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Enfermería Global

On-line version ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.13 n.36 Murcia Oct. 2014

 

CLÍNICA

 

Promoção e prevenção da saúde junto aos serviços de embelezamento de mãos de pés: inserção do enfermeiro

Promoción y prevención de la salud junto a los servicios de embellecimiento de manos y pies: inserción del enfermero

Promotion and prevention of the health beside the services of beauty and aesthetics centers: insertion of the nurse

 

 

Peraça Vieira, Flávio*; Heckler de Siqueira, Hedi Crecencia**; Sosa Silva José Richard de*** e Cecagno, Diana****

*Enfermeiro, Especialista em Didática e Metodologia para o Ensino Superior. (FURG). E-mail: enfovieira@gmail.com
**Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), docente do programa de pós-graduação em enfermagem curso de mestrado e doutorado da FURG (FURG)
***Mestre e Doutorando em Enfermagem pela Fundação Universidade do Rio Grande (FURG); Professor Faculdade Anhanguera de Pelotas
****Docente do Departamento de Enfermagem da UFPEL. Mestre em Enfermagem/FURG.Doutoranda do Programa de Pós Graduação-PPGENF-FURG. Brasil.

 

 


RESUMO

Objetiva-se: avaliar o conhecimento dos profissionais do Serviço de Embelezamento de Mãos e Pés sobre a forma de transmissão das Hepatites B e C e verificar o uso de equipamento de proteção individual.
Metodologia: Para obter as informações utilizou-se o método descritivo-exploratório com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em oito "salões de beleza" escolhidos, aleatoriamente, pelo método de sorteio. Os sujeitos, identificados por pseudônimos, foram profissionais atuantes sendo escolhido o mais antigo de cada "salão de beleza". A coleta de dados aconteceu, após aprovação do Comitê de ética no 186/2010, pelo método da entrevista semi-estruturado.
Resultados: Os dados demonstraram que a maioria não utiliza equipamentos de proteção individual e expõe o usuário a transmissão de patologias por desconhecimento da via de transmissão. Infere-se ser de suma importância inserir nos cursos preparatórios desses profissionais temas, abordados por profissionais da saúde, especialmente pelo enfermeiro, sobre a promoção e prevenção dessas patologias.

Palavras chave: Promoção da Saúde; Centros de Embelezamento e Estética; Papel do profissional de enfermagem; equipamentos de proteção.


RESUMEN

Objetivo: Evaluar el conocimiento de los profesionales del Servicio de Embellecimiento de Manos y Pies sobre la forma de transmisión de las Hepatitis B y C y verificar el uso de equipos de protección individual.
Metodología: Para obtener las informaciones se utilizó la investigación descriptiva-exploratoria con abordaje cualitativo. El estudio fue realizado en siete "salones de belleza" escogidos, aleatoriamente, por el método de sorteo. Los sujetos, identificados por seudónimos, fueron profesionales que estaban actuando en estos servicios, siendo escogido el más antiguo de cada "salón de belleza". La recolección de datos se realizó, después de aprobación por el Comité de Ética, bajo el número 186/2010, por el método de la entrevista semi-estructurada.
Resultados: Los datos demostraron que la mayoría no utiliza equipos de protección individual y expone al usuario a contaminación de patologías por desconocimiento de la vía de transmisión. Se concluye ser de suma importancia insertar en los cursos que preparan esos profesionales temas, abordados por profesionales de la salud, especialmente por el enfermero, sobre la promoción y prevención de esas patologías.

Palabras clave: Promoción de la Salud; Centros de Belleza y Estética; Rol de la Enfermera; Equipos de Seguridad.


ABSTRACT

Objective: is to evaluate the knowledge of professional service Grooming Hands and Feet on the mode of transmission of Hepatitis B and C and check the use of personal protective equipment. To get the information we used the method descriptive exploratory qualitative approach.
Methodology: The study was conducted in seven "salons" chosen randomly by drawing lots. The subject, identified by pseudonyms, were active professionals being selected the oldest of seven "salon". The data collection was processed, after approval of the Ethics Committee No 186/2010, by the method of semi-structured interview.
Results: The data showed that the majority does not use personal protective equipment and expose the user to the transmission of diseases through ignorance of the transmission channel. It is inferred to be of paramount importance in the preparatory courses to enter these professional topics addressed by health professionals, especially by the nurse on the promotion and prevention of these diseases.

