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Archivos de Zootecnia
versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592
Arch. zootec. vol.63 no.243 Córdoba sep. 2014
https://dx.doi.org/10.4321/S0004-05922014000300011
Qualidade da carne de suínos submetidos a dietas com diferentes nivéis de ractopamina
Meat quality of finishing pigs fed with different ractopamine levels
Leal, R.S.1*; Cantarelli, V.S.2A; Mattos, B.O.2B; Carvalho, G.C.3; Pimenta, M.E.S.G.1A e Pimenta, C.J.1B
1Departamento de Ciência dos Alimentos. Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras. Brasil. *renato.quimicaufla@hotmail.com; Amaria.emilia@dca.ufla.br; Bcarlospimenta@proplag.ufla.br
2Departamento de Zootecnia. Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras. Brasil. Avinicius@dzo.ufla.br; Bmattos.bo@gmail.com
3Departamento de Ciências Veterinárias. Universidade Federal de Lavras (UFLA). Lavras. Brasil. guilherme-cleto@hotmail.com
Os autores deste trabalho agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico - CNPq, pelo financiamento desta pesquisa.
RESUMO
O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras com o objetivo de avaliar características químicas, físicas e sensoriais da carne de suínos recebendo diferentes níveis de ractopamina na dieta, no período de 28 dias. Foram utilizados 72 suínos híbridos, sendo 30 machos castrados e 30 fêmeas, selecionados para alta deposição de carne, com peso inicial de 84,27±2,26 kg. O delineamento experimental foi em bloco casualizado, com 6 tratamentos (0, 3, 6, 9, 12 e 15 ppm de ractopamina) e 6 repetições, com a parcela experimental representada por 1 macho e 1 fêmea. A adição de ractopamina nas dietas dos suínos nos níveis testados melhorou a composição química tanto do lombo quanto da copa, contribuindo para uma maior deposição proteica e uma menor porcen-tagem de lipídeos nos cortes. Nas características físicas os níveis mais altos de ractopamina comprometeram a textura e alteraram a cor, além da aceitação pelos consumidores. Já em relação a estabilidade oxidativa, tanto para os lombos armazenados sob resfriamento quanto sob congelamento, a adição de ractopamina as dietas de suínos em terminação auxiliou na prevenção da oxidação lipídica.
Palavras chave: Copa suína. Lombo suíno. Oxidação lipídica.
SUMMARY
The experiment was conducted in the Department of Animal Science of the Federal University of Lavras. The objectives were to obtain chemical, physical and sensory characteristics of pork meat receiving different levels of ractopamine in the diet, in the period of 28 days. Sixty hybrids pigs were used, being 30 castrated males and 30 females, selected for high deposition of lean meat, with initial weight of 84,27±2,26 kg. The experimental design was a completely randomized block design with six treatments (0, 3, 6, 9, 12 and 15 ppm of ractopamine) and 6 repetitions with the experimental plot represented by a male and a female. The addition of ractopamine in the diets of the pigs at the levels tested improved the chemical composition both for the loin as for the cup, contributing to greater protein deposition and a lower percentage of lipids in the cuts. In physical characteristics the highest levels of ractopamine agreed to texture and changed the color, in addition to the acceptance by consumers. Already in relation to oxidative stability, both for the loins stored under refrigeration as under freezing, the addition of ractopamine diets for pigs in the finishing phase helped in the prevention of lipid oxidation.
Key words: Boston butt. Lipid oxidation. Pork loin.
Introdução
Priorizando-se segurança alimentar, a produção de carne suína de qualidade nutricional, sensorial e tecnológica tem atendido a demanda por meio de constantes avanços no melhoramento genético para estas características, ao mesmo tempo em que são disponibilizados vários recursos nutricionais para a otimização destes alvos.
