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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.20 no.64 Murcia oct. 2021  Epub 25-Oct-2021

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.472321 

Originais

Atitude e prática de autocuidado na hanseníase: construção e validação psicométrica de instrumento de medida

Karen Krystine Gonçalves de Brito1  , Ester Missias Villaverde2  , Emanuelle Malzac Freire de Santana3  , Mirian Alves da Silva4  , Simone Helena dos Santos Oliveira4  , Maria Júlia Guimarães Oliveira Soares4 

1 . Enfermera, Doctora en Enfermería, Profesora de las Facultades Nova Esperança , João Pessoa, Paraíba, Brasil. karenbrito.enf@gmail.com

2. Enfermera, Doctoranda em Enfermería, Universidad Federal da Paraíba , João Pessoa, Paraíba, Brasil.

3. Fisioterapia, Doctora en Enfermería, Profesora de las Facultades Nova Esperança , João Pessoa, Paraíba, Brasil.

4. Enfermera, Doctora en Enfermería, docente del curso de graduación en Enfermería de la Universidad Federal da Paraíba . Brasil.

RESUMO:

Objetivo:

Construir e testar a validade de conteúdo do instrumento atitude e prática de autocuidado na hanseníase, com face, mãos e pés.

Método:

Estudo metodológico de validação de tecnologia e abordagem quantitativa. Desenvolvido instrumento denominado Atitude e Prática de Autocuidado na hanseníase, contendo dois construtos, três dimensões e 45 itens. A validação empregou-se análise através da avaliação da consistência interna de cada item/dimensão e o índice de concordância inter-observador Kappa.

Resultados:

O índice de validade apontou necessidade de ajustes na composição original da escala, que passou a ser constituída de 45 questões para 52, com inclusão de uma quarta dimensão, apresentando elevada concordância inter-observadores na segunda versão (K≥0,99).

Conclusão:

A escala apresenta adequadas propriedades psicométricas, revelando potencial para utilização em futuros estudos.

Palavras chave: Estudos de validação; Bacharelado em enfermagem; Doença de Hansen

INTRODUÇÃO

A hanseníase representa, reconhecidamente, uma endemia de graves consequências para saúde pública em níveis mundial, nacional e regional. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam quadro acentuado da endemia em três países, dentre os quais, o Brasil figura em segundo lugar no diagnóstico de casos novos1.

Adicionalmente, a distância entre as metas preconizadas mundialmente e os coeficientes de detecção encontrados para o Brasil, entre os anos de 2013 - 2018, foram registrados o total de 586.112 casos novos da doença com aumento no número de casos de recidiva e presença ativa da endemia, evidenciada pelo indicador de casos em menores de 15 anos. Dados de 2019 mostram que o Brasil diagnosticou 23.612 casos novos de hanseníase, sendo 1.319 (5,6%) em menores de 15 anos. Desses 39,3% já apresentando algum grau de incapacidade física (GIF 1 ou GIF 2) já no momento do diagnóstico 2-4.

Reflexivamente, o quadro epidemiológico repercute sobre os serviços de saúde, nos três níveis da rede de atenção à saúde - primário, secundário e terciário. Embora apresente diagnóstico exequível, tratamento gratuito e acompanhamento sistemático preconizado pelo Ministério da Saúde (MS), fatores intrínsecos, como a resposta imunopatológica desenvolvida pelo organismo frente à doença e extrínsecos, como diagnóstico tardio e assistência inadequada, dificultam ações precoces, as quais culminam na instalação de agravos, incapacidades e deformidades físicas 5.

Considerando a morbidade da doença, a hanseníase é a principal causa de incapacidade física permanente dentre as doenças infectocontagiosas. O risco de desenvolver incapacidades e deformidades aumenta quando a poliquimioterapia é iniciada tardiamente e associada a um acompanhamento clínico inadequado nos serviços de saúde 6.

