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Archivos de Zootecnia

versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.59 no.226 Córdoba jun. 2010

 

 

 

Desempenho de tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) suplementada com vitamina E

Performance of tilapia (Oreochromis niloticus) supplemented with vitamin E

 

 

Navarro, R.D.1*, Ferreira, W.M.2, Ribeiro Filho, O.P.3, Veloso, D.P.4, Fontes, D.O.2 e Silva, R.F.

1Unifenas. Faculdade de Zootecnia. Rodovia MG/179, km 0. Campus Universitário. CEP 37130 000. Alfenas, MG. Brasil. rddnavarro@yahoo.com.br
2Departamento de Zootecnia. Escola de Veterinária. Av. Antônio Carlos, 6627. C.P. 567. Campus da Universidade Federal de Minas Gerais. CEP 30 123-970. Belo Horizonte, MG. Brasil. *rddnavarro@yahoo.com.br
3Departamento de Biologia. Universidade Federal de Viçosa. Brasil.
4Departamento de Química. Universidade Federal de Minas Gerais. Brasil.

 

 


RESUMO

Objetivou-se avaliar a suplementação de Vitamina E no desempenho e qualidade de carcaça de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Os experimentos foram conduzidos no ranário experimenta do Departamento de Biologia Animal, UFV, Viçosa, Minas Gerais, Brasil, no período de 09/01/ 2005 a 25/04/2005, totalizando 106 dias. Foram utilizadas 400 pós larvas revertidas (Oreochromis niloticus)em um experimento com um delineamento inteiramente ao acaso com cinco tratamentos (0, 50, 100, 150 e 200 mg/kg de vitamina E monofosfato) numa ração isoproteíca 36% de PB e isocalórica 3600 kcal de ED/kg com quatro repetições. Não se observou efeito significativo para peso final, para ganho de peso total, para ganho de peso diário dos animais, para taxa de eficiência protéica e para taxa de sobrevivência. Para o índice viscerossomático houve diferença significativa para o tratamento sem suplementação, com 100 mg e com 150 mg/kg desta vitamina. Para o ácido graxo oléico (C18:1) a utilização do tratamento sem vitamina E foi significamente maior em relação aos outros tratamentos. O ácido graxo eicosapentaenóico EPA (C20:5ω3) foi estatisticamente significativo para o tratamento sem suplementação de vitamina E. O ácido graxo linoléico (C18:2ω6), ácido graxo γ-linolênico (C18:3ω6), ácido graxo α-linoléico (C18:3ω3) e ácido graxo araquidônico (C20:4ω6) aumentaram de forma quadrática até o nível estimado de 110 mg, 111 mg, 113 mg e 140 mg de vitamina E por kg de ração, respectivamente.

Palavras chave: Exigência nutricional. Ácidos graxos. Nutrição de peixes.


SUMMARY

The effect of vitamin E supplementation on performance and carcass quality of Nile tilapia (Oreochromis niloticus). The research was carried out in the experimental frog raising facilities at the Department of Animal Biology, UFV, Minas Gerais state, Brazil. Four hundred post larva reversed (Oreochromis niloticus) were used for studies. The experiments were randomly designed with five treatments (supplying 0, 50, 100, 150, and 200 mg/kg of vitamin E mono-phosphate) in an isoproteic ration with 36% CP and isocaloric with 3600 kcal/kg of DE with four repetitions. It was not observed significant effect for final weight, total weight gain, daily weight gain, protein efficiency rate and survivor rate. The viscerosomatic index showed significant differences for the treatment without vitamin E supplementation and with 100 and 150 mg of this vitamin. For oleic fatty acid, the treatment without vitamin E was significantly higher. The eicosapen-taenoic fatty acid (C20:5ω3) was statistically significant for the treatment without vitamin E. The fatty acids linoleic (C18:2ω6), γ-linolenic (C18:3ω6), α-linoleic (C18:3ω3), and arachidonic (C20:4ω6) increased in a quadratic way up to the estimated levels of 110 mg, 111mg, 113 mg, and 140 mg of vitamin E/kg of ration, respectively.

Key words: Nutritional requirement. Fatty acids. Nutrition of fish.


