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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.10 no.23 Murcia jul. 2011

https://dx.doi.org/10.4321/S1695-61412011000300021 

REVISIONES

 

Atuação do enfermeiro no controle de endemias

Actuación del enfermero en el control de endemias

 

 

De Souza Braga, A.L.*; Antunes Cortez, E.**; Roza Carneiro, F.***; Martins Jr., WdS****

*Mestre - Professor Assistente da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAAC. Universidade Federal Fluminense - UFF.
**Doutora- Professora Adjunta da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa - EEAAC. Universidade Federal Fluminense - UFF.
*** Enfermeira da Casa de Saúde e Maternidade Santa Martha. Pós Graduada em Enfermagem do Trabalho.
****Enfermeiro do Hospital Quinta Door. Pós Graduado em Enfemagem do Trabalho. Brasil.

 

 


RESUMO

Endemia refere-se à doença habitualmente presente entre os membros de um determinado grupo, em uma determinada área, presente em uma população definida. O problema de estudo foi reconhecer como o enfermeiro atua no controle das endemias? O objetivo é identificar a atuação do enfermeiro no controle de endemias e discutir a formação profissional do enfermeiro para atuar no controle das endemias. Estudo descritivo, exploratório, qualitativo e bibliográfico, realizado na base de dados da BVS (BDENF e, LILACS) e na biblioteca da COC (FIOCRUZ). Após a coleta dos dados realizou-se a pré-leitura, a leitura seletiva, a interpretativa e a análise textual. Emergiram as categorias: o papel do enfermeiro no controle das endemias, e a formação profissional do enfermeiro e o controle das endemias. Os resultados: o papel do enfermeiro é realizar ações educativas e administrativas, além de elaborar programas. Quanto sua formação esta deve enfatizar a importância da epidemiologia para ser aplicada à prática profissional. Conclui-se que o enfermeiro voltado para essa função deverá prover de técnicas de prevenção e promoção da saúde, visando uma melhor qualidade de vida para a comunidade e que na formação deste deverá desenvolver habilidades técnicas e conhecimento para controlar as endemias.

Palavras-chave: Endemia; Enfermeiro; Controle.


RESUMEN

Endemia es la enfermedad habitualmente presente entre los miembros de un determinado grupo, en una determinada área, en una población definida. El problema del estudio fue reconocer cómo el enfermero actúa en el control de las endemias. El objetivo es identificar la actuación del enfermero en el control de endemias y discutir la formación profesional del enfermero para actuar en dichol control. Estudio descriptivo, exploratorio, cualitativo y bibliográfico, realizado en la base de datos de BVS (BDENF e, LILACS) y en la biblioteca de COC (FIOCRUZ). Tras la colecta de datos se realizó la pre-lectura, la lectura selectiva, la interpretativa y el análisis textual. Emergieron las categorías: el papel del enfermero en el control de las endemias, y la formación profesional del enfermero y el control de las endemias. Los resultados: el papel del enfermero es realizar acciones educativas y administrativas, además de elaborar programas. En cuanto a su formación esta debe enfatizar la importancia de la epidemiología para ser aplicada a la prática profesional. Se concluye que el enfermero orientado a esa función deberá proveer de técnicas de prevención y promoción de la salud procurando una mejor calidad de vida para la comunidad y que en la formación de este deberá desarrollar habilidades técnicas y conocimiento para controlar las endemias.

Palabras clave: Endemia; Enfermero: Control.


ABSTRACT

Endemic refers to the disease usually present among the members of a particular group in a given area, that is, present in a specific population. The study problem is: how do nurses operate in the control of endemic diseases? The goal is to identify the role of a nurse in the control of endemic diseases and discuss the training of nurses to operate in the control of endemic diseases. A descriptive, exploratory, qualitative and bibliographic study using the database of the BVS (BDENF, and LILACS) and the COC library (Fiocruz). After collecting data, pre-reading, selective reading, interpretative reading and textual analysis were carried out. The following categories emerged: The role of nurses in the control of endemic diseases, and the professional training of nurses and control of endemic diseases. Results: the role of nurses is to carry out educational and administrative activities, besides elaborating educational programs. When it comes to their training, the epidemic importance to be applied to practical experience should be emphasized. It is concluded that the nurse in charge of this area should provide techniques of prevention and promotion of health, aimed at a better quality of life for the community and that in professional training, the nurse should develop technical abilities and knowledge to control endemics.

Key words: Endemic disease; Nurse; Control.


 

1. Introdução

O presente estudo tem como objeto a atuação do enfermeiro no trabalho educativo e preventivo das doenças endêmicas.

