INTRODUÇÃO
Durante os últimos 30 anos a indústria do Fitness provou ser dinâmica, continuando a crescer e a adaptar-se continuamente às necessidades dos seus consumidores (IHRSA, 2016). Com esse aumento e com a exigência e elevada concorrência entre os serviços existentes, uma das preocupações de gestão do mundo do Fitness é a prestação de um serviço de qualidade, que leve à satisfação, motivação e retenção dos seus praticantes, tendo os instrutores e as interações sociais que se criam um papel muito importante neste sentido (Papadimitriou & Karteroliotis, 2000; Rodrigues et al., 2018; Rosa et al., 2015).
Rodrigues (2000) considera cinco dimensões como sendo as principais funções pedagógicas de um treinador, sendo estas, a instrução, a organização, a interação, o controlo e a atividade. A instrução refere-se às situações de comunicação das tarefas, como seja a informação e a demonstração, ao questionamento e às situações de feedback acerca das tarefas realizadas pelos praticantes, através de correção, da avaliação positiva e da avaliação negativa. Relativamente à instrução Franco, Rodrigues e Balcells (2008), num estudo realizado em aulas de grupo de Fitness de Localizada, constatou que na maioria do tempo da aula (59.8%) os técnicos de exercício físico (TEFs) encontram-se a realizar comportamentos de instrução, seguindo-se comportamentos de controlo (27.6%), particularmente de observação (26.8%). Neste estudo verificou-se ainda que a duração da informação com exercício, que é apresentada enquanto o técnico de exercício físico (TEF) está a realizar exercício juntamente com os praticantes, foi quase 10 vezes superior à demonstração com informação, que é apresentada previamente aos praticantes, e que a informação apresentou valores superiores à correção, denotando que poderá ser estratégico ir continuando a explicação dos exercícios durante a realização dos mesmos pelos praticantes como estratégia de rentabilização do tempo de prática e de evitar correções. Em diversas atividades de grupo de Fitness, nomeadamente, Zumba®, Localizada e Indoor Cycling, verificou-se que os comportamentos de instrução são dos mais preferidos pelos praticantes (Franco, Mercê & Simões, 2015; Franco, Rodrigues & Castañer, 2012; Mercê, Franco, Alves, Campos, & Simões, 2015), reforçando assim a sua importância. A falta de explicação das habilidades motoras poderá levar a que os praticantes não consigam realizar o que lhes é proposto, sentindo-se com falta de competência, o que pode trazer consequências na sua motivação intrínseca e adesão (Rodrigues et al., 2018). Acrescenta-se ainda que no estudo de Franco et al. (2012) a informação, explicando ou relembrando o modo de executar os exercícios, estando ou não o TEF a realizar o mesmo exercício que os praticantes, encontra-se relacionada positivamente com o nível de satisfação dos praticantes.
O comportamento pedagógico dos TEFs tem vindo a ser uma preocupação por parte de vários investigadores, tal como mencionado numa revisão sistemática recentemente desenvolvida por Rodrigues et al. (2018). Neste sentido, alguns instrumentos têm vindo a ser desenvolvidos no contexto do Fitness nomeadamente: o Sistema de Observação do Comportamento dos Instrutores de Fitness (SOCIF), adaptado por Franco et al. (2008), que permite codificar os comportamentos nas principais funções pedagógicas dos TEFs em aulas de grupo; o Sistema de Observação de Feedback de Instrutores de Fitness em Aulas de Grupo (SOFIF-AG), desenvolvido por Franco e Simões (2017), que permite analisar o comportamento de feedback realizado pelos TEFs de aulas de grupo; o Sistema de Observação do Clima de Aulas de Grupo de Fitness (SOCA-AGF), validado por Dias, Franco, Ramos e Simões (2020), que permite analisar o clima numa aula de grupo, o Sistema de Observação da Comunicação Proxémica do Instrutor de Fitness em Aulas de Grupo (SOPROX- Fitness), de Alves et al. (2013), que permite analisar a comunicação proxémica dos TEFs nas aulas de grupo; e o Sistema de Observação da Comunicação Cinésia (SOCIN- Fitness), desenvolvido por Alves et al. (2014), que permite analisar a comunicação cinésia dos TEFs em aulas de grupo. No que diz respeito ao comportamento de instrução foi encontrado um instrumento de observação denominado Sistema de Apreciação da Qualidade e Pertinência da Informação (SAQPI), desenvolvido por Sarmento, Veiga, Rosado e Ferreira (1998), para o contexto de educação física, que tem como objetivo apreciar a qualidade formal e de conteúdo dos momentos de informação, através da análise de fatores determinantes da veiculação da informação e de organização estrutural da mensagem, utilizáveis quando existisse introdução de novos conteúdos, apresentação de tarefas ou exercícios, particularmente no início, no decorrer e no encerramento da aula. Os comportamentos são, neste sistema, codificados utilizando uma escala de apreciação de sim ou não para cada um dos episódios de informação. Este é constituído por três critérios/dimensões de análise, compostas por 15 categorias. Também dos mesmos autores existe o Sistema de Observação da Qualidade das Preleções (SOQP) o qual aprecia a qualidade formal e de conteúdo dos momentos de informação utilizados pelos professores de educação física e permite a medição da duração dos diversos episódios de preleção da sessão. Embora estes instrumentos abordem comportamentos de instrução, estes estão direcionados para as aulas de educação física escolar, não estando direcionados para o contexto de aulas de grupo de Fitness. Realça-se a importância de desenvolver sistemas de observação ad hoc, adaptados ao contexto a observar (Anguera & Hernández-Mendo, 2013).
