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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob.  no.19 Murcia jun. 2010

 

REFLEXIONES - ENSAYOS

 

Enfermeiro-docente: aspectos interrelacionados à sua formação

Enfermero-docente: aspectos interrelacionados con su formación

 

 

Macedo-Costa, KN de F.*; De Almeida Rebouças, C.B.**; Freitas da Silva, G.R.***; Markert, W.****

*Enfermeira. Mestre. Professora Efetiva da Universidade Federal da Paraíba
**Doutora em Enfermagem.
***Enfermeira. Mestre. Professora Efetiva da Universidade Federal do Piauí
****Professor Associado da Faculdade de Educação / J.W.Goethe-Universidade Frankfurt. Pesquisador no Instituto Federal da Formação Profissional/Bonn-Alemanha. In Memorium.

 

 


RESUMO

Este texto trata de algumas reflexões que julgamos importantes e que estão atreladas à formação cultural do enfermeiro-docente. São apresentados os conceitos de semi-cultura e teoria imanente de Adorno, bem como crítica reflexiva à industria cultural. Também é exposto o conceito de modernidade de Habermas. Focalizamos a formação do individuo e os tabus associados ao magistério. Ao final, com o auxílio das leituras desses pensadores, sugerimos algumas questões voltadas à formação profissional do enfermeiro enquanto docente.

Palavras chave: Educação. Teoria Crítica. Docente de Enfermagem.


RESUMEN

Este texto trata de algunas reflexiones que juzgamos importantes y que están juntos para la formación cultural del profesor. Son presentados los conceptos de semicultura y teoría inmanente de Adorno, así como crítica reflexiva a la industria cultural. También es expuesto el concepto de modernidad de Habermas. Focalizamos la formación del persona y los tabúes asociados al magisterio. Al final, con el auxilio de las lecturas de esos pensadores, sugerimos algunas cuestiones orientadas a la formación profesional del enfermero docente.

Palabras clave: Educación. Teoría Crítica. Docente de Enfermería.


 

Introdução

Na educação está presente a riqueza de um campo que conta com a contribuição de outras áreas, pois o fenômeno educativo é extremamente complexo e necessita desta contribuição. Quem consegue imaginar a elucidação de um fenômeno educativo sem a relação com a História, a Filosofia, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e outras grandes áreas?

A teoria crítica está verdadeiramente numa posição privilegiada para fornecer alguns dos instrumentais que podem permitir uma revitalização da teoria educacional

Dessa forma, este estudo tem como pano de fundo a formação do enfermeiro-professor embasado em alguns pensadores clássicos da filosofia. Nesse contexto, problematizamos a transformação ideal, cultural e social do mundo contemporâneo que traz consigo novos paradigmas, estando a educação emergente como a ponta do "iceberg", por possibilitar ou não o desenvolvimento contínuo de indivíduos e conseqüentemente da sociedade.

Para facilitar a discussão, este texto foi estruturado em quatro momentos, a saber:

1. A modernidade em Habermas e a educação;
2. Conceito de critica imanente e critica à industria cultural;
3. Semi-cultura e a formação do sujeito;
4. Tabus sobre o magistério e a formação do professor crítico, artista, transformador;
5. Sugestões para a transformação do Enfermeiro-Docente.

1 A modernidade em Habermas e a educação

Jürgen Habermas pode ser considerado como um dos pensadores mais influentes nesse campo do conhecimento. Desvendando a crise da modernidade e suas patologias no campo teórico, pretendia resolver o impasse posto pelas teorias através da constituição teórica de uma solução prática no campo da teoria que se desdobraria nas relações da vida: a Teoria da Ação Comunicativa.

Habermas(1), com a Teoria da Ação Comunicativa, reformula a noção de razão, chamando-a razão comunicativa que, no interior da Ética Discursiva, constitui a proposta de maior força de tornar contemporâneo o projeto iluminista. Assim, ele diverge da conotação pessimista que caracterizava as produções da Escola de Frankfurt, pois estas sempre apontavam, com bastante descrédito, para os problemas ensejados pela instrumentalização exagerada de que se revestiu a racionalidade.

A modernidade, com a ênfase na razão, possibilitou a evidência dessa competência lingüística, ao mesmo tempo em que a sufoca com a força aniqüiladora do racionalismo. Assim, a Teoria da Ação Comunicativa, situada no campo da Ética Discursiva, em última análise, busca revitalizar a potência do "mundo-de-vida", pretendendo situar a razão comunicativa como eixo de todo o processo civilizatório: razão comunicativa como recontextualização da razão iluminista(2).