Dentre as dificuldades no enfrentamento da doença e atenção aos indivíduos, encontra-se a evidência de que a desigualdade social está diretamente relacionada com o aumento da suscetibilidade a hanseníase, uma vez que produzem necessidades sociais não satisfeitas que prejudicam a saúde comunitária. Nesse contexto, a extensão territorial do Brasil, apresenta heterogeneidades sociais entre as regiões, e, portanto, necessidades específicas entre os serviços, e nestes, entre os usuários7. Acrescenta-se ainda o fator estigma, histórico e autorreferido.

Entende-se, portanto, que cuidar de indivíduos acometidos pela hanseníase envolve priorizar estratégias que de fato se enquadrem em sua realidade psicossocial, cognitiva e patológica. Assim, as atividades de autocuidado devem ser executadas dando prioridade àquilo que é possível ser realizado no domicílio do paciente, dando veracidade e concretude à continuidade do tratamento no ambiente do paciente.

Sob esse prisma, embora vigorem medidas preconizadas, o empenho na detecção precoce dos casos, avaliação de contatos, avaliação do grau de incapacidade no diagnóstico e acompanhamento a cada três meses durante o tratamento, educação em saúde e direcionamento a medidas de autocuidado, é imprescindível a avaliação das necessidades específicas dos indivíduos, bem como o desenvolvimento de serviços coordenados para a identificação das desigualdades e o uso mais eficaz dos recursos em saúde8.

Partindo do pressuposto que em suas individualidades, as pessoas apresentam diferentes graus de conhecimentos e adotam atitudes e práticas muitas vezes com incoerência cognitiva, emerge então, a necessidade de tecnologias que viabilizem o conhecimento do comportamento direcionado ou não ao autocuidado, que norteiam quais ações devem ser orientadas, e que permitam o acompanhamento e evolução desses indivíduos, como ferramenta do cuidar.

Com relação à avaliação das práticas de autocuidado na hanseníase, apesar de haver referência de estudo que aborde a temática através de seu instrumento de pesquisa 9, não foi encontrado, nas principais bases de dados nacionais, estudo que aborde a existência de um instrumento validado especificamente para este fim (avaliação da atitude e prática de autocuidado na hanseníase).

Consequentemente, a justificativa para a realização deste estudo se pauta na ausência de instrumentos válidos para medir atitude e prática do autocuidado na hanseníase, dessa forma, a construção e a validação de uma ferramenta que sirva a esse fim poderá contribuir para a organização dos serviços e, também, para a qualidade do atendimento, na medida em que instrumentaliza os profissionais de saúde a desenvolverem estratégias de atenção integral e transformam a prática clínica.

Diante do exposto, este estudo teve como objetivo construir e testar a validade de conteúdo do instrumento “atitude e prática de autocuidado na hanseníase, com face, mãos e pés”.

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo de construção e validação de tecnologia, do tipo pesquisa de desenvolvimento metodológico com abordagem quantitativa. Realizado em João Pessoa/Paraíba/Brasil.

Para construção do instrumento denominado Atitude e Prática de Autocuidado na hanseníase - APAHansen, primariamente delimitou-se as definições dos construtos de interesse: atitude e prática.

Segundo o teórico Everett Rogers10, os construtos atitude e prática estão intimamente relacionados, ao passo que define a atitude como os valores e crenças do indivíduo sobre algo, determinando suas ações, que assume a condição do construto prática, em direção a eles influenciando de forma positiva ou negativa na tomada de decisão por aceitá-los.

De maneira complementar, a atitude se relaciona ao domínio afetivo - dimensão emocional, enquanto a prática é a tomada de decisão para o fazer e relaciona-se ao domínio psicomotor afetivo e cognitivo - dimensão social11.

O processo de construção e validação de conteúdo do instrumento denominado Atitude e Prática de Autocuidado na hanseníase - APAHansen seguiu o referencial teórico do autor Raymundo12, o qual apresenta três etapas (cada etapa por sua vez, aborda três fases) consistentes para validação de escalas: coleta de erros, instrumentos iniciais e instrumentos finais. Neste estudo foram realizadas as três fases que compõe a primeira etapa do processo explicitado pelo autor12, a saber: geração de itens; análise de redundância agregada à composição; validação de conteúdo.

