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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.12 no.30 Murcia abr. 2013

 

REVISIONES

 

A importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica: uma revisão de literatura

La importancia del apoyo socio-emocional en adolescentes y adultos jóvenes portadores de enfermedad crónica: una revisión de literatura

The importance of social-emotional support in adolescents and young adults with chronic disease: a literature review

 

 

Schütz Balistieri, Aline*; Mara de Melo Tavares, Claudia**

*Mestranda em Ciências do Cuidado em Saúde pela Universidade Federal Fluminense. Enfermeira Supervisora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São João Batista, Volta Redonda, Rio de Janeiro. E-mail: line-ac@ig.com.br
**Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós-doutorado pela USP-SP. Professora Titular da Universidade Federal Fluminense. Brasil.

 

 


RESUMO

Estudo qualitativo que objetivou identificar a importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica e a importância da equipe de saúde, em especial o enfermeiro, no fornecimento do apoio sócio-emocional. O levantamento de dados foi realizado através da busca de artigos nos periódicos da área, nas bases eletrônicas de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, SCIELO, LILACS e BDENF. O apoio sócio-emocional torna-se praticamente fundamental no auxílio desses jovens, para que os mesmos tenham o comportamento mais adequado possível dentro da enfermidade que os acompanha e para que haja um bom enfrentamento da doença. É importante que os profissionais de saúde incorporem o apoio sócio-emocional no plano de cuidados, pois é a partir dele que poderemos proporcionar uma melhor convivência com os sentimentos e situações que irão os acompanhar e, consequentemente, os mesmos poderão realizar o tratamento proposto da melhor forma possível. Desse modo, concluímos que o apoio sócio-emocional é fundamental para que esses pacientes possam conviver com a doença da forma mais adequada possível, devendo ser entendido pelos profissionais de saúde como um ato de cuidado que deve estar inserido dentro de suas atividades com o paciente.

Palavras chave: apoio social; adulto jovem; adolescente; doença crônica.


RESUMEN

Este estudio cualitativo tuvo como objetivo identificar la importancia del apoyo emocional y social en adolescentes y adultos jóvenes con enfermedades crónicas y la importancia del equipo de salud, en especial las enfermeras, en la prestación de apoyo emocional y social. La encuesta se realizó mediante la búsqueda de artículos en revistas, bases de datos electrónicas de la Biblioteca Virtual en Salud, Scielo, Lilacs y BDENF. El apoyo socio-emocional se convierte en casi imprescindible para ayudar a estos jóvenes a tener el comportamiento más adecuado posible en la enfermedad que los acompaña, y para tener una buena lucha contra la enfermedad. Es importante que los profesionales de la salud incorporen valores de apoyo emocional en el plan de atención, porque es de esto que podemos ofrecer una vida mejor con los sentimientos y situaciones que les acompañarán y, por consiguiente, pueden llevar a cabo el tratamiento propuesto de mejor manera posible. Por lo tanto, se concluye que el apoyo socio-emocional es fundamental para estos pacientes que pueden vivir con la enfermedad de la manera más adecuada, que debe entenderse por profesionales de la salud como un acto de atención que se debe insertar en sus actividades con el paciente .

Palabras clave: apoyo social; adulto joven; adolescente; enfermedad crônica.


ABSTRACT

It is a qualitative study aimed to identify the importance of socio-emotional support in adolescents and young adult patients with chronic disease and the importance of the health team, especially the nurses, in the provision of socio-emotional support. The data collection was done through the search for articles in journals of the area, in the electronic database of the Virtual Health Library, SCIELO, LILACS and BDENF. The socio-emotional support becomes practically essential in helping these young people to have the behavior more appropriate as possible within the disease that accompanies them and have a good dealing with the disease. It's important that health professionals include the socio-emotional support in the care plan, because it's from this that we would be able to provide a better sociability with the feelings and situations that will accompany them and, consequently, they may carry out the proposed treatment in the best possible way. In this way, we conclude that the socio-emotional support is essential to these patients to live with the disease in the most appropriate way, and it should be understood by health professionals as an act of care that must be added into its activities with the patient.