Key words: Health Promotion; Beauty and Aesthetics Centers; Nurse's Role and Protective Devices.


 

Introdução

A promoção de saúde conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) envolve a população como um todo, no contexto do seu dia-a-dia, ao invés de enfocar grupos de risco para doenças específicas. Ela pode ser vista como uma estratégia que se utiliza da educação/aprendizagem para a produção da saúde no coletivo, visando responder as necessidades de saúde da população.

Educar em latim significa (educare), conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de aprendizagem. A educação compreende o conjunto de processos, influências, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando à formação do ser humano1.

Como processo, a educação não é uma simples transmissão do conhecimento herdada dos antepassados para as novas gerações, mas uma tecnologia capaz de produzir uma ruptura entre o saber ultrapassado e introduzir o novo, mais apropriado na formação do ser humano, observando as suas necessidades sociais e o meio no qual vive, trabalha e se desenvolve.

O conhecimento permanece como uma aventura para a qual a educação deve fornecer o apoio indispensável e, assim contribuir, constantemente, a manter o ser humano atualizado e coerente no tempo e espaço que ocupa2. Portanto, a educação vista como aprendizado contínuo, expressa uma vinculação na formação do sujeito, pois as exigências do mundo digital e globalizado, provocam mudanças constantes na forma de pensar e agir das sociedades, introduzindo novos paradigmas e obrigando a sua incorporação aos que desejam sobreviver e alcançar sucesso nas suas atividades profissionais e pessoais3. O processo educacional pode se dar no espaço não formal, ou seja, aquele que ocorre em ambientes e situações interativas nas atividades cotidianas do ser humano, construindo o conhecimento com a participação dos indivíduos4.

Entende-se que na área da saúde os ambientes que merecem maior atenção educativa são os que atendem o usuário em situações de possíveis vulnerabilidades como acontece nos Serviços de Embeleazamento de Mãos e Pés (SEMP), porque existe a possibilidade de contaminações que podem atingir tanto o cliente, pelo uso de material compartilhado,com falhas na desinfecção/esterilização, desconhecimento das vias de transmissão, como o próprio profissional, pelo descuido no uso de equipamento de proteção individual (EPI).

Segundo a Norma Regulamentadora (NRR 4): considera-se EPI todo dispositivo de uso individual destinado a preservar e proteger a integridade física do trabalhador5 No SEMP existe probabilidade de contaminações com o vírus de hepatites dos tipos B e C capazes de agravos na saúde do indivíduo. A OMS estima que cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato com o vírus da hepatite B e que 325 milhões tornaram-se portadores6.

O enfermeiro é um profissional que possui amparo legal, expresso na Lei no 7. 498, de 25 de junho de 1986 do exercício profissional, regulamentada pelo Decreto no 94.406, de 08 de junho de 1987 para atuar em diversas áreas que envolvem a educação. Cabe-lhe, igualmente, participar na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância epidemiológica. Compartilha, ainda, em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da família e da população em geral7.

Portanto, o enfermeiro, na sua atividade profissional, exerce entre outras funções, a atividade de educador da saúde perante a comunidade, com o objetivo, principalmente de trabalhar a promoção e prevenção em saúde. A função do enfermeiro é de estar com o outro, participando, aprendendo, ensinando, pesquisando, articulando e, assim, contribuindo, de forma integral na promoção, prevenção e também na recuperação da saúde dos usuários. Ao atuar como articulador do cuidado e ao interagir de forma ativa e participativa no pensar e fazer enfermagem, colabora na práxis de outros profissionais da equipe multiprofissional, tendo como objetivo a resolutividade e o bem estar dos usuários dos serviços de saúde8.

Faz-se necessário entender a relação do ensino e pesquisa, que mostra o caminho a ser seguido, para conhecer o desconhecido e possibilitar a sua descoberta:

"Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses querer-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquisa para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade"9:32.

