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Archivos de Zootecnia

versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.58 no.221 Córdoba mar. 2009

 

 

 

Avaliação de folhas de gliricidia sepium (JACQ.) walp por ovinos

Evaluation of gliricidia sepium (JACQ.) walp leaves by sheep

 

 

Costa, B.M. da1A, I.C.V. Santos2, G.J.C. de Oliveira1B e I.G. Pereira3

1Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas/UFRB. CEP 44380-000 Cruz das Almas. Bahia. Brasil. Correspondência: Abeneditomc@hotmail.com; Bgajocol@ufba.br
2Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário-EBDA. CEP 45750-000 Gandu, BA. Brasil. ivanvete@yahoo.com.br
3Faculdade de Ciências Agrárias. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. CEP 39100-000 Diamantina, MG. Brasil. pereiraig@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar folhas frescas de Gliricidia sepium (GS) por ovinos da raça Santa Inês através das seguintes variáveis: consumo de matéria seca total (CMST), ganho de peso diário (GPD), ganho de peso total (GPT) e conversão alimentar (CA). Utilizou-se 16 ovinos, peso inicial de 18 kg e faixa etária de 4 a 6 meses, confinados por 98 dias, distribuídos em baias individuais, submetidos aos seguintes tratamentos, segundo um delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições: T1= capim elefante (Pennisetum purpureum Schum. cv. Napier), à vontade, com 45 dias de idade; T2= folhagem fresca de GS (2% sobre o peso vivo, na base de matéria seca) + capim elefante à vontade; T3= folhagem fresca de GS (4% sobre o peso vivo, na base de matéria seca) + capim elefante à vontade e T4 = folhagem fresca de GS, à vontade. A GS e o capim-elefante apresentaram, respectivamente, a seguinte composição química: 23,11 e 22,11% de MS; 24,11 e 12,00% de PB; 0,90 e 0,59% de Ca; 0,16 e 0,20% de P; 38,81 e 61,64% de FDN; 24,30 e 34,42% de FDA. Não foram encontradas diferenças significativas (p>0,05) para o consumo de matéria seca total (CMST) nas dietas exclusivas (T1 e T4) com valores de 75,29 kg e 65,83 kg, respectivamente. Os tratamentos T2 e T3, com dietas mistas, apresentaram CMST superiores (p<0,05) aos de dietas exclusivas, com valores de 91,93 e 106,03 kg, respectivamente. A inclusão de folhas de GS em todos os níveis estudados promoveu GPD e GPT superiores (p<0,05) àquele observado quando do consumo exclusivo de capim-elefante. Entretanto, as dietas mistas T2 e T3 apresentaram valores de GPD e GPT semelhantes (p>0,05). Os valores de conversão (CA) para os tratamentos T2, T3 e T4 foram similares (p>0,05), porém a dieta T1 apresentou uma CA significativamente maior que as demais (p<0,05). Folhas de GS como fonte exclusiva de alimento são consumidas por ovinos da raça Santa Inês. Sua inclusão como suplemento em dietas de capim-elefante eleva o ganho de peso dos animais e melhora a conversão alimentar.

Palavras chave: Consumo de matéria seca. Conversão alimentar. Ganho de peso.


SUMMARY

The objective of this work was to evaluate Gliricidia sepium (GS) fresh leaves by growing lambs of Santa Inês breed through the following variables: total dry matter intake (TDMI), daily weight gain (DWG), total weight gain (TWG) and feed:gain ratio (FGR). It was used 16 lambs with initial weight of 18 kg and 4-6 months of age, under confinement during 98 days, distributed in individual boxes in order to form 4 groups of 4 animals, in a completely randomized design, with 4 replications, under the following diets: A) elephant grass (Pennisetum purpureum Schum. cv. Napier) ad libitum, at 45 days of age; B) fresh leaves of GS at 2% of body weight + elephant grass ad libitum; C) fresh leaves of GS at 4% of body weight + elephant grass ad libitum; D) fresh leaves of GS ad libitum. The GS and the elephant grass showed, respectively, the following chemical composition: 23.11 and 22.11% of DM; 24.11 and 12.00% of CP; 0.90 and 0.59% of Ca; 0.16 and 0.20% of P; 38.81 and 61.64% of NDF; 24.30 and 34.42% of ADF. It was not found significative differences (p>0.05) between TDMI of elephant grass (75.29 kg) and GS (65.83 kg) as lonely diets. On the other hand, the treatments T2 and T3 with mixed diets showed greater TDMI (p<0.05) than the ones with lonely diets with the values of 91.93 and 106.03 kg, respectively. The inclusion of GS leaves on all studied levels increased DWG and TWG (p<0.05) as compared to the one with elephant grass as lonely diet. However, the mixed diets T2 and T3 showed similar DWG and TWG values (p>0.05). The feed intake/weight gain ratios of T2, T3 and T4 treatments were similar (p>0.05), but the one for T1 diet was significantly greater than the others. GS fresh leaves as a lonely diet are consumed by growing lambs of Santa Inês breed. Their inclusion in diets with elephant grass increase body weight gain and improve feed intake/weight gain ratio.