Key words: social support; young adult; adolescent and chronic disease.


 

Introdução

A adolescência é um período da vida em que várias dificuldades surgem, já que é quando ocorre a transição entre a infância e a vida adulta. Há inúmeros conflitos ocorrendo, pois ao mesmo tempo em que não são mais vistos como crianças dependentes, também não são considerados adultos o suficiente para tomarem as próprias decisões e serem donos de suas próprias vidas. A adolescência é uma etapa natural do desenvolvimento, tendo um caráter universal e abstrato. Inerente ao desenvolvimento humano, a adolescência é percebida como uma fase difícil, praticamente semipatológica, que se apresenta carregada de conflitos "naturais"(1). A adolescência é um período fundamental no que diz respeito à saúde, pois a transição de criança para adolescente e deste para adulto jovem tem importantes implicações no desenvolvimento de inúmeros problemas de saúde e no desenvolvimento de cuidados de saúde(2).

Já quanto à fase dos adultos jovens, esta é definida como dos 19 aos 24 anos. Período este na qual ocorrem importantes escolhas e há o contínuo desenvolvimento humano, de forma mais aprimorada do que na adolescência, devido à maior idade e ao aumento das cobranças por parte da sociedade e de si mesmo. É nessa época da vida que a maioria das pessoas forma relacionamentos que irão durar pelo resto da vida, sejam os mesmos baseados em amizade, amor ou sexualidade. Os jovens adultos, geralmente, estão no auge de sua força, energia e resistência. A maioria dos sentidos está mais apurada no início da vida adulta e as condições de saúde tendem a ser favoráveis(3).

Quanto às doenças crônicas, estas acompanharão seus portadores pelo resto da vida, uma vez que a pessoa vivenciará mudanças no seu modo de viver, na sua rotina e no seu relacionamento com o meio. Indivíduos que se descobrem portadores de doenças crônicas estão, o tempo todo, sendo submetidos a situações novas e tendo que se adaptarem as mesmas. Fatores presentes na vida de portadores de doença crônica incluem: uso regular de medicações, algumas com potencialidade para o desenvolvimento de efeitos colaterais; visitas constantes a médicos, outros profissionais e instituições de saúde; dificuldade para praticar esportes; convivência diária com a dor e/ou o desconforto; programas terapêuticos extensos, complexos e que impõem limitações; necessidade de cuidados contínuos e mudanças na rotina(4,5). É possível que pensamentos negativos rodeiem, esporadicamente, a vida do portador de uma doença crônica quando houver qualquer complicação ou quando o mesmo se sentir inseguro com relação a seu estado. Segundo alguns autores(6), o desenvolvimento de doenças crônicas está associado à deterioração, à redução de competências, ao aumento da necessidade de ajuda, à dor física e emocional resultante em perda da independência e ao aumento da necessidade de assistência.

Apoio social é quando um grupo de pessoas, seja este de qualquer círculo de convivência do indivíduo, ajuda, de alguma forma, o mesmo a encarar determinada situação que venha a acontecer em sua vida. Pode ser definido como funções desempenhadas por grupo para favorecer o indivíduo nas situações de vida, podendo ser familiares, amigos, vizinhos e outros. Chama-se o conjunto por elas formado de rede de relações sociais. Nesta perspectiva, a maioria dos estudos desenvolvidos privilegia, na análise do apoio social, a percepção que os indivíduos têm sobre si mesmos, que representa a crença generalizada por eles desenvolvida de que são estimados, que os outros se interessam por eles, que estão disponíveis quando precisam e satisfeitos com as relações que têm(7,8).

O apoio social pode ser entendido como a qualidade do suporte emocional a partir das relações estabelecidas nas redes sociais. Estudos comprovam que indivíduos com apoio da família e amigos têm melhores condições de saúde física e mental, tendo em vista os recursos emocionais (9). Assim, podemos considerar que o conceito de apoio emocional faz uma ligação direta com o apoio social, ou seja, o apoio sócio-emocional. Apoio este que ajuda a fornecer os recursos emocionais e práticos de que o individuo precisa. O afeto, a assistência e a informação dos amigos e familiares e as relações de companheirismo exercem um efeito de proteção e bem-estar (19).

