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International Microbiology
versão impressa ISSN 1139-6709
Resumo
PERETO, Juli. Controvérsias sobre a origem da vida. INT. MICROBIOL. [online]. 2005, vol.8, n.1, pp.23-31. ISSN 1139-6709.
O estudo científico da origem da vida foi moldado a partir de diferentes perspectivas sob profundas raízes filosóficas e históricas. Certas hipóteses pressupõem uma vida primordial baseada nos microrganismos anaeróbicos simples que usavam material orgânico abiótico (origem dos heterotróficos), enquanto que outras postulam que aquela se iniciou com organizações mais complexas que se nutriam de moléculas inorgânicas simples (origem dos autotróficos). Muitos autores argumentam que a vida começou com uma molécula auto-replicativa, o primeiro gene. Outros tomam como ponto de partida umas redes metabólicas auto-catalíticas primitivas. Por último, até mesmo a aparição da célula é controvertida: membranas e compartimentos tiveram uma incorporação prematura ou tardia? Partindo de uma definição recente de vida, baseada nos conceitos da evolução aberta, propomos que, no princípio, as moléculas orgânicas se auto- organizaram em um metabolismo primordial localizado dentro de protocélulas. O fluxo de matéria e energia através de tais sistemas moleculares permitiu a geração de estados mais ordenados, ou seja, o berço dos primeiros registros genéticos. Deste modo, a vida se iniciou com compartimentos autônomos interconectados ecologicamente que se transformaram em células dotadas de capacidades hereditárias e evolutivas no sentido darwiniano. Em outras palavras, a existência individual da vida precedeu a sua dimensão histórico-coletiva.
Palavras-chave : autonomía; definição de vida; evolução aberta; protocélulas.