INTRODUÇÃO
O estilo de decisão e planificação do treinador são elementos preponderantes e determinantes para aumentar a efetividade e qualidade no processo de treino (Feu, Ibáñez e Gonzalo, 2007). Desta forma, o planeamento reveste-se como sendo uma premissa essencial para criar e solidificar um projeto desportivo (Buceta, 2004). A planificação do treinador deve ter em consideração a adaptabilidade a situações provocadas pelos atletas, particularidades induzidas pela natureza do exercício e pelo próprio treinador (Bennie, Apoifis, Caron, Falcao, Marlin, Bengoechea, Koh, Macmillan e George, 2017). De salientar, que Ibáñez (1997a) também considera que aspetos contextuais e competitivos são elementos que afetam o treino e consequentemente influenciam estruturalmente os estilos de planificação e decisão. Os estilos de planificação e decisão devem ser percecionados de forma multidimensional, proporcionando a criação de um conjunto de dimensões, com o intuito de melhor compreender a problemática (Feu et al., 2007).
É importante o treinador, adquirir experiências formativas solidas e diversificadas com o intuito de desenvolver os seus conhecimentos e saberes, no entanto, esta temática carece de uma base conceptual clara (Nelson, Cushion e Potrac, 2006).
Nesta perspetiva, existe uma efetiva falta de produção científica numa perspetiva holística do papel do treinador de desporto adaptado (Lee e Porretta, 2013; Moltó e Ovejero, 2017; Pedrinelli, Rodrigues, Campos, de Almeida, Polito e Brandão, 2018). Perante esta prerrogativaBentzen et al. (2020), realizaram uma scoping review com o objetivo de melhorar o avanço do conhecimento nesta área específica, analisando artigos publicados entre 1991 e 2018. Os investigadores concluíram que apenas quatro estudos focavam nos conhecimentos específicos nos adapted sports coach.
Assim, é urgente um investimento técnico e científico sobre a temática, com o intuito de auxiliar os treinadores no exercício da sua função profissional (Wareham, Burkett, Innes e Lovell, 2017;Caballero, Fernández, Espejo e Zafra, 2020). Mais especificamente, torna-se imperativo o desenvolvimento de estudos na área do treino em desporto adaptado com o propósito de aumentar a eficácia e qualidade no treino (McMaster et al. 2012;Kennedy e Fairbrother, 2019).
Devido à falta de contextos de aprendizagem e falta de formação especifica, é significativo e pertinente analisar a influência da formação formal e não formal dos treinadores no exercício da função (McMaster et al., 2012;Cregan, Bloom e Reid, 2007; Fairhurst, Bloom e Harvey, 2016; Vera et al., 2021). A formação formal requer diretrizes de admissão, frequência obrigatória, currículos normalizados e culmina com uma certificação (Nelson et al., 2006) e a formação não formal é uma atividade educativa sistemática, realizada fora do quadro formal de aprendizagem (Nelson et al., 2006). Os autores referidos, mencionam que embora existam semelhanças entre os dois tipos de aprendizagem, a formação não formal é tipicamente desenvolvida num curto período de tempo sobre uma área especifica de conhecimento.
A formação formal e não formal, constituem-se como etapas de aprendizagem essenciais no desenvolvimento do conhecimento do treinador (Nelson et al., 2006). Estes processos formativos possibilitam a especialização dos saberes, tornando os treinadores mais preparados para adequar o processo de treino as necessidades contextuais (Mendes, Greco, Ibáñez, e Nascimento,2021; Mendes, Vasconcelos, Olivoto, Nascimento, 2021). Fontes de Conhecimentos dos Treinadores Paranaenses de Basquetebol. Cuadernos de Psicología del Deporte, 21(2), 259-269).
Analisando esta problemática no contexto prático, Bentzen et al. (2020) sugerem a realização de estudos com atletas com deficiência intelectual, uma vez que apontaram este aspeto como limitação dos estudos.
Em Portugal, os Special Olympics Portugal são uma das principais organizações nacionais para o desenvolvimento do desporto para atletas com deficiência intelectual. E embora os treinadores desempenhem um papel importante no desenvolvimento dos atletas, o processo e mecanismos utilizados pelos Special Olympics para o desenvolvimento das competências do treinador carecem de investigação (Townsend et al., 2015; MacDonald, Beck, Erickson e Cotê, 2014; Lapresa, Pascual, Arana, e Anguera, 2020).
