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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.17 no.49 Murcia ene. 2018  Epub 14-Dic-2020

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.17.1.276931 

Originales

Medidas para adesão às recomendações de biossegurança pela equipe de enfermagem

Eliana Ofelia llapa-Rodríguez1  , Gilvan Gomes da Silva2  , David Lopes Neto3  , Maria Pontes de Aguiar Campos1  , Maria Claudia Tavares de Mattos1  , Liudmila Miyar Otero1 

1Profesor/a Doctor del Departemento de Enfermería de la Universidad Federal de Sergipe. Brasil.

2Estudiante de Enfermería de la Universidad Federal de Sergipe. Brasil.

3 Profesor Doctor de la Escuela de Enfermería de Manuas. Universidad Federal do Amazonas. Brasil.

RESUMO

Objetivo

Avaliar o conhecimento as recomendações de biossegurança junto aos profissionais de enfermagem em Unidades de Terapia Intensiva.

Método

Quantitativo, descritivo e de corte transversal. Utilizou-se questionário adaptado para avaliar a adesão às recomendações de biossegurança.

Resultados

Dos 145 profissionais da enfermagem entrevistados, 88,3%(128) afirmaram terem recebido capacitação acerca de biossegurança. Quanto a higienização das mãos (HM) com água e sabão, 97,9%(142) mencionaram realizar este procedimento antes/após o contato com o paciente e antes/após remoção das luvas estéreis ou de procedimentos. Por outro lado, a maioria afirmou ter conhecimento quanto ao uso de EPI. Destaca-se fragilidades ainda nos quesitos conhecimento quanto as propriedades do álcool e riscos ocupacionais. A principal dificuldade apontada para o uso desses equipamentos foi a indisponibilidade na unidade.

Conclusão

A maioria dos profissionais de enfermagem demonstrou ter conhecimento sobre biossegurança. No entanto este conhecimento não garante o cumprimento das normas pelos profissionais.

Palavras-chave: Exposição a Agentes Biológicos; Segurança do Paciente; Equipe de Enfermagem

INTRODUÇÃO

De caráter multidisciplinar, normativa, doutrinária, de condutas redutoras e eliminadoras de risco, a biossegurança é uma combinação de boas práticas que têm revolucionado os processos de trabalho em saúde1, por meio da adoção de prioridades e estratégicas.

Nessa perspectiva, pesquisas têm identificado diferentes ações para mudar o comportamento de profissionais de saúde, especialmente quanto ao uso contínuo de equipamentos de proteção individual2 e coletivo3, buscando aumentar a conscientização profissional para uma prática segura e globalizada.

Considerando as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS)4, a biossegurança em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) passou a ser foco de investigação devido ao número de pacientes graves que demandam cuidados de alta complexidade, o que torna o profissional de enfermagem suscetível a contrair doenças decorrentes de procedimentos que envolvem riscos biológicos, químicos, físicos, ergonômicos e psicossociais5.

Por esta razão, a atenção às questões de biossegurança, junto aos trabalhadores de enfermagem que atuam nestas unidades, faz-se necessária no intuito de reduzir os riscos de contaminação e acidentes no trabalho6.

Estudos identificaram os profissionais de enfermagem como a categoria que está mais susceptível a acidentes de trabalho, devido ao maior número exposições envolvendo material biológico. A elevada exposição relaciona-se com o fato de ser o maior grupo de profissionais nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência, bem como pela frequência e tipo de procedimentos realizados7)(8.

Neste panorama foi instituída no Brasil a Norma Regulamentadora de número 32 (NR 32), do Ministério do Trabalho e Emprego, com objetivo de estabelecer as diretrizes básicas para que os estabelecimentos de saúde possam implementar medidas de proteção à segurança e à saúde dos profissionais9.

Apesar dessas diretrizes e medidas preventivas, a baixa adesão desses profissionais na utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC), somada a não adoção das medidas de precaução estão relacionadas ao conhecimento e atitude dos profissionais. Destacaram-se entre os fatores que predispõem à baixa adesão: a dificuldade de adaptação ao uso do EPI, a inadequação do equipamento, a desmotivação, a sobrecarga de trabalho, a estrutura física inadequada, a ausência ou inacessibilidade dos equipamentos no posto de enfermagem e a falta de conhecimento dos riscos ocupacionais (10.