O método Pilates teve uma elevada expansão nos últimos anos, aumentando substancialmente o número de praticantes (Isacowitz & Clippinger, 2011). Pilates é um tipo de exercício de corpo e mente (mind&body) focado na força, estabilidade do core, flexibilidade, controlo muscular, postura e respiração. Os exercícios podem ser realizados no chão apenas com o auxílio de um colchão, o chamado Pilates-Matwork (Pilates-Mat) ou envolvendo o uso de equipamentos específicos (Wells, Kolt, & Biolocerlowski, 2020). Matos (2011) menciona o método Pilates como um programa de treino de relaxamento, vitalização e fortalecimento do corpo, mente e espírito, com uma respiração controlada, movimentos fluidos e o fortalecimento dos grupos musculares mais profundos. Os benefícios, físicos e psicológicos, da prática de Pilates têm vindo a ser expostos, ao longo dos anos, pela comunidade científica. Alguns destes benefícios surgem associados à diminuição da dor lombar, aumento da flexibilidade e força, bem como melhorar a qualidade de vida e diminuição do medo de praticar exercício físico (Bem, Tavares, & Vendrusculo, 2019), a melhoria nas lombalgias e capacidade de realizar tarefas de vida diária em mulheres dos 40 aos 60 anos (Vecchi, Minasi, & Nora, 2015), o tratamento da dor lombar crónica (Souza, Justo, Silva, Lazzareschi, & Glória, 2019), a melhoria da resistência muscular, flexibilidade e equilíbrio de mulheres jovens (Oliveira et al., 2014), a melhoria da performance em atletas de diferentes modalidades desportivas (Abreu, Santos, Nogueira, Zampeiri, & Bertoncellona, 2020) e a qualidade do sono em adultos e idosos (Filho et al., 2019), entre outros. Muscolino e Cipriani (2004) referem que este método apresenta seis princípios fundamentais, sendo eles: centralização, concentração, repetições dos exercícios, precisão, respiração e fluidez de movimento. A existência destes princípios faz com que a instrução por parte dos TEFs tenha de ser efetiva, assumindo um papel preponderante para o sucesso dos praticantes na modalidade.
Neste sentido e tendo em conta que nenhum dos instrumentos de observação sistemática encontrados na literatura dava resposta às especificidades da instrução no método Pilates, o principal objetivo do estudo prende-se com desenvolver e validar um sistema de observação que permita codificar os comportamentos da instrução dos TEFs na atividade de Pilates (SOIIF-PILATES). Decorrente do processo de desenvolvimento da validação do SOIIF-PILATES foi realizada uma aplicação piloto do SOIIF-PILATES para testar a sua funcionalidade, permitindo também caracterizar a instrução dos TEFs na atividade de Pilates assim como compará-la nas diferentes fases da aula (aquecimento, parte fundamental e relaxamento/alongamento) e de realização do exercício (antes, durante e após o exercício), constituindo-se esse como segundo objetivo deste estudo.
MATERIAL E MÉTODOS
Desenvolvimento e Validação do SOIIF-PILATES.
O desenho observacional do presente estudo relativamente à temporalidade de registo é pontual, quanto às unidades observadas é ideográfico e quanto à dimensionalidade é multidimensional (Anguera, Blanco & Losada, 2001; Anguera & Hernández-Mendo, 2013; Blanco, Losada & Anguera, 2003).
Para desenvolver e validar o SOIIF-PILATES, foram seguidos os pressupostos recomendados por diversos autores. Assim sendo, para o desenvolvimento e validação do sistema de observação SOIIF-PILATES, partiu-se do Sistema de Apreciação da Qualidade e Pertinência da Informação (Sarmento et al., 1998). O desenvolvimento e validação do SOIIF-PILATES foi realizado de acordo com cinco fases, descritas de seguida e propostas na metodologia de Brewer e Jones (2002), as quais têm sido aplicadas no desenvolvimento e validação de sistemas de observação no contexto desportivo e particularmente também, no contexto do Fitness (Alves et al., 2013; Alves et al., 2014, Dias, Franco, Ramos & Simões, 2020; Franco et al., 2008; Franco e Simões, 2017).