 

Introdução

A tilápia Oreochromis niloticus, é considerada o peixe mais importante do século XXI, cultivado em mais de 100 países e também no Brasil devido sua rusticidade e rápido crescimento, sendo a sua carne considerada de ótima qualidade (Lovshin, 1997, Tachibana et al., 2000). O interesse pelo cultivo dessa espécie, no Sul e Sudoeste do país, cresceu rapidamente nos últimos oito anos em virtude da tecnologia de reversão sexual e da pesca esportiva representada pelos pesque-pagues. A tilápia é criada em diversos sistemas, desde a cultura semi-intensiva em tanques que recebem dejetos animais, como em cultivos intensivos em raceways e tanques-rede (Bhujel, 2000).

Nos sistemas de cultivo intensivo, em que a única fonte de nutrientes é a ração, a deficiência vitamínica pode ser observada, quadro que ganha importância durante a criação em tanque-rede ou culturas em raceway (Pezzato, 1999).

O desenvolvimento eficiente e saudável dos animais passa obrigatoriamente pelo fornecimento de uma dieta que satisfaz as necessidades básicas de crescimento, contendo concentrações próximas do ideal e seus diversos componentes, aliados a tecnologia de preparação. A estocagem, a concentração de vitaminas e minerais, a biodisponibilidade dos nutrientes são exemplos de parâmetros que interferem no desenvolvimento do animal (Cavalheiro e Pereira, 1998; Navarro et al., 2007).

Entre os micronutrientes, a vitamina E, considerada nome genérico, descreve as bioatividades de derivados de tocoferois e tocotrienois, que são vitaminas lipossolúveis e possuem alto poder antioxidante. Os quatro isômeros dos tocotrienois (α-T3, (β-T3, γ-T3 e δ- T3) são estruturalmente relacionados aos seus correspondentes homólogos dos tocoferóis (α-T, (β-T, γ-T e δ-T), mas diferem nas suas cadeias laterais nas quais os isômeros contêm três duplas ligações (Almeida et al., 2006).

Segundo Barreto (1998), os compostos com atividade de vitamina E são de baixa atividade quando ocorrem naturalmente nos alimentos. Porém, entre esses, o d-α-tocoferol é o composto natural com maior atividade biológica da vitamina E presente nos alimentos.

O α-tocoferol é o representante mais importante do grupo de substância com atividade de vitamina E. Apresenta maior atividade biológica quando comparado aos demais compostos, devido ao maior índice de absorção intestinal, maior deposição nos tecidos, menor excreção fecal, além de ser oxidado mais lentamente (Barreto, 1998, Sampaio et al., 2004).

De todas as vitaminas dadas aos peixes, a vitamina E tem sido amplamente estudada em dietas de peixes. Isso, porque, é a vitamina que possui papel importante no metabolismo animal por possuir propriedades antioxidantes (Thakur e Srivastava, 1996 e Guerra et al., 2004). O requerimento de vitamina E tem sido relatado por alguns autores como Murray e Andrews, (1994) e Watanabe e Takashima (1977) para carpa, Wilson et al. (1984) para channel catfish, Kocabas e Gatlin (1999) para Morowe chrysops female × M. saxatilis male, Paul et al. (2004) para Cirrhinus mrigala, Shiau e Shiau (2001), Huang et al. (2004) e Fogaça e Sant'ana (2007) para tilápia do Nilo. Além disso, poucas informações têm referenciado as exigências nutricionais e qualidade de carcaça. Nesse sentindo, objetivou-se avaliar a suplementação de Vitamina E no desempenho e na qualidade de carcaça de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus).

 

Material e métodos

Os experimentos foram conduzidos no ranário experimental do Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, Brasil, no período de 09/01/2005 a 25/04/2005, no total de 106 dias.

Foram utilizadas 400 pós-larvas revertidas (Oreochromis niloticus), provenientes de uma empresa que produz alevinos, com peso e comprimento inicial de 1,40 ± 0,88 g e 4,77± 0,37 cm, respectivamente. As pós-larvas foram distribuídas em 20 aquários com capacidade de 1000 litros e com renovação constante de água 7,5 ml/minuto, seguindo um delineamento inteiramente ao acaso com cinco tratamentos (0, 50, 100, 150 e 200 mg/kg de vitamina E monofosfato - D alfa tocoferol) numa ração isoproteíca 36% de PB e isocalórica 3600 kcal de ED/kg (tabela I), com quatro repetições. A fase de adaptação foi de cinco dias.

