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Archivos de Zootecnia

versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.58 no.223 Córdoba sep. 2009

 

NOTA BREVE

 

Valor energético de subprodutos da agroindústria brasileira

Energetic value from by-product of the brazil agroindustria

 

 

Pereira, E.S.1A, J.G.L. Regadas Filho1, E.R. Freitas1B, J.N.M. Neiva1 e M.J.D. Cândido1

1Universidade Federal do Ceará. Centro de Ciências Agrárias. Departamento de Zootecnia. Av. Mister Hull, s/n. São Gerardo. Campus do Pici. Fortaleza, CE. CEP 60021-970. Brasil. ACorrespondência: elzania@hotmail.com; Bednardo@ufc.br

 

 


RESUMO

Foram objetivos do presente estudo avaliar as frações de carboidratos e proteínas dos resíduos da agroindústria do caju, maracujá, melão, urucum, abacaxi e acerola; estimar e validar o valor energético dos alimentos obtido a partir das equações do NRC (2001). As frações de carboidratos e de proteínas, bem como os valores de NDT observados variaram consideravelmente entre os subprodutos. Concluiu-se que a análise das frações que constituem os carboidratos e os compostos nitrogenados dos subprodutos deve ser rotina laboratorial. Os valores de NDT dos alimentos observados e preditos pelas equações do NRC (2001) foram similares, sendo adequadas para estimar o valor energético dos alimentos.

Palavras chave: Resíduos do Caju. Maracujá. Melão. Urucum. Abacaxi. Acerola.


SUMMARY

It was evaluated the carbohydrate and protein fractions of cashew, passion fruit, melon, Bixa orellana, pineapple and acerola by-products; it was estimated and valided the energy value of the feeds from the NRC (2001). The carbohydrate and protein fractions and TDN values changed substantially between by-products. It was concluded that the analysis of the carbohydrate and protein fractions of by-products must be laboratory routine. The observed and predict TDN values of the feeds by NRC (2001) equations were similar, being appropriate for estimating the energy value of the feeds.

Key words: Cashew. Passion fruit. Melon. Bixa orellana. Pineapple. Acerola.


 

Introdução

A pecuária de leite nordestina possui expressão econômica e, sobretudo, social, sendo uma das poucas opções na região semi-árida. Contudo, notadamente no período seca, as condições climáticas limitam a produção de forragem, inviabilizando os sistemas de produção, restando aos produtores à utilização de alimentos alternativos (Ferrari, 2006), como os subprodutos agroindustriais.

Dentre as frutíferas do Nordeste, merecem destaque por sua produção e volume de resíduos gerados o caju (Anacardium occidentale), o maracujá (Passiflora edulis), o melão (Cucumis melo), o abacaxi (Ananas comosus L., Merr), a acerola (Malpighia emarginata) e o urucum (Bixa orellana L.).

Considerando que os animais consomem o alimento principalmente para atender às suas exigências em energia, é de extrema importância a sua caracterização quantitativa e qualitativa. Assim, objetivou-se avaliar as frações de carboidratos e proteína e estimar o valor energético do caju, maracujá, melão, urucum, abacaxi e acerola; validar as equações do NRC (2001) para predição do valor energético do maracujá, abacaxi e acerola a partir de dados obtidos in vivo.

 

Material e métodos

O fracionamento protéico e dos carboi-dratos foi realizado no Laboratório de Nutrição Animal da UFC. Os alimentos foram analisados para matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) seguindo os procedimentos padrões (AOAC, 1990); fibra em detergente neutro (FDN) e ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) e ácido (PIDA) e lignina (LIG) (Van Soest et al., 1991).

Os carboidratos foram fracionados conforme Sniffen et al. (1992) e os compostos nitrogenados (frações A, B1, B2, B3 e C), conforme Licitra et al. (1996).

Os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram estimados de acordo com a seguinte fórmula (NRC, 2001): NDT= CNF-d + PB-d + (AG-d x 2,25) + FDNn-d - 7, em que: o valor 7 refere-se ao NDT fecal metabólico; CNF-d, os carboidratos não fibrosos digestíveis; PB-d, a proteína bruta digestível; AG-d, ácidos graxos digestíveis; FDNn-d, FDN corrigida para nitrogênio digestível. Foram ainda calculados os valores de energia digestível (EDMcal/kg), energia metabolizável produtiva (EMp Mcal/kg) e energia líquida de lactação (ELL Mcal/kg) conforme as equações propostas pelo NRC (2001).

