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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.14 no.37 Murcia ene. 2015

 

REVISIONES

 

Estratégias de autocuidado das pessoas com doença oncológica submetidas a quimioterapia / radioterapia e a sua relação com o conforto

Estrategias para el autocuidado de las personas con cáncer que reciben quimioterapia / radioterapia y su relación con el bienestar

Strategies for self-care of persons with cancer undergoing chemotherapy / radiotherapy and its relationship with the comfort

 

 

Silva, Joana Mafalda da Cunha* e Valente Ribeiro, Patrícia Pontífice Sousa**

*Enfermeira, Mestranda em Enfermagem avançada
**Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta. E-mail patriciaps@ics.lisboa.ucp.pt Universidade Católica Portuguesa. Portugal.

 

 


RESUMO

Este artigo constitui-se uma revisão sistemática da literatura sobre as estratégias que facilitam o autocuidado na promoção do autocuidado e conforto desenvolvidas pela pessoa com doença oncológica submetida a quimioterapia/radioterapia.
Tem como objectivo determinar a melhor evidência disponível sobre as estratégias utilizadas pela pessoa com doença oncológica submetida a qimioterapia para promoção do autocuidado e conforto e quais os factores facilitadores desenvolvidos pelos enfermeiros.
Na condução da presente revisão sistemática da literatura foi utilizada a metodologia PI(C)OD.
Resultados: Identificados 10 estudos incluídos na presente revisão sistemática da literatura. A partir da análise dos dados constatou-se que as pessoas submetidas a quimioterapia e radioterapia adoptam estratégias de autocuidado para fazer face à situação em que se encontram e aos efeitos secundários decorrentes dos tratamentos. O repouso, técnicas de relaxamento e ouvir música são estratégias para fazer face à fadiga, stress e ansiedade. Uma boa rede de suporte familiar, boa gestão da doença, tendo todas as consultas marcadas foram aspectos indicados como promotores de autocuidado a nível físico e psicológico. A utilização de medicinas alternativas para combate aos efeitos secundários foi também um factor encontrado como promotor de autocuidado. A intervenção precoce, acompanhamento e follow up são intervenções identificadas pelos doentes como promotoras de bem-estar e segurança. No que respeita a relação entre autocuidado e conforto não foram encontrados resultados, o que pode significar necessidade de desenvolvimento nesta área.

Palavras chave: conforto/desconforto; enfermagem; autocuidado; doença oncológica; doente com cancro; estratégias.


RESUMEN

Este artículo es una revisión sistemática de la literatura sobre estrategias de autocuidado que faciliten la promoción del autocuidado y confort diseñado para la persona con cáncer sometidos a quimioterapia / radioterapia.
Su objetivo es determinar la mejor evidencia disponible sobre las estrategias utilizadas por las personas con cáncer sometidas a qimioterapia para promover el autocuidado y el bienestar y cuáles son los factores facilitadores desarrollados por las enfermeras.
En el desarrollo de esta revisión sistemática de la literatura se utilizó la metodología de PI (C) OD.
Resultados: Se identificaron 10 estudios incluidos en esta revisión sistemática de la literatura. A partir del análisis de datos se encontró que las personas que reciben quimioterapia y radioterapia adoptan estrategias de autocuidado para hacer frente a la situación en que se encuentran y los efectos secundarios causados por los tratamientos. El reposo, técnicas de relajación y escuchar música son las estrategias para luchar con la fatiga, el estrés y la ansiedad. Una buena red de apoyo familiar, la buena gestión de la enfermedad y todas las consultas marcadas eran aspectos indicaados como promotores de autocuidado a nivel físico y psicológico. El uso de medicinas alternativas para combatir los efectos secundarios fue también un factor encontrado como promotor de autocuidado. La intervención temprana, la vigilancia y el seguimiento de las intervenciones son identificados por los pacientes como promotoras del bienestar y la seguridad. En cuanto a la relación entre el cuidado personal y el confort no e encontraron resultados, lo que significa la necesidad de desarrollo en esta área.

Palabras clave: bienestar / malestar; enfermería; cuidado personal; enfermedad oncológica; enfermo de cáncer; estrategias.