Habermas(1) propõe dois princípios reguladores da discussão, através dos quais se pode aceitar e validar os conhecimentos fundamentados nas argumentações: princípio Universalização e princípio Discurso. Ambos partem da perspectiva de que os resultados obtidos através do diálogo dizem respeito à coletividade e, portanto, devem ser acolhidos dessa maneira por seus membros. A única coação possível, para a teoria do agir comunicativo, é a pressão exercida pelo melhor argumento sobre os demais através da argumentação e da veracidade da fala.

Assim, a ação comunicativa enfatiza o entendimento através da argumentação racional, busca a liberdade, a emancipação.

A teorização habermasiana é marcada por uma posição diferenciada frente aos "frankfurtianos", pois, ao contrário destes, a defesa do projeto do Esclarecimento possibilita a Habermas a reconstrução de um conceito de razão em um mundo desencantado, sendo, a partir da fé em uma razão universal, enfatizada em seu caráter processual sustentado na intersubjetividade que ele ratifica a racionalidade comunicativa muito mais como uma atitude, uma postura frente a um mundo pós-tradicional à mercê da razão instrumental e funcionalista(3).

Em suma, Habermas(1) parte de uma feroz crítica ao unilitarismo, questionando o tecnicismo e optando pelo repensar o homem e o mundo através da retomada de uma ética emancipatória.

As idéias de Habermas no âmbito educativo é a relação mais facilmente exeqüível que se estabelece entre a obra de um autor e o campo educativo. Ou seja, de forma mais sucinta o autor propõe a reflexão científica, de tal maneira que este processo possa incluir as conseqüências práticas e objetivas da ciência para incorporá-las à vida social de maneira consciente(3).

A partir da perspectiva de Habermas(2), a alternativa pedagógica deve tentar ensinar uma maneira completamente crítica. No qual o professor, critica os "conceitos" emergidos nas leituras e conseqüentemente critica também o conteúdo que ministra, assim como a sociedade que está inserindo e até a instituição que trabalha. É necessário também que o professor ofereça espaços para a liberdade de expressão e crítica dos seus estudantes. O exercício da crítica por parte dos estudantes deve realizar-se de maneira ativa, no qual o enfermeiro como professor deve ser coerente com o seu discurso. Desse modo, pode-se chegar a "uma certa emancipação" na busca do conhecimento e proporcionar ao estudante de enfermagem relacionar o conhecimento adquirido com a sua própria experiência de vida.

O professor ainda, em alguns momentos, é transmissor de conteúdos, preocupado em cumprir objetivos e metas, prazos e prescrições; ele detém o poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação e forma de interação com aluno. O aluno deve reproduzir os dados fornecidos e executar as orientações do professor, o qual detém o poder, a autoridade e o conhecimento.

Predomina a palavra do professor, nesse caso o educando é ouvinte, o educador é narrador, dissertador que utiliza seu "saber" como instrumento de coerção para instaurar o poder na sala de aula. O sentido tradicional da educação, está na excessiva verbalização dos professores, os quais sendo incapazes de estimular a ação dos alunos em sala de aula, utilizam-se do monólogo(4).

A relação estabelecida entre professor e alunos às vezes se mostra vertical, unilateral e de dependência, inexistindo a formação de grupo para que não ocorra interação entre os estudantes. Dessa forma o aluno deve receber informações, tomar nota e memorizar passivamente conteúdos, respeitando o professor e os livros, mesmo que exista distância entre teoria e prática e os conhecimentos repassados pertençam a outra realidade. O docente regula o tempo, o espaço e os papéis dos envolvidos na relação estabelecida no contexto escolar. Cada vez mais está havendo a emancipação da educação, ou seja, o aluno está mais autônomo na construção do seu conhecimento juntamente com o docente.

Com a concepção de educação de maneira reflexiva, como tese defendida por Habermas, o professor poderá se tornar um agente radical de mudança, dado que já lida o saber e pode exercê-lo de modo transformador. Além de possivelmente não se limitar somente a aumentar e realizar os objetivos das organizações educacionais impostos, mas também, propor mudanças e tentar encontrar soluções com a participação coletiva da sociedade, dos alunos, e dos professores.

Para nós o conceito de educação é a base para a preparação dos indivíduos que vão fazer a revolução. Então, a educação torna-se o mecanismo da reprodução social. Em Habermas(1) se vê uma crítica dos interesses continuo para o mecanismo do capitalismo e modernidade tecnológica e econômica. Esta crítica mostra como a maior parte das organizações da sociedade orientada para a satisfação desses interesses. Do mesmo modo, o exercício do ensino é concebido de modo que os estudantes conheçam técnicas de mecanismos sem nenhuma reflexão do significado e do impacto para a sociedade como um todo.

2 Conceito de critica imanente e critica à industria cultural

A critica imanente busca reconhecer em um mesmo fenômeno as diferentes vertentes do mesmo sob vários aspectos, de acordo com o sujeito que vivencia e reflete sobre cada fenômeno.