Key words: Body weight gain. Dry matter intake. Feed conversión.


 

Introdução

Gliricidia sepium é uma leguminosa arbórea da família Faboideae, de porte médio, que se apresenta sempre verde com folhas alternadas, imparipinadas de 15 a 25 cm de comprimento, ovaladas, elípticas ou lanceoladas, de flores vistosas de cor rosa ou matizadas de púrpura, agrupadas em cachos curtos e legumes medindo de 10 a 15 cm de comprimento por 1,5 cm de largura, com 3 a 8 sementes (Quintero de Vallejo, 1993; Drumont et al., 1999), sendo também conhecida por Gliricidia maculata, segundo Rangel et al. (2000).

Leguminosa nativa no México, América Central e Norte da América do Sul, sendo de crescimento rápido e enraizamento profundos. De fácil estabelecimento, propaga-se por sementes, mudas ou por estaquia (Drumond et al., 1990; Carvalho Filho et al., 1997; Costa et al., 2004). Essa forrageira é conhecida nos países de língua espanhola como madre do cacau, madero negro e mata ratón. Seu nome cientifico vem do latim glis (rato) e do verbo caedo (matar) em referência ao pó da casca e das sementes, usado como raticida (Simons e Stewart, 1994). Espécie de clima tropical, adapta-se desde o nível do mar até 1600 metros de altitude em regiões sub-úmidas e secas. Desenvolve-se melhor em clima com precipitação pluviométrica anual entre 1500 e 2000 milímetros e uma estação seca bem definida (Quintero de Vallejo, 1993). Apesar de proliferar em solos pouco férteis, exibe melhor desempenho naqueles de alta fertilidade e profundidade suficiente para o bom enraizamento (Carvalho Filho et al., 1997). É uma árvore de múltiplo uso, que possui a capacidade de fixar nitrogênio, promover a reciclagem de nutrientes e melhorar as condições físicas e biológicas do solo, pela deposição de matéria orgânica de rápida decomposição, sendo utilizada principalmente como cerca viva, sombra para cacaueiro, suporte para cultivos, produção de lenha, madeira e forragem (Franco, 1988; Kato et al., 1997; Mochiutti et al., 1998; Vera et al., 1998).

Gliricidia sepium por suas características bromatológicas é indicada como forrageira para bovinos, caprinos e ovinos, apresentando um conteúdo médio de proteína bruta entre 22% (Morales, 1996) e 24% (Diaz et al., 1995). Apesar da alta qualidade como forragem e da razoável produção de biomassa, seu uso in natura pode ser limitado devido ao odor provocado pela liberação de compostos voláteis de suas folhas e sua possível toxidez, principalmente para animais não ruminantes, problema que pode ser resolvido em parte, desidratando as folhas ao sol ou através do cozimento. Os efeitos tóxicos dessa leguminosa são atribuídos à presença de cumarina e sua conversão em produto hemorrágico, o dicumerol, por bactérias, durante sua fermentação (Simons e Stewart, 1994).

Carew (1983) avaliou o uso de Gliricidia sepium como único alimento para pequenos ruminantes, durante 21 semanas, utilizando no experimento ovelhas e cabras. Para ambas as espécies houve perda de peso nas três primeiras semanas e recuperação com ganho de peso nas semanas subseqüentes, apresentando ganhos médios diários de 29 gramas para ovelhas e 14 gramas para cabras, não encontrando nenhum efeito adverso à saúde dos animais.

Díaz et al. (1995) compararam o efeito da substituição parcial de 37% de polidura de arroz por forragem fresca de Gliricidia sepium (24,3% de proteína bruta) em cordeiros mestiços da raça West-African, desmamados, pesando em média 11 kg, tendo como dieta basal feno moído de Cynodon sp., concluindo que o consumo do feno não foi afetado, mas houve um aumento significativo no consumo da matéria seca total, e que a suplementação parcial com folhas de gliricídia permitiu reduzir a utilização de polidura de arroz no nível estudado.

