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Enfermería Global

On-line version ISSN 1695-6141

Enferm. glob.  n.18 Murcia Feb. 2010

 

MISCELÁNEA

 

A atuação da enfermagem na criação do lactário no Hospital Jesus (1935-1938)

Actuación de la enfermería en la creación del Servicio de Lactancia del Hospital Jesús (1935-1938)

 

 

Rodrigues Pimenta, A.*; Moreira, A.**; Neves de Sant' Anna Menezes, A.***; Porto, F.R.****; Braga de Santana, S.*

*Aluno do 8o Período Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estácio de Sá Campus Santa Cruz.
**Doutora em Enfermagem Professora Associada do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica UNU-RIO/EEAP.
***Mestranda do Programa de Pós-graduação da UNIRIO- Mestrado em Enfermagem. Docente da Universidade Estácio de Sá.
**** Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto do Departamento Materno Infantil UNI-RIO/EEAP. Brasil.

 

 


RESUMO

O presente estudo tem como objeto a implantação do serviço de lactário no Hospital Jesus e tem por delimitação temporal o período de 1935-1938, que se justifica pela primeira gestão do Serviço de Enfermagem neste Hospital, atual Hospital Municipal Jesus. A alimentação da criança merecia cuidados especiais, principalmente no primeiro ano de vida. Era elevado o numero de moléstias advindas da alimentação incorreta.
Objetivos: descrever as políticas de alimentação no Distrito Federal e analisar as circunstâncias para implantação do serviço de lactário no hospital.
Metodologia: estudo com abordagem histórico social embasado na análise documental, onde foram utilizadas fontes primárias e secundárias.
Fontes primárias: documentos escritos, localizados nas dependências do Hospital. Fontes secundárias constituídas por livros, dissertações e trabalhos referentes ao desenvolvimento histórico do lactário. No período abordado era necessária a instalação de inúmeros serviços dietéticos. Existia necessidade de um programa social e filantrópico, que preenchesse as lacunas existentes na proteção à criança e fosse também órgão consultivo dos poderes públicos federais, estaduais e municipais. Foram organizadas instituições para assistência às mães e seus filhos. Juntamente com essa iniciativa, começou a existir maior atuação do Estado quanto, à inspeção médica das escolas e à legislação do trabalho, para mães e crianças. Essa conduta estabelecia uma divisão do trabalho, com uma predominância da ação privada no campo da assistência social.
Conclusão: Por meio dos documentos encontrados, foi possível observar com este estudo, a relevância da influência do Serviço de Enfermagem na implantação do serviço de lactário do Hospital Jesus, tendo em vista que a equipe responsável pela abertura, organização e manutenção do lactário na referida instituição foi formada em sua maioria por enfermeiros, que atuaram desde a abertura do Hospital dando orientações no que se refere a alimentação dos lactentes, que ali eram levados em busca de assistência.

Palavras chave: Historia da Enfermagem, Nutrição.


RESUMEN

El presente estudio tiene como objeto la implantación del servicio de lactario en el Hospital Jesús y tiene por delimitación temporal el periodo de 1935-1938, que se justifica por la primera gestión del Servicio de Enfermería del Hospital Jesus, actual Hospital Municipal Jesús. La alimentación del niño merece cuidados especiales, principalmente en el primer año de vida.
Objetivos: describir las políticas de alimentación en el Distrito Federal y analizar las circunstancias para la implantación del servicio de lactario en el hospital.
Metodología: estudio con abordaje histórico social basado en el análisis documental, donde fueron utilizadas fuentes primarias y secundarias.
Fuentes primarias: documentos escritos localizados en las dependencias del Hospital. Fuentes secundarias son constituidas de libros, disertaciones y trabajos referentes al desarrollo histórico del lactario. En el periodo abordado era necesaria la instalación de innumerables servicios dietéticos debidamente aparejados. Había la necesidad de un programa social y filantrópico, que rellenara las lagunas existentes en la protección al niño y fuera también órgano consultivo de los poderes públicos federales, estaduales y municipales. Fueron organizadas instituciones para asistencia a las madres y sus hijos. Juntamente a esta iniciativa, hubo mayor actuación del Estado en cuanto a la inspección médica de las escuelas y a la legislación del trabajo, para las madres y niños.
Conclusión: A través de los documentos encontrados, se pudo observar con este estudio, la relevancia de la influencia del Servicio de Enfermería en la implantación del servicio de lactario del Hospital Jesus, teniendo en cuenta que el equipo responsable de la apertura, organización y manutención del lactario en la referida institución se constituyó en su mayoría de enfermeros, que actuaron desde la apertura del Hospital dando orientaciones en cuanto a la alimentación de los lactantes, que allí eran llevados en búsqueda de asistencia.

