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Enfermería Global

versão On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob.  no.18 Murcia Fev. 2010

 

DOCENCIA Y FORMACIÓN

 

Confronto de critérios de avaliação da aprendizagem diante das apreciações dos estudantes de enfermagem

Confrontación de criterios de evaluación del aprendizaje ante las apreciaciones de los estudiantes de enfermería

 

 

Tanji, S.*; Lopes Monteiro Dantas da Silva, C.M. dos S.*; Vieira dos Santos Esteves, A.P.*; Rodrigues de Oliveira, W.**; De Paula, C.**

*Mestre em Enfermagem. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem.
**Especialista em Enfermagem em Emergência. Professor do Curso de Graduação em Enfermagem. Professor do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Serra dos Órgãos UNIFESO - Teresópolis - Rio de Janeiro.

 

 


RESUMO

O presente estudo tem por objetivo a investigar sobre as percepções dos estudantes acerca desta nova forma avaliativa como também o impacto em seu aprender. O cenário do estudo foi um centro Universitário do Estado do Rio de Janeiro, os sujeitos foram 26 estudantes do terceiro período do curso de Graduação em Enfermagem. A coleta de dados foi realizada através de um instrumento com perguntas abertas, desenvolvido no período de abril a maio de 2008. Os resultados foram analisados e descritos em unidade temática. As três unidades temáticas elaboradas são: o processo avaliativo possibilita uma avaliação fidedigna do conhecimento - aprendizagem dos estudantes; o processo avaliativo possibilita uma reflexão crítica sobre as questões; a forma de avaliação exige mais empenho dos estudantes. As percepções dos estudantes acerca do processo avaliativo, vão de encontro com as novas perspectivas das diretrizes curriculares do curso de graduação em enfermagem, principalmente no que refere a formar profissionais críticos e reflexivos.

Palavras chave: Enfermagem, avaliação, processo ensino aprendizagem.


RESUMEN

Este estudio tiene como objetivo investigar sobre las percepciones de los estudiantes acerca de esta nueva forma de evaluación así como el impacto en su aprendizaje. El escenario del estudio fue un centro Universitario del Estado de Río de Janeiro, los sujetos fueron 26 estudiantes del tercer período en el curso de Graduación de Enfermería. La recogida de datos se realizó por medio de un instrumento con preguntas abiertas, desarrollado en el período comprendido entre abril y mayo de 2008. Los resultados fueron analizados y descritos en la unidad temática. Las tres unidades temáticas elaboradas son: el proceso de evaluación permite una evaluación fiable del conocimiento -aprendizaje de los estudiantes; el proceso de evaluación permite una reflexión crítica sobre las cuestiones; la forma de evaluación requiere un mayor compromiso de los estudiantes. La percepción de los estudiantes sobre el proceso de evaluación sale al encuentro con las nuevas perspectivas de las directrices curriculares para la graduación en enfermería, especialmente en lo que se refiere a formar profesionales críticos y reflexivos.

Palabras clave: Enfermería, evaluación, proceso de enseñanza aprendizaje.


ABSTRACT

The objective of this study is not only to research the students' perceptions of this new assessment format but also its impact in their learning. The study took place in a University in Rio de Janeiro, Brazil; the participants were 26 students from the third part of Nursing studies. Data collection was made through an instrument with open questions carried out from April to May of 2008. Results were analyzed and described in a thematic unit. Three thematic units elaborated are: the evaluation process facilitates a reliable assessment of knowledge, the students' learning; the evaluation process facilitates a critical reflection of the questions; the assessment form requires more student effort. The students' perceptions regarding the evaluation process follow the new perspectives of the curriculum guidelines of nursing studies, mainly in regards to educating critical and reflexive professionals.

Key words: Nursing, Evaluation, Learning and Teaching Process.


 

Considerações iniciais

O Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO), no primeiro semestre de 2007, lança seu novo desafio, a mudança curricular. O currículo que anteriormente se estruturava em grades curriculares, passa neste momento a ser constituído e elaborado de forma integrada. Esta transposição foi motivada por compreender que os currículos estruturados em grades curriculares, fragmentam os diversos saberes necessários para o processo de formação profissional. A opção por um novo currículo, orientado por competência, baseou-se no apropriar de conceitos e de metodologias diferenciadas que só se efetivarão na prática cotidiana incentivadora de mudanças profundas nas relações vivenciadas no coletivo entre os atores envolvidos, características únicas entre os mais diversos currículos na área da saúde até o presente momento.