Portanto, a crítica imanente é sempre objetiva, opondo-se a pontos de vista externos, moralizantes, fora do contexto. Neste tipo de crítica, temos a própria racionalidade social, fundada no valor, se autocriticando através do confronto de sua realidade com seus pressupostos ou ideais. Assim, por exemplo, no processo de acumulação do capital, na extração de mais-valia e monopolização de todos os meios de produção pelo capital, os ideais sociais de igualdade e liberdade no mercado invertem-se necessariamente em seu contrário, em desigualdade e coação, em miséria e violência(6).

Os debates em torno da cultura afetada pelos meios de comunicação têm como inferências históricas pioneiras os teóricos da Escola de Frankfurt. No bojo de suas críticas, mais especificamente nas de Adorno, no campo da cultura, encontrava-se a preocupação com a homogeneização cultural e a desqualificação de certos símbolos da alta cultura através da indústria cultural(7).

Uma das principais críticas dos frankfurtianos no campo da cultura aponta uma tendência, os meios de comunicação, à construção da homogeneidade cultural, em detrimento do particular e da diferença. Dessa forma, esses teóricos, a singularidade dos indivíduos e as características culturais específicas de cada grupo são solapadas. Além disto, consideram que os meios de comunicação funcionariam como tradutores das produções de vanguarda, já que se apropriam do que poderia ser uma criação, um avanço cultural, transformando as obras e também as artes em mercadorias, despotencializadas enquanto inovação, a serem consumidas em larga escala. Mesmo que transmitam ao público produções da alta cultura, fazem-no de forma já "digerida", resultando em conteúdos que não demandam nenhum esforço intelectual da mensagem(8).

A indústria cultural é a integração deliberada, a partir do alto, de seus consumidores. Ela força a união dos domínios, separados há milênios, da arte superior e da arte inferior. Com o prejuízo de ambos. A arte superior se vê frustrada de sua seriedade pela especulação sobre o efeito; a arte inferior perde, através de sua domesticação civilizadora, o elemento de natureza resistente e rude, que lhe era inerente enquanto o controle social não era total. as massas não são, então, o fator primeiro, mas um elemento secundário, um elemento de cálculo; acessório de maquinaria (7,9).

Mas e o professor? Será que ele também não reverencia o verdadeiro poder? Talvez uma das causas de seu mal-estar seja a de que a sociedade que o capacita a punir os alunos é a mesma que lhe proíbe o exercício das punições físicas, atribuição esta dos aparelhos repressores internamente invejada por ele. Trata-se, na realidade, de uma sociedade fundamentada em relações de dominação que recrudescem objetivamente cada vez mais as diferenças entre as classes sociais. Porém, tal dominação torna-se cada vez mais dissimulada, sendo esta uma condição central para a reprodução das relações de produção do capitalismo. Não é por acaso que o conceito de fetiche da mercadoria se universaliza no capitalismo e não nos sistemas pré-capitalistas, cujas relações de exploração eram diretas e imediatas.

Na sociedade capitalista, cuja forma social hegemônica do trabalho é sua generalidade abstrata, as mercadorias adquirem um poder de sedução que as transforma em sujeitos e os seres humanos que as produziram em objetos. Mas torna-se decisiva para a sua existência a disseminação da ideologia de que todos, de acordo com o contrato social capitalista, têm a possibilidade de ser efetivamente cidadãos. E se a prática social aponta para a falsidade do cumprimento dos conteúdos verdadeiros da ideologia capitalista, tais como a liberdade e a igualdade universais, a manutenção desse sistema não pode mais ser concretizada apenas pela ameaça direta da punição física, ainda que, tal como foi dito anteriormente, seja ela que alicerce as bases da hegemonia capitalista. Neste sentido, as escolas de massa, consolidadas durante o capitalismo manufatureiro, desempenharam um relevante papel na difusão de um ideário complacente aos escopos deste modo de produção ao exaltar o aluno disciplinado, pontual e, principalmente, subserviente aos mandos e desmandos do professor(8).

Semiformação e semicultura são conceitos adornianos. Eles nomeiam o homem contemporâneo, aquele impedido de ter experiência e, portanto, desprovido da capacidade de refletir sobre o significado do processo de trabalho e de sua situação diante dos outros. Condenado à mera vivência por força da lógica social, ele não pode lograr conquistar a emancipação. Prejudicado em sua formação, impossibilitado de completá-la, visto que o chão social que a tornava viável desapareceu, ele torna-se semi-indivíduo, indivíduo danificado. A esse homem, a sociedade capitalista oferece um tipo de cultura - a semicultura - destinada a diverti-lo e a entrete-lo, que o empurra para o esquecimento histórico e o conformismo(7,9).

A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. Com as palavras do próprio Adorno(6), podemos compreender o porquê das suas reflexões acerca desse tema.

