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Archivos de Zootecnia

versión On-line ISSN 1885-4494versión impresa ISSN 0004-0592

Arch. zootec. vol.61 no.235 Córdoba sep. 2012

https://dx.doi.org/10.4321/S0004-05922012000300015 

 

 

Mananoligossacarídeos, ácidos orgânicos e probióticos para leitões de 21 a 49 dias de idade

Mannanoligosaccharides, organic acids and probiotics for piglets from 21 to 49 days of age

 

 

Corassa, A.1*, Lopes, D.C.2 e Bellaver, C.3

1Universidade Federal de Mato Grosso. Campus Universitário de Sinop. Sinop-MT. Brasil. *anderson_corassa@ufmt.br
2Universidade Federal de Viçosa. Campus Universitário. Viçosa-MG. Brasil. clementino@ufv.br
3Embrapa Suínos e Aves. Concórdia-SC. Brasil. bellaver@qualyfoco.com.br

Agradecimentos à Alltech do Brasil Agroindustrial Ltda, pelo apoio financeiro da pesquisa.

 

 


RESUMO

Foi conduzido experimento utilizando 200 leitões de 21 a 49 dias de idade sob desafio sanitário, objetivando-se investigar os efeitos de dietas com mananoligossacarídeos, ácidos orgânicos e probióticos sobre o desempenho, pH gastrointestinal e escore de fezes. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos ao acaso com cinco tratamentos, dez repetições e quatro animais por unidade experimental. Os tratamentos foram constituídos por dietas sem aditivos; com mananoligossacarídeos; com acidificante e probiótico; com mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico e com antimicrobianos. De 21 a 35 dias os animais do tratamento sem aditivos apresentaram maior consumo de ração, enquanto aqueles alimentados com acidificante e probiótico apresentaram menor ganho de peso. Nos períodos de 36 a 49 dias e total observou-se maior ganho de peso para dietas com antimicrobiano em relação à dieta sem aditivos e com acidificante e probiótico. Os animais da dieta sem aditivos apresentaram pior conversão alimentar no período total. Os escores de fezes e os valores de pH não foram influenciados pelos tratamentos. Dietas suplementadas com mananoligossacarídeos ou com mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico propiciaram desempenho semelhante àquelas com antimicrobianos para leitões de 21 a 49 dias de idade.

Palavras chave: Aditivos. Antimicrobianos. Desempenho. Diarréia. pH gastrointestinal.


SUMMARY

An experiment was conduced using two hundred piglets maintained from twenty one to forty nine days of age under sanitary challenge, to know effects of mannan oligosaccharides, organic acids and probiotics about performance, gastrointestinal pH and feces score. An experimental design of randomized blocks with five treatments, ten replicates and four animals by experimental unity was used. The treatments were constituted by diet without additive, diet with mannan oligosaccharides, diet with acidifier and probiotic, diet with combination of mannan oligosaccharides, acidifier and probiotic and diet with antimicrobials. In the period from 21 to 35 days the animals fed the diet without additive presented larger feed intake, while those fed diet with acidifier and probiotic presented smaller weight gain. In the periods from 36 to 49 days and total larger weight gain for piglets with antimicrobials in relation to diet without additive and acidifier and probiotic was observed. Piglets of diet without additives presented worses feed:gain relations in total period. The feces scores and pH values were not influenced by the treatments. Diets supplemented with mannan oligosaccharide or mannan oligosaccharide, acidifier and probiotic propitiated similar performance for pigs from twenty one to forty nine days of age fed diet with antimicrobials.

Key words: Additives. Antimicrobials. Diarrhea. Gastrointestinal pH. Performance.


 

Introdução

A suinocultura nacional apresenta-se como atividade de exploração econômica de destaque devido aos altos índices de produtividade alcançados. Os conhecimentos das exigências dos animais e dos valores nutricionais dos alimentos alavancaram as pesquisas e o progresso da nutrição animal. De forma a complementar as formulações, os aditivos ou microingredientes passaram a fazer parte das rações com a intenção de se obter uma melhora adicional no desempenho.