Dentre estes recursos nutricionais, a utilização da ractopamina, um agonista β-adrenérgico, tem ocupado lugar de destaque, uma vez que este aditivo promove aumento no crescimento muscular, acréscimo de proteína (See et al., 2004) aumento no rendimento de carcaça (Marchant-Forde et al., 2003), e na porcentagem de proteína bruta (Garbossa, 2010). Atua em vias metabólicas específicas, especialmente nos metabolismos protéico, lipídico e de carboidratos, redirecionando os nutrientes da dieta e favorecendo a síntese protéica em detrimento da deposição de tecido adiposo na carcaça (Gunawan et al., 2007; Watkins et al., 1990).
Sabendo que são muitos os beneficios conhecidos desta classe de droga sobre o desempenho e as características da carcaça, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do uso de diferentes concentrações de ractopamina na dieta de suínos em terminação sobre características químicas, físicas e sensoriais além da estabilidade oxidativa da carne.
Material e métodos
O experimento foi conduzido no Centro Experimental de Suínos do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras. As análises foram realizadas no Laboratòrio Central de Análises do Departamento de Ciencias dos Alimentos.
O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com 6 tratamentos (níveis de 0, 3, 6, 9, 12 e 15 ppm de ractopamina) e 6 repetições.
Foram utilizados 60 animais, sendo 30 suínos machos castrados e 30 fêmeas, híbridos, com peso inicial de 84,27 ± 2,26 kg. Estes foram alojados em galpão de terminação em baias de piso de concreto (2,3x1,5m), dotadas de comedouros semiautomáticos e bebedouros tipo chupeta. A unidade experimental foi constituída por cada animal, sendo a ração e água fornecidos à vontade.
As dietas experimentais foram formuladas à base de milho e farelo de soja, suple-mentadas com vitaminas, minerais e aminoácidos, de forma a atender as exigências sugeridas pela linhagem genética (tabela I).
No abate, foi empregada a insensibilização elétrica com tensão, variando na faixa entre 220 ± 20 V e 60 hz de frequência. A insensibilização foi aplicada com o animal no limitador e um tempo de contato dos eletrodos na cabeça do animal (posicionados na base das orelhas) entre um a dois segundos. Após 45 minutos do abate, as medidas de pH (pH inicial) foram realizadas em todos os animais no músculo Longissimus dorsi (na altura da última costela). Depois de 24 horas e resfriamento da carcaça a 2 ± 1 oC foi realizada a medida do pH final.
Após 24 horas de armazenamento, as amostras de carne foram coletadas seccio-nonando-se a carcaça entre a última vértebra torácica e a primeira lombar. Foram retiradas no sentido caudal, amostras dos músculos Longissimus dorsi (lombo) e Longissimus, Spinalis dorsi, Rhomboideus (copa). As amostras foram embaladas, identificadas e armazenadas em caixas térmicas e levadas até o Laboratório Central de Análises. Neste laboratório, os músculos foram seccionados, sequencialmente, através de cortes transversais e retirou-se amostras de aproximadamente 2,5 cm de espessura, que foram embaladas e identificadas.
Para avaliação da composição química dos diferentes cortes (lombo e copa) parte das amostras foi moída em máquina de moer carne, para maior homogeneização. Após a homogeneização retirou-se uma alíquota para a determinação da umidade. Uma segunda alíquota foi congelada a uma temperatura -80 oC em um ultrafreezer e em seguida, liofilizada por um periodo de 72 horas. Após a liofilização, as amostras foram arma-zenadas para as determinações previstas.
Para as análises quimicas utilizou-se as metodologias propostas pela Association of Oficial Analytical Chemists (AOAC, ZOOO).
Na determinação de lipideos totais, utilizou a metodologia descrita por Folch et al. (1957).
