SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.16 número47Comportamientos de riesgo relacionados con el consumo de sustancias psicoactivas en niños y jóvenes de LisboaPrincipales complicaciones asociadas a la administración de quimioterapia intraperitoneal y endovenosa en pacientes con cáncer de ovario índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • En proceso de indezaciónCitado por Google
  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO
  • En proceso de indezaciónSimilares en Google

Compartir


Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.16 no.47 Murcia jul. 2017  Epub 01-Jul-2017

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.16.3.248551 

Originales

Distúrbios/dor musculoesquelética em estudantes de enfermagem de uma universidade comunitária do sul do Brasil

Matheus Antochevis-de-Oliveira1  , Patrícia Bitencourt Toscani-Greco2  , Francine Cassol-Prestes3  , Letícia Martins-Machado2  , Tânia Solange Bosi-de-Souza-Magnago4  , Renan Rosa-dos-Santos1 

1Enfermeiro graduado pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Campus de Santiago. Brasil.

2Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professora Enfermeira da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI) Campus de Santiago. Brasil.

3Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Rio Grande do Sul, Brasil.

4Doutora em Enfermagem pela Escola Anna Nery de Enfermagem. Professora Enfermeira da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Rio Grande do Sul, Brasil.

RESUMO

Objetivo

Descrever o perfil acadêmico e avaliar prevalência de distúrbios/dor musculoesquelética em estudantes do curso de graduação em Enfermagem de uma universidade comunitária do Sul do Brasil.

Método

Estudo descritivo de natureza quantitativa do tipo survey, realizado com 149 estudantes de enfermagem, por meio da aplicação do instrumento composto por questões referentes às variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e saúde, como pela versão brasileira Standardized Nordic Questionnaire.

Resultados

A maioria dos participantes é do sexo feminino, com idade de 18 e 25 anos, sem companheiro, residem com a família, não possuem filhos, não recebem bolsa ou ajuda familiar e trabalham em hospitais. A prevalência de sintomas musculoesqueléticos foi na região dorsal e lombar e ombros.

Conclusões

A prevalência desses sintomas entre os estudantes aponta necessidade de implementar ações preventivas e de promoção da saúde, a fim de contribuir para melhor qualidade de vida e saúde tanto no âmbito acadêmico quanto futuramente como profissionais.

Descritores Enfermagem; Transtorno Traumático Cumulativo; Dor musculoesquelética; Estudantes de enfermagem; Saúde do trabalhador

INTRODUÇÃO

A Enfermagem é considerada umas das profissões mais antigas da sociedade 1, e é definida como “a profissão do cuidado” 2, haja vista ter por objeto de trabalho o cuidado do ser humano, seja ele enfermo ou não enfermo, sob as perspectivas orgânica, psicológica, social e espiritual, as quais constituem a essência desta ciência 3. Porém, as atividades laborais do enfermeiro, sejam elas na assistência à saúde, na educação, ou ainda na gestão, requerem exigências tanto físicas quanto psíquicas.

Dentre as exigências físicas estão os fatores físicos, biomecânicos e ergonômicos, como manuseio de carga e esforço excessivo; levantamento e transporte de pacientes do leito-maca-poltrona e aos locais de raios X, tomografia computadorizada ou exames complementares; adoção de posturas inapropriadas na realização de procedimentos de enfermagem perante a falta ou inadequação de materiais, móveis e/ou equipamentos; presença de dor ou desconforto em segmentos corporais durante as atividades laborais 4)(5)(6.

Como exigências psicossociais e organizacionais, destacam-se: o aumento da jornada de trabalho e o ritmo de trabalho acelerado: sobrecarga de trabalho devido à superlotação e ao déficit de pessoal; como pelas manifestações de cansaço físico e mental, estresse ocupacional elevado e sintomas de ansiedade e depressão 6)(8. Considera-se que ambos os fatores acarretam tensões aos trabalhadores de enfermagem, podendo levá-los, muitas vezes, ao adoecimento e afastamento do trabalho 6.

Os distúrbios musculoesqueléticos são multicausais, eventualmente aparecendo de maneira lenta e insidiosa, e podem se desenvolver em função da exposição contínua e prolongada dos trabalhadores a efeitos nocivos e adversos no ambiente de trabalho. Os seus sintomas podem se apresentar isolada ou concomitantemente, destacando-se, principalmente, dor e desconforto em pescoço, ombros, região cervical, região lombar, e membros inferiores 8)(10.