ABSTRACT

This article constitutes a systematic review of the literature on self-care strategies that facilitate the promotion of self-care and comfort designed for the person with cancer undergoing chemotherapy / radiation therapy.
Aims to determine the best available evidence on the strategies used by the person with cancer undergoing qimioterapia to promote self-care and comfort and which factors facilitators developed by nurses.
In the conduct of this systematic literature review methodology was used PI (C) OD.
Results: Identified 10 studies included in this systematic review of the literature. From the data analysis it was found that people undergoing chemotherapy and radiotherapy adopt self-care strategies to cope with the situation they are in and the side effects caused by treatments. The rest, relaxation techniques and listening to music are strategies to cope with fatigue, stress and anxiety. A good network of family support, good disease management, and all aspects were given appointments as promoters of self-care to physical and psychological level. The use of alternative medicines to fight the side effects was found also as a significant factor. Early intervention, monitoring and follow up interventions are identified by patients as promoting well-being and safety. Regarding the relationship between self-care and comfort are no results, which may mean the need for development in this area.

Key words: comfort / discomfort; nursing; self-care; oncological disease; cancer patient; strategies.


 

Introdução

O envelhecimento da população e a crescente prevalência de doenças crónicas têm tido um impacto significativo no sistema financeiro, social e de saúde das sociedades, hoje em dia. Em resposta a esta situação, as políticas de saúde colocam o enfoque na responsabilização e envolvimento dos utentes e famílias para se auto-cuidarem no que diz respeito às actividades de vida diária e na procura de comportamentos de saúde no sentido de serem capazes de gerir com eficácia os processos saúde/doença.

O autocuidado é um conceito que tem evoluído ao longo dos tempos e esta associado à autonomia, independência e responsabilidade pessoal e pode ser conceptualizado como um processo de saúde e bem-estar dos indivíduos, inato mas também aprendido na perspectiva da capacidade de tomarem iniciativa, responsabilidade e funcionarem de forma eficaz no desenvolvimento do seu potencial para a saúde. Foi mencionado pela primeira vez por Dorothea Orem que definiu o autocuidado como uma acção desenvolvida em situações concretas da vida e que o individuo dirige para si mesmo ou para regular os factores que afectam o seu próprio desenvolvimento, actividades em benefício da vida, saúde e bem-estar. (1)

Segundo Wilkinson A et al são vários os factores que têm contribuído para a importância do autocuidado como foco de atenção no domínio da saúde: a) alterações dos padrões e prevalência de doenças crónicas associadas ao envelhecimento da população; b) alteração de paradigma com a evolução de uma lógica de cuidados curativos para um maior enfoque nos cuidados orientados para a promoção de saúde; c) economia caracterizada por recursos limitados e o enfoque dado à contenção de custos, que leva ao cumprimento de internamentos de mais curta duração e crescente relevância de cuidados domiciliários com a necessidade de capacitar as famílias para uma melhor adaptação aos desafios de saúde; d) maior consumo de informação por parte dos cidadãos, tornando-os mais capazes de tomar decisões sobre as questões de saúde e estratégias de abordagem, maior exigência no controlo da saúde, envolvimento activo e maior motivação para melhorar a saúde e bem estar. (2)

Como resultado destas mudanças, o autocuidado tem sido reconhecido como um recurso para a promoção de saúde e gestão dos processos de saúde/doença, apresentando maior destaque no que diz respeito às doenças crónicas, que são a principal causa de mortalidade e morbilidade em todo o mundo. O autocuidado é o foco e resultado de promoção da saúde e das intervenções para gerir a doença; implica o planeamento de actividades de aprendizagem que visam aumentar os conhecimentos e capacidades dos indivíduos e famílias face às necessidades sentidas. (3)

As actividades de aprendizagem implicam o conhecimento dos indivíduos sobre a sua condição de saúde, a proposta de tratamento e ainda formação e oportunidade de treino de: 1) monitorização de sinais e sintomas relacionados com a doença e identificação de alterações; 2) interpretação do significado desses sinais e sintomas; 3) avaliação das opções disponíveis para gerir eficazmente as mudanças; e por último selecção e execução das acções adequadas. (3) Baseando-se no "Nursing Role Effectiveness Model", os enfermeiros perspectivam como objectivos e resultados esperados: a capacidade de estado funcional dos doentes, autocuidado, controlo de sintomas e satisfação dos utentes. (4)

