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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.17 no.52 Murcia oct. 2018  Epub 01-Oct-2018

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.17.4.309091 

Originais

Preditores para ansiedade pré-operatória moderada e grave em pacientes cirúrgicos hospitalizados

Lorena Morena Rosa Melchior1  , Regiane Aparecida dos Santos Soares Barreto2  , Marinésia Aparecida Prado2  , Karla Antonieta Amorim Caetano2  , Ana Lúcia Queiroz Bezerra2  , Thais Vilela de Sousa3 

1 Máster en Enfermería. Facultad de Enfermería de la Universidad Federal de Goiás (UFG). Brasil. lorena_melchior@hotmail.com

2 Doctora en Enfermería; Docente de la Facultad de Enfermería de la UFG. Brasil.

3 Residente de Enfermería del Hospital de las Clinicas-UFG. Brasil.

RESUMO:

Objetivo:

Estimar a prevalência de ansiedade e os preditores de ansiedade moderada e grave no período pré-operatório de cirurgia eletiva.

Método:

Estudo transversal analítico. A população foi constituída de pacientes cirúrgicos hospitalizados e amostra de 200 pacientes, após o devido cálculo amostral. Para análise, utilizou-se o Teste de Qui-quadrado de Pearson e a Regressão de Poisson bruta e ajustada.

Resultados:

A prevalência de ansiedade pré-operatória foi de 53,0% (n=106) (IC 95% 46,06/59,85), sendo que 33,0% (n=35) (IC 95% 24,5/42,3) dos pacientes apresentaram ansiedade moderada e grave. Análise multivariada, o sexo, a ocupação e o medo da anestesia se mantiveram significativos, configurando se em preditores. Apesar do medo da cirurgia não ter se mantido, ao avaliar as categorias separadamente, o medo de erros mostrou relação significante com a ansiedade moderada e grave no modelo ajustado.

Conclusão:

No presente estudo, a prevalência de ansiedade é alta. O sexo, a ocupação, o medo da anestesia e o medo de erros durante procedimento anestésico-cirúrgico se configuram em preditores para ansiedade moderada e grave no período pré-operatório. O perfil do paciente ansioso em níveis moderado e grave foi do sexo masculino, na faixa etária de 50 a 69 anos, de baixa escolaridade, casados, em situação instável de trabalho (sem carteira assinada ou desempregado), residentes no interior de Goiás e em casas onde o único provedor do lar era o paciente, submetidos a cirurgias prévias e com tempo de internação pré-operatória menor de 24 horas.

Palavras-chave: Enfermagem; Ansiedade; Cirurgia; Período perioperatório

INTRODUÇÃO

Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo ou de algo desconhecido. Tais aspectos da ansiedade podem ser mensurados por meio da utilização de instrumentos como a escala de ansiedade de Hamilton, o inventário de Beck, a escala Hospitalar de Ansiedade e depressão e outras. As mesmas têm a finalidade de avaliar a ansiedade do paciente em determinados momentos, assim como no período pré-operatório, contribuem para delinear os graus de ansiedade do paciente cirúrgico, classificando-a em níveis leve, moderado e grave1)(2)(3 .

A mensuração do nível de ansiedade por muitas décadas foi considerada complexa, motivando vários investigadores descreveram métodos diferentes para quantificá-la, o que vem efetivado por meio de ferramentas diversas. Entre as ferramentas disponíveis, a escala de ansiedade de Hamilton atualmente, tem mostradoresultados consistentes. A Escala avalia 14 itens, os primeiros sete itens estãorelacionados aos sintomas de humor ansioso e o os outros sete sintomas físicos. Um escore é obtido pela somados resoectivos itens, cujo resultado pode variar de 0 a 56, sendo de zero a 17, ansiedade normal, de 18 a 24, ansiedade leve, de 25 a 29 ansiedademoderada e >30, ansiedade severa4 .

Qualquer estado de ansiedade no paciente em pré-operatório é preocupante, e em níveis moderado e grave, o impacto na segurança do paciente pode ser intensificado, e tornar o momento propício à eventos inesperados, impactando no resultado cirúrgico, ou na possibilidade de suspensão da cirurgia. Além disso, pode gerar sentimentos e atitudes irracionais a respeito de várias situações e momentos relacionados aos procedimentos necessários ao processo anestésico-cirúrgico2)(5)(6 .