Para determinação das perdas de liquido no descongelamento e na cocção do lombo, foram retiradas amostras (bifes) de aproximadamente 2,5 cm de espessura do músculo, obtidas sempre no mesmo ponto, para evitar variações na maciez da carne, que ocorrem naturalmente ao longo do músculo. As perdas de líquido no descongelamento (PLD) e na cocção (PLC) do lombo foram expressas em porcentagem de água perdida em relação ao peso original da amostra, utilizando-se as fórmulas a seguir (Bridi et al., 2006):
PLD(%)= peso da amostra congelada - peso da amostra descongelada/peso da amostra congelada x 100;
PLC(%)= peso da amostra descongelada -peso da amostra assada/peso da amostra descongelada x 100.
Para avaliação da força de cisalhamento do lombo foram utilizadas as mesmas amostras anteriormente, para obtenção das perdas. A força de cisalhamento foi determinada por meio do Sistema Analisador de Textura, modelo TA.XT2 (Texture Analyser, Stable Micro Systems), utilizando a probe Warner-Bratzler Shear, conforme sugerido por Bridi et al. (2006), com algumas adaptações.
Para a determinação de cor (L*, a* e b*) do lombo, as leituras foram realizadas nas amostras 24 horas após o abate. As leituras dos parâmetros L* (luminosidade), a* (intensidade de vermelho) e b* (intensidade de amarelo) foram baseadas no sistema de CIELab.
A oxidação lipidica foi avaliada em diferentes cortes (lombo e copa), em duas condições de armazenamento: sob refrigeração e congelamento. O método utilizado para esta avaliação foi o do ácido 2-tiobarbitúrico.
Os dados obtidos foram submetidos à ANOVA de acordo com o seguinte modelo estatisticos:
Resposta= PI + S + R + (S x R) + erro
onde:
PI= é o peso inicial e representa o efeito da classe de peso ou do peso em si, por uma correção linear do peso inicial nas respostas observadas por análise de covariância;
S é R= os termos com sexo (S) e ractopamina (R) representam os efeitos dos fatores já descritos e sua interação;
erro= o termo de erro associa uma distribuição normal, com erros independentes e de mesma variância (pressupostos da análise de (co)variância).
Para avaliação dos cortes ao longo do tempo, o seguinte modelo foi utilizado:
Resposta= PI + S + R + (S x R) + el + T +(SxT) + (RxT) + (SxR) + (SxTxR) e2
em que:
T= representa o efeito continuo de tempo, incorporado por temos polinomiais;
e1= representa os desvios a nivel de corte;
e2= os desvios nas medidas repetidas em um mesmo corte. Esse modelo é conhecido como parcela subdivida no tempo.
Os pressupostos da análise de variância foram verificados por inspeção e aplicação dos testes Shapiro-Wilk (para normalidade) e Bartlet (para homocedasticidade). Para interações significativas, foi estudado o efeito de ractopamina em cada sexo. O efeito do nivel de ractopamina e tempo foram avaliados pelo ajuste de modelos de regressão com termos polinomiais até no máximo o segundo grau. Quando não apresentou bom ajuste, aplicou-se o teste de médias comparando todos os niveis desses fatores como nivel controle (teste-munha). O efeito de sexo foi comparado pelo teste F da análise de variância. Todas as inferências foram aplicadas ao nivel nominal de significância de 5 %. As análises foram realizadas utilizando o programa computacional R Development Core Team (2010).
Resultados e discussão
Não evidenciou-se interação de sexo ractopamina, nem efeito de sexo, nas variáveis de pH (inicial e final), características químicas e físicas do lombo. Portanto, não há evidências que apontem que os sexos respondem de maneira diferente à ractopamina em relação às variáveis estudadas.