A primeira fase da validação “Geração de itens”, abrangeu a busca literária para formulação dos itens sobre medidas de autocuidado na hanseníase. Optou-se por fomentar os itens do formulário de acordo com as práticas preconizadas pelo guia do Ministério da Saúde para face, mãos e pés 13. Essa referência aborda sistematicamente medidas de autocuidado direcionada com as três dimensões. Perpassa orientações de hidratação e lubrificação, corte correto das unhas, tipo de sapato, cuidados quando em exposição ao sol, ou a rotinas de trabalho, exercícios de fortalecimento a musculatura, entre outros.

A partir dessas proposições, seguiu-se ao agrupamento dos erros segundo a semelhança dos itens e a consequente composição do instrumento. Assim, os dois construtos - atitude e prática - foram desmembrados em 45 itens, sendo 3 itens atitudinais e 42 itens práticos. Essa última, subdividida em três dimensões - face, mãos e pés. Foram ainda, dispostos em frases afirmativas positivas e negativas, sob a mesma escala de resposta (discordo totalmente, discordo, não sei, concordo, concordo totalmente).

Na segunda fase “Análise de redundância agregada à composição” os itens foram formulados como afirmativas, agrupados conforme similitude de construtos e enunciadas no formato de uma escala Likert.

A formatação do tipo escala Likert foi escolhida por permitir que um constructo seja desenvolvido através de afirmações sobre as quais os respondentes emitem seu grau de concordância14. Para evitar o efeito de ordem e o efeito de aquiescência, optou-se por manter os pontos positivos à direita e negativos à esquerda, bem como, inserir itens negativos ao instrumento compensando ambos os efeitos11.

Em seguimento, na terceira fase “Validação de conteúdo”, o instrumento foi encaminhado ao corpo de juízes, com renomada experiência teórico-prática na temática. Esse processo se deu entre os meses de outubro a dezembro de 2016. Os critérios de seleção utilizados foram: profissionais da área da saúde com nível/formação mínima de mestrado, experiência mínima de 5 anos na área, autoria de pelo menos dois artigos científicos na temática, nos últimos cinco anos.

A estratégia de busca e seleção dos juízes foi através da Plataforma Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), utilizando-se o filtro hanseníase. Sob os critérios de inclusão, foram contatados 54 profissionais, dos quais apenas 11 responderam positivamente a solicitação de avaliação do instrumento. Como o quantitativo esteve de acordo com as definições de Pasquali15, o qual define como ideal uma amostra de 6 a 10 avaliadores, sem necessidade de cálculo amostral relacionado às inferências estatísticas, procedeu-se com esse quantitativo amostral.

Operacionalmente cada item do instrumento foi avaliado pelos juízes, conforme sua clareza (são compreensíveis, sem ambiguidades e com expressões fáceis, com coerência entre as questões) e relevância (são importantes e consistentes com o atributo de mensurar a atitude e prática dos sujeitos) dentro das dimensões e dos respectivos construtos. As respostas foram escalonadas entre concordo, concordo parcialmente e discordo, com espaço para sugestões de reformulações. Após avaliação dos itens presentes no instrumento, havia mais um questionamento sobre a necessidade de inclusão de algum novo item, sobre o qual, os juízes deveriam opinar e discorrer.

Para análise dos dados obtidos pela estratégia da validação de conteúdo, foi utilizado o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) (Content Validity Index). Nessa medida o instrumento foi considerado válido se, ao computar as avaliações, obtivesse índice de aprovação/concordância acima de 80% (0,8)16. Para os itens com IVC abaixo desse valor, houve exclusão ou reformulação, de acordo com a sugestão dos juízes.

Efetuado todas as correções e sugestões cabíveis, o instrumento foi reencaminhado para os 11 especialistas que participaram do primeiro momento de avaliação. Os critérios para análise teórica e validação dos itens foram os mesmos adotados anteriormente. Após a revisão dos critérios de avaliação para finalização do processo, a taxa de concordância aceitável entre os juízes foi ampliada para 0,9017.