O processo anestésico-cirúrgico é complexo e crítico, na maioria das vezes, uma realidade súbita e imposta, que provoca alterações profundas na vida do paciente e sua família. Gera implicações no bem-estar e saúde, bem como nos padrões fundamentais da vida, em nível individual e Familiar5)(6 .

No período perioperatório, a ansiedade passa a ser reconhecida como preocupantepara a equipe de saúde quando se apresenta em níveis acima do normal, pois as reaçõespodem serdesproporcionais em relação ao estímulo e interferiremna qualidade de vida, no conforto emocional, e no desempenho diário. O paciente torna-se predisposto à dificuldade de acesso venoso, à rigidez da mandíbula na indução anestésica, a flutuações autonômicas e hemodinâmicas, necessitando de maiores doses de anestésicos e outros fármacos. No período pós-operatório, a ansiedade tem sido correlacionada à dor, náuseas e vômitos, ao retardo na recuperação e consequente aumento do risco de infecção2)(7 .

A preocupação quanto à assistência segura do paciente no perioperatório é atualmente um desafio. São diversos os aspectos preocupantes relacionados a esse momento, um deles, sem dúvida perpassapelo controle da ansiedade. Conhecer os preditores, o perfil, as características, os sinais e sintomas do paciente ansioso no pré-operatório, oferecemsubsídios ao planejamento de ações e àassistência de enfermagem baseada em evidências. Acredita-se que a ação de enfermagem direcionada a partir deste conhecimento contribuirá para redução dos níveis de ansiedade, proporcionando condições para que o paciente tenha comportamento colaborativo, e seguro no enfrentamento do processo perioperatório.

OBJETIVO

Identificar os preditores de ansiedade moderada e grave e o perfildopaciente ansioso no períodopré-operatóriode cirurgia eletiva.

MATERIAL E MÉTODO

Aspectos éticos

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (Parecer: 1.685.138) e os aspectos éticos foram contemplados. Os participantes aceitaram em fazer parte da pesquisa após leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e informado quanto aos objetivos e finalidades da pesquisa. Não foi oferecida recompensa aos sujeitos, mas assegurado o sigilo da sua identidade.

Desenho, local do estudo e período

Estudo do tipo transversal e analítico, realizado em um hospital universitário de grande porte, de nível terciário e atendimento de media e alta complexidade, localizado na região centro oeste do Brasil, no período de junho a setembro de 2016.

População, critérios de inclusão e exclusão

A população de referência foi constituída de pacientes, internados na clinica cirúrgica do hospital e com cirurgias programadas. A amostra foi de 200 pacientes obtida após o cálculo amostral, no software G.Power, considerando o tipo do estudo, erro absoluto de 5%, efeito do delineamento de 0,1 e poder de teste de 86%. Considerou-se como critérios de inclusão, a faixa etária a partir de 18 anos, está classificado segundo a American Society of Anesthesiologists (ASA) <IV, encontrar-se lúcido, verbalizando e em condições clínicas satisfatórias para a entrevista; estar noperíodo pré-operatório com antecedência de até 36 horas da cirurgia programada.

Protocolo do estudo

Para a coleta de dados foram utilizadostrês instrumentos. Um formulário estruturado contendo variáveis sócio-demográficas, clínicas e cirúrgicas elaboradas para o estudo e validadas quanto à forma e pertinência dos itens; A escala de ansiedade Hamilton4 , e a escala numérica de dor8 .

A Escala de Ansiedade de Hamilton écomposta por 14 itens de quatro pontos (0= nenhum e 4 = máximo), possui dois grupos com sete itens cada, o primeiro, relacionado aos sintomas de humor ansioso (1 ao 7) e o segundo aos sintomas físicos de ansiedade (8 ao 14). O escore total é obtido pela soma valores (graus) atribuídos nos 14 itens, cujo resultado pode variar de 0 a 56, sendo de zero a 17, ansiedade normal; 18 a 24, ansiedade leve; 25 a 29, ansiedade moderada e 30 ou mais, ansiedade severa4 .