Nesse contexto, cabe destacar que os estudantes de Enfermagem, durante a formação acadêmica, passam a vivenciar situações semelhantes às práticas profissionais do enfermeiro, o que pode predispor ao adoecimento físico e mental 11. Dessa forma, o estudante está exposto a estressores semelhantes aos vivenciados pelo enfermeiro, tendo em vista que o ambiente laboral, as atividades e os procedimentos realizados são os mesmos, porém o estudante não tem o mesmo aporte teórico e prático do profissional enfermeiro.

Ao realizar os procedimentos, os estudantes, por vezes, adotam posturas inadequadas e manipulam pesos excessivos, de modo semelhante ao que acontece com o profissional enfermeiro. Tal situação se mostra preocupante, uma vez que tais acometimentos são prejudiciais à qualidade de vida e saúde no período atual e futuro desses estudantes, considerando a exposição aos distúrbios osteomusculares 11.

Diante do exposto, surgiram alguns questionamentos, e dentre eles destaca-se a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a prevalência de distúrbio/dor musculoesquelética e qual a sua relação com os aspectos sociais?

Nessa perspectiva, o estudo tem como objetivo descrever perfil acadêmico e avaliar prevalência de distúrbios/dor musculoesquelética em estudantes do curso de graduação em Enfermagem de uma universidade comunitária do Sul do Brasil.

MÉTODO

Trata-se de um estudo quantitativo, do tipo survey, realizado em uma universidade comunitária do Sul do Brasil. Esta pesquisa insere-se em um projeto matricial denominado: ”Estresse, Distúrbio Psíquico Menor e Dor Musculoesquelética em estudantes de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - URI Campus de Santiago”.

A população elegível do estudo foi composta por 163 estudantes do curso de graduação em Enfermagem dessa instituição. Os critérios de inclusão foram: os estudantes matriculados no curso. Quanto aos critérios de exclusão: os estudantes menores de 18 anos e/ou que estiveram em afastamentos durante o período da coleta, bem como os estudantes pesquisadores deste projeto. Sendo assim, participou da pesquisa um total de 149 estudantes.

A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2015, durante as aulas teóricas, por meio de instrumento autopreenchível, composto por questões referentes às variáveis sociodemográficas, aspectos laborais e perfil acadêmico, hábitos de vida e saúde, bem como pelo Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) - Standardized Nordic Questionnaire (SNQ), o qual foi traduzido para língua portuguesa por Barros e Alexandre 12 do idioma original 13 e validado como medida de morbidade no Brasil por Pinheiro, Tróccoli e Carvalho14.

O QNSO é um instrumento que identifica a prevalência de morbidades musculoesqueléticas nas diversas estruturas anatômicas nas quais são mais comuns, considerando os 12 meses e sete dias antecedentes à entrevista, assim como afastamentos de atividades rotineiras para tais sintomatologias, no período precedente de um ano 14)(15.

O instrumento é representado por uma figura de um corpo humano, dividido em nove regiões anatômicas: pescoço, ombros, região dorsal e lombar das costas, cotovelos, punhos/mãos, quadril/coxas, joelhos, tornozelos/pés, não sendo utilizada para avaliação a região do antebraço; constitui-se de alternativas múltiplas e binárias, as quais deverão ser respondidas quanto à presença ou não dos sintomas musculoesqueléticos nas diferentes estruturas corporais já mencionadas 14.

Para a inserção dos dados foi utilizado o programa Epi-info®, versão 6.4, com dupla digitação independente. Após a verificação de erros e inconsistências, a análise dos dados foi realizada no programa PASW Statistics® (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago - USA) 18.0 for Windows.

Quanto aos aspectos éticos, salienta-se que o estudo se encontra em conformidade com as diretrizes e normas estabelecidas pela Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde, a qual regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos (16. Este projeto foi enviado à Plataforma Brasil e avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição proponente, sendo aprovado sob o CAAE nº 46851315.2.0000.5353, em 09 de julho de 2015.

RESULTADOS

Dos 163 estudantes de enfermagem, quatro foram excluídos do estudo, segundo os critérios estabelecidos: por idade inferior a 18 anos (1), os estudantes-pesquisadores (3), em licença-maternidade (2), por laudo médico (1), trancamento de matrícula (1) e estudantes que não estavam presentes ou que não puderam ser encontrados (4) durante os períodos da coleta de dados, e ainda houve recusa na participação da pesquisa (2). Assim, participaram do estudo 149 estudantes do curso de graduação em enfermagem (91,4%).