Para análise dos dados, no momento de reavaliação, optou-se por realizar apreciação interobservadores, com intuito de medir a intensidade da concordância entre os juízes, através do Índice Kappa (K). Desta forma, apenas os especialistas que julgaram o instrumento nos dois momentos, foram considerados. O prazo para resposta pelos juízes foi de 30 dias, posto que, estes já possuíam familiaridade com a proposta da pesquisa. Contudo, para o prazo referido apenas 08 peritos enviaram suas considerações, dentro do prazo referido. Assim, o índice “K” foi mensurado para essa amostra, aceitável aos parâmetros adotados no início do processo 15.

Para a medida “K”, considerou-se a seguinte interpretação: <0 - sem concordância; 0 a 0.19 - pobre 0.20 a 0.39 - razoável, 0.40 a 0.59 - moderada, 0.60 a 0.79 - substancial, 0.80 a 1.00 - excelente/quase perfeito18. Corroborando com outro autor17, valores ≥ 0.90 representam concordância excelente/quase perfeita. Assim, esse foi o parâmetro adotado.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal da Paraíba do Centro de Ciências da Saúde (UFPB/CCS) por meio de adendo a projeto mais amplo desenvolvido no grupo de pesquisa (Parecer nº 0785/2016). Os profissionais envolvidos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -TCLE e foi respeitado o anonimato dos participantes.

RESULTADOS

Para construção do instrumento de atitude e prática de autocuidado na hanseníase, primariamente delimitou-se as definições dos construtos de interesse: atitude e prática tendo como referência as concepções do teórico Everett Rogers10.

De maneira complementar, a atitude se relaciona ao domínio afetivo - dimensão emocional, enquanto a prática é a tomada de decisão para o fazer e relaciona-se ao domínio psicomotor afetivo e cognitivo - dimensão social19.

Em face dos construtos, o instrumento teve como ponto de partida para sua construção a 1ª etapa “Geração dos itens” do instrumento. Sua construção foi embasada pelas orientações para o autocuidado com face, mãos e pés expressas no Manual técnico do Ministério da Saúde13. Essa referência aborda sistematicamente medidas de autocuidado direcionadas com as três dimensões. Perpassa orientações de hidratação e lubrificação, corte correto das unhas, tipo de sapato, cuidados quando em exposição ao sol, ou a rotinas de trabalho, exercícios de fortalecimento a musculatura, entre outros.

A partir dessas proposições, seguiu-se a segunda etapa, o agrupamento dos erros segundo a semelhança dos itens e a consequente composição do instrumento. Assim, os dois construtos - atitude e prática - foram desmembrados em 45 itens, sendo 3 itens atitudinais e 42 itens práticos. Essa última, subdividida em três dimensões - face, mãos e pés. Foram ainda, dispostos em frases afirmativas positivas e negativas, sob a mesma escala de resposta (discordo totalmente, discordo, não sei, concordo, concordo totalmente). Por fim, o instrumento foi denominado: Atitude e prática de autocuidado na hanseníase: face, mãos e pés - APAHansen.

Na terceira fase, os itens do instrumento foram submetidos a análise de representatividade, validação de conteúdo, por um comitê composto por 08 juízes, sendo cinco enfermeiros, um antropólogo, um médico, e um terapeuta ocupacional. Nesse comitê existiu totalidade do sexo feminino (100%), com idade superior a 50 anos (62,5%), tempo de experiência na área maior que 20 anos (75%). Dentre os juízes 62,5% tinham título de doutor, 25% pós-doutorado, e um mestrado. Todos se apresentaram expertises para avaliação do construto, evidenciada pelo atendimento aos critérios de seleção.

Sobre o julgamento dos especialistas em relação à clareza e pertinência dos itens, na versão preliminar do instrumento, nenhum deles foi avaliado como discordante/inadequado. Todos os itens obtiveram concordância dentro do nível estabelecido (IVC ≥ 0,80) concernente à relevância. Apenas os itens A, B, C (do constructo atitude) e 1.9 (do constructo prática) apresentaram IVC ≤ 0,75 quanto à clareza, indicando a necessidade de reformulação.