Dentre os aditivos, os antimicrobianos foram utilizados durante muitos anos como promotores de crescimento em dietas para suínos nas fases de pós-desmame e em crescimento no intuito de diminuir a incidência de diarréia e melhoria no desempenho animal (Partanen, 2002). No entanto, seu uso tem sido associado com a transmissão de genes de resistência de animais de produção para humanos (Berends et al., 2001), sendo que a bactérias zoonoticas podem ser potencialmente transmitida de suínos a população humana resultando em doença humana, que pode não responder eficientemente a tratamento antimicrobiano (Khanna et al., 2008; De Jong et al., 2009). Assim, surgiram contestações da opinião publica sobre o uso deste tipo de aditivo, que levaram a restrição ou cessação do uso de antimicrobianos como aditivos na alimentação animal enquanto promotor de crescimento, como o ocorrido no continente europeu com a proibição desde janeiro de 2006 (European Commission, 2003). No entanto, esta limitação no uso de antimicrobianos pode levar ao aumento do uso destes na forma terapêutica (Mevius et al., 2007). Segundo Van der Fels-Klerx et al. (2011) os fatores associados com o uso de antibióticos incluem o sistema de produção da granja, o número de animais e a densidade populacional na região da granja.

Por isso o desafio de gerar e introduzir estratégias e produtos que possam substituir os antimicrobianos, atendendo a padrões de segurança alimentar, mantendo ou aumentando os níveis de produtividade é enorme e oportuno. E neste contexto, especial atenção tem sido destinada à produtos a serem utilizados para leitões na fase pósdesmame por ser uma das fases mais criticas do sistema de produção de suínos (Corassa et al., 2007).

Neste cenário surgem como alternativa os prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos que buscam alterar de maneira natural o status sanitário e nutricional a partir do perfil microbiano do trato intestinal do animal. Os prebióticos são definidos como ingredientes alimentares não digerí-veis que beneficiam o animal por estimular seletivamente o crescimento e a atividade de uma ou poucas espécies de bactérias no intestino, melhorando a saúde do animal (Gibson e Roberfroid, 1995). Para Menten (2001) os probióticos atuam pelos mecanismos de exclusão competitiva, antagonismo direto, estímulo ao sistema imune, efeito nutricional, supressão da produção de amônia e neutralização de enterotoxinas. Por sua vez os ácidos orgânicos (ou seus sais), tem reduzido a freqüência de diarréia e melhorado o desempenho de leitões, pois expressam atividade antimicrobiana no estômago uma vez que o ácido não-ionizado se difunde através da membrana da bactéria e em seu interior, dissocia-se causando acidificação do citossol comprometimento da atividade celular e morte da bactéria (Freitas et al., 2006).

O uso e reuso de cama para animais confinados, sem a remoção de parte desta, influencia diretamente no seu bem-estar, principalmente devido ao acumulo de dejetos e umidade, o que torna o ambiente ideal para produção de bactérias e amônia (Moura et al., 2010), contribuindo para as variações na resposta animal. No entanto, raras são as pesquisas que avaliam esta condição de alojamento para leitões na fase pós-desmame.

Este trabalho teve como objetivo investigar os efeitos do uso de mananligossaarídeos, ácidos orgânicos e probióticos sobre o desempenho, escore de fezes e pH do trato gastrointestinal de leitões de 21 a 49 dias de idade sob condições de desafio sanitário.

 

Material e métodos

O experimento foi conduzido na Granja de Produção de Suínos do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (CNPSA) da Embrapa Concórdia-SC. Foram utilizados 200 leitões de cruzamentos de fêmeas F1 (Landrace x Large White) e machos Embrapa MS-58, desmamados aos 21 dias de idade, com peso médio de 7,04 ± 1,0 kg. Os leitões foram distribuídos em delineamento experimental de blocos ao acaso com cinco tratamentos, dez repetições e quatro animais por unidade experimental. Para formação dos blocos foram adotados como critérios o peso, o sexo e o parentesco dos leitões.

Os tratamentos usados foram: T1: dieta basal (controle); T2: dieta basal suplementada com mananoligossacarídeos (MOS); T3: dieta basal suplementada com acidificante e probiótico (A+P); T4: dieta basal suplementada com a combinação de mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico (COMB) e T5: dieta basal suple-mentada com os antimicrobianos avilamicina e colistina (ANT). O produto utilizado no tratamento 3 apresenta em sua composição: ácido cítrico, ácido sórbico, Lactobacillus acidophilus (1x105 UFC/g), Streptococcus faecium (1x105 UFC/g), e Bacillus subtilis. As dietas experimentais foram formuladas para atender às exigências nutricionais mínimas recomendadas por Rostagno et al. (2000), e foram compostas para duas fases: pré-inicial I para o período de 21 a 35 dias e pré-inicial II para o período de 36 a 49 dias de idade dos leitões (tabela I).