Palabras clave: Historia de la Enfermería, Nutrición.


Key words: Nursing History, Nutrition.


 

Introdução

O objeto de estudo é a implantação do serviço de lactário no Hospital Jesus e tem por delimitação temporal o período de 1935-1938, que se justifica pela primeira gestão do Serviço de Enfermagem do Hospital Jesus, atual Hospital Municipal Jesus da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.

No período de delimitação temporal a chefia do Serviço de Enfermagem foi de responsabilidade da Enfermeira Lucinda de Araújo Silva, tendo como diretor da instituição o médico Alberto Borgeth. A instituição foi criada em 1935 durante a reforma de Pedro Ernesto no Distrito Federal.

O Hospital Jesus á época tinha 150 leitos destinados ao atendimento a criança. Neste sentido, o lactário era uma unidade obrigatória em todos os hospitais que mantinham leitos para crianças e berços para recém-nascidos. Destinava-se ao preparo de leite e seus substitutos, a partir de técnicas adequadas de modo a oferecer à criança alimentação com o mínimo de risco de contaminação. (Capasciutti, 1977,455).

A eficiência deste setor, dependeria da correta localização no hospital; previsão adequada do espaço; distribuição das áreas de trabalho; instalação de equipamentos necessários e de uma boa administração. O espaço devidamente planejado, proporcionava que as técnicas de preparo do alimento e o envasamento do leite nas mamadeiras fossem desenvolvidas satisfatoriamente. (Capasciutti, 1977,455).

O desenvolvimento histórico dos lactários no Brasil teve advento com o Dr. Fernandes Figueira. Esse médico iniciou no Rio de Janeiro o serviço de puericultura sistematizado quando em 1909 assumiu a direção da Policlínica das Crianças, localizada na Rua Miguel de Frias (Ribeiro,1943,92).

O pavimento térreo do serviço de puericultura, foi planejado para as consultas de higiene infantil e pré-natal. Ademais, neste mesmo pavimento era possível se encontrar instalada uma modelar cozinha dietética. Dessa cozinha eram distribuídos, sob rigor higiênico, os alimentos nas suas diversas modalidades: leite, sopas e mingaus. (Ribeiro,1943,92)

A criação das cozinhas dietéticas foram uma das mais belas realizações do departamento de puericultura, amparadas com o entusiasmo do Dr. Jesuíno de Albuquerque, que reconheceu a necessidade e valor prático da alimentação hospitalar (Ribeiro, 1943,111).

Neste sentido, quando ocorreu a criação do Hospital Jesus (1935) a enfermagem foi a engrenagem principal para implantação do serviço de lactário na instituição, em virtude da necessidade de alimentação das crianças por carecer à época de profissionais da área de nutrição.

Mediante o exposto, o estudo tem por objetivo: descrever as políticas de alimentação no Distrito Federal e analisar as circunstâncias no Hospital Jesus para a implantação do serviço de lactário, comentando a contribuição da enfermagem na alimentação infantil da instituição.

 

Metodologia

Trata-se de um estudo exploratório com abordagem histórico social embasado na analise documental. Essa analise consiste em uma série de operações que visam estudar e analisar os documentos para descobrir as circunstância sociais e econômicas com as quais podem estar relacionados. Em outras palavras, a análise documental consiste em estudar os documentos visando investigar os fatos sociais e suas relações com o tempo sócio-cultural-cronológico. (Richardson, 1999,230).

