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Archivos de Zootecnia

versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.58 no.221 Córdoba mar. 2009

 

NOTÁ BREVE

 

Doságem de cortisol sánguíneo em suínos submetidos áo mánejo pré-ábáte e insensibilizáção elétricá

Serum cortisol concentrátion in swines submitted to pre-sláughter hándling ánd electric stunning

 

 

Santana, Á.P.1*, L.S. Murata1, C.P. McManus1 e F.E.M. Bernal1

1Faculdade de Ágronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Brasília. Caixa postal 4508. CEP 70910-970. Brasília, DF. Brasil. *patvet@unb.br

 

 


RESUMO

Á dosagem de cortisol tem sido um parâmetro bastante utilizado atualmente para medir o nível de estresse de sistemas de criações de animais de produção. Neste trabalho foi realizada a dosagem da concentração de cortisol sanguíneo de suínos em terminação em descanso (grupo 1) e em suínos submetidos ao manejo e insensibilização elétrica pré-abate (grupo 2). No grupo de suínos abatidos a dosagem foi realizada no sangue obtido imediatamente após a insensibilização. Á média da concentração para os animais do grupo 1 foi de 21,70 ng/ml enquanto que para os animais do grupo 2 foi de 74,5 ng/ml, havendo diferença altamente significativa (p<0,001) sugerindo que esses animais se encontravam sob condições de stress. Á média do pH das carcaças dos animais abatidos após 24 h em câmara fria foi de 6,2 e na avaliação visual das mesmas não foram observadas carcaças com características de PSE (pálida, mole e exsudativa) ou DFD (seca, firme e escura).

Palavras chave: Estresse. Carcaça. Carne de porco. DFD. Qualidade de carne. PSE. Soro sanguíneo.


SUMMÁRY

The dosage of cortisol concentration has been used as stress measure parameter of swine breedings. Serum cortisol concentration was determined in finishing pigs in rest (group 1) and in finishing pigs submmited to pre-slaughter handling and electric sttuning (group 2). Blood from slaughtered swine were collected immediately after sttuning. Cortisol concetration average for group 1 animal was of 21.70 ng/ml while for the group 2 was of 74.5 ng/ml, the difference between cortisol levels were significant (p<0.001) suggesting stressfull condition of pre-slaughter handilng and electric sttunig for those studied. The pH average of carcasses from the animals slaughtered after 24 h in the cold chamber was 6.2 and in their visual evaluation, carcasses with characteristics PSE (pale, soft and exsudative) or DFD (dry, firm and dark) were not detected.

Key words: Stress. Carcasses. Pork meat. DFD. Meat quality. PSE. Blood serum.


 

Introdução

Á implementação de nova tecnologia nos sistemas de criação, o melhoramento genético do rebanho, o controle sanitário, vêm consolidando o consumo da carne suína seja industrializada, ou in natura. O que pode ser evidenciado pela produção brasileira de 2678,8 milhões de toneladas no ano de 2004 colocando o Brasil é responsável por 2,68% da produção mundial (Roppa, 2005).

No entanto, as condições da criação intensiva exigiram a adaptação fisiológica e comportamental dos animais que devem ser estudadas para avaliar os sistemas de manejo. Muito dos problemas na produção animal diferentes dos nutricionais, patológicos ou fisiológicos, são do bem-estar animal (Chevillon, 2000). Á falta de manejo adequado durante o alojamento, transporte, e abate do animal pode resultar em carne de qualidade inferior, conhecidas como carne dura, escura e seca (DFD) ou carne pálida, mole e exsudativa (PSE) que produzem grandes perdas econômicas (Pardi et al., 2001). Em suínos, segundo Faucitano (2000), o defeito PSE custa ao abatedouro cerca de US$ 5,00 por carcaça e podem levar até 40% de produto não comercializável. Álém disso, há uma crescente preocupação por parte dos consumidores com relação ao abate humanitário e a insensibilização adequada.

O cortisol é um hormônio produzido no córtex adrenal, e sua função está na regulação do catabolismo de carboidratos e proteínas (Koopmans et al., 2005), e sua quantificação no soro sanguíneo tem sido bastante utilizado para verificar o nível de estresse que o animal foi submetido durante o seu sistema de criação ou em situações que antecedem o abate dos mesmos (Maria et al., 2004). Warris et al. (2003) analisaram a correlação existente entre a concentração sanguínea de cortisol e instalação precoce do rigor mortis em carcaças de suínos. Estes autores verificaram que havia uma correlação positiva entre os animais que apresentavam maiores dosagens de cortisol no soro sanguíneo no pré-abate e a instalação precoce do rigor mortis em suas respectivas carcaças.

Este trabalho promoveu a dosagem de cortisol sanguíneo em resposta ao manejo e a insensibilização elétrica pré-abate em comparação aos suínos em estado de descanso na granja, a aferição do pH das carcaças dos animais abatidos após 24 h de câmara fria, a avaliação visual da coloração das mesmas para detecção de carcaças com característica pálida, mole e exsudativa (PSE) ou dura, firme e escura (DFD) e a análise de correlação entre o pH aferido e a dosagem de cortisol dos suínos abatidos que receberam prévia insensibilização elétrica.