O fornecimento de informação acerca da radioterapia revela-se crucial, uma vez que os doentes apresentam frequentemente falta de conhecimentos sobre o tratamento e sentimentos de medo acerca dos efeitos secundários que podem experienciar. A informação dada aos doentes facilita a sua participação na tomada de decisões, reduz os níveis de stress e ansiedade e capacita os doentes para se prepararem para o tratamento.

Se a necessidade de informação dos doentes não for satisfeita, eles continuam a sentir-se ansiosos e com níveis de stress elevados, o que pode comprometer a eficácia do mesmo.

Estão definidas determinadas áreas consideradas como importantes para serem discutidas com os doentes, tais como: radioterapia no geral, os objectivos do tratamento, o cancro, tratamento dos efeitos secundários, datas de execução dos exames e tratamentos alternativos. (5)

Foi demonstrado que uma abordagem cognitivo-comportamental que tem como foco resolução de problemas, aquisição de informação, gestão de sintomas e suporte emocional e social melhora a qualidade de vida dos doentes e a sua capacidade funcional no geral. A gestão de sintomas é um aspecto importante no cuidado às pessoas com doença oncológica, e o estabelecimento de estratégias facilitadoras do autocuidado deve ser estabelecida entre enfermeiro e doente (6).

A enfermagem tem desde sempre procurado contextualizar os seus cuidados, para que possam adaptar-se a qualquer pessoa e circunstância, tendo como objectivo final proporcionar conforto nas várias dimensões da pessoa e no contexto em que se encontra. A teoria de conforto de Katherine Kolcaba aborda uma visão holística orientada para a prática de cuidados, onde existem instrumentos que avaliam o nível de conforto dos doentes, ajudando os enfermeiros a identificar necessidades e desenvolver competências no sentido de melhorar a qualidade dos cuidados prestados.

Kolcaba considera o conforto como um estado em que estão satisfeitas as necessidades básicas relativamente ao alívio, tranquilidade e transcendência. O alívio é o estado em que uma necessidade foi satisfeita sendo necessário para que a pessoa restabeleça o seu funcionamento habitual; a tranquilidade refere-se a um estado de calma ou de satisfação necessário para um desempenho eficiente; a transcendência é o estado no qual cada pessoa sente que tem competências ou potencial para planear, controlar o seu destino e resolver os seus problemas. Segundo a autora estes três estados de conforto desenvolvem-se em quatro contextos: físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental.

A doença é uma experiência dolorosa e geradora de desconforto na medida em que tem o potencial para afectar todas as dimensões da vida pessoal, desde os aspectos individuais aos sociais. (7) Quando se trata de uma doença oncológica, o sentimento de ameaça, de perda, de finitude, incerteza, medo, ansiedade e angústia estarão mais vincados e despertam desconforto e sofrimento. Estes sentimentos parecem ser ainda mais marcados aquando de uma situação de quimioterapia, uma vez que se associa o desconforto que decorre do tratamento e consequente aumento da ameaça à integridade da pessoa.

Apesar de todas as contrariedades que surgem nesta fase de transição saúde/doença, as pessoas têm capacidade vital e de resiliência, procurando ultrapassar obstáculos e tentando aceder a estados de conforto que são condição essencial para o progresso de vida de cada um. Para ajudar de forma eficaz neste processo de transição, é necessária a ajuda dos profissionais de saúde e particularmente dos enfermeiros que têm como objectivo o cuidar, aliviando o sofrimento, promovendo estados de conforto ao seu objecto de intervenção, a pessoa, procurando sempre que ela encontre estratégias de autocuidado que promovem necessariamente o seu conforto.