Desse modo, quando relacionamos todas as definições anteriores, podemos entender a importância do apoio sócio-emocional tanto para o adolescente quanto para o adulto jovem portador de uma doença crônica. A família e o portador de uma doença crônica merecem atenção especial, não somente do ponto de vista biológico, mas também nas dimensões psicológicas, sociais, econômicas e espirituais(10).

A adolescência já é definida como uma fase de dificuldades, transições e descobertas que, mesmo sem a presença de qualquer doença, já seria importante o apoio sócio-emocional dos indivíduos que o cercam. Um grande número de estudos enfatiza a importância do apoio sócio-emocional durante o desenvolvimento na adolescência, tanto em relação ao bem-estar físico quanto ao psicológico(7,8). Visto o que foi citado anteriormente, podemos vislumbrar o quanto é essencial o apoio sócio-emocional na adolescência quando esta se une à doença crônica, podendo esta fase se tornar ainda mais dificultosa para o sujeito. A doença crônica impõe modificações na vida do adolescente e sua família, exigindo readaptações frente à nova situação e estratégias para o enfrentamento. Esse processo de adaptação e aceitação depende da complexidade e gravidade da doença, da fase em que eles se encontram e das estruturas disponíveis para satisfazer suas necessidades e readquirir o equilíbrio(11).

Na fase considerada como a do adulto jovem, durante a própria definição, quando é mencionado o fato de que estão no "auge de sua força, energia e resistência e que as condições de saúde tendem a ser mais favoráveis", já ocorrem citações que não "combinam" com o surgimento de doenças, principalmente doenças crônicas, que têm caráter definitivo. Tal definição já nos leva a crer que o surgimento da doença tenderá a trazer problemas que necessitarão de apoio sócio-emocional para serem enfrentados. As relações sociais afetam positivamente os sistemas biológicos, os comportamentos de saúde e o bem-estar psicológico dos indivíduos. Assim, o envolvimento de outras pessoas (família, amigos, profissionais de saúde, líderes religiosos) no cuidado e no apoio para o manejo de consequências adversas da enfermidade pode favorecer a adaptação e o ajustamento do paciente à doença crônica(12).

Assim, este estudo tem como objetivos: Identificar a importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica e a importância da equipe de saúde, em especial o enfermeiro, no fornecimento de apoio sócio-emocional.

 

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica segundo determinado autor(13), "[...] se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores em documentos impressos, como livros artigos, teses, etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já trabalhadas por outros pesquisadores e devidamente registradas."

O levantamento de dados foi realizado através da busca de artigos nos periódicos da área, nas bases eletrônicas de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SCIELO, LILACS e BDENF, usando os descritores: apoio social, adulto jovem, adolescente e doença crônica. Inicialmente, pesquisou-se com os descritores isolados e depois associados em duplas e trios. A seleção dos artigos foi realizada através da leitura dos mesmos, avaliando quais tinham maior relação com o objeto dessa pesquisa. A maioria dos artigos que foram descartados estava relacionada à gravidez na adolescência e ao consumo de drogas na juventude. Desta forma, foram selecionados 13 artigos que continham assuntos relacionados ao tema da pesquisa e que colaborariam para o cumprimento dos objetivos da mesma. Os descritores foram usados individualmente e associados, sendo a forma como foram associados e o número de artigos encontrados em cada descritor, inclusive nas associações, distribuídos no quadro 1 e divididos pelas bases de dados utilizadas. De todos os artigos selecionados, usamos o período de 2000 a 2010 como critério de inclusão, assim como o relacionamento direto com o tema e os objetivos da presente pesquisa.

 

QUADRO 1. Artigos encontrados em cada descritor nas bases de dados. Niterói, 2010.

 

A partir da leitura sistemática dos artigos, estes foram divididos em diferentes métodos e abordagens, sendo distribuídos no quadro 2.

Os métodos e as abordagens a serem divididos são:

a- Pesquisa exploratória/descritiva de campo

b- Relato de experiência

c- Pesquisa bibliográfica

d- Pesquisa comparativa

A- Abordagem qualitativa

B- Abordagem quantitativa

C- Abordagem quanti-qualitativa

 

Quadro 2. Demonstrativo dos métodos utilizados nos artigos encontrados. Niterói, 2010.