O novo currículo, implantado no Curso de Enfermagem do UNIFESO, busca a formação do enfermeiro comprometido com as necessidades da população brasileira, dotado de visão holística e integradora, frente aos cuidados essenciais nas dimensões individual, coletiva e planetária.

Propor mudanças e implementá-las é um trabalho árduo, contudo outras questões surgem neste contexto que nos fazem refletir, fator este que ainda, consideramos como um nó crítico no processo, ou seja, a avaliação da aprendizagem, para a qual já Libâneo1, desde outrora vem apresentado como sendo uma prática assoberbada de críticas, porque em seu bojo sempre estiveram incutidos preceitos de cobrança, controle, poder, recompensa, entre tantas outras especificidades que desenham a mais pura intimidação entre os estudantes.

Ainda assim, no séc. XXI temos a perfeita percepção de que as mentes se sujeitam aos novos modelos, e que estes devem ser ofertados aos estudantes no processo do ensinar-aprender. No entanto, também adquirimos a consciência de que em termos do avaliar, continuamos intimidados tanto no que projetamos aos estudantes, quando no que pretendemos a todo o esforço, pensar e reproduzir deste modo, pensamentos diferentes, nestes sujeitos em formação.

Importante a reflexão porque a vivência humana, em moldes tradicionais foi deveras longínqua e "perfeita" tanto em nossas educações, que a postura frente ao que nos envolve é de tamanha cobrança, e de tal exigência que esta remonta aos valores numéricos. Estes representam para nós a real avaliação, com base na capacidade de decorar o transmitido, que nos afere em termos de competência e qualificação, que até o valor "pecunia" se reveste como sendo a melhor contraprestação, para compensar a atividade laboral que desempenhamos em nosso mister, como profissionais formadores na educação do futuro. Entretanto, fica a título de reflexão, pensar, que um gesto ou uma apreciação verbalizada, de nossa postura de professores/tutores, poderia fazer a maior diferença o fiel reconhecimento para prosseguir adiante, inovando nas teias da atual educação.

A preleção é para que possamos repensar e revisitar nossos papeis já que de avaliação de aprendizagem versará o presente texto, composto por mentes pensantes envoltas nas novas metodologias educacionais, em prol de uma formação diferenciada e melhorada, para os nossos estudantes. Que se produzam críticas, louvores e sugestões mesmo que o melhor norteie neste instante, as nossas ações e posturas, mas não poderemos olvidar que a avaliação entre tantas outras coisas nos possibilitará sempre, clarificar novas decisões, valorizar o estudo mesmo que de nós emane, como um termômetro revelador de esforços, enfim, para todos os atores envolvidos neste novo processo de aprendizagem integradora.

O termo avaliar sempre causou, e ainda causa um grande temor, muitas vezes, pelo fato do termo ter sido usado no sentido de medir resultados alcançados, outras vezes pelos usos discriminador e punitivo que são feitos com tais resultados. Não somente na avaliação da aprendizagem, como também nas avaliações de projetos, cursos, dentre outros, onde, uma das grandes preocupações sempre é o que vão fazer com o resultado da avaliação.

Apesar de todo o preconceito existente com o termo avaliar, o processo avaliativo está presente em toda a prática pedagógica do cotidiano do educador, mesmo sem clareza de se constituir avaliação.

O que anteriormente teve conotação e peso quantitativo, hoje o que muda neste processo? Como devemos avaliar esses nossos estudantes? Questões estas que tem mobilizados os organizadores, coordenadores do processo de mudança a intensas reflexões.

O desdobramento dessas exaustivas e produtivas discussões se concretiza em um sistema de avaliação onde são valorizados os aspectos qualitativos e somativos do processo ensino-aprendizagem, para que se possa aprender a trazer junto o estudante, o que significa dizer compreendendo suas limitações e especificidades como sujeito-(a) sujeitado em seu tempo, diante de uma aprendizagem, que se pretende libertadora.