Segundo Adorno(8), na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.

É importante salientar que, Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho(8).

Fica claro, portanto a grande intenção da Indústria Cultural: obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente, daqueles que é formadores de opinião. Ela é a própria ideologia. Os valores passam a ser regidos por ela. Até mesmo a felicidade do individuo é influenciada e condicionada por essa cultura.

É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e, sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior. Com seus produtos, a Indústria Cultural pratica o reforço das normas sociais, repetidas até a exaustão sem discussão. Em conseqüência, uma outra função: a de promover o conformismo funcional(7).

A indústria cultural no Brasil, não apresenta homogeniedade, pois existe uma grande diferença entre as classes sociais. A desigualdade na divisão de renda, impossibilita a existência de uma sociedade de consumo consistente.

Um dos meios de comunicação com maior poder de alineação da indústria cultural brasileira é a televisão, onde são vinculadas em sua maioria, programas que não levam o espectador a refletir, pensar. No entanto, o levam para um mundo de sonhos e fantasias que o fazem sair da realidade, do seu cotidiano. Não descartando o fato de que programas populares como a novela tem grande aceitabilidade, pois mostram situações do dia-a-dia da população brasileira, por conseguinte, tem ligação com a realidade da cultura do país.

Para a enfermagem a televisão pode ser considerada como o meio de comunicação de massa mais influente, pois penetra no cotidiando do cidadão. Esses meios criaram um meio diante do qual os muros da escola são "refratários". Assim estes meios de comunicação podem inferir na formação do enfermeiro e sua inserção na sociedade.

No campo da saúde, o governo brasileiro tem investido em propagandas comerciais que enfatizam o uso de preservativos, por exemplo, como se isso fosse a única solução para solucionar a problemática da transmissibilidade da doença quando, na verdade, deveria ser investido em políticas educativas para toda a população e alertando-las quanto aos riscos e prejuízos causados pela doença. Pode-se perceber com isso, o poder da indústria cultural e sua influência na área da saúde.

Podemos relacionar alguns pontos positivos da indústria cultural na enfermagem, a saber: campanhas educativas em circulação nacional, por exemplo, contra os vários tipos de câncer (mama, próstata, colo uterino, pele), mobilizações sociais nacionais entre outros. Já como pontos negativos podemos citar: propagandas que veiculam o uso de cigarros, bebidas alcoólicas e o uso indiscriminado de alguns medicamentos.

3 Semi-cultura e a formação do sujeito

Os indivíduos não vivem as suas vidas porque se confrontam com as contradições sociais, falsas expectativas, as desilusões, as iniqüidades e os limites dos desenvolvimentos da potencialidade humana.

De acordo com os autores frankfurtianos, a modernidade reflete a conformação de um ser humano que se estrutura com base no esclarecimento. Convertido em razão instrumental, o esclarecimento proporcionou a esterilização do pensamento e conseqüentemente a perda da experiência individual, que se encontra refletida na produção cultural contemporânea. Nesse sentido, os autores se utilizam do tema da cultura para promover uma análise crítica da sociedade. Para Adorno, a produção cultural se constitui num dado historiográfico da humanidade(8).

Para o mesmo autor, a cultura é o conjunto das produções elaboradas pela humanidade que tem como finalidade o cultivo do espírito. Ela foi pensada como condição para a elevação do humano, um momento de êxtase espiritual que inspirasse a criação de um outro mundo em oposição à materialidade das condições objetivas de vida. Sua conseqüência são os objetos artísticos que, por sua perenidade, se constituem em patrimônios da humanidade. Assim, através da produção cultural obtemos um retrato, além de uma perspectiva, dos modos de organização da vida social.

Atualmente, o que se constata nas escolas é que este gênero foi reduzido a um objeto pedagógico de adaptação social. A falência da formação cultural tradicional transformou a escola de mediadora no processo de formação à veículo de uma semiformação que atinge as diversas áreas sociais, inclusive a enfermagem.

Os sintomas de colapso da formação cultural que se fazem observar por toda parte, mesmo no estrato das pessoas cultas, não se esgotam com as insuficiências do sistema e dos métodos da educação, sob a crítica de sucessivas gerações. Reformas pedagógicas isoladas, indispensáveis, não trazem contribuições substanciais. Poderiam até, em certas ocasiões, reforçar a crise, porque abrandam as necessárias exigências a serem feitas aos que devem ser educados e porque revelam uma inocente despreocupação frente ao poder que a realidade extrapedagógica exerce sobre eles(4,5).