 

Resultados e discussão

Importância do apoio sócio-emocional em adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica

A presente categoria visa relatar a importância que há em fornecer apoio sócio-emocional aos adolescentes e adultos jovens portadores de doença crônica, visto que com o referido apoio torna-se mais fácil se relacionar com a doença no seu dia a dia e ter esperanças de qualidade de vida mesmo na condição de doentes crônicos.

Algumas hipóteses vêm tentando explicar os efeitos do apoio sócio-emocional na saúde e nas doenças: (1) a hipótese do apoio sócio-emocional ter efeitos a nível das respostas neuroendócrinas, diminuindo a ansiedade e, logo, a tensão muscular; (2) ter efeitos a nível da autoestima, aumentando-a; (3) ter efeitos na depressão, diminuindo-a e levando as pessoas a avaliarem os estressores como menos graves, o que poderá diminuir a ansiedade e aumentar a capacidade da pessoa para lidar com as situações estressantes(14-15). Desse modo, podemos perceber como o apoio sócio-emocional pode ser considerado benéfico em pessoas que se encontram com algum tipo de doença, pois se torna muito mais difícil enfrentar a situação sem ajuda e amparo devidos de pessoas que são consideradas de confiança e que possuem um relacionamento afetivo com o enfermo(a).

No caso da doença crônica, esse apoio torna-se ainda mais importante devido ao estresse que as modificações da cronicidade da doença causam na vida de seu portador, seja de que idade for. É preciso considerar a vulnerabilidade do doente crônico e o sentimento de desamparo na situação do tratamento. É nesse ponto que a satisfação com o apoio social importa. É a amplitude da rede que proporciona maior segurança e, portanto, satisfação do doente, visto que ele conta com mais recursos, mesmo que não saiba corretamente a dimensão da sua importância(9). Logo, por mais que o doente não tenha noção do quanto é importante ter uma rede de pessoas a sua volta que proporcione apoio frente à situação que está enfrentando, mesmo assim essa rede trará benefícios no que diz respeito ao tratamento e enfrentamento da doença, pois funcionará como um "porto-seguro" nos momentos de fraqueza, que possivelmente poderão ocorrer no decorrer do curso da doença crônica. O apoio dos amigos, de um cuidador ou da família parece se associar ao aumento do bem-estar, à prevenção do stress, bem como a menor solidão, a menor vulnerabilidade e à maior segurança, enquanto viver sozinho parece ter um efeito negativo na satisfação com os domínios físico, social e psicológico da vida(16-17).

No que diz respeito aos adolescentes e adultos jovens, esses fatores estressantes podem se tornar ainda maiores, já que passam por fases, tanto um quanto outro, em que não se espera ficar doente, pois é quando considera-se que o indivíduo está na melhor fase da vida, com boa saúde e energia, no auge de sua força física e de seu vigor. Desse modo, encontrar-se numa situação de doença, ainda mais uma doença incurável, pode ser de fato uma situação que gerará inúmeras dificuldades na vida dessas pessoas.

Em relação à adolescência, visto que é uma fase de formação de identidade, descobertas sexuais, grande importância com aparência física e criação de independência, esse tipo de situação pode, particularmente, criar situações em que o adolescente precisa se sentir apoiado, tanto pela família quanto pelos amigos, pois dessa forma ele não se sentirá excluído, o que, diretamente, ajudará no seguimento do tratamento de forma adequada. Verificou-se também que o impacto relacionado ao autocuidado e bem-estar em adolescentes com doença crônica é muito maior naqueles que recebiam apoio sócio-emocional, tanto da família quanto dos amigos(18).