A maioria dos participantes era do sexo feminino (87,2%), na faixa etária de 18 a 25 anos de idade (58,8%), com idade média de 25,58 anos (DP ± 6,2) e da raça branca (88,6%).

Em relação à procedência, a maioria dos estudantes (N=79; 53,5%) disse residir em municípios diversos ao da universidade proponente. A maior parte destes ainda afirmou ser solteira (73,2%), residir com a família (81,8%) e não possuir filhos (74,5 %). Dos que relataram ter filhos (N=38), 47,4% tinham filhos menores de 6 anos.

A Tabela 1 apresenta a análise das variáveis quanto aos hábitos de saúde e vida dos estudantes do curso de Enfermagem - URI Campus de Santiago, Rio Grande do Sul, Brasil.

Tabela 1 Distribuição dos estudantes de enfermagem segundo hábitos e saúde. Santiago/RS, 2015. (N=149) 

*Média = 7,3 (DP ± 1,6); Mínimo = 4; Máximo = 12

**Média = 3,4 (DP ± 2,7); Mínimo = 0; Máximo = 15

Com relação aos hábitos de saúde (Tabela 1), os estudantes de enfermagem mencionaram fazer às vezes uso de bebida alcoólica (66,5%), nunca terem feito o uso de tabaco (82,4%). Quanto à prática regular de atividade física, 53,7% afirmaram realizar às vezes algum tipo de exercício físico. Ao serem questionados sobre o tempo de lazer, as horas de sono e o uso do computador, 54,4% responderam às vezes realizar alguma atividade de lazer, 47,0% afirmaram dormir entre 7 a 8 horas de sono por dia, e 58,1% faziam uso do computador diariamente de 0 a 3 horas. Em relação ao meio de transporte utilizado, 49,0% disseram fazer uso do ônibus para se deslocar até a universidade.

Quanto a possuir alguma patologia diagnosticada, 87,9% responderam não ter doença diagnosticada. Quanto ao uso de medicação contínua, 78,5% afirmaram não fazer uso de medicamentos. Entretanto, dos que utilizam, 93,7% se utilizavam de medicação com prescrição médica. Destaca-se ainda que 70,5% dos estudantes relataram sobre a necessidade de atendimento médico no último ano, assim como 83,2% referiram não ter buscado atendimento psicológico.

Na Tabela 2 estão descritas a análise do perfil acadêmico e ocupacional dos estudantes pesquisados.

Tabela 2 Distribuição dos estudantes de enfermagem segundo o perfil acadêmico e profissional. Santiago/RS, 2015. (N=149) 

Conforme a análise das características a respeito do perfil acadêmico e profissional (Tabela 2), destaca-se que os estudantes, na sua maioria, estavam matriculados no 4º e 6º semestres do curso, respectivamente 26,2% e 25,5%, frequentando de quatro a seis disciplinas (58,4%) no semestre. Os estudantes ainda relataram estar realizando aulas práticas ou estágios curriculares no período (69,8%). Destes, 89,9% disseram estar satisfeitos com o curso, como 65,1% afirmaram não participar do Grupo de Estudo e Pesquisa (GEPSE - Grupo de Estudo e Pesquisa em Saúde e Enfermagem).

Quanto a possuir algum tipo de bolsa ou ajuda familiar, 64,4% afirmaram não ter nenhum auxílio. Dos que possuíam, 43,4% tinham PROUNI 100% (Programa Universidade para Todos), seguidos de ajuda familiar (30,2%). Salienta-se também que 66,4% possuíam o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).

Ressalta-se que 58,4% dos estudantes trabalhavam. Destes, 35,6% trabalhavam em hospitais, como 36,8% relataram trabalhar em outros serviços. Quanto à carga horária semanal, eram predominantes as 40 horas semanais (28,7%). Referente ao regime de trabalho, a maioria era regida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) (50,6%).

A seguir, a Tabela 3 apresenta os dados referentes à presença de sintomas musculoesqueléticos nas diferentes estruturas anatômicas, analisados pelo Questionário Nórdico de Sintomas Musculoesqueléticos (QNSO).