Para validação do valor energético dos subprodutos (maracujá, abacaxi e acerola), foram utilizados os valores obtidos in vivo por Lousada Jr. et al. (2005), a partir de 12 ovinos SRD, deslanados, machos, castrados, com idade entre 9 e 11 meses e peso médio de 34,5 kg, distribuídos em um DIC. Os animais foram alocados em gaiolas meta-bólicas individuais equipadas com coletores de fezes e urina. Os subprodutos foram fornecidos como alimento exclusivo e com sobras de 15%. O ensaio teve duração de 21 dias, dos quais 14 dias foram de adaptação e sete dias para coleta de dados. Para o cálculo do NDT utilizou-se a equação: NDT= PBd+2,25xEEd+CTd, onde PBd é a proteína bruta digestível; EEd é o extrato etéreo digestível; CTd são os carboidratos totais digestíveis.

A validação das equações do NRC (2001) para estimativa do valor energético dos alimentos (NDT) foi avaliada a partir da comparação dos valores observados in vivo (coleta total de fezes), com os valores estimados por meio das equações. Para todos os procedimentos estatísticos descritos, adotou-se a= 0,05.

 

Resultados e discussão

A composição bromatológica e estimativa dos valores energéticos, fracionamento de carboidratos e dos compostos nitrogenados dos resíduos avaliados estão expressos nas tabelas I e II, respectivamente.

Entre os alimentos avaliados houve considerável variação nas frações de carboidratos e proteínas (tabela II).

Para as frações solúveis de carboidratos, registraram-se maiores valores para urucum (52,21%) e abacaxi (37,01%). O urucum apresentou superioridade da fração A + B1 (52,21%), isto pode implicar em melhor adequação energética ruminal e resultar em melhor crescimento microbiano. O melão e o maracujá apresentaram valores elevados para a fração C, provavelmente por conter mais lignina em sua parede celular (Van Soest, 1994).

Os resíduos de caju, maracujá, urucum e acerola apresentaram níveis consideráveis de compostos nitrogenados na forma de NNP, o que implicaria em fontes nitrogenadas disponíveis para bactérias fermentadoras de carboidratos fibrosos. Os resíduos de caju, abacaxi e acerola caracterizaram-se por boas fontes de NIDN, o que propiciaria maior fluxo de aminoácidos para o intestino, pois esta fração é degradada lentamente no rúmen e, portanto, apresenta elevado escape.

Com relação aos valores energéticos, NDT, ED, EMp e ELL (tabela I), observaram-se maiores valores para o urucum e o abacaxi, explicado por maiores teores de CNF apresentados por esses alimentos.

Tomando-se por base os valores de NDT observados in vivo por Lousada et al. (2005) para os resíduos de maracujá, abacaxi e acerola, de 52,9; 45,6 e 32,20, pôde-se predizer pelo NRC (2001) para os respectivos resíduos valores de NDT de 51,77; 57,17 e 37,75. A estimativa do coeficiente (β1) da equação de regressão (Yi= β1 xi + ei) entre os valores de NDT observados e preditos pela equação do NRC (2001) foi igual a 0,3997, obtendo-se coeficiente de determinação (r2) de 65,50.

O coeficiente de inclinação da reta não diferiu estatisticamente de 1 para todas as variáveis analisadas, denotando que os valores de NDT observados foram similares aos estimados pelas equações do NRC (2001), comprovando que as equações propostas pelo NRC foram eficientes para estimar o valor energético dos alimentos nas condições brasileiras.

 

Conclusões

A análise das frações dos carboidratos e compostos nitrogenados dos subprodutos deve ser rotina laboratorial para avaliação de alimentos. Os valores de NDT dos alimentos observados e preditos pelas equações do NRC (2001) foram similares, sendo adequadas para estimar o valor energético dos alimentos nas condições brasileiras.

 

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Lousada Jr., J.E., J.N.M. Neiva, N.M. Rodriguez, J.C.M. Pimentel e R.N.B. Lobo. 2005. Consumo e digestibilidade de subprodutos do proce-ssamento de frutas em ovinos. Rev. Bras. Zootecn., 34: 659-669.        [ Links ]

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Recibido: 15-7-07.
Aceptado: 30-7-07.

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