O IVC global do instrumento foi de 0,91 para clareza e 0,96 para relevância dos itens, evidenciando validade de conteúdo satisfatória. Os resultados item a item são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1.  Índice de validade de conteúdo da escala obtido com a avaliação dos juízes quanto à adequação dos construtos aos critérios psicométricos: clareza e relevância (n=8). João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017. 

Legenda: Itens de A a C - referem-se ao construto ATITUDE; Itens de 1.1 a 3.20 - referem-se ao construto PRÁTICA.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Como observado na Tabela 1, do total de 45 itens, 20 apresentaram índice de concordância perfeita (IVC = 1,00) para clareza e 32 para relevância. Os itens do constructo Atitude foram os que apresentaram maiores necessidades de ajustes. Embora apenas 04 itens do instrumento tenham apresentado IVC abaixo do padrão estabelecido (IVC<0,80), as sugestões para adaptação foram acatadas, também para aqueles itens que não obtiveram concordância perfeita, posto que, apresentaram-se bastante relevantes para alcance de uma maior compreensão do instrumento. Exceção aos ajustes foram os itens de afirmações negativas (2.7, 2.8, 3.9, 3.11, e 3.14).

Os itens atitudinais foram pontuados como de menor clareza (IVC≤ 0,75), sendo consideradas as sugestões para dividi-los entre questionamentos sobre a observação e o cuidado (Observar a face diariamente é necessário? / Cuidar dos olhos e nariz diariamente é necessário?). Direcionamento semelhante foi adotado em relação ao item prático 1.9 (Usa chapéu/boné e óculos de sol ao se expor ao sol) (Quadro 1).

No Quadro 1, são apresentados os itens avaliados como “concordo parcialmente/com alterações”, os requisitos relacionados ao problema e as sugestões para melhoria ou reformulação dos mesmos

Quadro 1.  Sugestão dos juízes acerca dos itens considerados adequados com alterações. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017. 

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Além das adequações postuladas acima, foram recomendadas a inclusão de dois itens ao Construto Prática (“Usa protetor ocular [máscara] ao dormir” e “Corta as unhas em formato reto”); mudança no escalonamento do instrumento através de advérbios temporais; e um terceiro construto: limitações para o autocuidado.

As alternativas de resposta foram consideradas como fator de distorção ao entendimento, por dificultar emissão de juízo. Em relação à escala de respostas, o número de opções foi mantido em cinco, porém foram realizados ajustes nas opções: 1. “Nunca”; 2. “1 a 2 vezes por semana”; 3. “Não sei”; 4. “3 a 6 vezes por semana”; 5. “Sempre”.

O terceiro construto - “limitações para o autocuidado” - foi postulado através de um questionamento ao final do instrumento, com resposta do tipo dicotômica, para a qual se realiza uma segunda pergunta - quais? - quando a resposta for positiva - “sim”.

Essas sugestões serviram como base para adequação do instrumento inicialmente proposto, que continha 45 itens em sua versão primária, passando a 52 itens, a qual foi sequencialmente submetida à segunda avaliação pelos juízes.

Concernente às considerações dos juízes ao requisito “relevância” observa-se que as discordâncias ocorreram sobre os questionamentos negativos. Entretanto, tais sugestões não foram incorporadas, dado que a inclusão desse formato de afirmativa é uma estratégia utilizada no desenvolvimento de escalas, bem como, o IVC manteve-se acima da proposta (IVC ≥ 0,80).

No parecer final dos juízes, baseados nos requisitos de clareza e relevância, todos os itens obtiveram IVC entre ótimo e perfeito. Nesta etapa, além desta medida, também foi calculado índice Kappa, entre as duas avaliações realizadas por cada juiz, apresentando classificação perfeita, ou concordância total, para ambos os construtos nas dimensões face, mãos e pés, conforme se observa na Tabela 2.

Tabela 2.  Parecer final dos juízes (n=8) acerca da clareza e relevância do instrumento para avaliação das Atitudes e Práticas de autocuidado na hanseníase. João Pessoa, Paraíba, Brasil, 2017. 