O estudo tem como objetivo identificar os estilos de decisão e planificação dos Treinadores do Special Olympics Portugal, investigar a relação da formação formal e não formal nos estilos de decisão e planificação, bem como analisar as correlações existentes entre os estilos de decisão e planificação.
MÉTODO
Este é estudo empírico, de carácter observacional e de corte transversal, (Ato, López e Benavente, 2013). Os dados foram recolhidos através de inquérito por questionário com uma amostra por conveniência (León e Montero, 2008).
Participantes
No estudo participaram 50 treinadores dos Special Olympics Portugal, 15 do género feminino e 35 do género masculino, com uma média de idade de 38.50± 11.08. Segundo fonte dos Special Olympics Internacional, encontram-se inscritos em Portugal 221 treinadores. Neste contexto, a margem de erro da amostra do estudo é de 12.22% dentro de grau de confiança de 95%. A população em estudo é de difícil acesso, uma vez que está dispersa por todo o país. Por conseguinte, a amostra de participantes é considerada suficiente para conhecer os estilos de tomada de decisão e planificação destes treinadores.
Instrumentos
Para determinar o estilo de decisão foi utilizado ao Style Decision of Sport Questionnaire (SDSQ), sendo o instrumento construído por 12 itens, divididos em três dimensões de perfil de decisores: Autoritário, Permissivo e Democrático (Feu et al., 2007;Ibáñez,1997b). Para determinar o perfil do estilo de planificação foi utilizado ao Planning Style of Sport Questionnaire (PSSQ) que é composto por 15 itens distribuídos por três dimensões de planificadores: Flexível, Rígido e Improvisador (Feu et al., 2007; Ibáñez, 1997b). Ambos os instrumentos são compostos por uma escala tipo Likert de 11 níveis com frações de 10 em 10 pontos (0= totalmente em desacordo e 100= Totalmente em acordo). A validação dos questionários foi efetuada através de uma análise fatorial exploratória (Feu et al., 2007). No SDSQ apresenta um alfa de .79 na dimensão autoritário, de .71 na dimensão permissivo e de .73 na dimensão democrático. Quanto ao PSSQ observam-se pontuação no alfa de .78 nas dimensões flexível e improvisador e .83 na dimensão rígido.
Variáveis
Os treinadores foram categorizados, consoante as variáveis independentes formação formal e não formal (Tabela 1). Neste contexto, Gilbert, Côté e Mallett (2006) sugerem investigar empiricamente o percurso de formação formal e as suas áreas de especialidade, referindo ser um contributo importante no processo global do desenvolvimento do treinador. A variável formação formal foi categorizada em função do título académico. A variável formação não formal foi categorizada pelo número de ações frequentadas nos últimos três anos, sendo este o período temporal estabelecido no diário da república portuguesa através da portaria 141/2020, para a renovação da cédula do título de treinador. Esta categorização sustenta a necessidade de aprofundar e especificar este tipo de formação (Nelson et al, 2006), dado que na área desporto adaptado estes momentos de aprendizagem são ínfimos (Fairhurst et al., 2016). As variáveis dependentes do estudo foram definidas através do instrumento de recolha de dados utilizado no estudo (tabela 2), que foram elaboradas de acordo com o quadro teórico desenvolvido por Ibáñez (1996, 1997a, 1997b) e refinado por Feu e colegas (2007, 2010).
As variáveis dependentes do estudo foram definidas através do instrumento de recolha de dados utilizado no estudo (Tabela 2), tendo sido estas elaboradas em concordância com o marco teórico desenvolvido por Ibáñez (1996, 1997a, 1997b).
Procedimentos
Todos os procedimentos do estudo foram aprovados pelo conselho de bioética da Universidade antes do início (Referencia: 238/2019). O recrutamento dos participantes foi efetuado através de métodos múltiplos. Após análise do calendário das provas dos Special Olympics Portugal, efetuou-se a seleção dos eventos com abrangência nacional, que incluíssem no programa várias modalidades desportivas e com a duração de mais de um dia.
Desta forma, foi solicitada autorização ao Special Olympics Portugal para proceder à distribuição presencial do material de investigação nos eventos selecionados consoante os critérios estabelecidos. No início do evento, todos os treinadores foram contactados pessoalmente e caso aceitassem participar no estudo, era-lhes facultado todo o material de estudo (carta de apresentação do estudo, consentimento informado e inquérito por questionário). Os treinadores tinham todo o evento para escolher o momento de preenchimento e os investigadores encontravam-se presentes para o esclarecimento de qualquer procedimento. Antes do final dos eventos, os treinadores participantes eram convidados a entregar os inquéritos por questionário. De salientar, que a opção de recolha presencial foi efetuada antes do surgimento do contexto pandémico.