Combellas et al. (1999) analisaram o consumo e aceitabilidade de Gliricidia sepium e seu efeito como suplemento protéico sobre o ganho de peso de ovinos em crescimento, recebendo como dieta basal capim de corte, comparados com animais suplementados com 130 g/dia de farinha de pescado. Não encontraram diferenças significativas tanto no consumo como no ganho de peso dos animais suplementados com gliricídia e aqueles com farinha de pescado.

Este estudo objetivou avaliar folhas frescas de gliricídia através do consumo e desempenho de ovinos Santa Inês confinados.

 

Material e métodos

O experimento foi desenvolvido, no período de 22-04-2002 a 20-07-2002, nas dependências da fazenda Paó, no município de Nova Ibiá, no Sul do Estado da Bahia, a 13o30' de latitude Sul e 39o30' de longitude Oeste.

O município apresenta um clima caracterizado por elevadas temperatura e umidade, com precipitações pluviométricas em torno de 1100 mm anuais, sendo o período mais chuvoso de março a agosto; apresenta uma temperatura média anual de 24,7oC, com normais de máximas de 34oC e de mínima de 16oC. Possui um relevo de características bem diferenciadas, mas predominantemente ondulado (Isto é Gandu, 1987).

Foram utilizados ovinos da raça Santa Inês que permaneceram confinados em baias individuais durante um período de 112 dias, sendo que os primeiros 14 dias foram considerados período pré-experimental e os 98 dias restantes, período experimental. No período pré-experimental os animais foram vermifugados, por via oral, com produto comercial à base de albendazol, submetidos às dietas experimentais e realizados os ajustes de consumo das forrageiras.

Os ovinos, com peso inicial médio de 18 kg, foram numerados e distribuídos nas baias através de sorteio, segundo um delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, formando quatro grupos de quatro animais e submetidos às seguintes dietas (tratamentos):

T1= capim elefante (Pennisetum purpu-reum cv. Napier), à vontade, com aproximadamente 45 dias de idade.

T2= folhagem fresca de Gliricídia sepium (2% sobre o peso vivo, na base de matéria seca) + capim elefante à vontade.

T3= folhagem fresca de Gliricidia sepium (4% sobre o peso vivo, na base de matéria seca) + capim elefante à vontade.

T4= folhagem fresca de Gliricídia sepium, à vontade.

Apesar das dietas terem sido definidas como consumos de gliricídia de 0% do peso vivo (PV), 2% do PV, 4% do PV e ad libitum, o consumo da forrageira foi, entretanto de 1,82% (T2), 2,43% (T3) e 3,18% (T4) do PV o que representou em T2 e T3 dietas com 44% e 51,26%, respectivamente, de gliricídia.

Avaliou-se o consumo de matéria seca total, ganho de peso diário, ganho de peso total e conversão alimentar. As análises estatísticas foram feitas com auxílio do programa sistema para análise estatística e genética (SAEG, 1997), utilizando o seguinte modelo:

Yij= M + Ti + eij

Yij= valor observado referente ao indivíduo que recebeu o tratamento i na repetição j;

M= média geral;

Ti= mede a oferta do tratamento i, sendo i= 1, 2, 3, 4;

eij= erro aleatório associado a cada observação, que por hipótese tem distribuição normal, identicamente distribuída com média zero e variância σ2

Os quatro animais (repetições) de cada tratamento permaneceram em baias individuais, com água e sal à vontade. As forragens ofertadas eram colhidas uma vez ao dia e picadas em partículas de 2 a 4 cm no momento do fornecimento aos animais. As quantidades diárias de alimento foram fracionadas em três porções, sendo fornecida a primeira porção às 6 horas, a segunda às 12 horas e a terceira às 18 horas. Os grupos submetidos às dietas T2 e T3 receberam as quantidades fracionadas em cochos divididos ao meio, de modo a forne-cer as porções de gliricidia e capim elefante separadamente, para que os animais tivessem opção de escolha da forragem a consumir. As sobras de capim (dietas T1, T2 e T3) e de gliricidia (dietas T2, T3 e T4) foram coletadas, pesadas diariamente e subtraídas do total de alimento ofertado para que se conhecesse o peso real consumido por cada animal, para cada ingrediente, separadamente. As quantidades de forragens ofertadas foram ajustadas em função do peso vivo dos animais, após pesagens a cada 14 dias. Para a realização das pesagens os ovinos eram submetidos a um jejum de alimentos sólidos de aproximadamente 13 horas.