Na fase do adulto jovem é difícil lidar com a doença, pois é quando se formam os vínculos mais fortes relacionados à vida afetiva, ocorre a escolha e fixação na vida acadêmica e profissional, ou seja, em meio a tantas definições que ocorrem, acontecer também a descoberta de uma doença definitiva pode gerar um estresse grande na cabeça dessa pessoa. A presença de uma doença crônica pode ser uma experiência difícil, visto que seu diagnóstico frequentemente vem acompanhado de considerável estresse e medo. Nessa perspectiva, o apoio social deve ser incluído no plano de cuidados, para que o adulto jovem possa enfrentar positivamente as demandas impostas pela doença(19). A intervenção direcionada ao fornecimento do apoio sócio-emocional adequado, desenvolvida tanto com pessoas acometidas por enfermidades crônicas quanto com seus círculos de convivência, como amigos e família, pode contribuir para a melhora das condições de saúde dos pacientes, já que tende a aumentar a adesão ao tratamento e seu engajamento em comportamentos de saúde(20).

Portanto, de acordo com a literatura utilizada, a descoberta e a convivência com uma doença crônica em ambas as fases pode ser considerada um grande estresse, já que todas as dificuldades relacionadas à enfermidade irão se unir as dificuldades encontradas na fase em que se está vivendo. Desse modo, podemos concluir que o apoio sócio-emocional, seja familiar, de amigos ou profissionais de saúde, torna-se praticamente fundamental no auxílio desses jovens, para que tenham o comportamento mais adequado possível dentro da enfermidade que os acompanha, para que haja um bom enfrentamento da doença e para que possam considerar que a qualidade de vida não é impossível, mesmo que haja a presença da doença.

Apoio sócio-emocional fornecido pela equipe de saúde

A equipe de saúde, de um modo geral, tende a visar muito o aspecto fisiológico da doença, dando mais atenção ao cuidado dos sinais e sintomas físicos sem se importar com o aspecto social, de como a doença pode afetar a vida dos jovens, prejudicando as relações com amigos, família e outros círculos de convivência, podendo gerar depressão, estresse, medo e insegurança, causando assim uma má convivência da doença, gerando baixa adesão ao tratamento e atitudes que podem ser prejudiciais ao bom andamento do mesmo. Desse modo, enfatiza-se que hoje é necessário que exista um processo de mudança no olhar da equipe de saúde, que antes se voltava mais para os procedimentos técnicos. Agora, cada vez mais, mostrase a necessidade de buscar promover um cuidado holístico, ou seja, um olhar físico, psicológico e social tanto sobre o cliente quanto sobre sua família(21). O adolescente e o adulto jovem portadores de doença crônica merecem atenção especial, não somente do ponto de vista biológico e técnico, mas também nas dimensões psicológicas, sociais, econômicas e espirituais. Além disso, é importante termos a ideia de que o suporte social auxilia a terapêutica juntamente com os amigos e o hospital(9).

É importante sabermos que a equipe de saúde, principalmente o enfermeiro, é considerada um dos meios de apoio sócio-emocional para os adolescentes e adultos jovens, já que se encontra em permanente contato com os mesmos. Desse modo, enfatiza-se o papel do enfermeiro como principal elo entre a equipe de saúde e as redes de apoio, pois o mesmo é capaz de estabelecer uma relação de proximidade com as pessoas e suas famílias, além de se encontrar numa posição privilegiada para promover recursos de apoio disponíveis às pessoas, por meio de intervenções tanto na rede social quanto na equipe de saúde(22).

Sabendo da importância do apoio sócio-emocional fornecido pelo profissional de saúde, é necessário que tenhamos a noção do quão importante é proporcionar sempre um ambiente confortável e acolhedor ao paciente e manter sempre uma relação de confiança e respeito com o mesmo, pois, por muitas vezes, dependendo de cada pessoa, aquele ambiente com aqueles profissionais é o único local no qual poderá receber apoio. A doença crônica fragiliza o portador e família, sendo essencial que o serviço de saúde frequentado por eles seja acolhedor e agradável e, também, um local onde ele possa dividir angústias, incertezas e medos sem ser reprimido, prestando assim um atendimento humanizado e individualizado(21).