Muitas voltas têm sido dadas, para que se possam trazer benefícios, sempre melhores, para os protagonistas que vivenciam estas mudanças e que se diga desde já. Não tem sido fácil, no entanto o retorno dos estudantes mais críticos-reflexivos tem sido o maior alento, para prosseguirmos introduzindo, as devidas transformações levando-nos a constantes revisões metodológicas, impregnando-as aos arranjos de múltiplos cenários de aprendizagem. Estes têm desempenhado papel essencial no perfil dos profissionais frente ao formar-estudantes e os já formados como sejam o tutor/facilitador, construindo relações recíprocas de mão dupla, em compromissos assumidos, combatendo-se as exclusões e os autoritarismos.

Para atender a estes princípios o novo processo avaliativo dos aspectos cognitivos do estudante, que o UNIFESO propõe no curso de graduação em Enfermagem, é realizado em dois momentos distintos, que segue: primeiro momento - avaliação continuada integrada (ACI): corresponde a um processo de avaliação que pretende integrar as habilidades cognitivas, psicomotoras, atitudinais/afetivas adquiridas pelo estudante nos diferentes cenários de aprendizagem. Constitui-se de um sistema de avaliações em cada semestre, de acordo com o cronograma de cada curso2.

Sua dinâmica é fundamental para a construção do conhecimento, pois respeita o tempo e as condições individuais de aprendizagem, em um método que preconiza a autonomia e o aprender a aprender em processo.

No segundo momento, após a realização da ACI escrita, o estudante levará consigo a Situação-Problema em questão e fará uma busca das temáticas abordadas, construindo uma nova síntese manuscrita e individual com as referências utilizadas. Esta reconstrução feita pelo estudante será entregue ao seu tutor na sessão tutorial devolutiva. Esta sessão consiste na apresentação e discussão destas sínteses que serão, em seguida, encaminhadas para a equipe que realizou a correção da ACI escrita (comissão de construção de SP)2.

Sendo detectada alguma insuficiência ainda nesta etapa, esta comissão encaminhará ao coordenador de período a prescrição individual que consiste em uma recomendação de complementação ou correção dos conteúdos não alcançados e que deverá retornar à coordenação com prazo determinado. Esta prescrição constitui-se num plano de recuperação individual, que será registrada em documento próprio, visando o acompanhamento pela coordenação de período. Em caso de falta do estudante em qualquer ACI escrita, este deve comparecer à sessão devolutiva conforme os demais estudantes e estará automaticamente inscrito na ACI escrita de final de período, exceto em caso de Tratamento Especial2 (situação em que o estudante está amparado pelas diretrizes escolares).

Para tanto o presente estudo objetivou investigar sobre as percepções dos estudantes acerca desta nova forma avaliativa como também o impacto em seu aprender.

 

Referêncial teórico

A aprendizagem é entendida como um processo complexo de mudanças de comportamento, englobando não somente os aspectos cognitivos do saber, mas também incluem as habilidades do saber fazer e atitude de como saber ser e saber conviver, todos interligados entre si, e para a avaliação do desempenho do aluno, no processo de aprendizagem pode-se utilizar diferentes técnicas3.

Contudo, é importante utilizar diferentes recursos para avaliar o desenvolvimento do aluno ao longo do processo ensino-aprendizagem, neste cenário de mudanças e dificuldades estruturais, a avaliação emerge como um aspecto didático-pedagógico instigante e nebuloso para professores e alunos4.

O processo avaliativo vem sendo amplamente discutido na esfera educacional, pela relevância e pela necessidade premente de reformular esta prática, possibilita a tomada de decisão e a melhoria da qualidade de ensino, informando as ações em desenvolvimento e a necessidade de regulações constantes5,6. Necessita, para cumprir seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem. A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos dos estudantes, e assuma o papel de auxiliar o crescimento6.

Os métodos de avaliação ocupam, sem duvida espaço relevante no conjunto das práticas pedagógicas aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem. Avaliar, não se resume à mecânica do conceito formal e estatístico; não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias à decisão de avanço ou retenção em determinadas disciplinas5.