Tabela 3 Distribuição dos estudantes de enfermagem segundo o Standardized Nordic Questionnaire 13. Santiago/RS, 2015. (N=149) 

Conforme a Tabela 3, no que se refere aos sintomas musculoesqueléticos no último ano, os maiores percentuais de dor ou desconforto foram na região dorsal (73,8%), região lombar (67,1%) e ombros (52,3%). Ao serem questionados se essa dor ou desconforto impediu de alguma maneira a realização de atividades laborais, domésticas e de lazer, a maioria dos estudantes afirmou não ter sido impedido. Em relação à presença ou não destes sintomas nos últimos sete dias, prevaleceram os estudantes que afirmaram apresentar dor ou desconforto na região lombar (51,0%).

DISCUSSÃO

No que se refere ao sexo, predominou o feminino (87,2%), corroborando com outros estudos que encontraram percentuais de 91,6%, de 94,7%, de 92,9% e de 84,5% (17)(18)(19)(20.

Em relação à faixa etária, em maior percentual os estudantes tinham idade entre 18 e 25 anos (58,8%), com idade média de 25,58 anos (DP ± 6,2), o que converge com outros estudos. Dentre eles, o primeiro busca descrever as características sociodemográficas e acadêmicas de estudantes de Enfermagem de quatro instituições de ensino superior brasileiras, que evidenciou a maior parte dos graduandos com faixa etária entre 20 e 24 anos (50,0%), com idade média de 24,21 anos 20; e no segundo, realizado com estudantes de enfermagem da Universidade Federal da Bahia, verificou-se que a faixa etária predominante foi entre 20 e 24 anos (52,6%), com a média de idade da amostra de 22,4 anos (DP ± 4,5) 21.

Observa-se que a maioria dos estudantes afirmou ser solteira (73,2%), residir com a família/pais (81,8%) e não possuir filhos (74,5%), resultados que são reforçados por outros estudos 17)(19)(20)(22. O predomínio de estudantes jovens nos cursos de Enfermagem pode estar relacionado não somente ao incentivo do governo brasileiro ao ingresso no ensino superior, assim como à busca de independência e estabilidade financeira, que faz com que estes venham a estabelecer uniões mais estáveis e/ou ter filhos, em geral posteriormente à conclusão do curso 20.

No que tange ao quesito procedência, observa-se que a maioria residia em municípios da região da universidade proponente do estudo. Um fator que justificaria esse maior percentual seria o caráter comunitário da universidade. Dentre outras características que a classificam como tal, está o fato de atender diretamente esses diferentes municípios da microrregião em que se situa, de modo que busca o assessoramento e o desenvolvimento desses (e outros) municípios.

Referente ao consumo de bebida alcoólica e tabaco, 66,5% dos estudantes afirmou fazer uso às vezes de bebida alcoólica, e 82,4% referiram nunca ter feito uso de tabaco. Em estudo realizado com acadêmicos de enfermagem de uma universidade privada na cidade de Bogotá, Colômbia, verificou-se que 82,0% dos estudantes faziam uso de bebida alcoólica e, destes, 54,6% disseram consumir uma vez por mês ou menos; assim como 76,0% afirmaram não ser fumantes 17. Em outro estudo, realizado com estudantes da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), na cidade de Criciúma/SC, constatou-se que 70,9% disseram consumir ocasionalmente bebidas alcoólicas, e 88,5% referiram não serem fumantes 23.

Entre estudantes de Enfermagem, destaca-se que o consumo de bebidas alcoólicas em âmbito acadêmico, dentro dos padrões sociais e culturais tidos como aceitáveis, costuma apresentar viés recreacional, comumente utilizado como mecanismo de relaxamento ante o estresse e o desgaste vividos em função das atividades do meio acadêmico 21.

No que se refere à prática regular de atividade física, 53,7% dos estudantes afirmaram realizar às vezes algum tipo de exercício físico, o que corrobora com estudo de uma universidade pública do Estado de São Paulo, que verificou que a maior parte dos estudantes de enfermagem não praticava atividade física regularmente 11. Em relação ao tempo de lazer, 54,4% responderam às vezes realizá-lo, o que corrobora com estudo o qual verificou que 60,5% dos estudantes realizam alguma atividade de lazer 20.

No que tange ao tempo de uso do computador, evidenciou-se que os estudantes deste estudo utilizavam em média 204 minutos por dia, com a variação de 0 a 15 horas/dia. Sendo assim, evidencia-se o percentual maior quando comparado ao estudo que obteve a média de 114 minutos ao dia, variando de 15 a 240 minutos 11.