Com o intuito de incluir mais treinadores, e após o processo presencial, foi disponibilizada uma versão online do inquérito por questionário. Deste modo, solicitou-se aos Special Olympics Portugal colaboração no envio de um e-mail a todos os treinadores pedindo a participação no estudo, bem como todo o material de investigação. De notar, que os treinadores que preencheram o questionário nos eventos de forma presencial, foram excluídos do processo online.
Análises estatística
Foi estudada a consistência interna das escalas SDSQ e PSSQ através do coeficiente Alfa de Cronbach, verificando-se um valor α > .70, sendo designada uma fiabilidade ótima (Nunnally e Bernstein, 1994; Hill e Hill, 2005). Especificando, no SDSQ apresenta os seguintes graus de fiabilidade consoantes as dimensões: autoritário α = .77; democrática α = .70; e permissivo α = .80. Relativamente aos graus de fiabilidade da PSSQ observam-se: na dimensão flexível α = .74; na dimensão rígido α = .84; e na dimensão improvisador α = .85. A primeira exploração do comportamento dos dados, foi efetuada com verificação das medidas de tendências central e dos valores do teste de normalidade Kolmogorov Smirnov. A extrapolação dos resultados realizou-se a partir dos dados obtidos com a estatística descritiva. Os dados revelaram uma distribuição normal, pelo que se utilizou o teste de analise da variância (ANOVA), entre os estilos de decisão e planificação com as variáveis dependentes formação formal e não formal. O teste pós-hoc Sheffé foi utilizado para identificar as diferenças entre os grupos. Recorreu-se ao η2 com o intuito de analisar o efeito do índice do tamanho da ANOVA, sendo estes classificados em: sem efeito se 0 <η2 ≤ 0.04; mínimo se 0.04<η2 ≤ 0.25; moderado se 0.25< η2 ≤ 0.64 e forte se η2 > 0.64 (Ferguson, 2009). Através do coeficiente de correlação de Pearson, apurou-se o grau de relação entre o perfil e formação dos treinadores. As relações foram classificadas da seguinte forma: 0 = sem correlação, 0 < |r| < .2 = correlação muito fraca, .2 ≤ |r| < .4 = correlação fraca, .4 ≤ |r| < .6 = correlação moderada, .6 ≤ |r| < .8 = correlação forte, .8 ≤ |r| < 1 = correlação muito forte, e 1 = correlação perfeita (Field, 2017). Por último, é essencial referir que foi avaliada a dependência (qui-quadrado) entre a formação formal e não formal utilizando uma tabela de convergência e constatou-se que as variáveis em análise apresentam uma forte associação (p≤.001), demonstrando ser bons indicadores para avaliação do percurso formativo dos treinadores.
RESULTADOS
Na estatística descritiva da SDSQ, os treinadores apresentam valores médios mais elevados em decisões democráticas (82.67 ± 1.41), seguida de decisões autoritárias (67.04 ± 19.20) e por último recorrem a decisões de tipologia permissiva (47.24 ± 21.71). No PSSQ, os treinadores demonstram uma predominância da planificação flexível (=82.16 ± σ= 12.70), seguida da planificação rígida (=35.32 ± σ= 19.70) e a planificação de cariz improvisador (=33.63 ± σ= 21.20) é a menos utilizada.
A figura 1 representa os valores médios entre as variáveis dos estilos de decisão e planificação com a formação formal dos treinadores. De salientar, que se encontram diferenças estatisticamente significativas na planificação flexível (F(8,889) = 8.89; p≤.01). Os resultados da análise post hoc de Sheffé demonstram que os treinadores com formação técnica são significativamente menos flexível que os treinadores formados na área da deficiência (F(5,96815)= - 20,917, p<.05) e Educação Física e Ciências do Desporto (F(4,87298)= - 20,111, p<.05).
A figura 2 descreve os valores médios entre as variáveis do estilo de decisão e planificação com a formação não formal. Existe uma maior proeminência de formação não formal nos estilos de decisão flexível em comparação com os estilos improvisador e rígido. Na planificação, no estilo democrático observam- se valores médios mais altos de formação não formal em comparação com o estilo autoritário e permissivo. De salientar que tanto nos estilos de decisão e planificação não se encontram diferenças estaticamente significativas entre as dimensões.