Segundo Perrenoud7, a avaliação da aprendizagem, é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos estudantes. Para uma avaliação da aprendizagem exímia, o educador não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico.

Todavia, muito se vê que, as notas são comumente usadas para fundamentar necessidades de classificação do estudante, dentro de um continuum de posições, onde a maior ênfase é dada à comparação de desempenhos e não aos objetivos instrucionais que se deseja atingir. O estudante é classificado como inferior, médio ou superior quanto ao seu desempenho e muitas vezes ficam ligados a esses estigmas, não conseguindo desvelar seu potencial6.

O processo de avaliação tem a finalidade de acompanhar a evolução do estudante, identificando seus avanços e dificuldade, possibilitando a tomada de decisões e intervindo quando necessário3. O processo avaliativo sem aferição de notas é a mais significativa para o processo ensino aprendizagem, a utilização deste recurso permite ao estudante ter clareza do que é essencial e relevante do conteúdo em estudo, representando assim um momento de reflexão sobre o seu caminhar em busca dos desempenhos esperados4.

Nesse contexto, pode-se dizer que a avaliação é parte integrante do processo ensino-aprendizagem. Requer preparo técnico como também grande capacidade de observação dos profissionais envolvidos, onde a principal função da avaliação é a diagnóstica por permitir detectar, diariamente, os pontos de conflitos geradores do fracasso escolar. Esses pontos detectados devem ser utilizados pelo professor como referenciais para as mudanças nas ações pedagógicas, objetivando um melhor desempenho do estudante.

Como bem salienta Sacristán8, é imprescindível um esforço por parte da escola, de seus profissionais e de seus alunos para que não separemos os tempos, os espaços, os modos e os sujeitos - de ensinar e de aprender. Segundo ele, nessa separação "a avaliação desintegra-se da aprendizagem, perdendo seu valor formativo no diálogo crítico entre professores/as e alunos/as" 8:339

Na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico. O professor, que trabalha numa dinâmica interativa, tem noção, ao longo de todo o semestre, da participação e produtividade de cada estudante. É preciso deixar claro que a ACI é somente uma formalidade do sistema escolar, que busca avaliar o desenvolvimento do estudante e cria a possibilidade do aprendizado na sua realização.

Interessante o acima apresentado, pois concordo em pleno com o entendimento traduzido, ainda mais quando, na atualidade educacional, se apregoa de modo desenvolto, de que o estudante durante a sua formação necessita da aquisição de competências e habilidades então nesse liame, repercute numa avaliação capaz de medir as transformações ocorridas em cada um destes, quando relembro de que é preciso compreender o educar na sua devida importância que de acordo com Delors9, numa atemporalidade viva imperando, o seguinte:

Mais do que nunca a educação parece ter, como papel essencial, conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensamento, discernimento, sentimentos e imaginação de que necessitam para desenvolver os seus talentos e permanecerem, tanto quanto possível, donos do seu próprio destino9:100.

A avaliação da aprendizagem escolar é um meio e não fim do processo6,7, porém devemos estar atentos aos modos de superação do autoritarismo para o estabelecimento da autonomia do estudante. O processo avaliativo deve se manifestar como um mecanismo de diagnóstico da situação e ter caráter inclusiva, tendo em vista o avanço e o crescimento do estudante e não para uma estagnação disciplinadora6.

Luckesi6 salienta que a avaliação quando advém de caráter classificatório, constitui como um instrumento estático e frenador do processo de crescimento, já como processo diagnóstico e inclusivo, ela se estabelece num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento para autonomia. Perrenoud7 destaca que o educador se beneficia de uma autonomia ainda maior, quando o sistema educacional institui uma avaliação contínua.

Porém a avaliação tem sido um saber marginalizado na formação, isso requer mudança de concepção da avaliação: o educador deixa de ser o "examinador" e o estudante, o "examinado". Atua-se em parceria, sem com isso perder o rigor e a seriedade que a atividade impõe. Pelo contrário, a avaliação torna-se mais exigente porque passa a ser, também, transparente. Isso não significa retirar a responsabilidade do educador para transferi-la ao educador-estudante, mas possibilitar a este vivenciar o processo que ele possa desenvolver com seus estudantes, de modo que sejam superados os problemas que tanto temos combatido10.