Destaca-se que tanto o tempo de uso do computador quanto a adoção de movimentos repetitivos e posturas inadequadas por períodos prolongados contribuem para o desenvolvimento de alterações musculoesqueléticas, com predomínio das regiões do pescoço e ombros, seguidas dos membros superiores e região lombar das costas 24.

Quanto às horas de sono, 47,0% dos estudantes disseram dormir de 7 a 8 horas por dia, com a média de sono de 7,3 horas (DP ± 1,6). Observa-se que esse percentual foi maior em relação ao estudo com estudantes de graduação em enfermagem, do turno diurno, de uma faculdade particular do interior de São Paulo, que apresentou o tempo médio de sono de 6 horas e 43 minutos para homens e de 6 horas e 16 minutos para mulheres 25.

Verificou-se que 49,0% dos estudantes utilizavam o ônibus como meio de transporte para irem à universidade, o que corrobora com outros estudos que também identificaram o predomínio do ônibus em 69% dos estudantes pesquisados 11.

No que se refere ao uso de medicação contínua, este estudo demonstrou que 78,5% dos estudantes afirmaram não fazer uso de medicamentos. Contudo, destes que utilizam, 93,7% faziam uso de medicação com prescrição médica. Em estudo realizado na Universidade Federal de Goiás, verificou-se que 38,8% dos estudantes universitários de enfermagem se automedicavam em situações de dor, sendo a dipirona (59,8%) o analgésico mais utilizado para alívio deste sintoma 26.

Verificou-se que 65,1% dos estudantes não participavam de grupo de estudo e pesquisa. Esse percentual é menor do que o encontrado em um estudo com estudantes de enfermagem de quatro instituições de ensino superior brasileiras, que evidenciou que 71,7% não participavam destes grupos (20.

No que diz respeito à satisfação com o curso de graduação em Enfermagem, 89,9% dos estudantes disseram estar satisfeitos. Esse percentual é corroborado por outros estudos que encontraram os percentuais de 91,1% 19) e 89,8% 20 de satisfação por parte dos estudantes.

Nesse contexto, destaca-se que o não estar satisfeito com o curso pode advir de diversos fatores - pouco conhecimento ou falta de interesse pelo curso/profissão escolhida; desvalorização, pouco reconhecimento e falta de autonomia dos profissionais que atuam na área; entre outros - que podem implicar desgaste, sentimentos de insatisfação e frustração, e situações de estresse aos estudantes, podendo levá-lo à desistência do curso 19. Salienta-se que o estar satisfeito com o curso, além de contribuir para o bem-estar e qualidade de vida e saúde dos estudantes, tende a favorecer o desempenho destes no processo de ensino-aprendizagem.

A maioria dos estudantes afirmou não receber nenhum tipo de bolsa ou auxílio familiar (64,4%). Dos que responderam positivamente, 43,4% afirmaram integrar o PROUNI 100% (Programa Universidade para Todos), e 30,2%, receber ajuda familiar. E questionados, 66,4% dos estudantes referiram fazer utilização do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil).

Com relação às variáveis laborais, se pôde observar que 58,4% dos estudantes de enfermagem afirmaram trabalhar; desses, 35,6% trabalhavam em hospitais, e 36,8%[,] em outros serviços. Quanto à carga horária semanal de trabalho, predominou a resposta de 40 horas por semana (28,7%); e, quanto ao regime de trabalho, 50,6% referiram ter seu trabalho regulado pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

Em estudo realizado em cinco instituições de ensino superior privadas, na cidade de Belo Horizonte/MG, evidenciou-se que 57,5% dos estudantes de Enfermagem exerciam algum tipo de atividade remunerada, dentre estes, 42% trabalhavam como técnico ou auxiliar de enfermagem 27.

Destaca-se também que, à medida que os estudantes, na tentativa de conciliar as atividades de trabalho e do cotidiano acadêmico, por vezes, perante a necessidade de garantia de apoio financeiro próprio e familiar, podem estar sendo acometidos de desgaste, devido ao cansaço físico e emocional excessivos, de modo que tal situação pode comprometer o processo de ensino-aprendizagem e o envolvimento dos estudantes com as atividades acadêmicas 27)(28.

Estudo aponta que, diante da necessidade de busca pelo crescimento pessoal e profissional, como de conhecimento científico, muitos trabalhadores de nível técnico de Enfermagem optam por realizar o curso de graduação 27. Atualmente, ressalta-se que o aumento do número de vagas para o ensino superior por meio do Programa Universidade para Todos (PROUNI) contribui para a ascensão profissional dos estudantes, disponibilizando bolsas de estudo, a fim de possibilitar o ingresso destes na faculdade 27.