No desenvolvimento do SOIIF-PILATES optou-se por um sistema misto de formatos de campo e categorias tal como em vários estudos de observação relacionados com a área do desporto (Anguera, 2003; Anguera & Blanco, 2003, 2005; Anguera, Magnusson & Jonsson, 2007; Anguera & Hernández-Mendo, 2013). Seguidamente ao desenvolvimento e validação do sistema foi realizada a aplicação piloto do mesmo, permitindo testar a sua funcionalidade.
Fase 1: Treino dos observadores relativamente ao sistema de observação original
Com o objetivo de assegurar que quem vai desenvolver o sistema conhece o instrumento existente na totalidade, assim como compreende todas as suas terminologias, conceitos, procedimentos e metodologias, foi realizado o treino de observação, obedecendo às fases sugeridas por Carreiro da Costa (1998), Mars (1989) e Rodrigues (1997), nomeadamente a identificação das categorias do sistema, a discussão do protocolo de observação, a avaliação da aprendizagem das categorias e a prática e aplicação do sistema de observação.
Fase 2: Adaptação do instrumento já existente para o contexto das aulas de Pilates
Já foi referida, anteriormente, a necessidade de desenvolver sistemas de observação ad hoc, adaptados ao contexto a observar (Anguera & Hernández-Mendo, 2013). A fim de respeitar a validade de conteúdo e segundo as recomendações de Alexandre e Coluci (2011), foi convidado um painel de três especialistas. Após a sua concordância, foi criado o primeiro painel para que fosse realizado o desenvolvimento de um novo sistema recorrendo à literatura existente e à observação de várias aulas de Pilates. Este painel foi integrado por um grupo de sujeitos ligados à intervenção e formação profissional na área das aulas de grupo no contexto do Fitness, particularmente também em Pilates e que possuíssem também competências na área da investigação na intervenção pedagógica em aulas de grupo de Fitness e no desporto em geral, assim como no desenvolvimento e utilização de sistemas de observação. O referido painel de especialistas efetuou uma análise da bibliografia encontrada relativamente à utilização de critérios/dimensões e categorias de análise do comportamento de instrução nos vários contextos (educação física e ensino). Posteriormente, para o desenvolvimento do sistema de observação, o painel realizou várias observações piloto de diferentes aulas de Pilates. Após uma análise sobre a utilização de sistemas de observação e estudos que contemplem o conceito de comportamento de instrução do TEF e a observação, seguidas de discussão, de várias aulas de Pilates, foram efetuadas um conjunto de adaptações ao instrumento já existente, considerando as especificidades dos exercícios assim como os princípios da atividade de Pilates, verificando-se a necessidade de adequar e subdividir as categorias de instrução. Considerando que para manter a concentração, estimular a consciência corporal e realizar visualização mental é importante a instrução no decorrer da execução do exercício considerou-se pertinente existir um critério/dimensão denominado “Momento”, que pretendia verificar em que momento a instrução era apresentada. Este critério/dimensão apresenta cinco categorias e nove subcategorias. Para além do “Momento” foi criada também o critério/dimensão “Conteúdo” que tinha como objetivo analisar o teor da instrução, englobando particularmente os princípios relacionados com a modalidade de Pilates. Este critério/dimensão é constituído por 10 categorias e oito subcategorias. Após realizada esta primeira proposta do SOIIF-PILATES esta foi submetida a uma validação facial por outro grupo de especialistas.
Fase 3: Validação facial do novo sistema de observação por especialistas (Experts)
Baseado nas sugestões de Brewer e Jones (2002) e Prudente, Garganta e Anguera (2004) foi constituído um segundo painel de cinco especialistas, que nunca tivessem estado envolvidos neste processo anteriormente, a fim de avaliar se o SOIIF-PILATES possibilita codificar os comportamentos de instrução dos TEFs em aulas de Pilates e verificar se os critérios/dimensões e categorias/subcategorias foram devidamente definidas e relevantes para o referido contexto. Estes especialistas possuíam anos de experiência enquanto TEFs de aulas de grupo (inclusive em aulas de Pilates), formadores (ensino superior e técnico) e investigação nas áreas do Fitness, da pedagogia do desporto/ciências do desporto. Seguidamente, com base nos comentários e sugestões realizadas por este painel de especialistas, foi efetuada uma revisão dos critérios/dimensões e respetivas categorias/subcategorias de análise, procedendo-se assim a um segundo conjunto de adaptações e concluindo-se a versão final do SOIIF-PILATES. A versão final do sistema de observação SOIIF-PILATES (Tabela 1) apresenta dois critérios/dimensões de análise (momento e conteúdo), 15 categorias e 17 subcategorias.