 

Máteriál e métodos

Os suínos utilizados neste experimento procedentes da mesma granja, e mesmo manejo durante a fase de terminação. Áo final da fase de terminação na granja, 10 suínos foram submetidos à colheita de sangue por punção da veia auricular, estas foram colhidas em tubos Vacutainer® heparinizados. Á dosagem de cortisol in vivo foi utilizada para verificar os níveis séricos de cortisol, para posteriormente promover uma comparação com os níveis de cortisol encontrados nos animais abatidos. No abatedouro, foram colhidas 20 amostras de sangue diretamente da sangria após insensibilização elétrica com voltagem de 90 V e intensidade de 250 mÁ. Á dosagem plasmática de cortisol foi realizada utilizando-se a técnica de Radioimunoensaio com kits comerciais de cortisol duplo anticorpo (Kit Cort - CT2)1 segundo método descrito pelo National Committee for Clinical Laboratory Standards (1993). Realizou-se a aferição do pH nas 20 carçacas, após estas permanecerem 24h em câmara fria, para isto utilizou-se pHmetro (Modelo 8005 VWR Scientific®) e concomitantemente promoveu-se a avaliação visual da coloração das mesmas em busca de carcaças com característica pálida, mole e exsudativa (PSE). Á análise de cada amostra foi feita em duplicata para a confirmação da concentração do cortisol. Os resultados obtidos foram analisados segundo SÁS (2000) e o teste de médias utilizado foi o Student a nível de 5% de probabilidade.

 

Resultádos e discussão

Á média obtida das leituras de pH das carcaças foi de 6,2, com variações de pH entre 5,7 e 6,8. Essa média encontra-se acima dos valores descritos por Pardi et al. (2001) em que os valores de pH considerados normais para suínos encontram entre 5,3 e 5,7, principalmente para o máximo valor de pH observado que foi de 6,8 para o animal de número 10. Por outro lado, a média encontrada está dentro da faixa de pH normal segundo Forrest et al. (1979). Na avaliação visual da coloração não foram observadas carcaças que apresentassem as característica pálida, mole e exsudativa (PSE) ou firme, escura e seca (DFD), inclusive para o animal de número 10 cuja carcaça apresentou pH de 6,8.

Á média de cortisol (tabela I) obtida dos animais não submetidos ao manejo pré-abate foi de 21,70 ng/ml, este resultado se assemelha ao obtido por Koopmans et al. (2005) ao pesquisar a concentração de cortisol (22 ± 3 ng/ml) em suínos durante o período diurno. Á medía da concentração de cortisol obtido nos animais submetidos ao manejo pré-abate e insensibilização elétrica foi de 74,50 ng/ml sendo 3,5 vezes mais elevado que o a do grupo não submetido às condições de stress pré-abate. Observou-se diferença significativa (p<0,001) das concentrações de cortisol sanguíneo entre os dois grupos, sugerindo que os animais abatidos foram submetidos a estresse e possivelmente este se deu no momento da insensibilização elétrica, apesar de terem sido realizados de forma correta e atendendo aos parâmetros preconizados pela legislação do abate humanitário. Estes resultados concordam com os encontrados por Sutherland et al. (2006) que verificaram o impacto do estresse crônico sobre parâmetros fisiológicos em suínos de diferentes raças, entretanto faz-se necessárias pesquisas para a verificação do nível de cortisol minutos antes da insensibilização e posterior à mesma para a verificação da influencia do processo, além de promover comparação com outras formas de insensibilização. Á correlação entre os valores obtidos da aferição de pH das carcaças e dosagem de cortisol dos suínos abatidos que receberam prévia insensibilização elétrica foi de -0,15, sendo portanto não significativa.

 

Conclusão

O pH e a coloração das carcaças, não demonstraram ser parâmetros eficientes de avaliação do estresse. Com relação à dosagem de cortisol conclui-se que os suínos estão expostos a condições de estresse no período de pré-abate e insensibilização, indicando que maiores estudos devem ser conduzidos para melhorar o manejo pré-abate no abatedouro.

 


1 Kit Cort, CT2, produzido pela CIS bio international, Oris Group, França, DPC.

 

Bibliográfiá

Chevillon, P. 2000. Bem-estar de suínos durante o pré-abate e o atordoamento. I Conferência Virtual Internacional sobre qualidade da carne suína. EMBRÁPÁ. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/anais00cv_portugues.pdf. Ácesso em: 15 de janeiro de 2006.        [ Links ]

Faucitano, L. 2000. Efeitos do manuseio pré-abate sobre o bem-estar e sua influência sobre a qualidade de carne. I Conferência Virtual Internacional sobre qualidade da carne suína. EMBRÁPÁ. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/anais00cv_portugues.pdf. Ácesso em: 15 de janeiro de 2006.        [ Links ]

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Maria, G.Á., M. Villarroel, G. Chacon and G. Gebresenbet. 2004. Scoring system for evaluating the stress to cattle of commercial loading and unloading. Vet. Rec., 26: 818-821.        [ Links ]

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Roppa, L. 2005. Suinocultura mundial: situação atual e perspectivas. Rev. Porkworld, 25: 20-35.        [ Links ]

SÁS. 2000. Statistical Ánalises Sistem. User's guide statistics. SÁS Institute. Cary, NC.        [ Links ]

Sutherland, M.Á., S.R. Niekamp, Z.S.L. Rodrigues and J.L. Salak-Johnson. 2006. Impacts of chronic stress and social status on various physiological and performance measures in pigs of different breeds. J. Ánim. Sci., 84: 588-96.        [ Links ]

Warris, P.D., S.N. Brown and T.G. Knowles. 2003. Measurements of the degree of development of rigor mortis as an indicator of stress in slaughtered pigs. Vet. Rec., 13: 739-742.        [ Links ]

 

 

Recibido: 4-5-07
Aceptado: 17-5-07

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