Para o pH inicial e final, não se observou diferenga (p<0,05) entre os animais que receberam ractopamina na dieta e aqueles que receberam a dieta controle, ou seja, os animais que receberam dieta contendo 3, 6, 9, 12 ou 15 ppm de ractopamina apresentaram valores médios de pH inicial e final semelhantes àqueles que receberam dieta sem ractopamina (tabela II). De maneira geral, o pH inicial observado descartou a hipótese de ocorrôncia de carne pálida, mole e exudativa, uma anormalidade de carne geralmente observada em animais que possuem elevado potencial para ganho de peso em músculo. Vale ressaltar que machos castrados e fêmeas apresentaram valores semelhantes para essas duas variáveis e que não houve interações entre os diferentes níveis testados e o sexo (p>0,05). Os valores médios de pH final observado foram baixos, inclusive inferiores ao ponto isoelétrico, podendo refletir na capacidade de retenção de água da carne (tabela II).
A porcentagem de umidade no lombo mostrou-se significativamente diferente para os níveis de ractopamina testados, apresentando um efeito quadrático (p<0,05). A equação obtida foi:
UM= 72,947+0,027rac+0,002rac2
Este resultado demonstrando que os niveis de ractopamina utilizados permitiram aumento na porcentagem de umidade (tabela III). Pelos contrastes elaborados entre os diferentes niveis contra o tratamento-controle (sem adição de ractopamina) (tabela III), observou-se maior porcentagem de umidade no lombo, com a adição de ractopamina em todos os niveis testados, quando comparado aos lombos dos animais que receberam a dieta controle.
Em relação à porcentagem de proteina no lombo, contrastando o uso de racto-pamina com o controle, observou-se que, para todos os niveis testados, os valores médios foram maiores. Segundo Damodaran et al. (2010) a deposição de água no músculo está relacionada com a deposição de proteina. As moléculas de água ligam-se a diversos grupos nas proteinas e esses grupos incluem grupos carregados (interações ion-dipolo), grupos peptidicos de cadeia principal, grupos amida de alguns aminoácidos e residuos de proteina não polares (interação dipolo-dipolo induzida e hidratação hidrofóbica). Assim, com a inclusão de ractopamina nas dietas, ocorreu maior deposição proteica e maiores teores de umidade no músculo de suinos em terminação, corroborando com os resultados encontrados por Apple et al. (2007) e Rossi et al. (2010).
Com relação à porcentagem de extrato etéreo e lipideos totais no lombo, pelos contrastes, representados na tabela III observou-se que adição de ractopamina na dieta de suinos, proporcionou valores menores, tanto para extrato etéreo quanto para lipideos totais. Sendo assim, os lombos dos animais que receberam dietas com adição de ractopamina de 3 a 15 ppm, apresentaram valores menores dessas variáveis quando comparado aos lombos dos animais que receberam a dieta controle.
Para a perda de liquido no descongelamento do lombo, observou-se efeito linear (p<0,05) da suplementação de ractopamina nas dietas, sendo obtida a seguinte equação:
PLD= 6,1S9 - C,CS7rc
Estes resultados demonstram que o aumento na ractopamina proporciona uma diminuição na porcentagem na perda de liquido no descongelamento, atingindo 5,30 %), com a dose de l5 ppm.
Pelos contrastes, pode-se afirmar que, em média, para perda de liquido no descongelamento do lombo, a adição de ractopamina, teve efeito sobre a exudação de água.
Para perda de liquido na cocção do lombo, observou-se que nos contrastes, todos os niveis de ractopamina apresentaram diferença em relação ao controle, e pode-se afirmar que, em média, o fornecimento de ractopamina de 3 a 15 ppm, o nivel que mais apresentou efeito foi o O ppm de ractopamina, com diminuição de 5,292 %.
Em relação ao color, o parámetro L*, não evidenciou resposta aos diferentes niveis de ractopamina, sendo o valor médio observado de 53,088. Já para os parámetros de cor a* e b*, observou-se um efeito quadrático (p<0,05) dos niveis testados sobre estas variáveis. As equações obtidas foram para a*= 7,230-0,231rc+0,015rc2 e b*= 2,003-0,285rc+0,01Src2, com o ponto de minimo de 6,340 e 0,440, respectivamente. Pelo contraste, pode-se afirmar que, em média, para os parâmetros a* e b*, todos os niveis de ractopamina, diferiram do nivel 0. Sendo o nivel de 9 ppm de ractopamina, o que apresentou menor contraste em relação ao controle. Carr et al. (2005a, 2005b) e Garbossa (20l0) também não observaram diferença significativa para esta variável.