Fase 4: Fiabilidade interobservadores em relação ao novo sistema de observação SOIIF-PILATES
Nesta fase foi testada a versão final do SOIIF-PILATES, para verificar a objetividade das definições das categorias/subcategorias de comportamentos, segundo os procedimentos sugeridos por Brewer e Jones (2002), Gilbert, Trudel, Gaumond e Lorocque (1999) e Prudente et al. (2004). Esta fase permitiu assegurar que diferentes observadores codificavam os mesmos comportamentos observados nas mesmas categorias/subcategorias. Os procedimentos foram divididos de acordo com as seguintes fases: 1ª fase - identificação das categorias/subcategorias do sistema; 2ª fase - discussão do protocolo de observação; 3ª fase - avaliação da aprendizagem das categorias/subcategorias; 4ª fase - prática e aplicação do sistema de observação. Numa fase inicial, foi visionado um vídeo de uma aula de grupo de Pilates e realizada a respetiva codificação por ambos os observadores separadamente, não havendo acesso oral ou visual entre eles. Realizada a codificação foi testada a fiabilidade interobservadores a fim de verificar a existência de concordância entre observadores, através da medida de concordância Kappa de Cohen (Pestana & Gageiro, 2005) sendo aceites valores de fiabilidade iguais ou superiores a 75%.
Fase 5: Fiabilidade intraobservador em relação ao novo sistema de observação
Nesta fase foi testada a fidelidade intraobservador, do observador deste estudo, com o novo sistema de observação, para assegurar que existe fidelidade por teste/reteste relativamente ao novo instrumento e ao observador deste estudo, tal como recomendado por Brewer e Jones (2002). A fidelidade intraobservador foi realizada com o fim de verificar a existência de estabilidade temporal nas observações do próprio observador, efetuada em duas diferentes ocasiões. O intervalo adotado foi de uma semana entre cada observação. Para este procedimento foi utilizada a medida de concordância Kappa de Cohen (Pestana & Gageiro, 2005), sendo aceites valores de fiabilidade iguais ou superiores a 75%.
Aplicação Piloto do SOIIF-PILATES
Depois de desenvolvido o SOIIF-PILATES, foi efetuada a sua aplicação piloto, tal como sugere Santos et al. (2009). Após o consentimento informado e registado dos TEFs e alunos presentes na sessão, foram observados e codificados os comportamentos da instrução de 15 TEFs na atividade de Pilates. Estabeleceu-se como critérios para inclusão na amostra TEFs licenciados em desporto, experiência em aulas de grupo de Pilates superior a 5 anos e pelo menos uma formação em Pilates-Matwork (Pilates-Mat). Toda a amostra pertencia ao género feminino, com uma média de idade de 33.8 anos, experiência média enquanto TEF de 9.8 anos e enquanto TEF da modalidade de Pilates 7.5 anos. A média de aulas de Pilates por semana que as TEFs da amostra lecionavam era de 6.1 aulas.
Após a gravação dos vídeos em formato digital, estes foram observados e codificados os comportamentos utilizando o software Match Vision Studio Premium®, de Perea, Alday e Castellano (2005). Posteriormente foi realizada uma análise para obter os valores absolutos de cada categoria/subcategoria do comportamento da instrução observada no TEF. Na codificação considerou-se que a aula foi iniciada quando o TEF o referiu através de indicação verbal ou colocou música. O término da sessão foi considerado quando o TEF o indicou através da indicação verbal ou terminou despedindo-se e/ou agradecendo a presença dos praticantes.
Análise estatística
Após a determinação do número de ocorrências de cada categoria/subcategoria em cada fase da aula e previamente ao tratamento estatístico propriamente dito, para cada aula, foi realizado o seguinte tratamento dos dados, utilizando o Excel: para cada fase prática da aula, foi verificado o n.º de exercícios realizados; para cada categoria/subcategoria a frequência relativa foi determinada dividindo o n.º de ocorrências dessa categoria pelo n.º de exercícios, permitindo assim identificar qual a percentagem de exercícios em que essa categoria foi observada. Relativamente ao desenvolvimento do SOIIF-PILATES foi utilizado o teste Kappa de Cohen (K) para testar as fiabilidades interobservadores e intraobservador, tendo sido aceites valores iguais ou acima de 75%, como já referido anteriormente. Para caracterizar a intervenção da instrução dos TEFs de Pilates, nas diversas fases da aula, para cada categoria/subcategoria, foi determinado a média e o desvio padrão, valor máximo e valor mínimo bem como a frequência absoluta relativa ao número de TEF´S que realizam aquela categoria/subcategoria. Para comparar as diferentes fases da aula, foi testado o pressuposto da normalidade, utilizando o teste de Shapiro-Wilk, para verificar se poderia ser utilizado o teste paramétrico Anova Medidas Repetidas. Não se tendo verificado normalidade nos três grupos em simultâneo, em nenhuma das categorias/subcategorias, utilizou-se o respetivo teste não paramétrico de Friedman. Optou-se por este teste, já que este se aplica quando existem três ou mais condições de emparelhamento. Para identificar entre que fases da aula (aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento) se verificaram diferenças significativas no total da instrução e entre as diferentes fases do exercício foi utilizado o teste post hoc não paramétrico de Dunn, que aplica a correção de Bonferroni ao nível da significância (Maroco, 2010). Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS 23.0.