Igualmente, diante do ímpeto do que está acontecendo, permanecem insuficientes as reflexões e investigações isoladas sobre os fatores sociais que interferem positiva ou negativamente na formação cultural, as considerações sobre sua atualidade e sobre os inúmeros aspectos de suas relações com a sociedade, pois para elas a própria categoria formação já está definida a priori. Segundo Zuin(4) o mesmo acontece com os momentos parciais, imanentes ao sistema, que atuam em cada caso no interior da totalidade social: movem-se no espaço de conjuntos enquanto estes é que deveriam ser os primeiros a serem compreendidos. Seria preciso, além disso, a partir do movimento social e até mesmo do conceito de formação cultural, buscar como se sedimenta uma espécie de espírito objetivo negativo. A formação cultural agora se converte em uma semiformação socializada, na onipresença do espírito alienado, que, segundo sua gênese e seu sentido, não antecede à formação cultural, mas a sucede.

Apesar de toda ilustração e de toda informação que se difunde, e até mesmo com sua ajuda a semiformação passou a ser a forma dominante da consciência atual, o que exige uma teoria que seja abrangente.

O semiculto se dedica à conservação de si mesmo sem si mesmo. Não pode permitir, então, aquilo em que, segundo toda teoria burguesa, se constituía a subjetividade: a experiência e o conceito. Assim procura subjetivamente a possibilidade da formação cultural, ao mesmo tempo, em que, objetivamente, se coloca todo contra ela.

A idéia de formação apresentava como finalidade o indivíduo racional parte de uma sociedade fundamentada na liberdade e na razão. Porém, quanto menos as sociedades liberais cumprem esta promessa, principalmente com relação às diferenças econômicas, mais longe se encontra a materialização dos fins a que se destina a formação. Nesse sentido, Adorno afirma que o sonho de formação é falsificado em apologia de um mundo organizado justamente por aquela imposição. No ideal de formação, que a cultura defende de maneira absoluta, destila-se sua problemática(8).

As muitas reformas pedagógicas, apesar de imprescindíveis, intencionam reverter a condição de degeneração que assume a atual formação cultural ou mesmo explicá-la. Contudo, a crise ultrapassa a perspectiva meramente metodológica. Para dar explicações sobre tal fenômeno, é preciso reconhecer que a semiformação se realiza concomitante ao processo de degeneração cultural. Que aquela é a contraparte subjetiva desta.

Também com a semicultura a tensão que antes era imanente ao processo de formação cultural é retirada. A dolorosa dialética entre adaptação à realidade e a possibilidade de sua transcendência é manipulada para desfazer a contradição social e instalar a ordem. A cultura isolada em seu pólo transcendente se transforma em "valor", muito preferida pelos slogans publicitários de uma sociedade que valoriza o conhecimento à medida que o neutraliza. É agradável também àqueles indivíduos semicultivados que acreditam que possuir o conhecimento é adquiri-lo pelo ato de compra. Efetivamente, a cultura como elemento de adaptação é o que mais se viabiliza(8).

Nessa medida, a semicultura não leva simplesmente à exclusão pela incultura dos indivíduos, mas à ilusão de que pela mediocridade cultural socializada todos estão incluídos. Essa nova ideologia intenta manter a exclusão pela integração cultural.

Assim, a dialética da formação imobilizada pela premência da integração social que se desdobra na semiformação. Este espírito se vê com mais clareza na tendência à democratização da formação cultural. São folhetins que mesclam fatos culturais com os artigos de consumo ou mesmo resumo de ciências e obras literárias que levam o consumidor a apostar em sua própria ignorância. É a fetichização da mercadoria, hoje muito bem explorada pela indústria cultural no ramo de livros. Uma ideologia comercial, pseudodemocrática, proporcionando a ilusão de que o aumento do nível de vida, alavancado pelo progresso técnico, permite a todos o acesso à cultura(6).

Contudo, segundo Adorno(8), a elevação geral do nível de vida com desenvolvimento das forças produtivas materiais, não se manifesta nas coisas espirituais com efeito benéfico. Na verdade, os elementos formativos inassimilados por esta lógica além de não se constituírem em uma experiência formativa, ainda se transformam em focos contaminados que reagem à formação. A confusão e a cegueira produzida pela semiformação limita o espírito e obscurece o conteúdo vivificante da cultura. O indivíduo semicultivado é constituído por um processo de subjetivação condicionado pela perda da experiência substituída por um estado informativo pontual, desconectado, intercambiável e efêmero.

O fracasso do indivíduo denuncia o fracasso da cultura e deve servir de antítese frente à tese ideológica e remeter-nos ao postulado de autonomia real e individual contido no ideário burguês. Desta forma resta o anacronismo: tentar manter a imagem já esvanecida da formação cultural tradicional como antídoto que serve de contraponto para o atual estado de semiformação socializada, ainda que passível de questionamentos.

Nesse sentido, reitaramos que a possibilidade de uma verdadeira formação deve compactuar com os objetos que condicionem a aquisição cultural. Todavia, as condições sociais impõem uma normatividade que mutila ao mesmo tempo a produção cultural e a formação. Esta se transforma em uma semiformação.