A Escala numérica de dor consiste numa régua numerada de 0 a 10, apresentada ao paciente na horizontal e na vertical, que mede a intensidade da dor percebida, na qual o valor zero é “Sem Dor” e 10 a “Dor Máxima” (8 .

Os pacientes elegíveis e que aceitaram participar da pesquisaforam entrevistados individualmente, em média durante 30 minutos, no próprio leito, mediante a autorização prévia da Gerente de Enfermagem e apresentação dos objetivos do estudo, ressaltando a importância dos resultados para aprofundamento e conhecimento da temática naquele contexto.

Análise dos resultados e estatística

Todos os dados foram catalogados e organizados em planilha formatada do programa Excel. A análise estatística foi realizada pelo software SPSS, versão 20.0.

A caracterização da população foi feita por meio de calculo das frequências absolutas e percentuais. Processou-se o teste de Qui-quadrado de Pearson para verificar associação entre as variáveis independentes e o desfecho. O nível de significância foi de 5%. A Razão de Prevalência (RP) foi avaliada por meio da Regressão de Poisson bruta e ajustada. As variáveis que apresentaram p≤0.20 na análise bruta foram utilizadas como ajuste para o modelo final.

RESULTADO

A amostra do presente estudo foi composta por 200 pacientes em pré-operatório. A faixa etária variou de 18 a 72 anos, 40,5% (n=81) possuíam de 50 a 69 anos, e quase a metade, 49,5% (n=99) residia no interior do estado de Goiás. Quanto à escolaridade 55,0% (n=110) tinham menos de nove anos de estudo e no tocante à renda, 47,0% (n=94) eram os únicos provedores da casa, destes 38,2% (n=36) não trabalhavam formalmente (Tabela 1 ).

Tabela 1 Perfil sociodemográfico dos pacientes em pré-operatóriona clinica cirúrgica do hospital. Goiânia-GO, 2016. 

Quanto às características clínico-cirúrgicasda amostra, 61,5% (n=123) negaram doenças crônicas, 87,5% (n=175) não são tabagistas, 84,4% (n=169) não etilistas e 75,5% (n=151) possuem experiência cirúrgica prévia. As três especialidades cirúrgicas mais frequentes foram ortopedia, ginecologia e cirurgia geral com, 29,0%, 20,5% e 15,5%, respectivamente. O tempo de internação pré-operatória foi inferior a 24 horas em 67% (n=134) dos casos e 26,5% (n=53) relataram dor no pré-operatório (Tabela 2 ).

Tabela 2 Perfil clínico-cirúrgico de pacientes em pré-operatório na clinica cirúrgica do hospital. Goiânia-GO, 2016 

A prevalência de ansiedade pré-operatória foi 53,0% (n=106) (IC 95% 46,06/59,85), sendo que 33,0% (n=35) (IC 95% 24,5/42,3) dos pacientes apresentaram ansiedade moderada e grave. A análise bivariada revelou associação significativaentre a ansiedade pré-operatóriamoderada e grave, e o sexo, a ocupação, o medo da cirurgia (Figura 1 ), o medo da anestesia eo tempo de internação pré-operatória (Tabela 3 ).

Figura 1 Medos relatados por pacientes hospitalizados em pré-operatóriona clinica cirúrgica do hospital. Goiânia-GO, 2016. 

Na análise multivariada, o sexo, a ocupação e o medo da anestesia, se mantiveram significativos, configurando-seem preditores. Apesar domedo da cirurgia não ter se mantido, no modelo ajustado, ao avaliar as categorias separadamente, o medo de erros na cirurgia, mostrou relação significante com a ansiedade moderada e grave. Assim, a prevalência deste tipo de ansiedade é 2,56 (1,01/6,45) vezes maiores que naqueles pacientes que não relataram medos (Tabela 3 ).