Em se tratando de adolescentes e adultos jovens, visto que são fases da vida difíceis e que podem gerar estresse para os mesmos, é ainda maior a necessidade de realizar um atendimento adequado, humanizado e individualizado, procurando entender seus medos e angústias, pois nesses casos, caso não haja a criação de uma relação de confiança na qual o profissional deixe claro a intenção de apoio, não haverá comunicação adequada e, consequentemente, o atendimento não ocorrerá da forma mais adequada possível. O sentido comum nos leva a pensar que um adolescente ou adulto jovem com uma doença para toda a vida perceberá que tem uma maior possibilidade de qualidade de vida quando sentir que possui apoio e que pode contar com ele(23-24).

Devemos considerar que o adolescente e o adulto jovem vivenciam sentimentos e situações complexas no cotidiano da doença crônica, o que determina a importância dos profissionais de saúde em conhecer essas demandas e as incorporarem ao plano de cuidados(10). Quando ocorre a incorporação desses tipos de demandas ao plano de cuidados, uma das formas que podemos exercer, enquanto profissionais de saúde, é o apoio sócio-emocional, pois é a partir deste que poderemos proporcionar uma possível "descomplexidade" dos sentimentos e situações que irão os acompanhar e, consequentemente, estes poderão realizar o tratamento proposto da melhor forma possível, sem que haja complicações para suas condições, já que a intervenção direcionada ao fornecimento de apoio adequado, desenvolvida também pelos cuidadores de pessoas acometidas por enfermidades crônicas, pode contribuir para a melhora das condições de saúde dos pacientes, uma vez que tende a aumentar a adesão ao tratamento e seu engajamento em comportamentos saudáveis(20).

 

Conclusão

Podemos chegar à conclusão que o apoio sócio-emocional é de fundamental importância no cuidado de pacientes portadores de qualquer tipo de enfermidade. O fato de ser uma doença crônica apenas incrementa a situação, deixando o indivíduo ainda mais vulnerável pelo fato de ser uma doença incurável, que trará estresses diários a sua vida e, portanto, tornando esse indivíduo ainda mais necessitado de cuidados técnicos e biológicos e de apoio sócio-emocional tanto dos amigos e familiares quanto da equipe de saúde que trabalha junto ao mesmo.

Em relação à presença de doenças crônicas em adolescentes e adultos jovens, podemos concluir que é um fato ainda mais preocupante, já que ambos se encontram em fases que são consideradas problemáticas: a adolescência por ser um período de transição e construção da identidade e a fase do adulto jovem pelo fato de ser um período onde ocorrem as escolhas relacionadas à estabilidade profissional, conjugal e à afirmação da identidade que foi adquirida na adolescência. Já que ambas as fases são consideradas fases de boa saúde e extrema vitalidade, o surgimento de uma doença, principalmente uma que não tenha cura, pode trazer medos, angústias, ansiedade e comportamentos de rebeldia em relação ao tratamento e a boa convivência com a doença. Desse modo, podemos notar que apoio sócio-emocional, seja familiar, de amigos, religião, profissionais de saúde ou qualquer outro, torna-se fundamental para que esses pacientes possam ter uma boa adesão ao tratamento e consigam conviver com a doença da forma mais adequada possível e menos prejudicial ao tratamento.

No que diz respeito ao apoio sócio-emocional relacionado exclusivamente ao profissional de saúde, podemos notar que tem importância fundamental. É um ato de cuidado que deve ser mais explorado pelos profissionais de um modo geral, inclusive incluindo atividades relacionadas à promoção do apoio social dentro do plano de cuidados dos adolescentes e dos adultos jovens, assim como dos demais pacientes, já que pode ser um fator que auxiliará no tratamento, como já foi citado anteriormente.

É importante salientar para a deficiência no que diz respeito aos artigos relacionados ao adulto jovem, em especial quando está relacionado à doença crônica ou apoio social, já que observando os números de artigos encontrados em todas as bases de dados utilizadas, podemos notar uma grande discrepância em relação aos demais descritores. O descritor "adulto jovem" quando utilizado sozinho, mas principalmente quando está associado aos demais descritores utilizados como "adulto jovem + doença crônica", "adulto jovem + apoio social" e "adulto jovem + doença crônica + apoio social", praticamente nenhum artigo relacionado ao tema foi encontrado nas três bases de dados utilizadas.

 

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