De acordo com Medronho1, endemia refere-se à presença usual de uma doença, dentro dos limites esperados, em uma determinada área geográfica por um período de tempo ilimitado. Esse fenômeno ocorre quando há uma constante renovação de suscetíveis na comunidade, tais como exposição múltipla e repetida destes a um determinado agente, isolamento relativo sem deslocamento importante da população em uma zona territorial.

Diante disso, a análise da distribuição das doenças e de seus determinantes nas populações no espaço e no tempo é um aspecto fundamental da epidemiologia que, de acordo com Rouquayrol2, é a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas.

A justificativa desta pesquisa reside na necessidade de levar o enfermeiro à reflexão sobre o tema proposto para um trabalho educativo e continuado de prevenção de endemias no sentido de adotar medidas eficazes de controle. Com isso, surge o problema de estudo: Como o enfermeiro atua no controle de endemias?

A maioria dos estudos epidemiológicos consiste nos exames cuidadosos de três questões primordiais: Quem adoeceu? Onde a doença ocorreu? Quando a doença ocorreu? Com a primeira questão, analisa a distribuição da doença segundo sexo, idade, ocupação, hábitos alimentares, culturais etc.; com a segunda, a ocorrência de algum padrão espacial da doença, e com a última, o período e a velocidade de ocorrência da doença. Como resultado do terceiro, podemos classifica-las quanto a variação na incidência de uma doença, cujos ciclos coincidem com estações do ano, é denominada de variação sazonal. Essa variação ocorre dentro de um período de um ano. As doenças infecciosas agudas constituem um exemplo claro dessas variações. A variação sazonal depende de um conjunto de fatores, tais como: radiações solares, temperatura, umidade do ar, precipitação, concentração de poluentes no ar etc. Além das condições climáticas, uma maior aglomeração climática pode favorecer o aparecimento de diversas doenças respiratórias (por exemplo, gripe), ou um maior consumo de água no verão (com conseqüente aumento nos despejos de esgotos) pode favorecer a transmissão fecal-oral (por exemplo, poliomielite, diarréias infecciosas etc.1).

Assim, buscou-se como objetivo identificar a atuação do enfermeiro no controle de endemias e discutir a formação profissional do enfermeiro para atuar no controle das endemias.

A saúde pública brasileira, antes da República, estava repleta de medidas de intervenção ambiental, quase sempre nas cidades, ainda que a maioria da população fosse rural. Ressalta-se que a localização dos cemitérios e hospitais, a drenagem dos terrenos e a influência dos ventos e até de pessoas nocivas, como: mendigos, doentes mentais ou leprosos sempre constituiu um ponto central de preocupação3-5.

No inicio do século XX, foi um suceder de estudos sobre a etiologia, além da ocorrência de outros aspectos de diferentes doenças endêmicas brasileiras, como os estudos de Gaspar Vianna sobre a leishmaniose cutânea, de Lutz sobre o blasto micose sul-americana e a descoberta da doença de chagas em 1909. Este fervilhante movimento científico concentrado no Rio de Janeiro e São Paulo fez se sentir sobre o controle das doenças. A febre amarela, que vinha causando epidemias sucessivas no Rio de Janeiro desde 1849 determinou a mais emblemática das ações de controle de endemias na história do país4-6.

As ações de controle de endemias foram perdendo sua importância na lógica oficial, ainda que fossem mantidas, mas não com a prioridade dada no início da década de 1950, tanto que o Aedes egypti, erradicado em 1955, voltou ao país por diversas vezes, mas sempre eliminado, até que, em 1973, se constata a reinfestação do país, não mais sendo alcançada a erradicação3.

A pesquisa contribuirá servindo como referência para outros acadêmicos, profissionais e pesquisadores, haja vista a adoção da linha de pesquisa saúde e sociedade, tendo com área predominante enfermagem em saúde coletiva. Servirá com subsídio para melhorar a construção do conhecimento dos futuros profissionais de enfermagem e para disponibilizar futuras consultas.

 

2. Metodología

De acordo com os objetivos, este estudo classifica-se em descritivo e exploratório. O estudo descritivo tem como principal objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno, e o exploratório envolvem o levantamento bibliográfico ou entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado7. A abordagem utilizada foi a qualitativa. Esta descreve a complexidade de uma determinada hipótese ou problema, procura descobrir e classificar a relação entre variáveis8. O estudo foi realizado através de revisão literária na biblioteca virtual de saúde (BVS), nas bases de dados do Lilacs, Bdenf e na Biblioteca da Casa de Osvaldo Cruz (COC) na FIOCRUZ. Destaca-se que a revisão tem como propósito orientar sobre o que é e o que não é conhecido em uma área de investigação, para confirmar qual a pesquisa que pode trazer melhor contribuição para o conhecimento9.