 

Material e método

Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, desenvolvido no período de abril a maio de 2008, em um Centro Universitário do estado do Rio de Janeiro, no Curso de Graduação em Enfermagem.

Os sujeitos da pesquisa foram 26 estudantes do terceiro período do curso de Graduação em Enfermagem. A seleção dos sujeitos se fez de forma espontânea, de acordo com a vontade expressa na participação do estudo, e foram identificados com nome de flores, para preservação do anonimato. A coleta de dados foi realizada através de um instrumento com perguntas abertas.

Salientamos que foi solicitada a prévia permissão dos participantes, seguindo as orientações da Resolução no.196/96 do Conselho Nacional da Saúde, em seus princípios básicos de autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça, mediante o termo de Consentimento Livre e Esclarecido e após autorização do Comitê de Ética da Pesquisa.

A análise dos resultados contemplou a saturação dos dados e após procedeu-se à descrição dos mesmos agrupando-os em unidades temáticas de acordo com a congruência da respostas obtidas sendo estes, devidamente discutidos à luz dos referenciais teóricos que abordam a avaliação da aprendizagem.

 

Resultados e discussões

Eis chegado o momento de desvelar as perspectivas dos estudantes concernentes à nova proposta avaliativa do processo ensino-aprendizagem. Quando nos referimos à satisfação acadêmica relativa a esta nova proposta avaliativa, todos os sujeitos manifestaram de forma positiva, para tanto, foram elaboradas três unidades temáticas: o processo avaliativo possibilita uma avaliação fidedigna do conhecimento-aprendizagem dos estudantes; o processo avaliativo possibilita uma reflexão crítica sobre as questões; a forma de avaliação exige mais empenho dos estudantes.

O processo avaliativo possibilita uma avaliação fidedigna do conhecimento-aprendizagem dos estudantes: esta unidade temática foi apontada pela maioria dos participantes do estudo, os quais acreditam que esta forma avaliativa implementada, pode de fato avaliar os estudantes de modo mais justo e leal, no que concerne aos aspectos do seu crescimento cognitivo ao longo do processo formativo. Como já mencionado a nova proposta avaliativa da ACI escrita, é realizada em três momentos distintos e subseqüentes, oportunizando momentos de aprendizagem na sua realização, para que possa obter resultados qualitativos no processo, nestes termos apontamos Demo11 no que diz: a avaliação tem como objetivo a servir como instrumentalização para refazer a rota de inclusão do aluno, garantindo-lhe o direito ao desempenho qualitativo satisfatório.

Não obstante, para aprofundar esta reflexão-discussão destacamos Perrenoud7 que diz: a avaliação não é em princípio, um objetivo em si, mas um meio de verificar se os estudantes adquiriram os conhecimentos trabalhados, ainda ressalva que a avaliação não é comparável a uma simples medida ou da margem de erro, resulta de uma transação que se baseia num nexo do desempenho escolar.

Selecionamos algumas falas, que compuseram esta unidade temática:

"[...] é uma forma de avaliar melhor o estudante." Lírio

"[...] cada aluno consegue saber até onde o seu conhecimento está alcançando." Érica

"[...] pode colocar o que entendeu realmente durante todas as situações problemas [...]" Dalha

"[...] pois nela podemos expor uma boa parte do nosso conhecimento livremente". Bromélia

"[...] pois nela pude expressar o meu aprendizado". Frésias

"[...] podemos ser avaliados mais profundamente". Camélia

O resultado do novo processo avaliativo é expresso nos parâmetros de suficiência e insuficiência, e não de forma numérica, nestes termos avocamos Esteban12 e Luckesi6 no que diz: os processos avaliativos que supervalorizam as notas como elementos fundamentais para avaliarem os resultados da aprendizagem, são vistos como um processo excludente fomenta a distância entre o processo e produto. Na visão crítica, a complexidade do conhecimento não se afere numericamente, a avaliação deve ter como foco a valorização qualitativa do sujeito, e que seja um processo continuum. Neste contexto, corroborando Villas Boas10:48 enfatiza que, "avaliar significa trabalhar com as relações desenvolvidas entre os sujeitos participantes do processo".