Foram utilizados fontes primarias e secundarias. As fontes primarias foram: documentos escritos localizados nas dependências do Hospital Municipal Jesus, como: memorandos, freqüências e escalas dos funcionários, revistas do serviço publico, Revista Annaes de Enfermagem da Escola Anna Nery, que abordam a temática proposta. As fontes secundarias são constituídas pelos livros de historia do Brasil e por dissertações e trabalhos referentes ao desenvolvimento histórico do lactário em unidades de assistência a criança e que façam referencia as políticas de alimentação infantil da época.

 

Políticas de Alimentação no Distrito Federal

A educação dietética era considerada de suma importância, Roza (1934), coloca que a saúde dos lactentes tinha uma relação direta com o regime dietético, ou seja, se a criança era bem alimentada o quadro de mortalidade infantil da época diminuía.

Refere ainda que, a alimentação da criança merecia cuidados especiais, principalmente no primeiro ano de vida, pois o índice de mortalidade da época era expressivo, nessa fase da vida do lactente. Era elevado o numero de moléstias advindas da alimentação incorreta, levando a óbito 50 por cento da crianças abaixo de um ano. (Roza, 1934).

A educação da população era a principal meta, e o primeiro problema a ser resolvido, e também um dos mais difícil, pois muitos compareciam aos ambulatórios apenas com a intenção de conseguir uma receita (Roza, 1934).

Era necessário a instalação de inúmeros serviços dietéticos devidamente aparelhados, e com profissionais idôneos que pudessem atuar nos postos de higiene infantil e nos ambulatórios clínicos, buscando assim resultados, tanto para crianças sadias como para enfermas (Roza, 1934).

• As circunstâncias para a implantação do serviço de lactário no hospital Jesus

O médico Moncorvo Filho em 1919, criou o Departamento da Criança, no Rio de Janeiro, cuja responsabilidade de manutenção caberia ao Estado, como era a intenção do referido médico, porém, o órgão apenas foi reconhecido como de utilidade pública em 1920. A instituição existiu até 1938 (Orlandi,1985,p.84)

Em 1934, a Inspetoria de Higiene Infantil transformou-se em Diretoria de Proteção à Maternidade e à Infância, por ocasião da recomendação da Conferência de Proteção à Infância de Higiene, proferida pelo Dr. Gastão de Figueiredo - médico da Inspetoria de Higiene Infantil - em 1933, durante o governo de Getúlio Vargas.

Existia necessidade de um programa social e filantrópico, que preenchesse as lacunas existentes na proteção à criança e fosse também órgão consultivo dos poderes públicos federais, estaduais e municipais (Fonseca, 1990, p.55).

Dessa forma, os médicos organizaram instituições com o objetivo de assistência às mães pobres e seus filhos, atendendo às necessidades relacionadas à alimentação, vestuário e conselhos higiênicos. Juntamente com essa iniciativa, começaram a exigir responsabilidade do Estado quanto à inspeção médica das escolas e à legislação do trabalho, para mães e crianças. Essa conduta estabelecia uma divisão do trabalho, com uma predominância da ação privada no campo da assistência social (Pereira, 1992, p.13).

Com a Reforma Carlos Chagas na década de 20 ocorreu a reorganização dos serviços de saúde pública, sendo criado o Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP) que estendeu sua ação a várias áreas, dentre elas a higiene infantil. Nesta época, foi fundada a Escola de Enfermagem do DNSP (posteriormente a Escola de Enfermagem Anna Nery), nos moldes do sistema Nightingale oriundo da Inglaterra e repassado pelos Estados Unidos ao Brasil.

Assim, institucionalizava-se a assistência à criança no pais,que,ao longo de cinco décadas (1920-1969), sofreu modificações em relação às diretrizes de proteção a infância. O Serviço de Higiene infantil do DNSP foi transformado culminando com a circulação do Departamento Nacional da criança (DNCr) em 1940, cujas atribuições estavam voltadas predominantemente para ações preventivas, enquanto, na área curativa, restringia-se à orientação e organização bem como fiscalização das instituições hospitalares. Cabe destacar que no governo Getúlio Vargas, iniciou- se a construção de hospitais da Prefeitura do Distrito Federal, dentre eles, o hospital Jesus inaugurado em 20 de junho de 1935, considerado uma instituição especializada em clínicas médicas e cirúrgicas infantis (Secretaria de Saúde do Estado da Guanabara,1972,p.217-219).