Diante disso, o estudo teve por objetivo avaliar o conhecimento e identificar fatores que influenciam na adesão às recomendações de biossegurança junto aos profissionais de enfermagem das Unidades de Terapia Intensiva de um hospital referência no Estado de Sergipe/Brasil.

MATERIAL E MÉTODOS

Estudo quantitativo, descritivo e de corte transversal, desenvolvido em três unidades de terapia intensiva (geral, cirúrgica e pediátrica) de um hospital de grande porte do estado de Sergipe, Brasil, com capacidade física de 574 leitos, que presta atendimento por meio de diversas especialidades, sendo campo para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão.

A população do estudo foi constituída, inicialmente, por 230 profissionais de enfermagem, sendo 176 técnicos de enfermagem e 54 enfermeiros, distribuídos em três turnos de trabalho. Deste total, foram excluídos 49 profissionais por estarem de férias e licença para tratamento de saúde. Logo, da amostra de 181 participantes, obtida por conveniência e, em seguida, foram excluídos 36 questionários por preenchimento incompleto, resultando em 145 participantes efetivos para a presente pesquisa.

O presente estudo contemplou os seguintes critérios de inclusão: profissionais de enfermagem que trabalhasse por no minimo seis meses na unidade pesquisada e como critérios de exclusão profissionais de enfermagem que estivessem de férias, licenca ou que não se encontravam presentes na unidade nos momentos da coleta de dados.

O estudo teve início após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe sob Certificado de apresentação para apreciação ética n.º 25183913.2.0000.5546.

A coleta de dados foi realizada, no período de outubro de 2014 a fevereiro de 2015, por meio de questionário adaptado e autoaplicável, composto por 24 questões de múltipla escolha15. Ressalta-se que foi solicitada autorização prévia dos autores. O instrumento é composto de duas partes: dados para caracterização da amostra e questões relativas às recomendações de biossegurança.

Antes de iniciar a coleta de dados, os entrevistadores obtiveram o consentimento dos participantes que foram abordados durante a troca de turno ou horário de descanso para não interromperem as atividades assistenciais.

O software Graphpad Prism 5 foi usado para a análise dos dados, com aplicação de estatística descritiva, gerando médias, desvio padrão e comparando as respostas de ambas as categorias, por meio do teste t de Student.

RESULTADOS

Em relação a caracterização da amostra dos 145 profissionais, observou-se que 71,7%(104) eram técnicos de enfermagem e 28,3%(41) enfermeiros.

Desse total, 77,2%(112) eram do sexo feminino, 70,3%(102) encontravam-se na faixa etária de 22 a 35 anos e 76,6%(111) possuíam até dez anos de experiência na profissão. Em relação a adesão à vacinação, 77,9%(113) relataram terem sido imunizados contra Hepatite B, com três doses.

Dos 104 técnicos de enfermagem, 24%(25) deles possuíam, também, curso superior de graduação, com predomínio de cursos nas áreas de ciências da saúde (16,3% - 17) e ciências humanas (7,7% - 8).

Na análise referente ao conhecimento acerca de biossegurança, adquirido durante a formação, 88,3%(128) afirmaram terem recebido essa atualização em conteúdo curricular. Desse total, 57,2%(83) buscaram a atualização do conhecimento há mais de dois anos, ainda informaram que o fizeram por meio de leituras em revistas cientificas, estudos online em sites eletrônicos e momentos presenciais com participação por meio de treinamento em serviço, cursos, palestras e simpósios.

Quanto a higienização das mãos (HM) com água e sabão, 97,9%(142) dos profissionais mencionaram realizar este procedimento antes/após o contato com os pacientes e antes/após remoção das luvas estéreis ou de procedimentos. E, quanto ao uso de luvas, 92,4%(134) mencionaram utilizar luva estéril ou de procedimento quando da manipulação de materiais com risco de exposição.

O conhecimento da propriedade de inibição do crescimento microbiano do álcool a 70%, foi referido por 51%(53) dos técnicos de enfermagem e 71%(29) dos enfermeiros, apresentando significância (p=0,0306). Ainda, 62,5%(65) dos técnicos de enfermagem e 85,3%(35) dos enfermeiros afirmaram que esta solução não possuía a propriedade de potencializar a eliminação de sujeira e material orgânico (p= 0,0074).