Corroborando Luckesi13 destaca que a avaliação é uma forma de subsidiar a aprendizagem satisfatória do estudante, através de seu acompanhamento rigoroso, tendo em vista o seu desenvolvimento. Acrescenta, Marin et al14:75 que avaliação é uma atividade permanente e dinâmica do processo ensino aprendizagem, com a finalidade de visualizar os avanços e dificuldades, o que possibilita ajustes no processo. Propõe a acompanhar e recuperar as lacunas que eventualmente possam conter.

O processo avaliativo possibilita uma reflexão crítica sobre as questões: A presente unidade temática citada pela minoria, contudo de extrema relevância, pois diante desta exposição podemos expressar que o processo gerador das reflexões e críticas são disparadas através das situações problemas, que são formuladas, e a partir destas situações problemas, os estudantes devem ler, interpretar, elaborar as hipóteses sobre o enunciado e posteriormente a construção das questões de aprendizagem que a situação problema está encaminhando, para construir as questões de aprendizagem a ser desenvolvida a avaliação. Diante disso os estudantes devem voltar a sua leitura da avaliação com um olhar crítico e reflexivo, para que possa desenvolver as questões de forma eficaz. Neste contexto, Perrenoud7 apresenta algumas competências estratégicas adquiridas pela prática avaliativas: saber orientar as questões, saber analisar sobre a importância da avaliação e suas dificuldades, saber extrair o essencial de uma instrução, essas habilidades exigem habilidades estratégicas e intelectuais dos estudantes. Como diz Demo11:92, "não queremos que o aluno memorize, decore, imite, reproduza, mas que saiba pensar, aprenda a aprender, para poder melhor intervir. Ou seja, pensar bem, para intervir melhor". Deve-se construir em torno de cada estudante o conhecimento crítico e reflexivo, necessário e profundo, para dar conta do detalhamento do espectro de suas dificuldades, avanços, superações de sua aprendizagem.

Todavia, ressaltamos que esta forma avaliativa está em confluência com as diretrizes curriculares do curso de graduação em enfermagem, na expectativa de formar profissionais críticos e reflexivos, com competência política para transformar a realidade social. A proposta de mudança inclui a formação de profissionais suficientemente críticos e reflexivos, para que possam atuar no fortalecimento do modelo de atenção à saúde "usuário-centrado", no qual o compromisso fundamental é com as necessidades do usuário, como contrapartida do modelo atualmente predominante "procedimento-centrado". Isto é, um modelo no qual o principal compromisso do ato de assistir à saúde é com a produção de procedimentos. Para tal, o perfil esperado do profissional de saúde compreende o compromisso com a universalidade, a eqüidade e a integralidade do cuidado. A idéia é que a formação deve permitir o entendimento da necessidade de garantia do cuidado que as pessoas demandam, em todas as suas dimensões, das atividades de promoção e prevenção até aquelas que envolvem serviços com maior densidade tecnológica. Enfim, o que se deseja é uma formação que garanta o equilíbrio entre a excelência técnica e a relevância social15. Seguem abaixo as falas dos participantes do estudo:

"Excelente, porque você monta as questões da forma com que você pode responder" Cravo

"[...] nas formulações das questões". Orquídea

"[...] proporciona o estudante a pensar, refletir e mostrar seus conhecimentos". Cactos

"[...] é interpretar o texto e fazer as questões de aprendizagem" . Tulipa

Nestes termos apontamos Vasconcelos citado por Maia16, que diz: a avaliação é um processo complexo que implica uma reflexão crítica sobre a prática educativa, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar a tomar decisões para superar os obstáculos.