Utilizamos os descritores enfermeiro, endemias e controle para a busca. Desta feita, na intenção de organizar o material coletado, optamos por iniciar, selecionando os artigos de acordo com os descritores individualmente, conforme Quadro 1:

 

Após a coleta de dados, percebemos que seria necessário um refinamento, e optamos por realizar a busca com os descritores em dupla, conforme Quadro 2.

 

Partindo desses resultados, realizamos uma pré-leitura. De acordo com Cervo e Bervian10 nesta fase inicial da leitura, o estudante deve certificar-se da existência das informações que procura, além de obter uma visão global das mesmas. São duas, pois, as finalidades desta leitura: a primeira é permitir selecionar os documentos bibliográficos que contém dados ou informações suscetíveis de serem aproveitados na fundamentação do seu trabalho; a segunda é dar uma visão global do assunto focalizado, visão indeterminada, mas indispensável para poder progredir ao conhecimento. Realizou-se também a leitura seletiva, selecionando as informações que interessam à elaboração do trabalho em perspectiva11. Desta feita, a bibliografia potencial foi de cinco trabalhos científicos conforme o quadro 3

 

Finalmente, após a seleção da bibliografia potencial foi realizada leitura interpretativa, relacionando o que o autor afirma com o problema para qual se propõe uma solução, e, finalizamos com análise textual que tem por objetivo uma visão global, assinalando o estilo, vocabulário, fatos doutrinas, épocas, autor, ou seja, um levantamento dos elementos importantes do texto12.

Após a análise, emergiram duas categorias: o papel do enfermeiro no controle das endemias, e a formação profissional do enfermeiro e o controle das endemias. Ressalta-se que alguns autores foram categorizados nas duas categorias.

 

3. Descrição e discussão dos dados

3.1 - O papel do enfermeiro no controle de endemias

Nesta categoria estão inseridos três artigos e um manual que ressaltam o papel do enfermeiro no controle de endemias, ou seja, técnicas utilizadas, ações educativas, elaboração de programas e gerenciamento.

Gomes13 demonstrou em seu artigo que as ações do enfermeiro tem sido de participar na coordenação de dados, na produção de novas informações, proporem novas metodologias para sua obtenção (estudos especiais e investigações epidemiológicas), realizar análise das limitações, selecionar e aplicar as metodologias mais adequadas para o alcance dos bjetivos propostos pelo programa em que seja mais adequado ao conhecimento da doença e sua evolução; participar na seleção de alternativas, prioridades e colaborar na elaboração, executar os programas de controle, assim como avaliação do alcance dos objetivos propostos. Concluíram que, considerando o aspecto global do trabalho do enfermeiro e, em particular, as suas ações na Vigilância Epidemiológica e atuação na administração de serviços, de assistência de serviços ou de assistência de enfermagem, a epidemiologia terá um importante papel nesses processos não somente nos aspectos de prevenção, de vigilância, de enfermidades, ou de ocorrências, mas também na avaliação e análise de impactos de suas ações.

Perdesolli, Antonialli e Vila14 objetivaram identificar e analisar os diferentes períodos em que o profissional enfermeiro foi inserido na vigilância epidemiológica a fim de evidenciar a natureza deste trabalho e as transformações das políticas de saúde. Identificaram, dentre outros, o papel do enfermeiro no controle de endemias, o qual trabalha com campanhas, vacina, imunização, além de haver um predomínio deste profissional nas equipes de vigilância epidemiológica dos distritos de saúde.

Segundo o manual do Ministério da Saúde15, o papel do enfermeiro no controle de endemias é de realizar o diagnóstico precoce, instituir o tratamento adequado e imediato e/ou acompanhá-lo; desenvolver ações educativas e de mobilização social que possam contribuir nas medidas de controle individuais e coletivas, com impacto na melhoria das situações identificadas. Nas ações educativas, o enfermeiro deve implementar medidas de prevenção e, para isso, é preciso conhecer as alterações ambientais, os locais onde as pessoas vivem, trabalham e dormem dentre outros. O enfermeiro deverá também desenvolver medidas de proteção individual, familiar e da comunidade, desenvolver medidas de combate a vetores e outros microorganismos. Na prevenção e na promoção da melhoria de condições ambientais da população, o enfermeiro, junto com sua equipe que atua no controle de endemias, deverá realizar ações de educação em saúde e de mobilização social; mobilizar a comunidade para desenvolver medidas simples de manejo ambiental; preencher e encaminhar ao setor competente a ficha de notificação, conforme a estratégia local; preencher adequadamente e encaminhar ao setor competente o boletim de atividade diária; participar das reuniões de planejamento e avaliar os resultados das ações de controle. É de competência dos enfermeiros das equipes de saúde da família e da unidade básica de saúde identificar casos suspeitos, realizar diagnósticos precoces; realizar tratamento imediato e adequado dos casos conforme o manual de cada endemia; orientar o paciente quanto à necessidade de concluir o tratamento; solicitar e orientar o paciente para retorno após término de esquema de tratamento.