Ao indicar que é preciso conhecer o trabalho que é realizado pela sociedade para, conhecer o que ainda não se conhece e a partir daí comunicar ou anunciar a novidade, induz o educador enfermeiro a refletir sobre as atividades cotidianas do trabalhador em relação aos aspectos da sua própria saúde e também aos que presta o seu serviço9. É necessário verificar como ele realiza o seu trabalho e constatar a necessidade ou não de modificações nas atitudes e comportamentos para manter-se saudável, a si mesmo e aos usuários que presta serviço.

Na área da saúde, a equipe multiprofissional (EM), necessita proporcionar serviços que asseveram a integridade do ser humano, precisa, ainda, observar as normas de vigilância sanitária e garantir a segurança ao usuário/cliente que busca o serviço. Num sentido abrangente, a equipe deve procurar conhecer os campos de atuação dos profissionais, como os produtos e equipamentos são manipulados e de que forma estes serviços estão sendo oferecidos e realizados à população. Percebe-se a EM como:

"um agrupamento de indivíduos, com histórias profissionais diferentes, o que resulta numa heterogenicidade de conhecimentos, com características e sabres próprios, o que exige um olhar e um interagir baseado na compreensão da individualidade de cada componente"8.

Neste sentido, a prevenção de doenças e a promoção da saúde são constituídas como dever de todos os órgãos de saúde pública, fabricantes, empresários e prestadores de serviços de embelezamento, disponibilizando e observando as normas de vigilância sanitária e de boas práticas no que se refere às instalações físicas, controle de produtos, medidas de higiene, limpeza e esterilização de materiais10.

É preciso entender que a produção da saúde não se processa somente na cura da doença, mas especialmente por meio da prevenção e promoção da saúde. Assim sendo, a promoção da saúde no local de trabalho, envolve um conjunto de medidas que devem ser oportunizadas pelo empregador, assumidas pelo trabalhador, vigiadas pela vigilância sanitária e incentivadas pela sociedade, EM de saúde, oportunizando mais saúde a todos.

Segundo o Conselho Federal de Enfermagem compete ao enfermeiro atuar na prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais. No artigo 70, responsabilidades e deveres, destaca-se: "estimular, facilitar e promover o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas da instituição"11. Portanto, o enfermeiro é um profissional capacitado para trabalhar medidas educativas, tanto na comunidade, como nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), hospitais e também em projetos realizados em escolas ou cursos de capacitação profissional, tais como dos SEMP e, assim informar, esclarece, ensinar e educar em saúde para que no futuro se tenha indivíduos mais saudáveis.

Com base nesse contexto buscou-se avaliar o conhecimento que o profissional do SEMP possui em relação ao uso do EPI e a forma de transmissão das Hepatites B e C por possíveis lesões produzidas durante a atividade profissional.

 

Trajetória metodológica

A pesquisa possui caráter descritivo-exploratório com abordagem qualitativa. A coleta de dados ocorreu no mês de julho de 2010, após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da Faculdade Anhanguera sob o número 186/2010. Inicialmente, solicitou-se à prefeitura do município a listagem dos "salões de beleza" que possuem SEMP. De posse dessa relação, foi realizado o sorteio aleatório dos sete "salões de beleza", para posteriormente entrar em contato com os profissionais. Para isso foram observados alguns critérios de inclusão: o salão de beleza com atuação de profissional de SEMP; possuir alvará de funcionamento junto à prefeitura municipal; o profissional do SEMP deve possuir curso profissionalizante de embelezamento de mãos e pés e aceitar participar da pesquisa permitindo a divulgação dos dados.

Os dados foram coletados, por meio de entrevista semi-estruturada, utilizando um roteiro, especificamente construído para essa finalidade. Os entrevistados tiveram sua identidade protegida, por pseudônimos, optando por cores de esmaltes: Glamour Pink; Salon; Rosa Chique; Verde; Mix-Use; Azaléia e Rosa Amarela. No intuito de assegurar à fidedignidade os dados das entrevistas foram transcritos na íntegra mantendo-se a sequência em que aconteceram.