O Hospital Jesus foi construído após um período de turbulência econômica e política no Brasil, ocorrido após a quebra da bolsa de valores em Nova York e a crise do governo no Brasil sob a gestão de Pedro Ernesto, que conseguiu consolidar sua carreira profissional, se destacando como dirigente pelo trabalho em sua clínica particular sendo reconhecido como militante nos acontecimentos políticos de 1930. A visibilidade pública na direção de sua casa de saúde e o envolvimento direto na defesa militar da Aliança Liberal foram elementos que deram a Pedro Ernesto a confiança e a legitimidade política e social para que fosse nomeado por Getúlio Vargas, então chefe do governo provisório instalado em outubro daquele ano, para exercer o cargo de diretor do departamento nacional de Assistência Pública no dia 14 de novembro de 1930. (Teixeira, 2004,25)

Os quatro anos em que esteve à frente da prefeitura do Distrito Federal, como interventor, marcaram de maneira indelével a passagem de Pedro Ernesto no poder (Teixeira,2004,31).

Enquanto exerceu o cargo de interventor entre outubro de 1931 e abril de 1935, Pedro Ernesto implantou uma reforma na assistência municipal em que construiu, informou e inaugurou hospitais e dispensários públicos municipais (Teixeira, 2004,31).

A inauguração e o funcionamento do Hospital Jesus representou a concretização da reforma, já que o hospital havia sido construído e inaugurado na administração de Pedro Ernesto.(Teixeira, 2004, 46)

• Contribuição da enfermagem na alimentação infantil da instituição

Os distúrbios nutritivos eram os responsáveis, em porcentagem elevada, pelas doenças de primeira infância. A sua causa principal era o alimento, quase sempre administrado de forma irregular e inapropriadamente. Estando a saúde da criança, sobretudo dos lactentes, em relação direta com o regime dietético, assim, alimentando-se convenientemente uma criança, trabalhava-se para a diminuição do quadro de mortalidade infantil (Annaes de enfermagem, ano II, abril de 1934).

Segundo Machado (1949), a função de nutricionista constituía uma das grandes missões da Enfermagem de Saúde Pública, principalmente no Brasil, onde a fome e a desnutrição quase sempre tiveram índices assustadores e alarmantes. Era a enfermeira de nutrição, responsável pela executação, distribuição e anotações referentes aos alimentos, bem como pela pesagem periódica e estado nutricional de cada criança, e também de informar as alterações verificadas, procurando assim criar no meio hospitalar a noção de necessidade da alimentação adequada e higiênica (Annaes de enfermagem volume II, no 4, outubro 1949).

Desta forma, é relevante colocar que com a criação do Hospital Jesus, para um funcionamento satisfatório, foi necessário a criação de um lactário na unidade, que destinava-se exclusivamente às crianças hospitalizadas e às matriculadas no ambulatório, que funcionava das 7 às 15 horas e era subordinado diretamente ao Diretor do Hospital, sob a responsabilidade da enfermeira dietista (Termo utilizado em documentos encontrados na unidade).

Havia no fundo do hospital, em pavilhão anexo, um "grande lactário", com sala de aula para as mães, sala de confecção, sala de distribuição, sala de esterilização das mamadeiras, com estufa e sala de entrega. Havia também uma entrada para recepção e armazenamento de material, e uma entrada para dois ambulatórios. A Área destinada ao lactário era ampla, porem com uma planta pouco funcional, pois havia sido mal planejada por um dos assessores do Diretor. O lactario possuía também na sobre loja, toda uma aparelhagem para clorar a água, que só esteve em uso em curtas e perigosas experiências (Meira,1971,195).

O texto a seguir confirma o exposto pelo autor, quando se refere a estrutura inicial de construção do Hospital Jesus.