Menciona-se que, mesmo não sendo caracterizado como bolsa de estudo, o financiamento por meio do FIES proporciona aos estudantes o ingresso e a permanência na universidade, o que, por sua vez, possibilita o seu crescimento e aperfeiçoamento profissional.

No que tange à prevalência de sintomas musculoesqueléticos nos últimos 12 meses, as maiores incidências de dor ou desconforto mencionadas pelos estudantes de enfermagem foram na região dorsal das costas (73,8%), região lombar das costas (67,1%) e ombros (52,3%). Por outro lado, questionados se tais sintomas, no mesmo período, de alguma maneira causaram impossibilidade na realização de algum tipo de atividade laboral, doméstica e/ou de lazer, responderam não terem sido impedidos. No que se refere à presença de sintomas musculoesqueléticos nos últimos sete dias, 51,0% dos estudantes mencionou alguma dor ou desconforto na região lombar das costas.

Em concordância, um estudo com estudantes de graduação em enfermagem encontrou a prevalência dos sintomas musculoesqueléticos, nos últimos 12 meses, entre as regiões do pescoço (74,5%), região lombar das costas (68,62%) e ombros (64,7%); e nos últimos sete dias, prevalência dos sintomas na região lombar das costas (35,29%), pescoço (33,33%) e ombros (29,41%) 11. E, da mesma forma, apesar da ocorrência desses sintomas, poucos estudantes afirmaram terem sido impossibilitados de realizar atividades diárias em função desses problemas 11.

Estudo desenvolvido em uma faculdade na cidade de Caruaru/PE demonstrou resultados semelhantes aos resultados anteriormente citados, o qual evidenciou a presença de dor na região lombar, cervical e torácica entre os estudantes universitários 22.

Estudo realizado com trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário do Rio Grande do Sul verificou que, no último ano, as estruturas anatômicas mais acometidas pela dor ou desconforto foram a região lombar das costas (71,5%), pescoço (68%), ombros (62,2%) e pernas (54,6%). Dentre as regiões corporais que obtiveram maior percentual quanto a impedir o desenvolvimento das atividades diárias, houve destaque para a região lombar das costas (60,4%), pulsos/mãos (58%), região cervical das costas (54,7%) e cotovelos (54,1%). Nos últimos sete dias, as prevalências foram na região lombar das costas (56,4%), pernas (49,6%) e pescoço (47,9%) 9.

Um estudo desenvolvido com profissionais de enfermagem de 11 hospitais da cidade de Londrina/PR constatou a presença dos sintomas musculoesqueléticos nos últimos 12 meses, na região lombar das costas (38,9%) e ombros (37,9%). Ainda destacou-se que a região lombar das costas (11,4%) obteve o maior percentual perante o impedimento para realização de atividades diárias. Nos últimos sete dias, a estrutura mais acometida foi a região lombar das costas (20,4%) 29.

Cabe destacar que a prevalência de sintomas musculoesqueléticos nas regiões dorsal e lombar das costas e ombros evidenciados neste estudo pode estar associada aos fatores físicos, biomecânicos e ergonômicos, como a mobilização e o transporte de pacientes, os quais estão intrinsecamente ligados às práticas de cuidado ao paciente 11 e também à utilização do computador por períodos prolongados.

Salienta-se que a ocorrência dos sintomas musculoesqueléticos em estudantes de enfermagem, além de estar associada às práticas de estágios curriculares, nas quais estes passam a vivenciar o processo de trabalho e a conviver no ambiente laboral do enfermeiro, ainda pode estar relacionada com outras variáveis, como, por exemplo, as referentes ao sexo, à idade, ter ou não filhos, realização de alguma atividade física regularmente ou se disponibiliza seu tempo para atividades de lazer, questões de qualidade de sono, o uso do computador, se trabalha e o local de trabalho, entre outras. Porém, essas associações não foram avaliadas neste estudo.

CONCLUSÕES

A maioria dos estudantes de enfermagem afirmou ser do sexo feminino, na faixa etária de 18 a 25 anos de idade, residir em outros municípios da região dessa universidade. Ressalta-se que eram predominantes os estudantes que trabalhavam em hospitais nos diferentes municípios, com carga horária semanal de 40 horas semanais, regidos pelo regime de trabalho pela CLT. Quanto aos sintomas musculoesqueléticos ocorridos nos últimos 12 meses, a prevalência de dor ou desconforto foi nas regiões dorsal e lombar das costas e ombros. Já, nos últimos sete dias, o predomínio desses sintomas foi na região lombar das costas.