 

Resultados discussão dos dados

Para facilitar a análise e discussão dos dados esses formam agrupados em duas categorias pré estabelecidas: uso de equipamento de proteção individual; formas de transmissão da hepatite B e C.

Uso de equipamento de proteção individual

Para desenvolver a atividade profissional de embelezamento de mãos e pés é indicado usar luvas de procedimento, óculos de proteção e máscara. As luvas de procedimento devem ser usadas tanto para o contato com o usuário/cliente, bem como no momento da degermação do material e preparo para a esterilização. Os óculos de proteção devem ser usados por ocasião da degermação dos materiais, evitando o contato das soluções com a mucosa ocular e também quando houver risco de contaminação por sangue, fluídos e secreções.

Ao serem indagadas se conheciam ou se foram informadas sobre o uso de EPI (luvas de procedimento, máscara e óculos de proteção) para o processo de lavagem e desinfecção dos materiais e se os utilizam: 06 entrevistadas responderam que possuem informações, porém não fazem uso dos mesmos, somente 01 sujeito, Salon, confirmou fazer o uso somente de luvas e máscara.

"Eu fui informada pelas revistas que, a gente lê muito revistas de moda e salão, mas eu não utilizo na hora da lavagem, utilizo mais quando estou fazendo um pé uma mão ai eu utilizo, na hora de lavar eu tiro tudo" (Glamour Pink).

"Sim, tenho conhecimento. Pelos cursos que eu já fiz, e, até mesmo pelo curso de noção em podologia ... Eu uso luva e máscara" (Salon).

"Sim, eu conheço até porque a professora explicou que é bom usar. É porque pode passar algum fungo para mim ou para qualquer outra pessoa e por isso tem que ser usado. Eu não uso" (Rosa Chique).

"Sim, fui informada pela professora do curso [...] Pra não pegar nenhum tipo de doença [...] Bactérias, fungos coisas assim, mas não uso" (Verde).

Os sujeitos relataram ter noção, mas somente 01 faz o uso de dois dos três EPIs recomendados para a proteção. Salon usa luvas e máscara, não utiliza óculos de proteção individual.

Glamour Pink disse estar informada pela mídia impressa, as revistas de moda e salão, enquanto Salon, têm conhecimento pelos cursos de capacitação e os outros sujeitos relataram ter recebido informações com seus professores do curso de embelezamento de mãos e pés.

Os 03 EPIs são de grande de importância no processo de degermação e desinfecção. A desinfecção compreende a primeira etapa para o processo de limpeza do material. Esse processo se dá por meio da escovação do material com água e sabão, enxágüe com água corrente e secagem dos utensílios, para posteriormente serem submetidos à esterilização A luva é uma barreira protetora da pele em relação aos patógenos que podem estar no instrumental de trabalho e também para evitar o contato direto com as soluções de limpeza, que podem acarretar processos alérgicos ao profissional em questão5.

A máscara cirúrgica descartável deve ser usada tanto no atendimento para evitar contato com perdigotos liberados pelo cliente ao falar ou tossir. Além disso, o seu uso é recomendado durante o processo de desinfecção, pois no momento do contato do material com água e os produtos utilizados para a desinfecção, podem respingar e atingir a boca do profissional12.

Os óculos de proteção de uso individual são recomendados para serem utilizados sempre que haja risco de contato com sangue, secreção e fluidos. Nesse caso o risco também está no ato de limpar o material, assim o profissional protege a sua mucosa ocular5.

Ao perguntar aos 07 sujeitos entrevistados se faziam o uso de luvas de procedimento para atender a sua clientela, 05 responderam não que utilizavam, 01 que sim e 1 as vezes. O quadro no 1 assinala as respostas e respectivas justificativas.

 

 

As luvas de procedimento devem ser usadas, todas as vezes que houver o risco de contato com sangue ou secreções5. No presente caso o risco se encontra iminente em cada um dos procedimentos com o usuário porque nunca se sabe o momento em que poderá haver uma lesão na hora do atendimento. Nesse sentido, o seu uso deve ser constante e em todos os procedimentos junto ao usuário e também ao realizar a limpeza dos materiais utilizados que podem estar contaminados com fungos, bactérias patógenas.