Os resultados encontrados no presente trabalho mostraram que a carne em estudo, independente do nivel de ractopamina utilizado enquadrou-se na classificação como carne vermelha, flácida e exudativa, refletindo provavelmente o alto grau de melho-ramento empregado na formação da linha-gem utilizada, que muitas vezes leva a algum nivel de comprometimento da carne. Segundo Lindahl et al. (2001) os valores de L* e a*, apresentam correlações altas com o conteúdo de pigmentos e pelas formas da mioglobina quase na mesma extensão. Já a variável b* apresenta correlações altas com as formas da mioglobina e baixa correlação com o conteúdo de mioglobina. Carr et al. (2005b) avaliando também o músculo Longíssimus dorsi de suinos suplementa-dos com 10 ppm de ractopamina encontraram resultados similares aos do presente estudo.
Foi verificado aumento linear (p<0,05) na força de cisalhamento do músculo Longíssimus dorsi dos suinos com o aumento dos niveis de ractopamina na dieta, ou seja, a cada 1,0 ppm de ractopamina ocorre uma variação de 2S5,78O gramas na força de cisalhamento de acordo com a equação:
FC= 235, 789rc +3418,6
O aumento na força de cisalhamento do músculo Longissimus dorsi de suinos que receberam dieta contendo ractopamina foi observado por diversos autores e os principais argumentos utilizados para explicá-lo foram: a ractopamina é responsável pelo aumento do diámetro da fibra muscular (Carr et al., 2005a, 2005b; Wood et al., 1994) e possivelmente pela redução da atividade da enzima proteolitica calpaina (Wood et al., 1994). Segundo Xiong et al. (200B), a redução da maciez é explicada pela redução na degradação de proteina e quebra de miofibrilas nos músculos de suinos alimentados com ração contendo ractopamina.
Com relação à porcentagem de umidade na copa, não evidenciou-se nenhuma resposta aos niveis de ractopamina, sendo o valor médio observado de 61,464 %. Para a porcentagem de proteina bruta na copa, observou-se que nos contrastes os niveis de ractopamina foram todos diferentes do controle, e pode-se afirmar que, em média, a porcentagem de proteina bruta na copa, o fornecimento de ractopamina de 3 a 15 ppm, o nivel que mais apresentou efeito contra o controle foi o de 15 ppm de ractopamina, propiciando um aumento de 3,316 % na proteina bruta (tabela IV).
Com relação à porcentagem de extrato etéreo na copa suina, observou-se que nos contrastes, representados na tabela V, os niveis de ractopamina foram todos diferentes do nivel 0, e pode-se afirmar, portanto, que o fornecimento de ractopamina de 3 a 15 ppm, o nivel que mais apresentou efeito contra o nivel 0 foi o de 15 ppm de ractopamina, com uma redução de 3,336 % no valor médio apresentado na dieta controle (tabela V).
Os resultados apresentados para lipideos totais para a copa suina foram bastante semelhantes aos descritos para extrato etéreo. Nos diferentes niveis de ractopamina testados, a dose de 15 ppm apresentou resposta semelhante tanto para porcentagem de extrato etéreo quanto para lipideos totais quando comparados com os animais que receberam a dieta controle.
Pode-se notar que no presente estudo a adição de ractopamina de 0 a 15 ppm levou um aumento na porcentagem de proteina como é observado na tabela III, no qual os animais que receberam a ração controle apresentaram 18,3 % contra 21,5 % dos animais que receberam 15 ppm de ractopamina na ração.