Assim, 63,4%(66) dos técnicos e 83%(34) dos enfermeiros referiram que este produto poderia ser usado na ausência de sujidade visível (p=0,0225). Com relação à recomendação de uso “somente durante o contato com o mesmo paciente”, 86,5%(90) dos técnicos de enfermagem e 97,5%(40) dos enfermeiros afirmaram não conhecer esta recomendação, sendo o item significativo (p=0,04970).

Observou-se na análise do item “risco de desenvolver infecção na mucosa ocular do profissional após o contato de sangue” que 52%(54) dos técnicos e 83%(34) dos enfermeiros afirmaram existir risco se o paciente apresentasse alguma doença infecciosa transmitida pelo sangue, com significância de 0,0022.

Quanto as possíveis infecções que podem ser adquiridas devido à natureza do trabalho na UTI, 96,6%(140) dos profissionais mencionaram a Hepatite B, C e o HIV, entre as principais. Em relação à realização de exames sorológicos após um acidente de trabalho envolvendo fluidos corporais, 90,3%(131) afirmou que devem ser realizados teste para HIV, Hepatite B e C (no dia do evento, três, seis e doze meses) após o acidente.

Questionados sobre as medidas de precaução padrão, os entrevistados afirmaram que as medidas consistem em usar EPI, lavar as mãos, serem vacinados contra hepatite B e desprezar material perfurocortante em recipiente de paredes rígidas, com porcentagem de 100%(104) e 95%(39), para os técnicos e enfermeiros, respectivamente (p=0,0233). Contrariamente 100%(104) dos técnicos e 95%(39) dos enfermeiros consideraram que usar máscara facial, propés, álcool 70% para fricção das mãos e serem vacinados contra tétano não são consideradas medidas que garanta efetivamente a biossegurança (p=0,0233).

Foram, também, apontadas dificuldades a respeito do uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), destacando que 38,6%(56) dos entrevistados manifestaram dificuldade na utilização de óculos protetores, 15%(22) no uso de dois tipos de EPI, entre luvas, máscara e óculos, 9%(13) no uso de todos os equipamentos, 6,2%(9) em três tipos de EPI, entre máscara, luvas, óculos e capote, 5,5%(8) para máscara e 3,4%(5) para o uso de capote/avental.

A principal dificuldade mencionada para o uso desses equipamentos foi a indisponibilidade na unidade, sendo que 29%(42) para uso de óculos e 23,4%(34) para uso do capote. Quando ao uso de máscara, 68%(71) dos técnicos e 85%(35) dos enfermeiros afirmaram não ter dificuldade (p=0,0365). Destaca-se que para o 74%(77) dos técnicos de enfermagem e 90%(37) dos enfermeiros (p=0,0321) o embaçamento das lentes dos óculos não foi identificada como dificuldade para adesão.

A respeito do procedimento de limpeza na presença de contaminação de superfícies com materiais biológicos, especificamente no leito do cliente, 48,3%(70) afirmou que deve ser realizada imediatamente a desinfecção com álcool a 70%, e 40,7%(59) considerou necessária a limpeza inicial com água e sabão, seguida de álcool a 70%. Em relação ao descarte de lixo produzido, 84,1%(122) referiram a necessidade de acondicionar em saco plástico branco leitoso devidamente identificado.

DISCUSSÃO

A amostra participante desta pesquisa, pela idade, pode ser considerada como uma população jovem e produtiva, similar a estudos realizados com profissionais de enfermagem em unidade de terapia intensiva12)(13.

Em relação ao tempo de atuação, a maior parte dos profissionais participantes possuíam até dez anos de experiência. Em pesquisa realizada com profissionais da enfermagem de unidade terapia intensiva, foi verificado que 64% (16) dos profissionais possuíam tempo de experiência menor que cinco anos (12. Todavia, afirma-se que, para cada ano de prática, os riscos de acidentes no trabalho diminuem. Portanto, profissionais com menos de cinco anos de trabalho apresentam mais chances de sofrerem acidentes ocupacionais14.