Destaca-se o grande número de sujeitos que não fazem o uso da luva ao atender o usuário/cliente. Das 07 participantes da pesquisa 05 entrevistadas responderam negativamente ao uso de luvas durante o procedimento, justificando que perdem o tato. Percebe-se a gravidade do não uso, entretanto, mais preocupante foi à resposta da Rosa Amarela, que demonstrou a falta de conhecimento, por não ter recebido as informações necessárias na instituição na qual realizou o curso de embelezamento de mãos e pés, pois afirmou que "aprendeu no curso a fazer sem a luva".

A luva faz uma barreira de proteção na pele do profissional, caso haja alguma lesão no transcorrer do atendimento ao cliente liberando sangue ou secreção. Ela evita o contato direto e consequentemente a transmissão de agentes patógenos. É dever do ministrante de cursos na área de estética explicar e enfatizar aos seus alunos as formas de contágios das doenças e mostrar que o simples uso de um par de luvas protege a sua saúde. Os futuros profissionais só terão o hábito do uso de EPIs ao iniciar a sua utilização nas bases de ensino, ou seja, durante as aulas práticas, para que durante os primeiros contatos com os usuários já o façam com destreza e total segurança, adequando-se e desenvolvendo habilidades para realizar a prática do seu trabalho. Somente desta maneira irão aliá-los ao seu cotidiano. Convém ressaltar que, entre um e outro atendimento de cliente é preciso realizar a troca de luvas e ser realizada a higienização das mãos com água e sabão.

A máscara deve ser usada no atendimento ao cliente, devido à proximidade entre ambos. Durante o tratamento estético o cliente libera perdigotos, seja ao falar, ao tossir e ou espirrar. Estando o individuo contaminado por um patógeno poderá transmiti-lo ao prestador do SEMP. Entre as doenças transmitidas por gotículas destacam-se a Tuberculose; Caxumba; Coqueluche; Infecção por Influenza A; Meningite por Haemophylus influenzae, Rubéola entre outros12.

Formas de transmissão das hepatites B e C

Em relação às formas de transmissão das Hepatites B e C os sujeitos, a grande maioria, 06 entrevistados afirmaram conhecê-las, apenas uma das entrevistadas afirmou não saber. Dos sete participantes entrevistados somente Verde não conhecia nenhuma das formas de transmissão e Mix-use não conhecia a transmissão da Hepatite C. Os outros sujeitos apresentaram algum conhecimento em relação a essa questão (Quadro no 2). Percebe-se que em relação à Hepatite B 02 sujeitos afirmam que o contato se dá direto por relação sexual, 02 dizem que se processa pelo contato direto com o sangue, 01 pelo contato direto com o sangue e por relações sexuais, 01 sujeito diz que a transmissão ocorre por relação sexual, contato direto com o sangue e saliva e somente 01 não soube informar.

 

 

Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde entre 1999 e 2009 e divulgado na primeira comemoração do Dia Mundial do Combate a Hepatites Virais revela que, nesse período, foram confirmados 96.044 casos da doença causados pelo vírus B. Desse total, mais de 50% atingiram pessoas entre 20 e 39 anos. O estudo mostra ainda que as confirmações de HEPATITE C somam 60.908. Esse número elevado de casos confirmados de hepatites dos tipos B e C em todo o país, entre 1999 e 2009, preocupa o Ministério da Saúde. O profissional de saúde, entre os quais os enfermeiros devem, segundo compromisso social profissional assumido, empenhar-se em diminuir esses indicies e zelar pela promoção e prevenção da saúde da população3.

O processo de educação como um processo continuo de aquisição de saberes e habilidades, competências e aptidões possibilitam ao individuo, através da reflexão critica da realidade, melhorar sua condição de existir no mundo, bem como, a cooperar e influenciar, positivamente, nos que fazem parte do seu cotidiano.

