáveis de desempenho. Porém, Spark et al. (2005) avaliando, 20, 40 e 60 % de levedura em substituição à soja, observaram um aumento no consumo das rações que continham levedura e ainda concluíram que com 40 % de inclusão da levedura foi observado um aumento no ganho de peso e melhora na conversão alimentar, os autores atribuem estes resultados à palatabilidade das rações.

O NUP (tabela III) foi influenciado de forma quadrática (NUP = 10,0727 + 0,414903X - 0,0299719X2) pela inclusão da LEV40, o que pode indicar maior desequilíbrio de aminoácidos e menor eficiência da utilização do N com o nível de 6,92 % de inclusão de LEV40.

A análise econômica (tabela III) indicou aumento linear (p<0,05) para o custo em ração por quilograma de peso vivo ganho (CR) com a inclusão da LEV40, sendo evidente o maior custo (40,14 %) ou menor índice de eficiência econômica (71,36 %) para o maior nível de inclusão. O teste de Dunnett cuja finalidade é comparar cada nível de inclusão (5, 10, 15 e 20 %) com o nível 0%, indicou que o CR para o nível 20 % de inclusão de LEV40 é maior que o nível 0 %. Esta resposta pode ter ocorrido em função da adição de aminoácidos sintéticos, principalmente DL-metionina e Ltriptofano (tabela I), que elevaram o custo da ração, portanto, a decisão pela utilização da LEV40 vai depender da relação de preços existentes entre os ingredientes (milho, farelo de soja e a LEV40).

No segundo ensaio de desempenho (ensaio II), não houve interação (p>0,05) dos níveis de inclusão da LEV40 e as formas da ração (farelada e peletizada) (tabela IV). Da mesma forma, não foram observados efeitos (p>0,05) do fator nível de inclusão da LEV40 nas rações para leitões. A peletização, independente do nível de levedura, proporcionou maior ganho diário de peso (p<0,05) e melhorou a conversão alimentar. Era esperada melhoria no desempenho de suínos alimentados com a ração peletizada uma vez que o processo de peletização das dietas melhora a digestibilidade dos nutrientes pela ação mecânica, temperatura e umidade utilizada no processo (Andriguetto et al., 2000). A digestibilidade dos carboidratos aumenta, pois a peletização produz gelatinização parcialmente do amido e favorece a digestão da proteína (Wondra et al., 1995). Estes resultados são semelhantes aos observados por Moreira et al. (1999) que avaliando a levedura de recuperação seca por spray-dry em rações fareladas ou peletizadas para leitões na fase inicial e Costa et al. (2006) que avaliou diferentes formas físicas da ração de leitões não observaram diferenças no desempenho dos leitões utilizando rações fareladas ou peletizadas.

 

Os resultados da análise econômica (tabela V) mostraram aumento linear (p<0,05) do custo de ração por quilograma de peso vivo com cada nível de inclusão da LEV40 para a ração farelada o que não aconteceu com a ração peletizada. O teste de Dunnett indicou que os níveis 10, 15 e 20 % de inclusão da LEV40 na ração farelada apresentaram custo superior (10,68; 23,87 e 38,27 %, respectivamente) quando comparado ao nível 0 %. Entretanto, para a forma peletizada os níveis que apresentaram maior custo por quilograma de ração de peso vivo foram os níveis 15 e 20 % (18,70 e 29,46 %, respectivamente), o que pode ter sido em função da adição de aminoácidos sintéticos nestas rações. Portanto, a utilização da LEV40 na fase inicial na forma farelada ou peletizada, em níveis de até 20 % não prejudicam o desempenho dos leitões, porém, eleva os custos da alimentação entre 38 e 29 %, respectivamente.

 

Conclusões

Os coeficientes de digestibilidade da levedura mista (cerveja + cana-de-açúcar) spray-dry (LEV40) são melhores que os da cana-de-açúcar (LEV35) para leitões na fase inicial. Os valores de ED (kcal/kg) da LEV35 e LEV40 são de 2788 e 3455 e de EM kcal/kg de 2761 e 3289, respectivamente. A peletização das rações, independente do nível da LEV40, melhora o desempenho dos leitões. Dependendo da relação de preços entre os ingredientes, a inclusão da LEV40 pode ser inviável economicamente, como ocorreu neste estudo.

 

Agradecimentos

À BIOVALE, pela doação das leveduras utilizadas, bem como à CAPES e ao CNPq, pela concessão de bolsas de estudo.


1R$ = 0,56 US$.

 

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Recibido: 20-2-12.
Aceptado: 12-9-12.

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