O perfil dos pacientes que apresentaram ansiedade pré-operatória moderada e gravefoi de indivíduos com faixa etária entre 50 a 69 anos (51,5%/n=18); de baixa escolaridade (65,7%/n=23); do sexo masculino (82,8%/n=29), casados (57,2%/n=20). Em situação instável de trabalho (sem carteira assinada e/ou desempregado) (71,5%/n= 25), em únicos provedores do lar (63,0%/n=22), residentes do interior de Goiás (74,6%/n=26), submetidos a cirurgias prévias (71,5%/n=25) e com tempo de internação pré-operatória <24 horas (62,8%/n=22) (Tabela 3 ).

Tabela 3 Preditores para ansiedade pré-operatória moderada e grave dos pacientes da clinica cirúrgica do hospital. Goiânia-GO, 2016 

DISCUSSÃO

A hospitalização se constitui como uma experiência difícil a ser enfrentada pelo indivíduo funciona como um agente estressor, uma vez que afasta a pessoa de seu ambiente físico e social e introduz mudanças na vida diária, eliminando a privacidade e a intimidade. Ademais, a ansiedade também está presente nos pacientes internados, e a circunstância de ser submetido aum procedimento anestésico-cirúrgico são ainda mais impactantes, devido ao estigmadas alterações no estado de saúde, as incertezas quanto à recuperação e os medos relacionados a esse momento2)(9 .

A frequência de ansiedade pré-operatória no estudo foi de 53,0%, sendo a prevalência de ansiedade moderada e grave de 33%, dentre os pacientes ansiosos, semelhantes aos achados de um estudo transversal, realizado no Paquistão10 .

Este estudo encontrou na análise de regressão, os preditores para ansiedade: sexo, ocupação, medo da anestesia e medo de erros no procedimento anestésico cirúrgico. Um estudo tranversal com população semelhante realizado por Yilmaz em 2012, na Túrquia, evidenciou correlações entre o nível de ansiedade pré-operatória,o sexo, a escolaridade, o estado civil, a magnitude da operação e o suporte social, no entanto não houve referencias as váriiaveis relacionadas aos medos2 . As varáveis baixa escolaridade e suporte social que evolve a aproximação com a família, também estiverampresentes no perfil dos pacientes ansiosos desse estudo, embora não se mantivesse na análise de regressão.

Um estudo transversal realizado em 2014, num hospital universitário da Ethiopialevantou os preditores para ansiedade pré-operatória e identificou como fatores associados ao medo, o medo de morte, medo do desconhecido, de ser divorciado, do tempo de preparopara operação e a renda11 . Os dados se assemelham aos achados desse estudo, pois os medos do pacientes e a renda podem influcenciar no aparecimento da ansiedade, e a maioria dos pacientes ansiosos estavam em situação instável no trabalho. Já o tempo de internação pré-operatória para cirurgia encontrou relação à ansiedade, na análise bivariada.

Com relação ao perfil do paciente ansioso desse estudo, a faixa etária dos 50 a 69 anos, portanto que inclui os idosos,se assemelha ao estudo prospectivo de dois anos, realizado de janeiro de 2011 a fevereiro de 2013, no departamento de Urologia da Universidade de Ferrara, na Itália. Foram evidenciadas correlação significativa entre ser idoso e apresentar ansiedade devido ao medo de cancelamento, ou ao próprio cancelamento da cirurgia eletiva12 .

Os níveis de ansiedade podem estar associados ao nível de educação formal, pois grande parte dos ansiosos em níveis moderado e grave, assim como ansiosos de forma geral do estudo eram de baixa escolaridade. Outro estudo tranversal também mostrou níveis mais baixos de ansiedade entre pacientes com mais de 12 anos de escolaridade. Indivíduos com nível educacional mais alto podem estimar com maior precisão a cirurgia, e os com nível mais baixo pode ter medo do desconhecido e gerar tais sentimentos nestes pacientes2)(7 .

Varios estudos tem estimada maior prevalência de ansiedade leve em pacientes do sexo feminino, assim como quando analisado a taxa total de ansiosos desse estudo2)(10)(11 . No entanto, quando se analisa a ansiedade moderada e grave, a correlação ocorre no sexo masculino. Acredita-se na preocupação com a manutenção do lar e da família, pois grande parte da amostra erade provedores únicos da casa e em situações de trabalho informal ou desempregados, cuja renda depende de sua autonomia e manutenção de bom estado de saúde.