4 Tabus sobre o magistério e a formação do professor crítico, artista, transformador

O mundo atual marcado pela aceleração das transformações e dos conhecimentos, pela expansão da tecnologia dos meios de comunicação, pela contestação dos valores estabelecidos, pela explosão demográfica, é, inevitavelmente, um mundo com novas exigências educativas. Vários são os tabus enfrentados pelo magistério, classificamos em dois grandes grupos, a saber: macro e micro.

Aqueles ditos como macro, são aqueles de nível universal, relacionados a globalização. A globalização atende inicialmente às necessidades do capital e depois às necessidades humanas. E muitas das necessidades humanas a que ele atende, vão aos poucos se tornando "humanas" apenas porque foram produzidas como tais para servirem ao capital. Identificamos alguns: o aumento demográfico, fome, violência, relação trabalho e salário, aspectos históricos. Já os tabus de cunho micro são aqueles relacionados a aspectos pessoais e localizados. São eles: a cultura, a religião, a família, mudanças curriculares, a instituição, além dos novos papéis assumidos pelos mestres e alunos. A seguir discutiremos aqueles aspectos mais marcantes para a formação do enfermeiro docente(8,9).

O enfermeiro norteia a sua atuação, enquanto profissional da área da saúde, considerando a integralidade do ser humano/família/comunidade, referenciado por um padrão de bem-estar articulado no contexto do processo saúde-doença, nos modelos de sistema de saúde e nos modelos de cuidados de enfermagem, através da competência técnica, do comprometido, da criatividade e da sensibilidade com as especificidades regionais, estaduais, nacionais e universais das questões de saúde e do processo de trabalho e suas transformações, nos âmbitos social, cultural, educativo, político, econômico, ético e científico.

No que concerne ao enfermeiro-docente, é de grande valia resgatar os aspectos históricos. A seguir nossas considerações.

A busca da identidade da profissão demanda o resgate de suas raízes. Sem raízes não há identidade. Estas se encontram na formação acadêmica, no exercício da profissão, na prática de saúde. A Saúde Pública a partir do fim do século XIX desenvolveu uma medicina de massas, preocupada em assegurar condições mínimas de saúde a setores da classe trabalhadora(9).

A preocupação de combater as epidemias influenciou o desenvolvimento da parasitologia, quimioterapia e imunologia. Em meados da década de 30, a enfermagem se encontrava nos hospitais em mãos de congregações religiosas, que cumpriam mais uma função social que propriamente médica cuidar dos pobres e desamparados, procurando a conversão religiosa, a moralização e a disciplina destes grupos da população(10).

A reforma Carlos Chagas, ocorrida em 1920, é desencadeadora da criação três anos depois, em 1923, da 1a escola de enfermagem no Brasil, que vinha com o objetivo de preparar as enfermeiras para os serviços de Saúde Pública. É na década de 50 que se inicia também por parte da enfermagem a preocupação em organizar os princípios científicos que devem nortear sua prática. Os serviços de saúde passam a ser melhor organizados pela enfermeira e o ensino é redirecionado de acordo com os princípios científicos da administração. A enfermeira com curso superior se apropria do trabalho de supervisão, administração e ensino. O cuidado direto ao doente fica a cargo do auxiliar de enfermagem, categoria que cresce bastante. No final da década de 50, início dos anos 60 o avanço tecnológico direciona a enfermeira para dominar cada vez mais técnicas especializadas, embora a distancie do cuidado direto ao doente(10).

A enfermagem surge então como profissão, ocupação "paramédica", assalariada, com suas atividades centradas basicamente no hospital, direcionada pela medicina que lhe guiou os passos no conhecimento científico e lhe ditou normas de trabalho. A prática de saúde e de enfermagem em meio a todas estas mudanças encontra-se ainda centrada nas instituições hospitalares, voltada para assistência médica-individual-curativa.

A Organização Panamericana de Saúde em 1978 ampliou o papel da enfermeira através do documento que afirma ser responsabilidade da enfermeira a coordenação das ações de saúde no 1a nível de atenção do sistema institucional(11).

As enfermeiras na sua grande maioria continuam ausentes do cuidado direto ao cliente/paciente. A administração e a organização dos serviços de saúde faz com que elas desempenhem cada vez mais funções burocráticas e rotineiras. Desta forma, a relação entre a enfermeira e a equipe de enfermagem e demais categorias profissionais, especialidade o médico, além de competitiva tem sido conflituosa porque se estabelece pela dominação e subordinação de papéis. Sendo até hoje a submissão um tabu na profissão de enfermagem por isso, apesar de sermos considerados uma profissão autônoma, com nossa própria construção de conhecimento e legislação vigente.