É importante ressaltar a necessidade de outros estudos relacionados aos sintomas musculoesqueléticos em estudantes de enfermagem, de maneira que possam contribuir não apenas para construção do conhecimento acerca dos fatores de risco e sua ocorrência, como também possibilitem criar ações de promoção da saúde e de prevenção de agravos ao adoecimento no meio acadêmico. Assim, torna-se necessário, também, investigar a dor musculoesquelética em estudantes de enfermagem sob outras perspectivas.

Cabe salientar a importância de discutir assuntos relacionados à Saúde do Trabalhador com os estudantes durante a graduação, de modo que venha promover a consciência crítica sobre essas perspectivas, a fim de poderem, como profissionais, estarem atentos aos aspectos de saúde dos trabalhadores e suas condições de trabalho, promovendo uma melhor qualidade de vida e saúde de suas equipes nesses espaços.

Desse modo, estes resultados ainda poderão proporcionar a implementação de ações de promoção da saúde por meio da universidade, coordenação e docentes do curso de Enfermagem, e serviço de apoio ao estudante, de maneira que venham não apenas favorecer para a qualidade de vida e saúde de seus estudantes no cotidiano acadêmico, assim como contribuir para a saúde dos mesmos.

Como limitação do estudo, destaca-se o fato de ser um estudo descritivo, o qual não permite fazer associações entre a ocorrência de sintomas musculoesqueléticos e as variáveis sociodemográficas, hábitos de vida e saúde, e perfil acadêmico e profissional.

REFERENCIAS

1. Costa R, Padilha MICS, Amante LN, Costa E, Bock LF. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto Contexto Enferm., [Internet], Florianópolis, 2009; 18(4): 661-669. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072009000400007&script=sci_abstract&tlng=ptLinks ]

2. Geovanini T, Moreira A, Schoeller SD, Machado WCA. História da enfermagem: versões e interpretações. 3.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. [ Links ]

3. Torralba Roselló F. Antropologia do cuidar. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009. [ Links ]

4. Magnago TSBS, Lisboa MTL, Souza IEO, Moreira MC. Distúrbios musculo-esqueléticos em trabalhadores de enfermagem: associação com condições de trabalho. Rev Bras Enferm, Brasília, 2007; 60(6): 701-705. [ Links ]

5. Baptista PCP, Merighi MA, Silva A. Angústia de mulheres trabalhadoras de enfermagem que adoecem por distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Rev Bras Enferm, Brasília, 2011; 64(3): 438-444. [ Links ]

6. Lima ACS, Magnago TSBS, Prochnow A, Ceron MDS, Schardong AC, Scalcon CB. Fatores associados à dor musculoesquelética em trabalhadores de enfermagem hospitalar. Rev enferm UERJ, Rio de Janeiro. 2014; 22(4): 526-532. [ Links ]

7. Leite PC, Silva A, Merighi MAB. A mulher trabalhadora de enfermagem e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Rev. esc. enferm. USP [Internet], 2007; 41(2) 287-291. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342007000200016Links ]

8. Lelis CM, Battaus MRB, Freitas FCT, Rocha FLR, Marziale MHP, Robazzi MLCC. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em profissionais de enfermagem: revisão integrativa da literatura. Acta paul enferm. [Internet], 2012; 25(3): 477-482. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002012000300025Links ]

9. Magnago TSBS, Lisboa MTL, Griep RH, Kirchhof ALC, Guido LA. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbio musculoesquelético em trabalhadores de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2010; 18(3): [08 telas]. [ Links ]

10. Magnago TSBS, Lima ACS, Prochnow A, Ceron MDS, Tavares JP, Urbanetto JS. Intensidade da dor musculoesquelética e a (in)capacidade para o trabalho na enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2012; 20(6): [09 telas]. [ Links ]

11. Martins AC, Felli VEA. Sintomas músculo-esqueléticos em graduandos de enfermagem. Enferm Foco, 2013; 4(1): 58-62. [ Links ]

12. Barros E, Alexandre NMC. Cross-cultural adaptation of the Nordic musculoskeletal questionnaire. Int Nurs Rev, v. 50, n. 2, p. 1001-1008, 2003. [ Links ]