 

As dietas experimentais foram peletizadas, secas em estufa de circulação forçada a 55oC e, posteriormente, fracionadas nos diâmetros de 1 mm, entre 4 mm a 6 mm, sendo utilizadas de acordo com o tamanho dos peixes. As dietas permaneceram armazenadas a -20oC até sua utilização. Os animais foram alimentados de forma controlada em três refeições (08 h 00 min, 13 h 00 min e 17 h 00 min) e a oferta de ração foi de 5% do peso vivo, sendo ajustada a cada 15 dias. Foram realizadas despescas através de rede de malha de três mm, sendo capturado 15% dos animais. As biometrias foram realizadas com auxílio de paquímetro e de balança de precisão. Os aquários foram sifonados, diariamente, para retirar sobras de ração e fezes. O fotoperíodo foi de 12 horas. A medição da temperatura da água foi realizada diariamente, às 7 h 00 min e às 17 h 00 min, enquanto o pH e o oxigênio dissolvido foram medidos a cada sete dias.

No final do experimento, após jejum de 24 horas, os peixes foram abatidos por insensibilização (caixas isotérmicas com gelo moído e água na proporção 1:1) de acordo com (Navarro et al., 2009). Depois do abate, foram eviscerados. Para realizar as análises bromatológicas, as carcaças foram secas em estufa com ventilação forçada a 55oC por 48 h. Depois da secagem, passaram por uma moagem em moinho de bola, até formar um pó com granulometria homogênea.

No inicio do experimento, cinqüenta peixes foram abatidos para posterior análise de carcaça. Depois do abate, as carcaças foram pesadas em balança de precisão 0,001 g com o objetivo de analisar e de determinar a composição inicial da carcaça em teor de água, proteína e extrato etéreo. O extrato etéreo foi feito com hidrólise ácida prévia. As análises dos ingredientes utilizados nas dietas e das amostras dos peixes foram realizadas no laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia (LNA/DZO) da Universidade Federal de Minas Gerais, Minas Gerais, Brasil, conforme procedimentos descritos por AOAC (1995).

Para determinação do perfil de ácidos graxos, utilizou-se o gás Cromatografo Varian CP-3380 e uma Coluna: DB-WAX 25 m x 0,25 mm x 0,25 mm (Jew Scientific) do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. A gordura extraída foi esterificada (produção de ésteres metílicos) segundo metodologia desenvolvida pelo STQ (1998). Obtidos os ésteres metílicos, foram analisados em cromatógrafo gasoso. O hidrogênio foi utilizado como gás de arraste, em 40 cm/seg. A temperatura inicial da coluna, de 50oC por 2 minutos, elevou-se 4oC por minuto, até 220oC, permanecendo nessa temperatura por mais de 25 minutos. A temperatura do injetor foi de 260oC, e a do detector 260oC. Foram injetados 2 μl de amostra e utilizaram-se padrão de ácidos graxos Sigma 189-19.

Foram analisados os parâmetros nutricionais de ganho de peso (GP), taxa de crescimento específico (TE), taxa de sobrevivência (TS), a composição química da carcaça (extrato etéreo e proteína), a porcentagem de proteína no ganho de peso (%PBGP), a porcentagem de gordura no ganho de peso (%GGP), o índice hepatossomático (IHS), o índice viscerossomático (IVS).

Ganho de peso dos peixes (GP) foi calculado pela diferença dos pesos médios da parcela final e inicial

GP= peso final (g) - peso inicial (g)

Taxa de eficiência protéica

TEP= GP (g)/ proteína ingerida (g)

Porcentagem de proteína no ganho de peso

%PBGP= Proteína corporal final (g) -proteína corporal inicial (g)/ganho de peso (g)

Porcentagem de gordura no ganho de peso

% GGP= Gordura corporal final (g) - gordura corporal inicial (g)/ganho de peso (g)

Índice viscerossomático (IVS)

IVS= PV/ PC x 100

PC= peso corporal

PV= peso da víscera

Índice hepatossomático (IHS)

IHS = PF/ PC x 100

PC= peso corporal

PF= peso do fígado

A taxa de crescimento específico foi determinada pela fórmula TCE= (ln) peso total final - (ln) peso total inicial dividido pelo tempo de experimento.

As análises estatísticas foram realizadas pelo programa SAS (1997). Os efeitos da suplementação de vitamina E foi analisado aplicando o teste de Duncan com 5% de probabilidade como teste de médias. Também foram utilizados modelos de regressão linear, quadrática, com base na significância dos coeficientes de regressão aplicando teste no coeficiente de determinação, na soma de quadrado dos desvios e nos fenômenos em estudo.

