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Archivos de Zootecnia

versão On-line ISSN 1885-4494versão impressa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.59 no.228 Córdoba Dez. 2010

 

NOTA BREVE

 

Respostas termorreguladoras de cabras saanen e pardo alpina em ambiente tropical

Thermoregulatory responses of saanen and oberhasli goats in tropical environments

 

 

Aiura, A.L.O.1A, Aiura, F.S.1B e Silva, R.G.2

1Departamento de Ciências Agrárias. UNIMONTES. Janaúba, MG. Brasil. Aaurilopes@yahoo.com.br; Bfelipe.aiura@unimontes.br
2Departamento de Zootecnia. Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. UNESP. Jaboticabal, SP. Brasil. robertogs@terra.com.br

 

 


RESUMO

À forma mais eficaz de termólise quando a carga térmica do ambiente está elevada é a evaporação, uma vez que esse mecanismo não depende do gradiente térmico entre o ambiente e o animal. Deste modo realizou-se observações sobre as resposta termorreguladoras, taxa de sudação (TS), frequência respiratória (FR) e temperatura retal (TR) em 484 cabras das raças Saanen e Pardo Alpina criadas em ambiente tropical. As médias e erros-padrões dessas características foram: TS= 142,91 ± 4,02 g.m-2 h-1; FR= 73,23 ± 1,60 mov.min-1 ; TR= 39,28 ± 0,02o C.

Palabras chave: Adaptação. Caprinos. Frequência respiratória. Temperatura retal. Sudação.


SUMMARY

Evaporation is the most effective way of thermolysis with high environmentmal heat load. This mechanism does not depend on the thermal gradient between the environment and animals. The aim of the present work was thermoregulatory responses, sweating rate (TS), rate frequency (FR) e rectal temperature (TR) of Saanen and Oberhasli goats under tropical environment conditions. The observed averages of responses were: TS= 142.91 ± 4.02 g.m-2 h-1 ; FR= 73.23 ± 1.60 mov.min-1; TR= 39.28 ± 0.02o C.

Key words: Adaptation. Goats. Respiratory frequency. Rectal temperature. Sweating.


 

Introdução

Os animais homeotérmicos trocam constantemente calor com o ambiente. Assim, a resistência de um animal às altas temperaturas é definida pela sua capacidade em dissipar o calor corporal excessivo, conseguindo manter a sua temperatura interna dentro dos limites da homeotermia.

No ambiente tropical, normalmente a temperatura do ar tende a ser próxima ou maior que a corporal, tornando ineficazes as termólises por condução e convecção. Desse modo o mecanismo de termólise considerado mais eficaz é o evaporativo, por não depender do diferencial de temperatura entre o organismo e a atmosfera (Silva, 1999).

A habilidade de muitos animais para desenvolver-se sob condições quentes baseia-se nas respostas compensatórias, como aumento da temperatura retal e da atividade respiratória. A termólise evapo-rativa da frequência respiratória (Dmi'el e Robertshaw, 1983, Oliveira et al., 2006) é considerada menos expressiva que a perda do calor cutâneo nos animais a campo, que se torna mais importante nos caprinos, por exporem à radiação uma maior área de superfície em relação à massa do seu corpo que os grandes ungulados (Borut et al., 1979).

O objetivo do trabalho foi estudar a taxa de sudação, frequência respiratória e temperatura retal em caprinos das raças Saanen e Pardo Alpina mantidos em uma região tropical.

 

Material e métodos

As observações foram realizadas em 484 cabras não lactantes das raças Saanen e Pardo Alpina em dois plantéis um situado em Viçosa, MG, Brasil (20o 45'45" Sul, 42o 52'04" Oeste, 657 m altitude), onde o clima é do tipo Cwb de Köppen, tropical de altitude, com chuvas durante o verão e temperatura média anual em torno de 19o C; e o outro em São José do Rio Preto, SP (20o 49'11" Sul, 49o 22'46" Oeste, 489 m altitude), onde o clima é do tipo Aw, tropical de altitude, inverno seco e ameno com temperatura média anual de 25,33o C. As medidas foram realizadas em fevereiro e março, respectivamente, nesses plantéis, que possuíam ambas as raças de animais.

As respostas termorregulatórias mensuradas foram: taxa de sudação (TS, g.m-2.h-1), frequência respiratória (FR, mov.min-1) e temperatura retal (TR, o C).

O método utilizado para obtenção da taxa de sudação dos animais foi o colori-métrico de Schleger e Turner (1965) na região da paleta, uns 18 cm abaixo do tronco, onde conforme Das (1995), os caprinos apresen-tam uma taxa de sudação mais intensa.