13. Kuorinka I, et al. Standardised Nordic questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Appl Ergon, v. 18, n. 3, p. 233-237, 1987. [ Links ]

14. Pinheiro FA, Tróccoli BT, Carvalho CV. Validação do Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Rev Saúde Públ. 2002; 36(3): 307-312. [ Links ]

15. Picoloto D, Silveira E. Prevalência de sintomas osteomusculares e fatores associados em trabalhadores de uma indústria metalúrgica de Canoas - RS. Ciênc saúde coletiva [Internet], 2008; 13(2): 507-516. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232008000200026Links ]

16. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa em seres humanos. Brasília, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.htmlLinks ]

17. López-Maldonado MC, Luis MAV, Gherardi-Donato ECS. Consumo de drogas lícitas en estudiantes de enfermería de una universidad privada en Bogotá, Colombia. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2011; 19 Spe No: 707-713. [ Links ]

18. Benavente SBT, Silva RM, Higashi AB, Guido LA, Costa ALS. Influência de fatores de estresse e características sociodemo gráficas na qualidade do sono de estudantes de enfermagem. Rev. esc. enferm. USP [Internet], 2014; 48(3):514-520. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n3/pt_0080-6234-reeusp-48-03-514.pdfLinks ]

19. Tomaschewski-Barlem JG, Lunardi VL, Lunardi GL, Barlem ELD, Silveira RS, Vidal DAS. Síndrome de Burnout entre estudantes de graduação em enfermagem de uma universidade pública. Rev. Latino-Am. Enfermagem, 2014; 22(6): 934-941. [ Links ]

20. Bublitz S, Guido LA, Kirchhof RS, Neves ET, Lopes LFD. Perfil sociodemográfico e acadêmico de discentes de enfermagem de quatro instituições brasileiras. Rev. Gaúcha Enferm., 2015; 36(1): 77-83. [ Links ]

21. Pires CG, Mussi FC, Souza RC, Silva DO, Santos CA. Consumo de bebidas alcoólicas entre estudantes de enfermagem. Acta paul. enferm [Internet], 2015; 28(4): 301-307. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002015000400003&script=sci_arttextLinks ]

22. Paixão MS, Tassitano RM, Siqueira GR. Prevalência de desconforto osteomuscular e fatores associados em estudantes universitários. Rev Bras Promoç Saúde, 2013; 26(2): 242-250. [ Links ]

23. Rosa MI, Caciatori JFF, Panatto APR, Silva BR, Pandini JC, Freitas LBS, Reis MEF, Souza SL, Simões PWTA. Uso de tabaco e fatores associados entre alunos de uma universidade de Criciúma (SC). Cad. saúde colet., Rio de Janeiro, 2014; 22(1): 25-31. [ Links ]

24. Vilelas JMS, Lopes SMR. O computador e o desenvolvimento de alterações musculoesquelética em adolescentes e jovens. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 26, n. 2, p. 523-532, 2012. [ Links ]

25. Ferreira LRC, De Martino MMF. Padrão de sono e sonolência do trabalhador estudante de enfermagem. Acta paul. enferm [Internet], 2012; 46(5): 1170-1183. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342012000500020Links ]

26. Souza LAF, Silva CD, Ferraz GC, Souza FAEF, Pereira LV. Prevalência e caracterização da prática de automedicação para alívio da dor entre estudantes de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011; 19(2): [7 telas]. [ Links ]

27. Brito AMR, Brito MJM, Silva PAB. Perfil sociodemográfico de discentes de enfermagem de instituições de ensino superior de Belo Horizonte. Esc Anna Nery, 2009; 13 (2): 328-333. [ Links ]

28. Ramos SM, Barlem JGT, Lunardi VL, Barlem ELD, Silveira RS, Bordignon SS. Satisfação com a experiência acadêmica entre estudantes de graduação em Enfermagem. Texto Contexto Enferm., [Internet], 2015; 24(1): 187-195. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v24n1/pt_0104-0707-tce-24-01-00187.pdfLinks ]

29. Schmidt DRC, Dantas RAS. Qualidade de Vida no Trabalho e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho entre profissionais de enfermagem. Acta paul. Enferm [Internet], 2012; 25(5): 701-707. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002012000500009&script=sci_arttextLinks ]

Recebido: 21 de Janeiro de 2016; Aceito: 15 de Abril de 2016

Creative Commons License Este es un artículo publicado en acceso abierto bajo una licencia Creative Commons