Dos profissionais técnicos entrevistados, uma porcentagem pouco significativa cursou graduação. Dados que corroboram com estudo realizados no nordeste, com profissionais técnicos de UTI e da Urgência, onde 28,97% (53) deles tinham curso de graduação15.

Do total de profissionais, a maioria afirmou que durante sua formação tiveram atualização sobre a temática há mais de dois anos, sendo que o meio mais utilizado foram as revistas cientificas e sites eletrônicos, similar a pesquisas12)(16. Desta forma, pode-se inferir que profissionais de enfermagem veem manifestando grande preocupação quanto à sua atualização.

A educação, sem dúvida, é um instrumento potente para corrigir o descompasso entre a formação, o exercício da prática, os princípios e as diretrizes do SUS entre profissionais da saúde17. O componente educativo em instituições de saúde é essencial para o desenvolvimento de competências profissionais, bem como um fator fundamental para o alcance da qualidade na assistência e a experiência prática em enfermagem.

Quanto à higienização das mãos (HM) com água e sabão, a maioria dos profissionais demonstrou conhecimento acerca das recomendações, corroborando com outros estudos2)(18. Destaca-se que a realização da HM, durante a prática profissional em saúde, contribui para a prevenção de Infecções Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) interrompendo o ciclo de transmissão de patógenos19.

Nesta amostra, a maioria dos profissionais informou sempre utilizar luvas estéreis ou de procedimentos ao manipularem material com risco biológico. Em contrapartida, estudo sobre biossegurança mostra que nas punções venosas executadas por profissionais de enfermagem 68% foram realizadas sem luvas de procedimento20. Todavia, destaca-se que o EPI mais frequentemente usado durante a realização de procedimentos são as luvas16. A respeito, pode-se destacar que o conhecimento que o profissional possui acerca de determinado quesito não necessariamente pode significar a adesão ao mesmo, cabendo-lhe a conscientização quanto ao uso adequado dos EPI.

No que se refere ao conhecimento sobre a propriedade de inibição do crescimento microbiano do álcool a 70%, a maioria, mas não a totalidade, dos profissionais apresentam este conhecimento. A respeito, estudo11 afirmou que 58,8% dos participantes responderam que o álcool é utilizado devido a sua capacidade de esterilização, 18,7% devido à capacidade de reduzir e eliminar a matéria orgânica das mãos, e 14,1% devido à inibição do crescimento bacteriano.

Segundo a ANVISA, a fricção das mãos com preparações alcoólicas deve ter duração de 20 a 30 segundos, sendo efetiva para redução da carga microbiana das mãos. A sua utilização pode substituir a higienização com água e sabão, desde que não haja presença de sujidade aparente21.

Os profissionais mencionaram que entre as principais infeções a serem adquiridas pela natureza do trabalho encontram-se a Hepatite B, C e o HIV. Em consonância com o estudo, 96,3% dos participantes identificaram o HIV e o vírus das hepatites B e C como principais infeções relacionadas ao trabalho11. Ainda foi verificada uma grande preocupação por parte dos profissionais com relação as doenças infectocontagiosas22.

A respeito do conhecimento relativo ao período de realização de exames sorológicos após acidente de trabalho envolvendo fluidos corporais, a maioria mostrou ter conhecimento a respeito do quesito. Ressalta-se que a avaliação médica após exposições ocupacionais é imprescindível para analisar a gravidade da exposição, bem como para prescrever e indicar a quimioprofilaxia no menor tempo possível23.

Quanto ao conhecimento acerca das medidas de precaução padrão a maioria dos entrevistados afirmavam ter conhecimento. Semelhante a investigação realizada pela Comissão de Controle de Infecção de Hospital Português constatando que 93% dos inquiridos afirmaram conhecer essas medidas24. Todavia, outro estudo evidenciou que a maioria dos profissionais demonstrou pouco conhecimento acerca das medidas de precaução padrão e dos riscos aos quais estão expostos 25. Este contexto nos leva ainda a refletir sobre a necessidade de continuar reforçando a adesão dos profissionais quanto as medidas de biossegurança.