 

Os aditivos foram adicionados às dietas em substituição ao caulim nas seguintes concentrações: 4 e 2 kg.t-1 de MOS para as fases pré-inicial I e II, respectivamente; 5 kg.t-1 de acidificante e probiótico; 400 g.t-1 de sulfato de colistina e 200 g.t-1 de avilamicina. As rações foram produzidas em forma física farelada na fábrica de rações do CNPSA.

Os leitões recém-desmamados foram alojados em salas de creche de alvenaria com baias ao chão, piso de cimento e cama de maravalha reutilizada para caracterizar o desafio sanitário. No dia antecedente à distribuição dos animais, a cama pertencente ao lote de leitões anterior foi retirada das creches, homogeneizada, acrescida de maravalha nova e redistribuída uniformemente nas baias para padronização do desafio.

Para avaliação do desempenho foram utilizadas as variáveis: consumo de ração médio diário (CRMD), ganho de peso médio diário (GPMD) e conversão alimentar (CA). Para mensuração destes dados foram realizadas pesagens quinzenais dos animais e dos comedouros. Os dados foram analisados nos períodos 21 a 35, 36 a 49 e 21 a 49 dias de idade dos leitões.

Diariamente avaliou-se a consistência das fezes, utilizando-se o seguinte escore: 1-fezes duras e firmes; 2-fezes de consistência normal; 3-fezes pastosas, não diarréicas; 4-fezes aquosas, características de sintoma diarréico. A avaliação foi feita por um único observador atribuído-se um escore para cada unidade experimental. Os valores referentes aos dois primeiros dias de experimento foram excluídos da análise devido a ausência de fezes na maioria das unidades experimentais.

No 28o e 35o dias de idade dos leitões, quatro animais por tratamento foram abatidos para leitura de pH no estômago e no duodeno. Foram escolhidos animais com peso mais próximo da média da unidade experimental. Os animais foram levados à sala de necrópsias do setor de Sanidade Animal do CNPSA, onde foram dessensibilizados por descarga elétrica de 220 volts e sangrados imediatamente. Em seguida as vísceras foram removidas e se procedeu a realizar as leituras pH utilizando-se um medidor de pH portátil. O estômago foi pinçado na região pilórica e uma incisão de 4 cm foi realizada para introdução do sensor para a primeira leitura de pH. No duodeno, a leitura foi tomada junto à flexura duodeno-jejunal, à aproximadamente 15 cm da primeira leitura.

Os dados de desempenho e pH de estômago e duodeno foram submetidos à análise de variância com as médias comparadas pelo teste de Student-Newman-Keuls e para análise de escore de fezes utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, ambos ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o programa SAEG (UFV, 2007).

 

Resultados e discussão

O consumo de ração foi influenciado (p<0,05) pelos tratamentos no período de 21 a 35 dias, onde se observou maiores valores dos animais que receberam dieta sem aditivos em comparação a todas as demais (tabela II). Nos períodos de 36 a 49 e 21 a 49 dias, o consumo de ração não variou (p>0,05) entre os tratamentos. A similaridade de consumo entre a dieta controle e contendo MOS também foi observada por Santos et al. (2003) ao incluir até 0,2% de manose.

 

 

Os leitões alimentados com dietas contendo acidificante e probiótico apresentaram menor (p<0,05) ganho de peso em relação aos demais tratamentos, que não diferiram entre si no primeiro período avaliado (tabela II). Estes resultados diferem daqueles apresentados por Tsiloyannis et al. (2001) que, observaram maior ganho de peso para leitões de 21 a 35 dias de idade alimentados com dieta contendo antimicrobianos em relação aos que receberam dieta sem aditivos.

O ganho de peso foi influenciado (p>0,05) pelos tratamentos nos períodos de 36 a 49 e 21 a 49 dias, quando os animais recebendo dietas com antimicrobianos apresentaram maiores valores que aqueles alimentados com a dieta controle e acidificante e probiótico. Os valores de ganho de peso dos animais que receberam os tratamentos MOS e a combinação de mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico foram semelhantes (p>0,05) entre si e não variaram em relação aos animais que receberam os demais trata-mentos. Efeitos semelhantes em leitões de 21 a 49 dias de idade foram observados por Tsiloyiannis et al. (2001), que observaram melhores valores de ganho de peso e conversão alimentar em animais alimentados com antimicrobianos, comparados ao ácido cítrico e que por sua vez foram melhores que a dieta controle. Os resultados deste trabalho corroboram com outros apresentados na literatura como os de Pettigrew (2000) que, compilando dezessete trabalhos investigativos constatou respostas positivas em ganho de peso e conversão alimentar, embora estatisticamente não significativas, para adição de MOS.