Na área hospitalar, as prescrições médicas vêm determinando as ações de enfermagem. A participação do enfermeiro nos níveis decisórios ainda é muito pequena. Quando chega a ocorrer, encontramos a enfermeira desempenhando funções de administração geral e não de administração de enfermagem.

O ensino de enfermagem chegou ao Brasil trazendo grandes influências do modelo adotado nos EUA. Sob sua influência ele se volta para preparar pessoal para atuar em saúde pública. A década de 20 é marco de fundamental importância para a história e o ensino de enfermagem. Na nova política sanitária de Carlos Chagas a enfermagem emerge como profissão institucionalizada no Brasil. Surge a 1a Escola de Enfermagem- Ana Néri no RJ em 1923. O curso de enfermagem inicialmente tinha 3 anos de duração e depois passou para 4 anos já na 2a turma que ingressava(11).

Através das escolas procurava-se desenvolver as qualidades intelectuais da nova enfermeira, como forma de firmar no público a responsabilidade e cientificidade da nova profissão. O ensino de enfermagem nessa década se volta para ensinar o aluno o desenvolvimento de técnicas e procedimentos a serem executados passo a passo, como guia para as tarefas a serem cumpridas.

O marco conceitual do ensino se volta para a assistência hospitalar. Algumas escolas incluem no currículo o ensino de Pedagogia e Administração, preocupada com o desempenho das enfermeiras nas funções de liderança, chefia e ensino. O contexto hospitalar onde é evidente a hegemonia do poder médico passa a ser uma arena que demanda novas relações de trabalho onde as categorias dominação e submissão vão estar sempre presentes. E onde a segunda categoria, submissão passa a ser assumida por contingências históricas, políticas, ideológicas, pelo estudante/profissional de enfermagem(11).

A profissionalização da enfermagem torna-se uma prática heterogênea, em mãos de agentes diversos, submetidos a preparos diversos: treinamento em serviço, isento de ensino sistematizado de preparo formal de vários níveis.

Ainda conforme Nóbrega(10) o percurso histórico dessa década se consolida no ensino de enfermagem voltado para a aprendizagem de técnicas, iniciando um processo de fundamentação científica no início da década de 60. Essa fundamentação encontra suas bases nas ciências naturais e também nas ciências sociais, onde a psicologia é mais resgatada com a finalidade de preparar o discente para o atendimento ao homem como ser bio-psico-espiritual.

A educação é visualizada como o caminho para se atingir a melhoria na prestação de cuidado e, conseqüentemente para um melhor posicionamento da profissão. Deve ser continuado também, paralelo ao desenvolvimento de uma consciência crítica por parte da enfermeira, o processo de resistir aos esquemas e sistemas, que direcionam a prática de enfermagem para a submissão.

O maior desafio da educação e do professor na contemporaneidade é, mais do que nunca, articular as experiências e conhecimentos prévios dos alunos e propiciar o desenvolvimento da autonomia discente de forma a constituir uma inteligência coletiva que promova a democratização do conhecimento e exercício pleno da cidadania.

Um processo educativo com tais características deve estar munido de práticas pedagógicas e didáticas que não se preocupem apenas com o conteúdo a ser "ensinado", com as técnicas de ensino e com a avaliação da aprendizagem, conceitos que freqüentemente giram em torno do binômio aprovação/reprovação.

O professor de enfermagem que deve facilitar esse processo; ele deve ser criador de oportunidades para as situações de aprendizagem, um oportunizador das experiências intensas e adequadas, capazes de despertar no aluno a motivação para a pergunta, para uma atitude investigativa que busque soluções e que fundamente sua intervenção na realidade. O professor é, enfim, um estimulador da capacidade crítico-criativa e, neste papel, deve promover a liberdade e desafiar a razão.

A Educação, portanto, é um processo que vai além de ensinar, instruir ou treinar; ela é essencialmente um processo de formação que precisa estimular a curiosidade, desenvolver a autonomia crítica e criativa do sujeito histórico competente.

A busca do conhecimento se reflete numa mudança de atitude, pois queremos que nossos alunos façam mais que simplesmente pensar, é importante que sejam capazes de analisar e apreender o que uma situação apresenta, declara, implica /ou sugere.

Entendemos o fenômeno criativo não como um dom ou talento, mas sim como algo que pode ser estimulado ou inibido a partir das relações que o indivíduo estabelece ao longo da vida, e por isso a importância da relação pedagógica.

Nessa perspectiva, entra em foco a capacitação docente, de modo a favorecer a concretização do jogo dialético ação-pensamento, pensamento-ação para alcançar a educação integral dos sujeitos ali envolvidos-professores e alunos. Desta forma, o processo educativo é mais do que uma reflexão, ele é uma práxis.