Com o objetivo de calcular se o número de sessões observadas (15) permitia obter dados fiáveis foi realizada uma análise da generalização, utilizando o programa SAGT (Hernández-Mendo, Blanco-Villaseñor, Pastrana, Morales-Sánchez & Ramos-Pérez, 2016). Os procedimentos para efetuar esta análise consistiram nos indicados por Blanco-Villaseñor, Castellano, Hernández-Mendo, Sánchez-López e Usabiaga (2014), nomeadamente: 1)
Análise estatística
Após a determinação do número de ocorrências de cada categoria/subcategoria em cada fase da aula e previamente ao tratamento estatístico propriamente dito, para cada aula, foi realizado o seguinte tratamento dos dados, utilizando o Excel: para cada fase prática da aula, foi verificado o n.º de exercícios realizados; para cada categoria/subcategoria a frequência relativa foi determinada dividindo o n.º de ocorrências dessa categoria pelo n.º de exercícios, permitindo assim identificar qual a percentagem de exercícios em que essa categoria foi observada. Relativamente ao desenvolvimento do SOIIF-PILATES foi utilizado o teste Kappa de Cohen (K) para testar as fiabilidades interobservadores e intraobservador, tendo sido aceites valores iguais ou acima de 75%, como já referido anteriormente. Para caracterizar a intervenção da instrução dos TEFs de Pilates, nas diversas fases da aula, para cada categoria/subcategoria, foi determinado a média e o desvio padrão, valor máximo e valor mínimo bem como a frequência absoluta relativa ao número de TEF´S que realizam aquela categoria/subcategoria. Para comparar as diferentes fases da aula, foi testado o pressuposto da normalidade, utilizando o teste de Shapiro-Wilk, para verificar se poderia ser utilizado o teste paramétrico Anova Medidas Repetidas. Não se tendo verificado normalidade nos três grupos em simultâneo, em nenhuma das categorias/subcategorias, utilizou-se o respetivo teste não paramétrico de Friedman. Optou-se por este teste, já que este se aplica quando existem três ou mais condições de emparelhamento. Para identificar entre que fases da aula (aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento) se verificaram diferenças significativas no total da instrução e entre as diferentes fases do exercício foi utilizado o teste post hoc não paramétrico de Dunn, que aplica a correção de Bonferroni ao nível da significância (Maroco, 2010). Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS 23.0.
Com o objetivo de calcular se o número de sessões observadas (15) permitia obter dados fiáveis foi realizada uma análise da generalização, utilizando o programa SAGT (Hernández-Mendo, Blanco-Villaseñor, Pastrana, Morales-Sánchez & Ramos-Pérez, 2016). Os procedimentos para efetuar esta análise consistiram nos indicados por Blanco-Villaseñor, Castellano, Hernández-Mendo, Sánchez-López e Usabiaga (2014), nomeadamente: 1) Definição das facetas de estudo; 2) Análise da variação dos scores obtidos nas facetas do estudo; 3) Cálculo de componentes de erro; 4) Otimização dos coeficientes de Generalização.
RESULTADOS
No que diz respeito à fase 4 os valores de Kappa de Cohen para a fidelidade interobservador obtiveram 100% em todas as categorias e subcategorias (tabela 2 - 1ªcoluna). Relativamente à fase 5, onde se testa a fiabilidade intraobservador, os valores de Kappa de Cohen variaram entre 79% e 100%. (tabela 2 - 2ªcoluna). Estes resultados indicam a existência de fiabilidade interobservadores e intraobservador, refletindo estabilidade temporal nas observações, entendimento e compreensão sobre a definição das dimensões e categorias/subcategorias que compõem o novo sistema de observação (SOIIF-PILATES).
Para a aplicação da Teoria da Generalização realizou-se um desenho baseado em 2 facetas (Categorias e Sessões Observadas = C/S). A estimação dos componentes de variância foi realizada de forma aleatória infinita. Os resultados obtidos (tabela 3) mostram a maior variedade dos dados relacionada com a faceta Categorias (59.2%), seguidas da faceta de interação entre Categorias e Sessões Observadas (39.4%) e o restante para a faceta Sessões Observadas (1.4%). Com estes resultados verifica-se (tabela 3) que as 15 sessões observadas no presente estudo permitem um coeficiente de generalização de 0.958 (valor relativo) e 0.956 (valor absoluto) que são considerados valores aceitáveis (Hernández-Mendo et al., 2016). Para um índice de generalização quase perfeito (perto da unidade) seriam necessárias observar 65 sessões, tal como exposto na tabela 3.