Ao analisar a oxidação lipidica dos lombos dos animais, armazenados sob resfriamento, nos tempos 0 e 12o dia, observou-se diferenga significativa nos niveis 6, 9, 12 e 15 ppm de ractopamina na dieta em relação ao controle, sendo que todos os niveis empregados resultaram em menores valores de dialdeido malônico em relação ao controle (tabela VI).
Os lombos dos animais que receberam 3 ppm de ractopamina na dieta não deferiram dos lombos dos animais que receberam a dieta controle. No 4o e 8o dia de armazenamento sob resfriamento, os lombos dos animais que receberam ractopamina na dieta apresentaram valores significamente inferiores de dialdeido malônico (p<0,05) que os lombos dos animais que receberam a dieta sem ractopamina. Pode-se inferir, portanto, que o fornecimento de ractopamina nos niveis de 6, 9, 12 e 15 ppm na dieta de suinos em terminação, ajudou a prevenir a oxidação lipídica do lombo, e consequentemente, prevenindo o aparecimento de odores e gostos característicos do ranço.
No entanto, o tempo de armazenamento sob resfriamento levou um aumento nos valores de concentração de dialdeido em todos os niveis (0, 3, 6, 9, 12 e 15 ppm), ao longo do tempo,sendo entretanto, mais acentuado nos lombos dos animais que rece-beram a dieta controle, apresentando con-centração mèdia de MDA igual a 0,43 mg/kg no 12o dia. De acordo com Dunshea et al. (2005), o limite de concentração de dialdeido malônico para conferir rancidez para carne suina fresca é de 0,5 mg de MDA/ kg de amostra. Acima deste valor, Leick et al. (2010), afirmam que a ingestão destes produtos passa a ser desagradável para os consumidores.
Ao analisar a oxidação lipidica dos lombos armazenados sob congelamento, observou-se diferença (p<0,05) em todos os tempos (0 a 90 dias) para os niveis 3, 6, 9, 12 e 15 ppm de ractopamina na dieta em relação ao controle, ou seja, em todos os tempos de avaliação os niveis de dialdeido malônico foram inferiores nos lombos de animais que receberam ractopamina na dieta quando comparados com os lombos de animais que receberam a dieta controle (tabela VII).
Nos lombos dos animais armazenados sob congelamento, evidenciou-se que a concentração de MDA foi reduzida quando houve adição de ractopamina nas dietas dos animais. Ao longo do tempo de armazenamento sob congelamento, os valores médios de MDA nos lombos aumentaram, sendo, entretanto, mais evidente nos lombos dos animais que receberam a dieta controle.
A concentração de MDA nos lombos dos animais recebendo a dieta controle foi de 0,23 mg/kg aos 90 dias de congelamento, já os lombos dos animais que receberam dietas contendo ractopamina ficam em média 0,14 mg/kg de MDA. Portanto, as concentrações de MDA ficaram abaixo do que a literatura cita como detectáveis pelos consumidores, sendo assim, o lombo de suinos alimentados com ractopamina nos niveis de 3, 6, 9, 12 e 15 ppm podem ser armazenados sob congelamento por um periodo de até 90 dias sem que haja deterioração da sua qualidade, sob o ponto de vista de oxidação lipidica.
Ao estudar a oxidação lipidica das copas armazenadas sob resfriamento obser-vou-se que todos os niveis de adição de ractopamina proporcionaram em todos os tempos avaliados menores valores de dialdeido malônico quando comparados ao controle, conforme representado na tabela VIII.
Nas copas dos animais armazenadas sobresfriamento, notou-se que as provenientes de animais que receberam dietas sem adição de ractopamina no 8o dia, já apresentaram valores superiores aos citados na literatura como indesejáveis, por conferir rancidez à carne (Dunshea et al., 2005), pois apre-sentaram concentração de MDA de 0,570 mg/kg. Já as copas dos animais armazenadas sob resfriamento originadas de animais que receberam dietas contendo ractopamina nos niveis de 3, 6, 9, 12 e 15 ppm, o prazo de armazenamento sob resfriamento foi maior, se prolongando até o 8o dia, para todos os niveis testados.