Após tantos problemas e tabus relacionados à educação uma pergunta urge incessantemente em nossas mentes. Então "Por que sou professor?" A resposta talvez possa ser encontrada numa mensagem deixada por um prisioneiro de campo de concentração nazista na qual, depois de viver todos os horrores da Guerra - "crianças envenenadas por médicos diplomados; recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas; mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades" - ele pede aos professores que "ajudem seus alunos a tornarem-se humanos", simplesmente humanos.

5 Sugestões para a transformação do Enfermeiro-Docente

Acreditamos que, também na enfermagem, tem ocorrido o que, via de regra, ocorre quanto à docência no ensino superior, ou seja: organização curricular fechada, estanque, com disciplinas conteudísticas, com ênfase em assuntos técnicos, pouca abertura para outras áreas do conhecimento e interdisciplinaridade, pouco incentivo à pesquisa, com metodologia de ensino centrada em aulas expositivas, predomínio de cumprimento a um programa pré-estabelecido, avaliações por meio de provas e outros métodos tradicionais, e corpo docente constituído, ainda, por muitos professores que, mesmo titulados com mestrado ou doutorado, precisam de uma melhor formação como educador, quanto à área pedagógica e à perspectiva político-social.

É o momento de refletir sobre o efeito do nosso trabalho, enquanto professor que ensina pessoas, que um dia serão os responsáveis pela realidade social- uma realidade que hoje nós já começamos a criticar. Julgamos alguns pontos de suma importância para a formação do Enfermeiro-docente, assim como Farias e Casagrande(12), são eles:

• Profissionais e cidadãos capazes de trabalhar em grupo, interagindo em equipes reais ou virtuais.

• Mais do que o sujeito "autônomo", "autodidata", a sociedade hoje requer um sujeito que saiba contribuir para o aprendizado do grupo de pessoas do qual ele faz parte, quer ensinando, quer mobilizando, respondendo ou perguntando. É a inteligência coletiva do grupo que se deseja pôr em funcionamento, a combinação de competências distribuídas entre seus integrantes, mais do que a genialidade de um só.

• Dentro deste quadro, aprender a aprender colaborativamente é mais importante do que aprender a aprender sozinho, por conta própria.

• Formar um enfermeiro capaz de influenciar na construção de novos paradigmas de saúde, através de um corpo de conhecimentos próprios, sedimentados num pensar integral do cuidado humano.

• Formar profissional capaz de desenvolver habilidades cognitivas e psicomotoras, a fim de gerenciar os serviços e ações de enfermagem;

• Aplicar o método científico no processo de gerenciar o cuidar em enfermagem do ser humano/família/comunidade;

• Promover a saúde, prevenir a doença, tratar e reabilitar o ser humano/família/comunidade, desde a concepção até a morte, desenvolvendo a concepção do processo saúde-doença;

• Desenvolver a consciência analítico-reflexivo-critico, fundamentada na relação dialética entre a teoria e a pratica do profissional;

• Estimular a busca de novos paradigmas, desenvolvendo a investigação cientifica no campo de atuação da enfermagem;

• Desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes técnico-pedagógicas essenciais para o exercício de atividades de educação em saúde;

• Aprimorar o cultivo pessoal e desenvolver o perfil profissional, considerando como princípio básico o respeito pelo ser humano, na sua dimensão holística;

• Despertar e envolver a sensibilidade, a ética, a moral, a competência e o compromisso para as questões humanas nos vários segmentos da sociedade no processo de cuidar em enfermagem;

• Formar profissionais atualizados, contextualizados no debate sobre o pós-modernismo e suas implicações para a educação;

• Usuários críticos da tecnologia;

• Cidadãos atentos aos desafios político-sociais que estão envolvidos no contexto pedagógico da atualidade.

 

Considerações Finais

A análise da literatura sobre os diferentes aspectos que envolvem a prática docente reflexiva, com enfoque na área da enfermagem, permitiu-nos desvelar vários aspectos neste contexto, aprofundando nossos conhecimentos sobre a temática. Também propiciou a constatação de que nossa preocupação com o processo de formação do professor, ainda necessita formar cidadãos competentes e que possam contribuir prestígio da profissão.

Acreditamos, na necessidade de formar professores mais críticos para a prática docente, não somente na enfermagem, para que eles sejam capazes de refletir sobre sua própria ação cotidiana como formadores, de comprometer-se com sua formação e com seu desenvolvimento profissional futuro.

Ao final dessa discussão, elaboramos um quadro relacionando os antigos e os novos paradigmas da educação:


 

Por fim, esperamos que as críticas e reflexões de alguns dos grandes teóricos aqui estudados possam ser um guia para outros docentes, atuantes na enfermagem ou em outra área profissional, possam refletir sobre sua prática. Além de instigá-los na operacionalização de pesquisas e estudos sobre a formação docente.

 

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