Para o período de 21 a 35 dias observouse melhor (p<0,05) conversão alimentar dos leitões que receberam os tratamentos com antimicrobianos, MOS e COMB em relação aos demais tratamentos (tabela II). No período de 36 a 49 dias, apenas os animais submetidos à dieta com antimicrobianos apresentaram melhor conversão alimentar (p<0,05) em relação à dieta controle, com os demais tratamentos não diferindo entre si. Estes resultados foram semelhantes aos obtidos por Santos et al. (2002) e Utiyama et al. (2006) que não observaram diferença de desempenho entre dietas com promotor de crescimento e MOS para leitões, bem como Omogbenigun et al. (2003), que observaram eficiência alimentar de leitões alimentados com dietas com ácidos orgânicos não diferente daqueles alimentados com dieta controle.

Avaliando-se o período total do experimento, observou-se que os animais submetidos a dieta controle apresentaram pior (p<0,05) conversão alimentar em relação aos que receberam os demais tratamentos. O tratamento com antimicrobianos não apresentou diferença (p>0,05) com os tratamentos MOS e a combinação de mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico, mas foi superior ao tratamento contendo acidificante e probiótico. Estas diferenças estão de acordo com Davis et al. (2002) que observaram melhora significativa da conversão alimentar e ganho de peso quando compararam dietas suplementadas com MOS contra uma dieta controle para leitões até 28 dias após o desmame. Diferentemente de Teixeiraet al. (2003) que, avaliaram o efeito de diferentes acidificantes e suas combinações em dietas leitões de 21 a 60 dias de idade, e não observaram melhora em termos de conversão alimentar e consumo, embora tenham constatado diferenças de ganho de peso quando comparados ao controle. Os resultados deste trabalho também apresentam-se distintos dos publicados por Braz et al. (2011) que, observaram melhor conversão alimentar de leitões desmamados alimentados com dietas contendo uma combinação de acidificantes em relação a dieta contendo antimicrobiano.

Baseando-se na equivalência de consumo entre os tratamentos, constatou-se a melhor eficiência de utilização de nutrientes dos animais alimentados com dietas contendo antimicrobianos, MOS e a combinação de mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico. Esta resposta pode estar relacionada à sinergia potencial entre probióticos e acidificantes feitos à base de ácidos orgânicos, dado que os ácidos favorecem o crescimento do probiótico, que irá produzir mais ácidos orgânicos voláteis que inibem o crescimento de bactérias potencialmente patogênicas e assim mantém o estado de equilíbrio a favor da flora benéfica (Silva Júnior, 2009). Porém, ficou caracterizado neste trabalho que as condições de desafio sanitário impostas restringiram o crescimento dos animais e que os aditivos avaliados auxiliaram no combate a agentes patogênicos, todavia a resposta dos produtos não foi potencializada. Esta constatação difere dos achados de Rozeboom et al. (2005) ao compararem os efeitos de MOS e antimicrobianos no desempenho de leitões alojados sob diferentes granjas que expressavam diferentes desafios à saúde dos animais cuja conclusão foi de que MOS poderia ser uma alternativa como promotor de crescimento. No entanto, Chiquieri et al. (2006) não constatarem diferença no consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar de machos castrados alimentados com antimicrobiano, probiótico, prebiótico ou combinação de prebiótico e probiótico.

Observou-se que os resultados de desempenho obtidos pelos animais alimentados com dietas contendo antimicrobianos, foram estatisticamente superiores àqueles da dieta controle, o que poderia sugerir a hipótese de que a cama reutilizada neste experimento expressa maior grau de desafio sanitário em relação a outros trabalhos de investigação do uso desses aditivos. Estes resultados estão de acordo com os de Chiquieriet al. (2009) que observaram maior ganho de peso dos animais alimentados com ração contendo antibiótico em relação a ração sem adição de pró-nutrientes em dietas para leitões no período de 21 a 63 dias de idade. Para Santos et al. (2010), ao avaliar trabalhos em que não se observaram efeitos de MOS sobre o desempenho, poderia indicar falta de desafio sanitário nas instalações onde são conduzidos os experimentos ou a necessidade de mais conhecimento sobre a quantidade exata de prebiótico a ser incluída nas rações.