Decorrente da aplicação piloto do SOIIF-PILATES nas 15 aulas de Pilates analisadas verificou-se que, quanto à instrução no início da aula (tabela 4), apenas um TEF referiu a subcategoria ligação de conteúdos entre aulas, sendo que os restantes não apresentaram nenhuma instrução antes da fase prática. No final da aula, já depois do alongamento/relaxamento, foram observados cinco comportamentos de instrução nas categorias/subcategorias informa a componente crítica alinhamento postural, informa componente crítica ativação do core, informa componente crítica respiração, informa componente crítica descrição do movimento e por fim a categoria informa visualização (M±DP=6.67±25.82%).
IC: Informa o contexto; LCEA: Liga os conteúdos entre aulas; LCDA: Liga os conteúdos da aula; IOA: Informa objetivo da aula; IOE: Informa objetivo exercício; IE: Informa nome do exercício; EE: Executa o exercício; ICR: Informa condições realização; ICCAP: Informa componentes críticas alinhamento postural; ICCAC: Informa componentes críticas ativação do core; ICCR: Informa componentes críticas respiração; ICCDM: Informa componentes críticas descrição do movimento; IV: Informa visualização; INR: Informa número de repetições; Q: Questiona; FI: Frequência Absoluta de Instrutoras;
Relativamente ao número de exercícios realizados em cada fase da aula este variou entre um a cinco exercícios no aquecimento (M±DP= 3.07± 1.10%) seis a 22 exercícios na fase fundamental (M±DP=11.47±4.37%) e um a três exercícios no alongamento/relaxamento (M±DP=1.53± 0.74%). Durante o total da instrução no aquecimento (tabela 5), todas as instrutoras informaram acerca da componente crítica do alinhamento postural, embora não o tenham feito em todos os exercícios (M±DP=76.89±25.27%). Relativamente às categorias mais verificadas no aquecimento em 14 dos TEFs observados estão presentes as categorias/subcategorias: informa a componente crítica descrição do movimento, informa as componentes críticas respiração e informa o número de repetições. Para além das categorias/subcategorias anteriormente referidas também as seguintes foram observadas na maioria dos exercícios realizados no aquecimento: executa o exercício e informa componente crítica ativação do core. Por fim, verifica-se que não houve registos de comportamento de instrução durante a fase de aquecimento na categoria/subcategoria informa o contexto e informa o objetivo da aula. Relativamente aos comportamentos de instrução total na fase fundamental (tabela 5) foram verificados em todos os TEFs as categorias/subcategorias informa a componente crítica descrição do movimento, informa componente crítica respiração, informa componente crítica alinhamento postural, informa o número de repetições, informa componente crítica ativação do core, indica as condições de realização e a categoria executa o exercício. Em 14 TEFs foi observado a categoria informa visualização, em 13 o comportamento de instrução informa o exercício, em 12 a subcategoria informa objetivo do exercício e em 10 foi observado a categoria questiona. Por fim verifica-se que não houve registos de comportamentos de instrução durante a fase fundamental da aula na categoria informa o contexto e na subcategoria informa o objetivo da aula, tal como também foi verificado na fase do aquecimento. Relativamente à instrução total observada na parte do alongamento/relaxamento (tabela 5) a subcategoria da instrução mais observada (oito TEFs) na fase de alongamento/relaxamento foi a informa a componente crítica descrição do movimento seguida da categoria informa condições de realização, observada em sete TEFs. Na fase do alongamento/relaxamento total, existem categorias/subcategorias que nunca foram mencionadas, tais como: informa o contexto, ligação de conteúdo entre aulas, ligação de conteúdo da aula e informa o objetivo da aula. No que se refere à comparação entre o total da instrução nas diversas partes da aula verificou-se existir diferenças significativas nas categorias liga os conteúdos da aula (apenas diferenças entre as três fases no geral), informa o nome do exercício (apenas diferenças entre as três fases no geral), informa condições de realização (diferenças no geral e específicas entre o aquecimento e a fase fundamental), informa componentes críticas alinhamento postural, informa componentes críticas ativação do core, informa componentes críticas da respiração e informa componentes críticas descrição do movimento (todas as quatro categorias anteriores com diferenças no geral e específicas, entre o aquecimento e relaxamento/alongamento e fase fundamental e relaxamento/alongamento), informa visualização (com diferenças no geral e entre a fase fundamental e o relaxamento/alongamento), informa número de repetições (com diferenças no geral e específicas, entre o aquecimento e relaxamento/alongamento e fase fundamental e relaxamento/alongamento e a categoria questiona (com diferenças entre as três fases no geral).