 

Resultados e discussão

Valores médios obtidos de temperatura foi de 28,23± 0,63; 7,25 ±0,58 para pH; 5,23 ± 0,85 mg l-1 para oxigênio dissolvido. Este ambiente permaneceu dentro das condições ótimas para crescimento da espécie de acordo com (Bhujel, 2000).

Os resultados de peso final, de ganho de peso, de ganho de peso diário, de taxa de eficiência protéica, de taxa de crescimento específico e de taxa de sobrevivência são apresentados na tabela II.

 

Não foi observado efeito significativo (p>0,05) da suplementação de vitamina E para peso final (PF), para ganho de peso total (GP) e para ganho de peso médio diário dos animais (GPD). Segundo Martins et al., (2008) a vitamina E (alfa-tocoferol) é a principal vitamina lipossolúvel responsável por proteger a membrana celular da peroxidação lipídica (Thakur e Srivastava, 1996). Sua deficiência causa baixo crescimento, exoftalmia, ascite, anemia, brânquias pálidas e disformes, prejuízo à produção de eritrócitos, menor resposta de anticorpo, despigmentação e acúmulo de gordura no fígado (Martins et al., 2008).

Os resultados de desempenho em tilápia estão de acordo com Wilson et al. (1984) que não observaram diferença significativa para ganho de peso, ao suplementarem vitamina E para catfish. Resultados superiores foram observados por Kocabas e Gatlin (1999), que encontraram maior ganho de peso utilizando 20 mg por kg de vitamina E para a espécie Morone chrysops female × M. saxatilis male. Shiau e Shiau (2001) observaram melhor desempenho para juvenis de tilápia do Nilo com 40 mg de vitamina E. Já Paul et al. (2004) observaram, em Cirrhinus mrigala que houve melhora no desempenho utilizando 120 mg/kg de vitamina E para peso final e para ganho de peso.

Não se verificou significância (p>0,05) na taxa de eficiência protéica (TEP) em razão do aumento da suplementação de vitamina E. Outros autores, trabalhando com diversas espécies, verificaram a tendência de aumento na TEP com o aumento da suplementação de vitamina E (Kocabas e Gatlin, 1999; Paul et al., 2004).

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) para taxa de crescimento especifico e para taxa de sobrevivência (TS). Baker e Davies (1996) e Bai e Lee (1998), observaram que a vitamina E melhora o sistema imune dos animais atuando como antioxidantes. Os resultados descritos neste estudo para tilápia estão de acordo com os estudos de Kocabas e Gatlin (1999) e Paul et al. (2004), que não observaram diferença significativa para taxa de sobrevivência. Os mesmos autores relataram que houve maior taxa de crescimento específico, ao utilizar 120 mg/kg de vitamina E para Cirrhinus mrigala.

O efeito da suplementação de vitamina E sobre a matéria seca, porcentagem de proteína e gordura da carcaça, sobre a porcentagem de proteina no ganho de peso, porcentagem de gordura no ganho de peso e sobre o índice viscerossomatico, encontrase na tabela III.

 

Os níveis de suplementação de vitamina E na dieta não influenciaram (p>0,05) o teor de matéria seca, na %PB, %PBGP. Resultado semelhante para proteína bruta foi observado por Ruff et al. (2003), Paul et al. (2004), Wing-Keong et al. (2004) e Fogaça e Sant'Ana (2007). Para porcentagem de EE na carcaça e gordura no ganho de peso não foi observado diferença significativa. Esses resultados estão de acordo com os achados no estudo de Ruff et al. (2003), Paul et al. (2004) e Fogaça e Sant'Ana (2007).

Não foram observadas diferenças significativas (p>0,05) para o índice hepatossomático. Entretanto, o índice viscerossomático foi significativamente maior (p<0,05) para o tratamento sem suplementação de vitamina E, com 50 mg, com 100 mg e 150 mg desta vitamina em relação ao tratamento com 200 mg/kg, sendo essa tendência também observada para peso final referido neste estudo. Esses resultados podem ser explicados pelo estudo de Shearer (1994), onde observou que, o tamanho relativo dos tecidos e órgãos, sob condições adequadas de nutrição, é dependente do tamanho do peixe. Contrapondo-se ao relatado no estudo, Tocher et al. (2002), não observaram diferença significativa para IHS. No resultado obtido por Pearce et al. (2003), foi observado que em Oncorhynchus mykiss houve melhor desenvolvimento do IHS no tratamento sem suplementação de vitamina E.