Os tratamentos não influenciaram (p>0,05) o escore de fezes em nenhum dos períodos analisados (tabela III). O número de observações no escore 4, que caracteriza diarréia, se mostrou elevado em todos os tratamentos, contudo, havendo diminuição destes ao compararmos o primeiro e o segundo período analisados. Estes resultados diferem dos obtidos por Tsiloyiannis et al. (2001) e Owusu-Asiedu et al. (2003) que observaram menores escores de fezes em leitões alimentados com antimicrobianos ou com acidificantes em relação à dieta controle. Por outro lado, os estudos de Utiyama et al. (2006), Santos et al. (2010) e Braz et al. (2011) não identificaram efeito de mananoligossacarídeos, probióticos, acidificantes e antimicrobianos sobre a freqüência de diarréia, corroborando com este trabalho.

 

 

Os valores de pH do bolo alimentar no estômago e da digesta no duodeno não foram influenciados (p>0,05) pelos tratamentos (tabela IV). A amplitude dos valores de pH estomacal dos leitões aos 28 dias apresenta-se abaixo daquela encontrada por Santos et al. (2003) com animais de 60 dias, que oscilou de 3,4 a 3,8. Valores de pH maiores no duodeno em relação ao estômago também foram observados por Adams (2000) que constatou a tendência do aumento do pH ao longo do comprimento do trato gastrointestinal chegando a neutro no reto.

 

 

Os resultados de pH no trato gastrointestinal deste trabalho corroboram com os de Freitas et al. (2006) que encontraram valores entre 3,60 e 3,79 para o estomago de leitões entre 21 e 35 dias de idades, mas não obteve efeitos de diferentes níveis de ácido lático, assim como Omogbenigunet al. (2003) que não encontraram efeito de ácidos orgânicos sobre o pH da digesta do estômago e íleo. No mesmo sentido Braz et al. (2011) não encontraram efeito de acidificantes e antimicrobianos sobre o pH estomacal, no entanto, certa combinação de acidificantes apresentou redução de pH cecal em relação a animais com dietas contendo antimicrobianos. Entretanto os dados deste trabalho diferem dos apresentados por Owusu-Asiedu et al. (2003) que observaram redução de pH do estômago de leitões alimentados com antimicrobianos e outros aditivos em comparação a dieta controle, contudo não apresentaram efeitos ao nível de intestino delgado. Este autor ainda enfatiza que valores elevados de pH gástrico em leitões podem ser associados ao aumento da proliferação de E. coli enterotóxica e este fato resulta na incidência de diarréia e aumento da mortalidade.

A partir dos valores obtidos ficou caracterizado que os tratamentos propostos não foram efetivos na redução do pH do duodeno para valores que limitassem o desenvolvimento de bactérias patogênicas, os quais segundo Blanchard (2000), devem estar fora da faixa de 4,3 a 9,5 para E. coli, e 4,0 a 9,0 para Salmonella sp. Segundo Gauthier (2003) a inclusão de ácidos e sais orgânicos entre 1 e 2% na ração pode reduzir o pH estomacal, diminuir a proliferação de microorganismos patogênicos no trato digestivo, melhorar o ganho de peso diário e a conversão alimentar dos leitões, embora muitos estudos mostram que é praticamente impossível modificar, significativamente o pH do estômago e intestino de um suíno, mesmo quando se utilizam grandes quantidades de ácidos orgânicos nas rações.

 

Conclusões

Dietas suplementadas com mananoligossacarídeos ou combinação de mananoligossacarídeos com acidificante e probiótico propiciam desempenho semelhante a dietas suplementadas com colistina e avilamicina para leitões de 21 a 49 dias de idade em condições de desafio sanitário.

Leitões de 21 a 49 dias de idade em condições de desafio sanitário alimentados com dietas contendo mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico e sua combinação apresentam melhor conversão alimentar que aqueles alimentados com dieta sem aditivos.

Mananoligossacarídeos, acidificante e probiótico, sua combinação e antibióticos não influenciam o pH gástrico e intestinal bem como o escore de fezes de leitões de 21 a 49 dias de idade em condições de desafio sanitário.

 

Agradecimentos

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa de mestrado do primeiro autor. Ao Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves (CNPSA) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) pelo apoio na execução da pesquisa.

 

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Recibido: 25-8-11
Aceptado: 23-2-12.

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