Para a copa sob congelamento (tabela IX), no tempo 0 de armazenamento, obser-vou-se diferença (p<0,05) para os animais que receberam 3, 6 e 12 ppm de ractopamina na dieta, os quais apresentaram menor concentração de dialdeido malônico (MDA), que as copas dos animais que receberam a dieta controle, enquanto que ao se utilizar 9 ou 15 ppm de ractopamina na dieta, os valores de dialdeido malônico das copas foram semelhantes aos encontrados para a dieta controle. Nos tempos 15, 30 e 60 dias de armazenamento, as copas dos animais que receberam dietas com 3 e 6 ppm apresentaram a concentração de dialdeido malônico semelhantes e receberam a dieta controle.
Aos 30 e 60 dias de armazenamento sob congelamento, as copas dos animais que receberam dietas contendo os niveis de 9, 12 e 15 ppm de ractopamina, apresentaram valores médios menores de concentração de MDA, que as copas dos animais que receberam a dieta controle (p<0,05). Aos 90 dias, as copas dos animais que receberam dietas contendo os niveis de 3, 6, 9, 12 e 15 ppm de ractopamina, apresentaram valores médios menores de concentração de MDA, que as copas dos animais que receberam a dieta controle (p<0,05).
Apesar da diferença apresentada entre as médias dos diferentes niveis e as médias do tratamento controle, as concentrações de MDA, tanto das copas dos animais que receberam dietas com ractopamina quanto as copas dos animais que receberam a dieta controle, ficaram abaixo do que a literatura cita como detectáveis pelos consumidores. Sendo assim, da mesma forma como observado para o lombo, as copas de suinos que receberam ractopamina nas dietas nos niveis de 3 a 15 ppm podem ser armazenados sob congelamento por um periodo de 90 dias, sem que haja deterioração da sua qualidade, no ponto de vista de estabilidade oxidativa.
Pode-se afirmar que a ractopamina reduz a concentração de MDA nos cortes (lombo e copa) dos suinos, armazenados sob resfriamento, chegado a 19% nos lombos e 68 % nas copas dos animais que receberam ractopamina na dieta nos niveis de 3, 6, 9, 12 e 15 ppm, quando comparados aos cortes dos suinos que receberam a dieta controle. Já quando os cortes foram armazenados sob congelamento, a concentração de MDA apresenta redução de 46 % no lombo e 26 % na copa.
Em suma, ao analisar num todos os valores médios de MDA, do lombo e copa dos animais, pode-se afirmar que o fornecimento de ractopamina para suinos em terminação previne oxidação, diminuindo e assim a rancidez, e a presenga de radicais hidro-peróxidos lipidicos. A reação de peroxidação de lipideos com proteinas costuma ter efeito direto sobre o valor nutricional das proteinas (Damodaran et al., 2010), e pode levar, também, a odores indesejáveis.
Conclusões
A adição de ractopamina na dieta dos suinos nos niveis testados modificó a caracteristica quimica tanto do lombo quanto da copa, contribuindo para maior deposição protéica e menor porcentagem de lipideos nos cortes. Nas caracteristicas fisicas os niveis mais altos de ractopamina comprome-teram a textura e alteraram a cor, além da aceitação pelos consumidores. Já em relação à estabilidade oxidativa, tanto para os lombos armazenados sob resfriamento quanto sob congelamento, a adição de ractopamina às dietas de suinos em terminação auxiliou na prevenção da oxidação lipidica. Assim, aconselha-se que a inclusão de ractopamina em dietas de suinos na fase de terminação não seja superior a 9 ppm.
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Recibido: 30-12-13.
Aceptado: 4-6-14.