Atabela 3mostra a análise da variância (ANOVA) e o η2 relativamente à análise efetuada através da comparação entre os estilos de decisão e planificação dos treinadores, com a sua formação formal e não formal. A figura 3 representa as relações entre a formação e o perfil dos treinadores. Foi efetuada uma análise bivariada com o intuito de determinar a relação entre as variáveis. Posteriormente usamos o coeficiente de Pearson para analisar a intensidade entre as variáveis dos estilos de decisão e planificação do treinador e determinar a significância das corelações entre elas.
Observam-se apenas correlações positivas, sendo estas de dois tipos de significância fraca positiva e moderada positiva (Field, 2017). Só se identifica uma intra relação dos estilos de planificação (Rígido-Improvisador) e quatro relações entre os domínios do estilo de decisão e planificação.
A figura 3 representa as relações entre a formação e o perfil dos treinadores. Foi efetuada uma análise bivariada com o intuito de determinar a relação entre as variáveis. Posteriormente usamos o coeficiente de Pearson para analisar a intensidade entre as variáveis dos estilos de decisão e planificação do treinador e determinar a significância das corelações entre elas. Observam-se apenas correlações positivas, sendo estas de dois tipos de significância fraca positiva e moderada positiva (Field, 2017). Só se identifica uma intra relação dos estilos de planificação (Rígido-Improvisador) e quatro relações entre os domínios do estilo de decisão e planificação.
DISCUSSÃO
O estudo tem como objetivo identificar os estilos de decisão e planificação dos Treinadores do Special Olympics Portugal, assim como investigar a relação da formação formal e não formal nos estilos de decisão e planificação.
Na fiabilidade dos questionários, observa-se que os questionários aplicados se encontram com valores de α muito próximo dos questionários originais criados por Feu e colegas (2007, 2010). A diferença máxima entre os alphas situa-se no SDSQ na dimensão permissivo que apresenta uma variação do α de .11 entre o questionário aplicado (α = 80) e o original (α= 73).
Os resultados demonstram que os treinadores apresentam estilos de decisão tendencialmente mais democrático, seguido dos estilos autoritário e permisso. Na planificação, os treinadores demonstram um estilo mais flexível, rígido e improvisador consecutivamente. Além disso, foram estudadas as relações entre os estilos de tomada de decisão dos treinadores e de planeamento. Relativamente ao tamanho do efeito, este foi na sua maioria de pequeno efeito em quase todas as dimensões dos questionários e consoante a analise efetuada à formação formal e não formal dos treinadores (Hattie, 2009). No entanto, na formação formal o estilo de planificação flexível apresenta um efeito intermédio, relançando a importância do binómio entre uma formação especifica e uma planificação de acordo as habilidades dos atletas.
No estilo de decisão, os resultados encontram-se em concordância com o estudo de Feu, Ibanez, Gozalo e Lorenzo (2010), uma vez que o estilo democrático é preferível ao estilo autoritário, alertando para a necessidade de utilização de adaptar decisões permissivas. O autor anteriormente mencionado salienta que este aspeto, permite espaço aos atletas para tomarem autonomamente as suas decisões e respetivas consequências das mesmas. No estudo anteriormente referido os autores consideram, que um planificador flexível é preferível a um rígido, rejeitando um planificador com um estilo tendencialmente improvisador. No entanto, é necessário ter em consideração onde a atividade é desenvolvida, visto que diferentes contextos relançam diferentes estilos de decisão e planificação (Gamonales, Gómez-Carmona, Córdoba-Caro, e Ibáñez, 2019).
No âmbito do desporto adaptado, é importante recorrer a um vasto leque de estilos de decisão e planificação para melhor adaptar o treino às necessidades especificas dos atletas (Cregan et al., 2007; Vera et al., 2021). Para atletas com deficiência intelectual, é necessária uma planificação adequada às capacidades e competências de cada atleta, sendo necessário recorrer à utilização de metodologias mais flexíveis de forma a otimizar a performance dos desportistas (Hutzler, Oz, e Barak, 2013).
Na formação formal, em todas as especialidades de formação os treinadores demonstram um estilo de decisão mais democrático e um estilo de planificação mais flexível. Quanto à formação não formal, os treinadores com um estilo de decisão mais democrático e planificação mais flexível apresentam a frequência do maior número ações de formação. Feu et al. (2010) identificaram que a experiência anterior dos treinadores e as suas ações no passado, tais como formação académica geral e desportiva, cursos de formação contínua, experiência como jogador e experiência como treinador condiciona a adoção de alguns dos perfis dos treinadores. É evidente que quanto mais formação formal ou não-formal os treinadores detiverem, mais adequados são os perfis que os treinadores adotam na sua tomada de decisão e planeamento de um ponto de vista educativo.