A taxa de sudação foi obtida através da fórmula: S= (22 x 3600)/2,06 t (g.m-2h-1), em que t é o tempo médio de virada da coloração dos discos, em segundos. Durante a medição foi ainda observada a frequência respi-ratória, através dos movimentos do flanco e tomada a temperatura retal, com termômetro digital.

Na ocasião das medições foram anotadas a cada hora as temperaturas do psicrômetro e globo negro (Tgn), além da velocidade do vento (Vv). Para a temperatura radiante média (Trm) e umidade relativa (Ur) foram usadas às fórmulas apresentadas por Silva (2000).

A análise de variância foi realizada pelo método de quadrados mínimos (Silva, 1993) e o teste de Tukey (p<0,05) para a comparação das médias, utilizando o programa SAS (1998).

O modelo geral para as respostas termorreguladoras foi:

 

Resultados e discussão

As médias das variáveis ambientais encontram-se na tabela I.

Em Viçosa (tabela II) os animais apre-sentaram uma TS 60% maior em relação aos animais de São José do Rio Preto, e a raça Pardo Alpina 15% maior que a Saanen. A FR foi maior nos animais em Viçosa, sendo que os da raça Saanen apresentaram maior média. A interação local e raça para a TR mostrou que os animais de São José do Rio Preto apresentaram maior média, sendo a da raça Saanen maior que a da raça Pardo Alpina.

A média geral da taxa de sudação (142,91 ± 4,02) foi bem próxima da encontrada por Dmi'el e Robertshaw (1983) de 144 ± 16 g.m-2h-1 e de Borut et al. (1979), de 142,45 ± 16,99 g.m-2h-1, ambos em cabras beduínas, que já passaram por anos de seleção natural tornado-as supostamente adaptadas ao clima do deserto. O que nos permite verificar que as cabras do nosso estudo encontraram na sudação uma eficiente via de eliminar o excesso de energia térmica nos trópicos.

A diferença observada na taxa de sudação dos animais entre os locais pode ter sido ocasionada pelas condições edafoclimáticas de cada localidade, corroborado pelos efeitos significativos (p<0,01) das regressões sobre as variáveis ambientais, velocidade do vendo, temperatura do ar, umidade relativa e temperatura radiante média na análise de variância.

Pela tabela I observamos que Viçosa apresentou maior média de temperatura do ar, o que diminui a troca por calor sensível (convecção e radiação), intensificando a perda por calor latente (Oliveira et al., 2006), que por sua vez é ajudada pela menor umidade e maior movimentação do ar (Silva, 2000).

Os valores das médias da taxa de sudação observadas para as raças, tabela II, foram maiores que a encontrada por Brasil et al. (2000), de 27,45 g.m-2h-1 em cabras Alpinas e por Gayão (1992), 60,08 g.m-2h-1 em cabritas Saanen, trabalhos realizados sob estresse térmico em câmara climática. Quanto à raça Pardo Alpina ter apresentado maior taxa de sudação pode ser explicado pela maior absorção de calor tanto pelo pelame colorido, como pela pele que é bem pigmentada, estimulando uma maior produção de suor pelas glândulas sudoríparas, já a raça Saanen possui pelame e pele brancos que absorvem menos calor (Silva et al., 2003).

Em Viçosa, os animais apresentaram maior FR, que aumenta com a temperatura do ar (Dmi'el e Robertshaw, 1983, Oliveira et al., 2006). Sendo na raça Saanen maior, possivelmente por utilizar a termólise respiratória com mais ênfase, já que sua taxa de sudação foi menor que a Pardo Alpina. Já a TR das raças Saanen e Pardo Alpina apresentaram-se menores em Viçosa, provavelmente em decorrência desses animais terem trocado o excedente de calor com o meio, diminuindo assim seu estoque de energia térmica. O animal utiliza a estocagem térmica quando necessário para se termorregular (Oliveira et al., 2007), o que provavelmente aconteceu com os animais de São José do Rio Preto que apresentaram maior média de TR, onde a da raça Saanen foi maior, provavelmente pela menor nece-ssidade de perder calor evidenciada pela menor TS.

 

Agradecimentos

Ao Sérgio Mahfuz, proprietário do Capril Rio Preto e ao Prof. Dr. Marcelo Teixeira Rodrigues, da Universidade Federal de Viçosa pelo apoio ao concederem os animais para o trabalho.

 

Bibliografia

Borut, A., Dmi'el, R. and Shkolnik, A. 1979. Heat balance of resting and walking goats: comparison of climatic chamber and exposure in the desert. Physiol. Zool., 52: 105-112.        [ Links ]

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Recibido: 27-1-09.
Aceptado: 4-2-09.

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