O fato de a maioria dos pacientes ansiosos residirem em municípios circunvizinhos ao local de internação pode ser um entrave à manutenção das relações sociais. Muitas vezes a falta de apoio no enfrentamento de momentos instáveis de saúde, podeexacerbara ansiedade, tornando-amoderada e grave. Issorequer um plano individualizado e sensível por parte da equipe de enfermagem para fornecer subsídios que ajudem esses pacientesa passarempelo período perioperatório com menores níveis de ansiedade9)(13)(14 .

No que diz respeito acirurgias prévias, os resultados vão ao encontro dos achados do estudo de coorte de Santoset al. (2009), que identificaram a ansiedade mais prevalente no pré-operatório do paciente quando correlacionado com o histórico de cirurgias anteriores. Da mesma forma, o estudo transversal de Ribeiro, defende que os doentes com experiênciacirúrgica apresentam mais ansiedade pré-operatória. Tal associação pode ser relacionada a experiências negativas como complicações, infecções, medos não solucionados, ouaté da baixa relação de confiança com a equipe. Atualmente diversos estudos buscam medidas para conhecer algum mecanismo que auxilie a minimizara ansiedade pré-operatória, por exemplo, aplicação de intervenções e medidas de aprendizagem que contribua na mitigação desse impacto9)(14)(15 .

De acordo com Ribeiro, apesar dainternação para cirurgias programadas ser cada vez mais próxima do dia da cirurgia, é necessário que a equipe de saúde forneça apoio emocional e orientações prévias visando a preparação cirúrgica. As primeiras horas da internação representam uma fase de adaptação, na qual o paciente adentra o hospital, sendo esse momento envolto por sentimentos e medos. Caso não qualificados, esses sentimentos podem sobressair-se e o paciente ser encaminhadoao centro cirúrgicomantendo-se altamente ansioso.

A ansiedade atua sobre o organismo, produzindoalterações nos sinais vitais, podendo ser causado cancelamento ou suspensão do ato cirúrgico que, por suavez, pode gerar maior ansiedade e se tornar um ciclo vicioso. A prática daenfermagem no período pré-operatório quanto ao cuidadoemocional do paciente cirúrgico é de importânciatão relevante quanto o preparo físico. Estudo exploratório prospectivo num hospital particularde grande porte do estado de São Paulo, identificouo diagnóstico de enfermagem Ansiedade, nospacientes em pré-operatório emnível inferior aos que passaram pela visita pré-operatória de enfermagem6)(16 .

A avaliação pré-operatória visa reduzir a ansiedade do paciente e melhorar os resultados cirúrgicos pós-operatórios, sendo parte vital do plano de manejo geral do paciente. Garante a aptidão para ser submetido à cirurgia eletiva, inclusive um paciente emocionalmente preparado. Quaisquer condições que possam afetar a cirurgia podem ser reconhecidas e tratadas com antecedência para reduzir as taxas de suspensões cirúrgicas desnecessárias. Isso irá minimizar os custos desnecessários e reduzir o estresse e ansiedade dos pacientes17)(18 .

Sob esta perspectiva, a assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico com ênfase nos seus aspectos emocionais deve ser conduzida de forma individualizada. É necessário uma sensibilidade e conhecimento da equipe, para os pacientes que apresentam níveis de ansiedade moderada e grave, pois são mais preocupantes, pela repercussão que pode ter no perioperatório. Diante disso deve-se planejar ações e implementá-las desde a recepção do paciente no hospital até a alta, visando uma assistência segura e de qualidade3)(14 .

CONCLUSÃO

No presente estudo, a prevalência de ansiedade em níveis moderada e grave foi de 33% dentre os ansiosos e de 17,5% na amostra geral. O sexo, a ocupação, o medo da anestesia e o medo de erros durante procedimento anestésico-cirúrgico se configuram em preditores para ansiedade em altos níveis no período pré-operatório.

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Recebido: 04 de Novembro de 2017; Aceito: 07 de Dezembro de 2017

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