No que concerne às comparações entre as fases do exercício (antes, durante e após o exercício) nas diferentes partes da aula (aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento) verificou-se (tabela 6) existirem diferenças entre fases em nove das 15 categorias/subcategorias no aquecimento, nomeadamente informa objetivo do exercício, informa exercício, executa exercício, informa componente crítica alinhamento postural, informa componente crítica ativação do core, informa componente crítica respiração, informa componente crítica descrição do movimento, informa visualização e informa número de repetições. No que se refere à parte fundamental, existiram diferenças em 11 das 15 categorias do sistema nas fases do exercício, nomeadamente informa objetivo exercício, informa exercício, executa exercício, informa componente crítica respiração, informa componente crítica alinhamento postural, informa componente crítica ativação do core, informa componente crítica respiração, informa componente crítica descrição do movimento, informa visualização, informa número de repetições e questiona, sendo que todas as categorias apresentaram diferenças de p = 0.000 em relação às fases da aula. No que se refere à parte do alongamento/relaxamento existiram diferenças em quatro das 15 categorias relativas à fase do exercício, nomeadamente nas componentes críticas executa o exercício, informa componente crítica descrição do movimento, informa visualização e informa número de repetições.
Na tabela 6 estão também apresentadas onde se encontram as diferenças entre as fases da aula e do exercício. No aquecimento, três das categorias que apresentaram diferenças (informa objetivo do exercício, informa nome do exercício e informa visualização) foram identificadas apenas no geral das três categorias e não entre as mesmas. As restantes diferenças observadas no aquecimento, nomeadamente nas categorias executa o exercício, informa componentes críticas alinhamento postural, informa componentes críticas ativação do core, informa componentes críticas descrição do movimento e informa número de repetições apresentaram-se todas entre os momentos antes e durante o exercício bem como após e durante o exercício. Na fase fundamental, das 11 diferenças existentes nas categorias (tabela 6), nove apresentam diferenças entre antes e durante o exercício bem como após e durante o exercício. A categoria informa o nome do exercício apresenta diferenças antes e pós o exercício bem como pós e durante o exercício e a categoria informa condições de realização apresenta diferenças entre antes e pós o exercício bem como antes e durante o exercício. No relaxamento/alongamento todas as categorias que apresentaram diferenças fizeram-no apenas no geral das três fases.
DISCUSSÃO
O presente estudo consistiu em desenvolver e validar um sistema de observação (SOIIF-PILATES) que permitisse analisar os comportamentos de instrução dos TEFs em aulas de Pilates. De acordo com alguns autores (Anguera & Hernández-Mendo, 2013; Prudente et al., 2004; Sarmento, 2004) devem ser desenvolvidos instrumentos que estejam adequados e adaptados aos contextos específicos da sua aplicação. Para cumprir este requisito no processo de desenvolvimento e validação do SOIIF-PILATES, vários foram os procedimentos realizados, suportados por recomendações presentes na literatura (Anguera, Blanco, Losada & Hernández-Mendo, 2000; Anguera, Blanco & Losada, 2001; Brewer & Jones, 2002; Hernández-Mendo, Blanco-Villaseñor, Pastrana & Morales-Sánchez, 2016).
O SOIIF-AG foi desenvolvido e validado sob dois critérios/dimensões, o critério/dimensão “Momento” e “Conteúdo”, apresentando validade, fiabilidade e generabilidade. A dimensão Momento é constituída por cinco categorias e nove subcategorias, permitindo enquadrar a ocasião em que decorre a instrução: início da aula; fase prática da aula (fases da aula: aquecimento, fase fundamental e alongamento/relaxamento; para cada exercício: antes, durante e após); fase final da aula. O critério/dimensão Conteúdo permite analisar o teor da instrução, sendo constituída por 10 categorias e oito subcategorias.