As amostras das forragens, ofertadas durante o experimento, foram colhidas semanalmente (200 g/amostra), etiquetadas e acondicionadas em sacos plásticos transparentes, imediatamente colocadas em caixa isotérmica contendo gelo e, posteriormente, armazenadas em freezer a uma temperatura aproximada de -5oC. As determinações de matéria seca (MS) foram realizadas, conforme Silva e Queiroz (2002). As determinações de proteína bruta (PB) pelo método de Kjeldahl, fósforo, conforme Silva e Queiroz (2002) e cálcio de acordo com metodologia descrita por Fick et al. (1976). Os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram determinados conforme método de Van Soest (AOAC, 1990).

 

Resultados e discussáo

Folhas e brotos tenros de gliricidia, fornecidos aos animais, apresentaram um teor médio de MS de 23,11% (tabela I), valor este maior ao encontrado por Combellas et al. (1999) que obteve 21,2% e próximo ao obtido por Benneker e Vargas (1994), nas variedades Guatemala 124 e 125, de 24,2% e 23,0%, e menor que os encontrados pelos mesmos autores de 25,4%, 26,7% e 26,8%, em variedades procedentes da Colômbia, Nicarágua e Nigéria, respectivamente.

O teor médio de proteína bruta (24,11%) na matéria seca da gliricídia (tabela I) está próximo de 23,8% observado por Bernal (1994) e 24,3% obtido por Díaz et al. (1995). Os teores de proteína bruta (12%) e matéria seca (22,17%) do capim elefante utilizado no trabalho (tabela I), com idade aproximada de 45 dias, apresentaram valores próximos aos relatados por Islabão (1988), de 13,0% e 21,9%, respectivamente. O teor de 38,81% de FDN da gliricidia obtido neste trabalho é semelhante aos encontrados por Ojeda e Escobar (1997), de 39,6%, e Díaz et al. (1995), de 38,8%. O teor médio de FDA de 24,30% encontrado é ligeiramente superior a 23,2% encontrado por Carew (1983).

O consumo de matéria seca total (tabela II) dos tratamentos T1(75,29 kg) e T4 (65,83 kg) não diferiram significativamente entre si (p>0,05), fato ocorrido também entre os tratamentos T2 (91,93 kg) e T3 (106,03 kg). Assim como entre os tratamentos T2 e T1. O maior consumo de matéria seca obtido no tratamento T3, em comparação com os tratamentos T1 e T4, pode ser justificado com base nas conclusões de Nussio et al. (2001). Estes autores reportam que o aumento da quantidade de alimento ofertado permite que os animais selecionem as porções mais palatáveis e nutritivas, no caso a gliricídia, e pelo efeito associativo entre alimentos de diferentes qualidades nutritivas, quando o alimento de melhor qualidade (gliricídia com 38,81% de FDN e 24,11% de PB) interfere no consumo e digestibilidade de alimentos de menor qualidade (capim elefante com 61,64% de FDN e 12% de PB).

O consumo exclusivo de gliricídia no tratamento T4 (3,18% do PV), apresentou valor similar ao obtido por Carew (1983) de 3,2%, quando avaliaram durante 21 semanas, carneiros de peso vivo médio de 18 kg, alimentados exclusivamente com gliricídia e menor consumo que o encontrado por Benneker e Vargas (1994), de 5,03% quando avalia-ram o consumo voluntário de cinco variedades de gliricídia por ovelhas africanas.

A inclusão de gliricídia em todos os níveis estudados promoveu ganhos de peso diários (GPD) e ganhos de peso totais (GPT) superiores (p<0,05) àqueles observados quando do consumo exclusivo de capim elefante (tabela III). Por outro lado, as dietas mistas apresentaram GPD e GPT semelhan tes (p>0,05).