 

Considerações finais

Durante a coleta de dados e, posteriormente, na sua análise e interpretação constatou-se fragilidades nas respostas dos sujeitos em relação ao uso do EPI e as formas de transmissão das hepatites. Esse achado remete a considerar a falta de proteção e segurança à saúde do usuário e também do próprio trabalhador dos SEMP.

Torna-se necessário que ocorra uma avaliação dos cursos profissionalizantes, bem como as ementas e os currículos desenvolvidos nos cursos preparatórios desses profissionais. Deve ser revista, também, a forma de abordagem dos conhecimentos relativos ao uso de proteção no atendimento ao cliente e no processo de desinfecção dos materiais, e, assim, oferecer segurança à saúde dos trabalhadores e usuários desses serviços.

Os SEMP são serviços que atendem diversos indivíduos, que podem ou não estar com alguma patologia infectocontagiosa. Nos casos positivos existe a probabilidade de transmissão por material contaminado aos usuários que freqüentam esses serviços. Neste sentido, pontua-se a necessidade da atuação de profissionais de saúde para trabalhar os temas relacionados às técnicas de promoção da saúde e prevenção de agravos. Os usuários dos SEMP infectados com algum agente patógeno, ao compartilhar o material são capazes de disseminá-lo para inúmeras pessoas, causando agravos a sua saúde, sofrimento e repercussão negativa no sistema de saúde, elevação de custos e danos na qualidade de vida do usuário.

Alerta-se aos governos locais que, junto às secretarias de saúde, vigilância sanitária e educação podem e devem criar estratégias de capacitação para os profissionais que já atuam no SEMP e que se encontram espalhados nos diversos espaços municipais freqüentados por milhares de usuários de forma constante, e que, conforme dados dessa pesquisa, se encontram vulneráveis a contaminação de agentes patógenos, por falta de uso adequado do material utilizado e descuido das normas de segurança. A EM da saúde, integrada por diversos profissionais, entre os quais o enfermeiro, possuem habilitação legal para participar de forma ativa e permanente promovendo encontros, palestras e assim disseminando o conhecimento e buscando proteger os trabalhadores e os usuários/clientes desses serviços. Além disso, é preciso incluir nos cursos de preparação de profissionais dos SEMP conhecimentos teóricos e práticos sobre desinfecção/esterilização de material utilizado, uso de EPI e estratégias de promoção da saúde e prevenção de doenças.

Recomenda-se a inclusão do enfermeiro nos cursos de preparação dos profissionais dos SEMP para desenvolver temas relativos a promoção da saúde e prevenção de patologias. Aos profissionais que já atuam sugere-se cursos de reciclagem com temas que permitem sensibilizá-los e conscientizá-los da necessidade de proteger tanto os usuários como a si próprios, visando uma vida mais saudável e de maior qualidade alcançável pela educação.

Enfatiza-se que a educação é um processo que visa propiciar condições ao indivíduo para aquisição de conhecimentos, para que ele atinja seu desenvolvimento pessoal e profissional. Neste sentido, destaca-se como indispensável estruturar e desenvolver junto aos profissionais ou candidatos que se preparam para exercer a profissão, cursos sobre temas de microbiologia, formas de transmissão de doenças infectocontagiosas, necessidade de proteção individual e o manejo correto da desinfecção dos materiais utilizados no embelezamento de mãos e pés e principalmente estratégias de promoção da vida.

O conhecimento construído com essa pesquisa poderá subsidiar outros trabalhos e também servir de alerta aos profissionais Enfermeiros, mostrando a necessidade de ocupar espaços que se encontram vagos, mas possíveis de serem ocupados pelo enfermeiro. Essa é mais uma das maneiras que o enfermeiro pode e deve colaborar com a saúde da população, exposta a inúmeros infortúnios, mesmo quando busca o serviço de embelezamento de mãos e pés.

Em relação ao tema, reitera-se a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de aprofundar os conhecimentos, e, desta forma, avançar nessa temática que possui grande significância no campo da saúde pública e, certamente, diversos aspectos ainda não foram detectados e nem devidamente esclarecidos.

 

Referencias

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