A respeito, a adesão à Precaução Padrão (PP) está relacionada com a segurança individual dos trabalhadores. A fim de controlar as infecções hospitalares, faz-se necessário adotar medidas preventivas pré e pós-exposição aos riscos. Assim, a PP fundamenta-se na adoção de estratégias frente a assistência a qualquer paciente com suspeita de contaminação ou processo infeccioso evitando, assim, a disseminação de microrganismos patógenos26

Referente à dificuldade para uso de óculos e máscara, este fato também foi verificado em estudos27. Todavia, a dificuldade no uso de óculos protetores esteve relacionada, principalmente, ao uso coletivo, haja vista que os profissionais compartilham o mesmo equipamento causando, assim, uma insegurança quanto à assepsia do equipamento11.

Ainda, as dificuldades no uso do capote/avental estiveram relacionadas a indisponibilidade na unidade, ao esquecimento por parte do profissional, ao pouco tempo para vestir (em situação de emergência) e a crença de seu uso ser irrelevante 11. Estudo mostrou que as dificuldades indicadas pelos profissionais para a baixa adesão ao uso dos EPI estão associadas a fatores organizacionais, gerenciais e relacionais, entre eles: estrutura física inadequada, disponibilidade e acessibilidade aos equipamentos de proteção, falta de rotinas, sobrecarga de trabalho, estresse, improvisação e desgaste nas relações de trabalho10.

Quanto ao procedimento de limpeza comumente adotado em caso de contaminação de superfícies com materiais biológicos, especificamente o leito do cliente, a maioria dos entrevistados não considerou ser necessária a limpeza com álcool a 70% ou com água e sabão. Diante desse resultado, deduz-se que os métodos de limpeza e desinfecção na instituição estudada precisam ser revistos. Nesse contexto, de acordo com a ANVISA28, a limpeza consiste na remoção de sujeira visível (orgânica e inorgânica) dos objetos e superfícies, podendo ser manual ou mecânica, usando água e sabão ou produtos enzimáticos e ainda é considerada uma etapa essencial para o sucesso da desinfecção, posto que a presença de matéria orgânica e inorgânica é capaz de interferir na eficácia desse processo.

Em relação ao descarte de lixo produzido, a maioria dos profissionais afirmou a necessidade de utilizar saco plástico, branco leitoso, devidamente identificado. Pesquisa realizada no Hospital das Clinicas de Porto Alegre com trabalhadores de enfermagem, constatou-se que, apesar dos profissionais afirmarem realizar a separação do lixo hospitalar, a maioria deles desconhece as normas, o que leva a uma ação inadequada29. Em consonância, estudo desenvolvido em hospital público do Paraná identificou a presença de lixo comum acondicionado em saco plástico branco leitoso30, o que evidenciou falta de conhecimento na normatização.

CONCLUSÃO

A maioria dos profissionais demonstrou ter conhecimento acerca da temática de biossegurança quanto às recomendações da HM, do uso de luvas, das propriedades do álcool a 70%, dos riscos ocupacionais e sobre as medidas de precaução padrão. No entanto, a pesar de serem a maioria é necessário destacar que como mostrado nos resultados algumas porcentagens não são significativas para a categoria estudada especificamente nos quesitos conhecimento quanto as propriedades do álcool e dos riscos ocupacionais. Por outro lado, destaca-se que a posse do conhecimento não garante a efetiva adesão dessas medidas nas unidades estudadas. Ressalta-se, ainda, que existe uma parcela de profissionais que não apresentam conhecimento coerente ao esperado.

Quanto aos fatores que dificultaram a adoção de medidas de biossegurança foi indicado como principal justificativa a indisponibilidade na unidade. Quanto a contaminação de superfícies, a maioria dos entrevistados não considerou ser necessária a desinfecção com álcool a 70%, quesito que denota ser uma fragilidade.

Frente aos resultados, faz-se necessário continuar fomentando estratégias para adoção de medidas de biossegurança em sintonia com a política de segurança do paciente.

É imprescindível que os profissionais de enfermagem compreendam a necessidade do autocuidado, minimizando os riscos ocupacionais a que estão expostos durante o exercício de sua profissão, situação que contribuirá para a qualidade no saber-fazer em enfermagem.

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Recebido: 03 de Dezembro de 2016; Aceito: 07 de Abril de 2017

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