Questão de Investigação

Com a finalidade de contribuir para um conhecimento mais alargado do fenómeno e mediante esta revisão sistemática da literatura, procura-se dar resposta à seguinte questão de investigação: Quais são as estratégias utilizadas pelas pessoas com doença oncológica para promoverem o seu autocuidado e conforto? Associado a esta pergunta surgem algumas especificidades: De que forma podem os profissionais de saúde influenciar este processo? Será que existe relação entre o autocuidado e conforto? Quais os factores que facilitam a adopção de estratégias de autocuidado de pessoas com doença oncológica submetidas a quimioterapia/radioterapia?

Partindo da necessidade de obter estas respostas, apresentam-se em seguida o percurso metodológico e resultados encontrados.

 

Considerações metodológicas

O objectivo deste trabalho é determinar a melhor evidência disponível relativamente às estratégias de autocuidado facilitadoras da promoção de conforto da pessoa com doença oncológica. Para a formulação da questão de investigação e definição dos critérios de selecção foi utilizado o método PI(C)OD: participantes, intervenção, outcomes (resultados) e desenho (tipo de estudo).

 

 

Partindo da linha orientadora com o problema definido, foi realizada a revisão da literatura entre Abril e Junho de 2013 com descritores em inglês, português e espanhol como os preferenciais. A pesquisa foi iniciada pelas bases de dados electrónicas: EBSCO (CINAHL Plus With Full Text; MEDLINE with Full text; Database of Abstracts of Reviews of Effects; Cochrane Central Register of Controlled Trials; Cochrane Database of Systematic Reviews; Cochrane Methodology Register, Library, Information Science & Technology Abstracts. Pesquisou-se também no acervo documental de dissertações de mestrados e doutoramentos das Escolas Superiores de Enfermagem de Lisboa e da Universidade Católica Portuguesa (Porto). No que diz respeito aos conceitos de conforto e autocuidado foi previamente realizada uma pesquisa para a definição e enquadramento conceptual dos mesmos através da literatura principal dos autores de referência - Katherine Kolcaba e Dorothea Orem, respectivamente.

As palavras chave seleccionadas para esta revisão sistemática foram: autocuidado, estratégias, doente oncológico, enfermagem, conforto, desconforto e autogestão e foram utilizados os operadores boleanos AND e OR.

Da interligação entre os vários conceitos chave foram encontrados 115 resultados:

- Rejeitados pelo título: 36; rejeitados pela leitura integral: 20; rejeitados por estarem repetidos: 4; rejeitados pelo resumo: 45; utilizados para esta revisão sistemática: 10 artigos.

No quadro 2 serão apresentados os artigos seleccionados para a presente revisão sistemática da literatura, especificando a informação relativa aos seus autores, ano de publicação, país, fonte, participantes no estudo, intervenção e objectivo do estudo, resultados e tipo de estudo (metodologia).

 

 

Discussão

A análise dos estudos revela que as pessoas com doença oncológica submetidas a quimioterapia e/ou radioterapia experienciam efeitos adversos que as afectam em diversas dimensões da sua vida: física, psicológica, social e sexual. A fadiga é um dos factores que está descrito como aquele que mais afecta negativamente a qualidade de vida das pessoas, sendo que a estratégia para lhe fazer face mais utilizada é o repouso (conservação de energia).

Existem ainda outros efeitos secundários da quimioterapia tais como: boca seca, feridas na mucosa oral, queda de cabelo, falta de apetite, dificuldade de deglutição, náuseas, vómitos, perda de peso, obstipação, sonolência, alteração da imagem corporal, preocupação, tristeza. Todos estes sinais e sintomas produzem um impacto significativo na vida dos doentes, alterando a sua autoestima, bem como a sua capacidade de autocuidado.

No que respeita às actividades/ estratégias de autocuidado desenvolvidas pelas pessoas para fazer face aos efeitos secundários da quimioterapia, foram identificadas e categorizadas actividades de autocuidado nos seguintes grupos: bem-estar social: ter uma boa rede de apoio, saúde psicológica: "viver a vida ao máximo", saúde física: ter consultas periódicas marcadas e função cognitiva: ter responsabilidade pela própria saúde.

O repouso/descanso, procura de apoio social e a reza são algumas das estratégias mais utilizadas para promover a qualidade de vida e os comportamentos promotores de autocuidado ajudam os doentes a minimizar os efeitos secundários da quimioterapia, diminuindo o stress e aumentando a qualidade de vida.