Nichiata, Borges e Zoboli16 destacam em seu artigo que a atuação do enfermeiro junto à vigilância epidemiológica desenvolve ações de investigação epidemiológica e diagnóstico situacional, de planejamento e implementação de medidas de prevenção, controle e tratamento. Enfatizam também que, no âmbito da enfermagem em saúde coletiva, a vigilância epidemiológica vem sendo utilizada como uma ação que necessita ser incorporada no cotidiano do trabalho do enfermeiro.

Nesta categoria, evidenciou-se que a atuação do enfermeiro no controle de endemias baseia-se na participação da coordenação dos dados, na produção de novas informações, na realização de análise das limitações, na seleção de aplicação das metodologias adequadas para alcance dos objetivos propostos pelo programa em que seja mais adequado ao conhecimento da doença e sua evolução; na participação da seleção de alternativas, prioridades e colaborar na elaboração, na execução dos programas de controle, assim como avaliação do alcance dos objetivos propostos. O enfermeiro deve também ter uma participação nas equipes de vigilância epidemiológica dos distritos de saúde, desenvolver ações educativas e de mobilização social que possam contribuir nas medidas de controle individuais e coletivas, com impacto na melhoria das situações identificadas. Para discutir esta categoria, trouxemos Pedrazzani17, que identificou como sendo papel do enfermeiro em controle de endemias as seguintes funções: educação em saúde, assistência de enfermagem, administração de serviços e vigilância epidemiológica.

Steagall-Gomes, Daisy Leslie18, definem e delimitam funções do enfermeiro e do pessoal de enfermagem. No entanto, determinar o limite de função de cada categoria na enfermagem tem sido difícil na prática. Para estes autores as enfermeiras de Centro de Saúde eram atribuídas as cinco funções básicas, que eram executadas na seguinte ordem de freqüência: administrativas (68,5%), assistência de enfermagem (67,5%), ensino (58,5%), assessoria (40,0%) e por última pesquisa (36,5%). Comparadas as freqüências com que as enfermeiras de Centro de Saúde e as da categoria chefe, com ou sem encarregatura, exerciam a função de assistência, verifica-se haver uma inversão porquanto era prevista maior freqüência em relação às primeiras. Atualmente, surgem outras tendências em relação às funções do enfermeiro, sendo a primeira a que contempla a ampliação de suas atribuições a fim de que desempenhe um número maior de funções médicas. A segunda postula que o enfermeiro deva aprofundar-se no seu próprio campo, para converter-se num especialista de enfermagem.

3.2 - A formação profissional do enfermeiro no controle de endemias

Nesta categoria, estão inseridos três artigos, um editorial e um manual que abordam sobre a formação do profissional enfermeiro no controle de endemias, ou seja, a vivência e a prática desse profissional no controle das endemias, conforme Quadro 4.

 

Gomes13, em seu artigo, relata que o ensino de epidemiologia desenvolve habilidades para estabelecer prioridades dentro dos limites dos recursos existentes, sendo assim, capacita o enfermeiro para suas ações nas atividades junto à vigilância epidemiológica (VE). A epidemiologia se configura assim num instrumento valioso para a utilização dos enfermeiros em sua prática, quer seja no ensino, nos serviços, nas suas atividades administrativas específicas e/ou nas investigações. Seu conteúdo deverá ser oferecido na formação profissional do enfermeiro por ser considerado um conhecimento necessário para sua prática profissional, tornando as ações de enfermagem mais efetivas e conscientes.