Posteriormente a versão desenvolvida e validada do SOIIF-PILATES foi aplicada a 15 TEFs, num estudo piloto. Os resultados demonstraram a importância do comportamento de instrução em contexto específico, uma vez que foram codificados um total de 333 comportamentos de instrução nas quinze aulas observadas. Segundo Kennedy e Yoke (2005) a instrução adequada é uma competência fundamental para ser um excelente instrutor. Franco et al. (2008) constataram que 60% dos comportamentos dos instrutores de ginástica localizada são de instrução. Um estudo desenvolvido por Fayh, Brodt, Souza e Loss (2018) concluiu que a existência de instrução no exercício de Pilates “long stretch” resultou numa maior ativação muscular dos músculos que constituem a “powerhouse” comparando com a realização do exercício sem instrução o que mais uma vez realça a importância deste comportamento pedagógico, em especial neste estudo, relacionado com um exercício da modalidade de Pilates. Atendendo às categorias/subcategorias mais observadas durante toda a aula podemos verificar que a maioria está relacionada com os princípios do Pilates, como a centralização, concentração, repetições dos exercícios, precisão, respiração e fluidez dos movimentos (Muscolino & Cipriani, 2004; Isacowitz & Clippinger, 2011), o que pode justificar a pertinência da sua utilização. No que concerne às comparações entre a instrução nas fases do exercício (antes, durante e após o exercício) nas diferentes partes da aula (aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento) verificaram-se diferenças entre nove, 11 e quatro categorias/subcategorias no aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento, respetivamente. O predomínio destas diferenças aconteceu, portanto, na parte fundamental da aula o que pode ser justificado pelo maior número de exercícios e duração realizado durante esta parte da aula. De realçar também que a maioria das diferenças significativas na instrução aconteceu, na comparação entre as fases do exercício, entre pós e durante o exercício bem como entre antes e durante o exercício (das 24 categorias onde existiram diferenças 15 foram deste género). Parece ser durante a realização do exercício que os TEF´s privilegiam a realização de instrução, sendo que, quando se verificam diferenças entre as fases do exercício, é nesta fase que existe maioritariamente instrução. Exceciona-se a categoria informação acerca das condições de realização que, pela sua natureza de explicação inicial, ocorre maioritariamente antes do exercício.
Na comparação entre a instrução total nas diferentes fases da aula, designadamente aquecimento, parte fundamental e alongamento/relaxamento existiram diferenças significativas entre as fases da aula em 10 das 15 categorias/subcategorias de instrução na aula de Pilates, o que pode ser justificado pela diferença de instrução que existem nas diferentes fases da aula e que exigem diferentes abordagens. Na análise mais pormenorizada entre estas diferenças verificou-se que a maioria (cinco das 10) ocorrem entre o aquecimento e o relaxamento/alongamento e a fase fundamental e o relaxamento/alongamento. Verifica-se também que estas diferenças significativas acontecem porque o total da instrução no relaxamento/alongamento é sempre inferior em relação ao aquecimento e à parte fundamental, à exceção da categoria questiona, o que pode ser justificado por ser uma fase da aula em que o TEF tenta falar menos de forma a que os praticantes consigam relaxar e preparar-se para o fim da aula.
Sabemos que a metodologia observacional apresenta algumas limitações. Uma delas está relacionada com a presença da câmara na aula, que pode influenciar o comportamento dos intervenientes na sessão. Para tentar minimizar este efeito os TEFs e praticantes foram informados acerca do objetivo geral do estudo, mas não especificamente sobre o que iria ser estudado no comportamento do TEF. A câmara foi também colocada num local que embora permitisse gravar todos os comportamentos, não tivesse influência sobre o normal funcionamento da aula. Outra das limitações prende-se com a expetativa do observador, podendo ser influenciado pelas suas motivações e desejo de obter determinados resultados. Esta limitação tentou ser minimizada com a fiabilidade inter e intraobservador, que não serviu só como fase de desenvolvimento do sistema, mas também como verificação da consistência do observador.
APLICAÇÕES PRÁTICAS
Na sequência deste estudo espera-se ter dado um contributo ao nível do conhecimento científico da área da pedagogia do desporto, em particular no que diz respeito ao comportamento da instrução dos TEFs em aulas de Pilates. Espera-se também que a existência deste instrumento (SOIIF-PILATES) possa constituir-se como uma ferramenta não só para a área da investigação como também para a área de aplicação profissional, permitindo aos TEFs, diretores técnicos de ginásios e demais profissionais da área, a utilização deste instrumento para auxílio na autoanálise e supervisão da instrução dos TEFs em aulas de Pilates. Em investigações futuras o SOIIF- PILATES poderá ser utilizado analisando o comportamento de instrução com os dois critérios/dimensões (Momento e a Conteúdo) com as categorias e as subcategorias aqui propostas ou por sua vez, podem ser utilizadas algumas das categorias/subcategorias dependendo da análise instrução que seja do interesse do utilizador, sendo que o instrumento permite que seja feita uma análise mais macro ou micro na análise do teor da instrução. Pretende-se também que o SOIIF-PILATES possa ser utilizado como um complemento à utilização de outras metodologias, permitindo auxiliar investigações que pretendam realizar uma visão que integre várias perspetivas acerca do comportamento de instrução dos TEFs em aulas de Pilates, como por exemplo através da utilização das metodologias tradicionalmente designadas por quantitativa e qualitativa, dando abertura à realização de investigações que privilegiam a utilização destas duas metodologias em complemento uma da outra (“mixedmethod research”) como sugere Anguera, Camerino e Castañer (2012).