A nova proposta avaliativa exige mais empenho dos estudantes: com uma ínfima parte dos depoentes, porém demonstra que esta modalidade de processo avaliativo mobiliza os estudantes a irem à busca do seu aprendizado, para que com isso possa desvelar o conhecimento cognitivo que os estudantes adquiriram durante o processo de formação. Como diz Perrenoud7, toda a ação educativa só pode estimular o auto-desenvolvimento, a auto-aprendizagem, a auto-regulação de um sujeito, modificando o seu meio. Diante desta contemplação selecionamos algumas falas que representaram esta unidade temática:

"[...]forma mais fácil, porém exige mais dos alunos". Violeta

"[...] o aluno que tem que correr atrás para aprender". Hibisco

"[...] os acadêmicos estão se esforçando mais". Gerbera

Porém, propor mudanças na prática avaliativa, para uma análise qualitativa do aprendizado do estudante significa muito mais que abandonar algumas técnicas e instrumentos de avaliação, implica em redefinir numa dimensão teórico-prática, o re-significar dos valores, o aprender a aprender, e por conseqüência os pressupostos que irá nortear um fazer pedagógico significativo, onde o conhecimento não seja visto como algo a ser adquirido e sim como inacabado, que é o resultado das muitas experiências da humanidade17.

A proposta é desenvolver o aprender a conhecer, defendido por Delors9, que é indissociável do aprender a fazer. Considera-se, na constituição desse eixo o horizonte formativo como um processo através do qual a aprendizagem se torna dinâmica constitutiva pela vida afora. A formação é entendida, então, como processo. Não começa nem acaba, está sempre em andamento. É uma dinâmica profunda que vai além do manejo de informação18.

Assim, percebemos através das palavras do autor a forte presença de que se reveste a nova metodologia, aqui refletida, permeada do condão "mágico", de transformar os sujeitos, de um modo diferente diria libertador, uma vez que deixando de ser (a)sujeitados pela reflexão e crítica, se apoderam de bens maiores, como habilidades; atitudes e dos quatro pilares da educação à luz de Delors9, que a todo o momento interagem no aprender a aprender.

Por fim, percebemos que as mãos se entrelaçam entre os sujeitos que medeiam o ensinar-aprender perpassado pelo dever de entender que o que se aprende não é acabado e pronto, como se a título de certificados se encerrasse com chave de ouro um futuro com o qual modelos de excelência, apenas perduram se firmados numa avaliação digna correta. Que faça de seus atores seres a serviço não da crença de que se algo, não é avaliado, não desperta o interesse e que é no seu esforço da aprendizagem que verdadeiramente se avalia os pressupostos de uma proposta que lançada nos faz seres renovados e distintos, e os estudantes adquirem um aprendizado que os conforta, fazendo do ato de estudar jamais, aquela pressão "grudenta" e asfixiante conduzindo-os como futuros profissionais, propiciando a cada instante às mudanças pessoais, ocorridas ao longo do processo de aprendizagem, pois que os erros mediados entre acertos elucidam o aprender, desde que tenhamos a capacidade e a humildade, de extrair destes, os melhores e os mais significativos benefícios.

 

Considerações finais

A avaliação se apresenta com múltiplas funções e por tal motivo comporta imensas indagações que nos colocam em face de múltiplos posicionamentos. A vivênciam o estudante, o professor-tutor/facilitador, a instituição, a família, e por fim, o grupo social. Estes atores constroem uma aprendizagem, livre e comprometida que enaltece o verdadeiro aprender a aprender, em que a avaliação se constitui, a maior e a única ferramenta, que ao ser coerente em si mesma se torna justa, correta e atual.

Através da história das instituições de ensino a avaliação foi incorporando diferentes modelos de julgamento em que avaliar era medir, confrontar o bem e o mal, passar ou reprovar como se o universo humano fosse o resultado estático da objetividade física e quântica. Hoje nos debatemos com os percalços da avaliação e nos deparamos com concepções que concebiam a validade do conhecimento que se transmitia em termos de um julgar rígido sem direito a revisão ou a ponderações. O avaliar provinha de métodos tradicionais de ensino-aprendizagem que se desenhavam de acordo com a autoridade e poder de um professor que se posicionava diante de um estudante pacifico e acolhedor.

Com certeza, que as espinhas dorsais da avaliação de hoje, se comprometem com metodologias inovadoras de tal modo que nos levou a compreender que formar profissionais comprometidos não mais se faz, controlando-os e massificando-os em sistemas rígidos e cegos. Na atualidade visa-se uma aprendizagem sustentada no diálogo, na reflexão crítica e essencialmente científica e se avalie os estudantes com todo o mérito norteados para uma:

Enfermagem ética, responsável e dignamente, valorizada.

 

Referências

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