"É de se lamentar não ter sido o edifício do Hospital Jesus, construído sob direção técnica conveniente desde o seu começo, e sim, ter sido adaptação de edifício em construção, pois de tal fato resultou exiguidade de esforço, impropriedade de divisões internas, não adaptáveis ao funcionamento justo dos diversos serviços".

(Relatório do livro de remessas de empenho da unidade com data de 13 de dezembro de 1937,pagina 362)

As aulas para mães não foram adiante por falta de alunos motivados e de professores interessados. Resultado: em curto espaço de tempo o lactário transformou-se em depósito de material e vestiário para os funcionários.

Pelo regimento do Hospital somente crianças maiores de 3 anos poderiam ser internadas, porém no fim do primeiro ano de funcionamento do Hospital era muito grande o numero de lactentes atendidos, foi criada então uma "enfermaria de lactentes".

As dietas para as enfermarias de lactentes eram preparadas na copa onde funcionava o serviço de pediatria já que o "grande lactario" se encontrava desativado, tendo sido este novo espaço de preparo das dietas, citado na época como "microlactario".

A enfermaria de Lactentes primou pelo trabalho em equipe, como em todas as áreas do Hospital Jesus. O tratamento era predominantemente dietoterápico, algo que se fazia necessário em uma unidade onde 85% dos casos apresentados era de desnutrição crônica. Iniciando assim uma nova atuação no que se refere ao funcionamento do lactario na unidade tendo inicialmente sete funcionários na equipe pertencentes ao serviço de enfermagem e outros sete colocados citados como "trabalhadores", em documento da unidade (Livro de remessa de empenho de 11 de março de 1939), que em termos percentuais significa um total de cinqüenta por cento da equipe formada pela enfermagem.

A responsábilidade pelo lactário, cabia à enfermeira dietista, que dentre outras funções, controlava a freqüência das crianças que se beneficiavam com o lactário, administrava o material utilizado e realizava reunião com as mães das crianças que freqüentavam a unidade, para conselhos de higiene infantil e ensinamentos sobre o preparo das dietas.

Tendo como primeira responsável a enfermeira Irene da Silva Rocha, formada pela Escola de Enfermagem Anna Nery. Através deste fato é possível constatar a relevância da atuação da enfermagem na criação e desenvolvimento do lactário desta Instituição.

 

Considerações finais

Foi possível observar que a alimentação era um dos mais importantes quesitos para a saúde do lactente, algo fundamental a vida, principalmente no primeiro ano, pois era fator decisivo de saúde e bem-estar, pois na década de 1930 o índice de mortalidade infantil era expressivo, nessa fase da vida do lactente. Era elevado o numero de moléstias advindas da alimentação incorreta, levando a óbito cinquenta por cento da crianças abaixo de um ano. (Annaes de enfermagem, jan.,1935, 24, Roza, 1934).

Submerso em um cenário de saúde infantil nada promissor, o Hospital Jesus foi construído após um período de turbulência econômica e política no Brasil, ocorrido após a quebra da bolsa de valores em Nova York e a crise do governo no Brasil, sob a gestão de Getulio Vargas como presidente e Pedro Ernesto Batista como Interventor do Distrito Federal. Durante um período de instabilidade existente no início desta Instituição, a enfermagem foi a engrenagem principal para implantação do serviço de lactário na instituição, em virtude da necessidade de alimentação das crianças por carecer à época de profissionais da área de nutrição. A responsável pelo lactário era uma enfermeira dietista e os profissionais da área de enfermagem permaneceram compondo um percentual significativo da equipe do lactário até o final da gestão de Lucinda de Araújo Silva.

Sendo assim entendemos que pelos documentos encontrados, o lactário no Hospital Jesus, foi criado de forma bem sucedida no ano de 1937, e foi possível observar, que sua equipe de trabalho teve papel importante na concretização e consolidação deste serviço que no seu inicio apresentou diversas dificuldades.

Baseando-se no exposto, é possível inferir que através que o serviço de enfermagem foi a base para a implantação efetiva, do lactário no Hospital Jesus. Onde os enfermeiros, atuaram de forma concreto no final do primeiro ano de inauguração da unidade, dando orientações no que se refere a alimentação dos lactentes, que ali eram levados em busca de assistência.

 

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