Os treinadores com formação académica, são mais eficazes no treino pois conseguem utilizar uma maior gama de recursos e competências (Marinho, Barbosa, Lopes, Forte, Toubekis e Morais, 2020). Os treinadores de desporto adaptado, não possuem tantos contextos não formais de aprendizagem como os treinadores normativos, tendo assim, de ser mais criativos na procura informação que os auxilie no processo de treino (Cregan et al., 2007). A formação formal dos treinadores de desporto adaptado deve ser mais completa e acessível, uma vez que se torna muito difícil obter conhecimento específicos num contexto não formal (Bentzen et al., 2020). Este aspeto, é visível nos resultados uma vez que os treinadores especialistas em desporto adaptado apresentam valores superiores, tanto nos estilos de decisão democrática como nos estilos de planificação flexível quando comparado com as outras formações.
Tomar decisões democráticas e assentes em planificações flexíveis, exige maior responsabilidade e formação adequada para utilizar este tipo de metodologia (Jones, Armour, e Potrac, 2002; Feu et al., 2007). Aconselha-se aos treinadores de atletas com deficiência intelectual a elaborarem programas de treino planeados e dirigidos em concordância com as necessidades específicas dos atletas, uma vez que esta premissa promove a motivação intrínseca dos atletas (Hutzler et al., 2013). De salientar, que a especificidade das necessidades dos atletas, obriga o treinador a adequar o seu processo pedagógico que possibilitem estruturar o treino de acordo concordo com as patologias específicas da deficiência intelectual.
CONCLUSÃO
Os resultados revelam que os treinadores do Special Olympics Portugal apresentam um leque variado de estilos na sua atuação no treino, onde predominam os estilos de decisão democrático e planificação flexível. Esta situação implica que os treinadores desta área são mais reflexivos, necessitando de adaptar as suas metodologias para trabalhar com os atletas e procuram novas soluções, de forma a adaptarem o treino às necessidades efetivas dos desportistas.
Nesta perspetiva, os treinadores devem ter uma grande plasticidade para adequar a forma como planeiam e tomam as decisões, com o intuito de trabalhar os atletas consoante o seu grau de habilidade e competências. Esta premissa, torna o desenvolvimento holístico dos atletas mais sustentado maximizando o potencial desportivo dos atletas e consequentemente aumentar a eficácia do treino.
Uma formação especializada na área do desporto adaptado, permite um raciocínio pedagógico adequado, uma compreensão progressiva das necessidades dos atletas, adaptação e avaliação do treino possibilitando uma reflexão estruturada de todo o processo desenvolver na discussão. Estes factos tornam-se facilitadores para os treinadores encararem os atletas na sua plenitude, independente da sua condição ou patologia.
Em suma, o treino para atletas com deficiência intelectual requer uma abordagem flexível e o papel do treinador é complexo e exigente, mas também é vital utilizar o desporto como um veículo transformador. Desta forma, os treinadores dos Special Olympics Portugal mais bem preparado será capaz de enfrentar as suas funções com maiores garantias de adequação do processo de treino às caraterísticas e necessidades dos atletas.
LIMITAÇÕES
É importante compreender com maior profundidade e globalidade o desenvolvimento da aprendizagem dos treinadores, com o incremento da formação informal, reflexão e outras tipologias da deficiência em estudos futuros. Adicionalmente, torna-se interessante efetuar investigações que analisem a liderança dos treinadores, tanto na sua auto perceção como na perceção dos atletas com deficiência intelectual. É evidente a necessidades de estudar a deficiência intelectual de acordo com a especificidade e o grau da patologia.
APLICAÇÕES PRÁTICAS
Torna-se essencial uma maior exigência na construção dos contextos de aprendizagem dos treinadores, como forma de maximizar a compreensão da deficiência, compreender as capacidades e competências dos desportistas e criar estratégias para adequar todo o processo de treino às necessidades reais dos atletas com deficiência intelectual. Desta forma, é evidente um reforço investigativo na área do desporto adaptado, nomeadamente na deficiência intelectual, com o intuito de expandir e especificar o conhecimento para aumentar a eficácia no treino.
Durante a fase formativa dos treinadores, as experiências e ideias preconcebidas dos treinadores devem ser trabalhadas (Feu et al., 2010), pois é necessário adaptar as suas teorias implícitas à realidade deste contexto desportivo. O aumento da formação formal e não formal é um dos pilares básicos para promover qualquer tentativa de renovação e progresso na formação desportiva.