O consumo de alimentos é fundamental para o organismo, por determinar o nível de nutrientes ingeridos e, conseqüentemente, a resposta animal. Ademais, Huston et al. (1988) informa que o consumo de matéria seca pode ser influenciado pelo nível de proteína da dieta. Neste trabalho, os maiores ganhos de peso vivo nos tratamentos T2 e T3 correspondem aos maiores consumos diários de proteína bruta, 162,4 e 198,6 g, e o menor obtido no tratamento T1 (92,4), correspondente ao menor ganho de peso. No tratamento T4, apesar do alto teor de proteína na dieta (24,11%) e do consumo médio diário de 161,5 g de proteína, os ganhos médios de peso diários e totais diferem significantemente (p<0,05) do tratamento T3 (tabela III). Este fato é justificado pelo provável efeito associativo entre os alimentos no tratamento T3, o que permitiu uma maior ingestão de outros nutrientes devido ao maior consumo de MS pelos animais (106,03 kg em T3 contra 65,83 kg em T4).

Martim (1987) relata que a utilização de proteína pode ser limitada pela deficiência de energia na dieta. Assim, uma adequação de níveis de proteína dependerá do conteúdo de energia para o metabolismo. Entretanto, o GPD dos ovinos no tratamento T4 (68 g), apresentou valor superior ao encontrado por Carew (1983), de 39 g, em experimento com ovinos com peso médio de 18 kg, alimentados exclusivamente com gliricídia, durante 18 semanas.

O tratamento 1 apresentou um elevado teor de FDN (61,64%) para o capim-elefante (tabela I). Valores de FDN acima de 55-60% correlacionam negativamente com o consumo de forragem (Mertens, 1987). Os menores GPD e GPT observados no tratamento T1 devem-se, provavelmente, a um consumo insuficiente de PB: o consumo foi de 92,4 g/dia, valor abaixo dos recomendados pelo NRC (1985), para ovinos desta categoria. Combellas et al. (1999), estudando o efeito da suplementação com forragem de leguminosas no ganho de peso de cordeiros, encontraram no tratamento composto por gliricídia (23,25% de PB) mais capim elefante (9,6% de PB) um GPD de 66 g. Este valor é menor que os obtidos nos tratamentos similares T2 e T3 deste experimento, que foram de 90 e 100 g diários (tabela III).

Os tratamentos T2, T3 e T4 (tabela IV), onde houve inclusão ou consumo exclusivo de gliricídia, apresentaram valores similares entre si de CA (p>0,05), entretanto a dieta T1 (uso exclusivo de capim elefante) apresentou uma CA significativamente maior que as demais dietas (p<0,05). Os menores valores de CA para os ovinos alimentados com gliricídia mostram a superioridade desta forrageira em valor nutritivo e sua capaci dade de melhorar a CA em dietas mistas, mesmo quando associadas a alimentos de qualidade nutritiva inferior, tais como capim elefante.

A conversão alimentar de 10,26; 10,94 e 10,13 dos tratamentos T2, T3 e T4, respectivamente, apresentam valores menores que 14,2 obtido por Combellas et al. (1999), em trabalho com ovinos suplementados durante 42 dias com gliricídia e tendo como dieta basal capim de corte à vontade, e 13,9 relatado por Carew (1983) em experimento com ovinos em crescimento alimentados durante 18 semanas, exclusivamente com gliricídia.

Os valores relativamente altos de conversão alimentar encontrados em todos os tratamentos, justificam-se pela idade dos animais utilizados no experimento, acima de quatro meses, quando do inicio do trabalho. Oliveira (2002) relata que até os três meses de idade o ganho de peso diário dos ovinos é alto e crescente sendo a partir daí decrescente. Á medida que a idade aumenta os rendimentos serão cada vez mais decrescentes, apesar de ainda existir ganho de peso. Nesta fase o animal já apresenta um peso vivo relativamente elevado, o que requer maiores consumos de matéria seca e a conversão alimentar é cada vez maior, o que exigirá seguidamente mais alimentos para produzir cada vez menores aumentos de peso vivo.

 

Conclusóes

Folhas de Gliricidia sepium como fonte exclusiva de alimento são consumidas por ovinos da raga Santa Inés.

É recomendável a inclusão de folhas de gliricídia como suplemento para ovinos da raga Santa Inés consumindo capim elefante como dieta basal, considerando os ganhos de peso dos animáis e melhora na conversão alimentar.

A inclusão de folhas de gliricídia em níveis superiores a 1,82% do PV, na base de MS, para cordeiros da raga Santa Inés em confinamento, tendo como dieta basal capim elefante, não apresenta nenhuma vantagem adicional em ganho de peso e em conversão alimentar.

 

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Recibido: 31-5-07
Aceptado: 1-10-07

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