O efeito da suplementação de vitamina E sobre ácidos graxos poliinsanturados encontra-se na tabela IV.

 

Para o ácido graxo oléico (C18:1), a utilização do tratamento sem vitamina E foi significamente (p<0,05) maior (tabela IV). A suplementação de vitamina E influenciou (p<0,05) a porcentagem de ácido graxo linoléico (C18:2ω6), que aumentou de forma quadrática até o valor estimado de suplementação de 110 mg de vitamina E/kg de ração (tabela IV). Essa tendência também foi observado para o ácido graxo γ-linolênico (C18:3ω6) e ácido graxos α-linoléico (C18:3ω3), onde esses ácidos aumentaram de forma quadrática até a suplementação de 111 e 113 mg de vitamina E por kg de ração, respectivamente (tabela IV). Resultados semelhantes foram observados por Bai e Lee (1998) que verificaram um aumento do ácido graxo linoléico (C18:2ω6), do ácido graxo γ-linolênico (C18:3ω6), cc-linoléico (C18:3ω3), com aumento dos níveis de vitamina E. Com base nos dados obtidos neste estudo, pode-se inferir que essa maior quantidade de ácidos linoléico e linolênico é devida à capacidade da vitamina E de agir contra os radicais livres, neutralizando antes que possam oxidar lipídeos insaturados de membranas. Tocher et al. (2002) analisaram o efeito da Vitamina E nos ácidos graxos no fígado e concluíram que para a espécie Scophthalmus maximus os níveis de vitamina E não influenciaram os ácidos graxos poliinsaturados. Os ácidos graxos γ-linolênico e α-linoléico são importantes na alimentação humana, principalmente pelo fato de eles prevenirem o aparecimento de doenças cardíacas (Ribeiro, 2003).

Para o ácido graxo araquidônico (C20:4co6), a suplementação de vitamina E na dieta influenciou de forma quadrática (p<0,05), aumentando até a suplementação estimada de 140 mg de vitamina E (tabela IV). O aumento da proporção de ácido graxo araquidônico (C20:4ω6) na carcaça dos peixes devido ao aumento de suplementação de vitamina E, também foi relatado por Bai e Lee (1998) que observaram aumento do ácido graxo araquidônico (C20:4ω6) â medida que aumentou a vitamina E na dieta até o nível de 120 mg/kg. O ácido araquidônico (C20:4ω6) é obtido em três fontes: fosfolipídios de reserva do organismo, dieta e a partir do processo de alongamento e dessaturação do ácido linoléico (Suárez-Mahecha et al., 2002). Tocher et al. (2002) analisaram ácidos graxos no fígado e não observaram aumento do ácido araquidônico para espécies de peixes Scophthalmus maximus e Hippoglossus hippoglossus com o aumento da vitamina E na dieta. Os referentes autores observaram diferenças na quantidade de ácido araquidônico para espécie de peixe Sparus aurata ao serem alimentadas com o nível de 1000 mg de vitamina E/kg.

O nível do ácido graxo eicosapentaenóico EPA (C20:5ω3) foi maior (p<0,05) para o tratamento sem suplementação de vitamina E (tabela IV). Isso também foi observado no estudo de Bai e Lee (1998) ao mostrarem que no tratamento sem suplementação de vitamina E houve maior quantidade de ácido graxo eicosapentaenóico EPA (C20:5ω3). Tocher et al. (2002) observaram aumento do EPA para peixes da espécie Hippoglossus hippoglossus, alimentados com níveis de vitamina E. Nesse contexto, Maia et al. (1998) encontrou valores de EPA e DHA altos em relação aos lipídios totais para algumas espécies naturais do Rio Amazonas, como 6,47 e 7,19% para Cishla sp., 9,57 e 19,28% para Pellona castelnaena e 9,15 e 4,46% para Liposarcus pardalis, respectivamente.

 

Conclusões

A dieta suplementada com vitamina E (vitamina E monofofatada) não influenciou o desempenho de tilápia do Nilo. Entretanto, para composição de carcaça é recomendável uma dose entre 110 mg/kg a 140 mg/kg de vitamina E.

 

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Recibido: 6-2-08.
Aceptado: 17-9-08.

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