Perdesolli, Antonialli e Vila14 identificaram que as atividades de vigilância epidemiológica desenvolvidas pelo profissional de enfermagem requerem reconhecimentos específicos de epidemiologia, controle de doenças e agravos a saúde, gerência de programas (planejamento, avaliação e coordenação), orientação técnica das ações de vigilância epidemiológica e vacinação, necessitando o enfermeiro ter formação específica em Saúde Pública. O predomínio do enfermeiro na Vigilância Epidemiológica necessita de um profissional com conhecimento mais especializado, formação mais abrangente, desenvolvimento de habilidades técnicas de enfermagem, maior capacitação e conhecimento de medidas de controle (prevenção), a fim de evitar o aparecimento de doenças.

Segundo o Ministério da Saúde15, no seu manual, a educação dos agentes tem de ser continuada, com várias técnicas, capacitando-os para unir o criativo ao disponível em suas comunidades. A capacitação orienta os agentes como chegar às casas das pessoas, falar com elas, entender o momento de cada uma, ouvir muito, e, sobretudo desenvolver a percepção do que estar ocorrendo naquelas casas, com aquelas pessoas.

Nichiata, Borges e Zoboli16 ressaltam, em seu artigo, que esta estratégia de ensino na formação do aluno de graduação em enfermagem complementa e sedimentam os conceitos básicos utilizados na prática de vigilância epidemiológica e vigilância na saúde, sendo avaliada positivamente pelos alunos.

Oliveira19, em seu editorial, destaca que avaliação de intervenções de controle de doenças e sua efetividade dependem, também, da qualidade dos métodos adotados, chama atenção dos profissionais de saúde e dos gestores do sistema para o necessário envolvimento da saúde, juntamente com as instituições de pesquisas, iniciativas de desenvolvimento cientifico e tecnológico. Além, justamente, de fazer chegar os serviços de saúde a seus principais resultados (encontrados).

Nesta categoria evidenciou-se que a formação profissional é muito importante para o enfermeiro atuar no controle de endemias de forma efetiva e eficaz. Destaca-se que o ensino de epidemiologia desenvolve habilidades para estabelecer prioridades dentro dos limites dos recursos existentes, sendo assim, capacita o enfermeiro para suas ações nas atividades junto à vigilância epidemiológica (VE).

Para discutir esta categoria trouxemos Pedrazzani17 em seu artigo, a formação do enfermeiro foi verificada junto aos docentes responsáveis pelo ensino de endemias em 66,60 por cento dos Cursos de Graduação em Enfermagem do Estado de São Paulo. As informações sobre o desenvolvimento de sua prática na área de endemia foram obtidas através dos próprios enfermeiros nas unidades ambulatoriais da rede de serviços públicos do Estado; utilizou-se um formulário próprio para o levantamento de dados, que ocorreu durante o primeiro semestre de 1989. Os resultados obtidos apontam para uma deficiência no ensino de endemia, sendo necessário dar maior importância ao tema, através de uma reformulação do mesmo nos currículos dos Cursos de Graduação em Enfermagem.

Steagall-Gomes, Daisy Leslie18, em seu artigo, descrevem a apreciação das enfermeiras sobre sua formação acadêmica mostrou que para 73,5% o ensino teórico foi suficiente e para 67,5% a prática também o foi. As que responderam ser insuficiente atribuíram o fato à insuficiência dos cursos, à inadequação do ensino e do próprio currículo sobre o qual foi referida a pouca ênfase emprestada à Saúde Pública; sobre a prática foram criticados os estágios. Como 28,5% do grupo não era habilitado em enfermagem de saúde pública, justificam-se as respostas considerando os cursos como insuficientes. Constatou-se, também, que havia uma limitação de disponibilidade de material bibliográfico, escassez de oportunidade para cursos e encontros de interesse da categoria, dificuldade monetária, falta de interesse do próprio serviço em oferecer meios de o profissional se atualizar, entre outras.

 

4- Considerações finais

Ao trazer o assunto para discussão, percebeu-se uma deficiência nas publicações científicas, evidenciando a necessidade de mais pesquisas com ênfase na valorização do profissional de enfermagem como ferramenta articuladora do processo, sendo necessário dar maior importância ao tema, através de uma reformulação nos currículos dos Cursos de Graduação em Enfermagem, inserindo estratégias de ensino que valorizem e mostrem a real importância da epidemiologia no papel do enfermeiro para o controle de endemias.

Conclui-se que o enfermeiro inserido nesta área deverá prover de técnicas de prevenção e promoção da saúde, visando uma melhor qualidade de vida para a comunidade. Ele terá como proposta de ações educativas o treinamento de seus agentes, visando sempre analisar como a doença se distribui segundo as características das pessoas, o que determina a sua ocorrência, elaborar as medidas a serem tomadas a fim de prevenir e controlar e saber até que ponto as medidas contribuirão na prevenção da doença.

 

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