No que respeita ao papel dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, no sentido de participarem na gestão do autocuidado dos doentes, verificou-se a necessidade de alterar as estratégias standard de fornecimento de informação e ainda seguimento prévio aos tratamentos.

Através dos estudos que intervenções que visam acções educativas com estratégias alternativas, como vídeos e informação escrita garante-se a melhoria da capacidade dos doentes de se autocuidarem e de apresentarem níveis de stress menores, ou seja, o ensino efectivo de comportamentos promotores de autocuidado, promovem independência, conforto, controlo e qualidade de vida dos doentes, que capazes de se autocuidarem, ganham confiança melhorando o seu bem estar físico e pscicológico.

Os profissionais de saúde têm um papel preponderante no apoio ao restabelecimento da autoconfiança, capacidade de lidar com problemas físicos, psicossociais e diários. A maior parte dos sobreviventes de cancro gerem eficazmente a sua doença, mas está provado que o seguimento pós tratamento (follow up) é benéfico para o bem estar e saúde das pessoas.

Sabendo de antemão os efeitos secundários da radioterapia em pessoas com neoplasia da cabeça e pescoço, foi possível realizar terapia preventiva, realizando-se uma avaliação por um terapeuta da fala que lhes forneceu informações sobre movimentos da língua e laringe, no sentido de garantir uma deglutição eficaz. De acordo com Gao w.j. & Yuan os programas de auto-gestão são eficazes, mas profissionales saúde precisam para torná-los mais individualizado e personalizado para cada paciente (17).

Verificou-se que o grupo de intervenção não apresentou dificuldades de deglutição no final dos 3 meses de tratamento e regressou às actividades laborais mais brevemente. Significa que o conhecimento, avaliação, intervenção precoce e follow up são fundamentais para ajudar os doentes a se autocuidarem eficazmente.

Dos estudos relativos ao conforto sentido pela mulher com cancro da mama submetida a quimioterapia, verificou-se que factores como idade, grau de escolaridade e número de filhos com os quais a mulher coabita influenciam positivamente os seus níveis de conforto (16).

Dos estudos encontrados e incluídos nesta revisão sistemática da literatura não foi encontrada evidência sobre a relação entre o autocuidado e conforto, sendo este um tema passível de ser aprofundado em estudos posteriores.

 

Conclusão

A presente revisão sistemática da literatura permitiu-me compreender o estado de arte em relação à temática descrita.

O autocuidado é uma função humana reguladora que os indivíduos têm, deliberadamente que desempenhar por si próprios ou que alguém a execute por eles para preservar a vida, saúde, desenvolvimento e bem estar.

A avaliação do conforto reporta um estado que pode variar com o tempo e os contextos. O facto de estar a realizar o ciclo de quimioterapia pressupõe algum equilíbrio de sinais e sintomas físicos.

Através desta revisão sistemática da literatura foi possível compreender melhor as estratégias encontradas pelas pessoas com doença oncológica no sentido de promoverem um autocuidado eficaz.

Os resultados obtidos demonstram que as estratégias facilitadoras de autocuidado das pessoas com doença oncológica submetidas a quimioterapia/radioterapia melhoram a qualidade de vida dos doentes, mas no que concerne ao conceito de conforto ainda não se encontra estudada essa relação. O processo de conforto é revestido de um carácter intencional. Constrói-se mediante acções e intenções dos enfermeiros/prestadores de cuidados dirigidas ao doente e às suas necessidades globais, onde se destaca a atenção ao cuidado diario(17).

Afigura-se ser importante desenvolver estudos que remetam para o fenómeno do conforto enquanto experiência individual e particular partindo de uma realidade concreta e que procurem compreender a natureza do fenómeno enquanto conforto experimentado pelo doente e enquanto processo de cuidados de enfermagem, conduzindo-nos a aspectos que se relacionam com a forma como o conforto é percepcionado pelos doentes.

 

Recebido: 20 de setembro de 2014
Aceito 24 de outubro de 2014

 

Referências

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