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

DISCUSSÃO

A construção de um instrumento de mensuração requer a elaboração dos itens que representarão o comportamento através do construto de interesse20. No entanto, é imprescindível que esses instrumentos possuam fidedignidade e validade para minimizar a possibilidade de julgamentos subjetivos12. Assim, o reconhecimento da qualidade dos instrumentos torna-se um aspecto fundamental para a legitimidade e credibilidade dos resultados da pesquisa, o que reforça a importância do processo de validação21.

Nesse sentindo tem sido frequente a realização desses processos por pesquisas em enfermagem 21)(22)(23, no entanto, não foi evidenciado pelas pesquisadoras desta pesquisa, artigos que com perspectiva similar a apresentada relacionada a atitude e prática de autocuidado na hanseníase.

A escolha do modelo conceitual de Raymundo12 e a técnica de análise de conteúdo permitiram identificar e dispor tópicos relevantes para abranger os construtos (atitude e prática) e dimensões do autocuidado com face, mãos e pés na hanseníase.

Concernente aos dois constructos elencados para composição do instrumento é cabível mencionar que, estes foram dispostos em conjunto na mesma avaliação, em razão de as atitudes e práticas de autocuidado serem eixos complexos de um mesmo processo de adesão. De maneira geral o instrumento construído parte do pressuposto de que a atitude direciona a prática, sendo aquela relativa a valores e/ou crenças que influenciam a tomada de decisão, conjectura apontada por outros estudos acerca da temática 24,25.

Assim, os três itens A/B/C (que após a primeira avaliação dos juízes, tornaram-se seis) foram dispostos com objetivo de identificar atitudes, que determinam ações influenciando de forma positiva ou negativa na tomada de decisão por aderir a prática, identificada através dos itens 1.1 a 3.2010. As considerações dos juízes acerca desses itens consistiram em diferenciar as questões entre a observação e o cuidado.

A ação de observar remete a considerar algo com atenção, enquanto a ação de cuidar relaciona-se com o esforço de dedicar tempo (a algo) com determinado objetivo. Nesse sentido as alterações aprimoram o instrumento e o tornam mais convergente aos objetivos a que se propõe.

Alguns itens do construto prática (2.7; 2.8; 3.9; 3.11; 3.14), embora tenham alcançado IVC ≥ 0,80 receberam sugestões de reformulação por sua pouca relevância. Entende-se que são consideradas práticas que devem ser evitadas, por apresentarem grande potencial de agravar o quadro de deformidades e incapacidades físicas nos indivíduos acometidos pela hanseníase. Nestes moldes descrevê-las de forma positiva implicaria na inversão da escala de respostas, característica desaconselhada pela literatura pertinente11 por causar confusão nos respondentes. Assim, as escalas de resposta devem apresentar claramente um contínuo de direção.

Quanto à mudança na escala de respostas (passou de uma escala de concordância, para escala temporal) no construto prática, parece contribuir para esclarecer a significação das ações de autocuidado, uma vez, que este é definido como “procedimentos, técnicas e exercícios que o próprio doente, devidamente orientado, pode realizar regularmente (grifo próprio) no seu domicílio e em outros ambientes”25-27.

Estudo realizado por Galan e colaboradores sobre avaliação das práticas de autocuidado em hanseníase, aponta que nem todos conseguem praticar adequadamente o autocuidado, mostrando dificuldades em incorporar essa atividade como prática diária de vida, este achado(24), corrobora e justifica a solicitação dos peritos.

As práticas para o cuidado de si são rotineiras, não obstante, realiza-las esporadicamente não efetiva sua relevância frente a problemática da hanseníase. Neste sentido, o indivíduo precisa entender em que exatamente consiste em cada ação, porque ela é importante para sua condição especificamente, quais as possibilidades de melhora podem ser alcançadas a partir do seu comprometimento. Precisam ainda ser fáceis de aplicar e factíveis em relação as suas condições motoras e financeiras.

O que muito se observa na práxis do cuidado, são “pessoas” as margens de orientações prontas sendo repassadas, quando na transversalidade da responsabilidade profissional, deveria existir a integralidade do sujeito cuidado.

Concernente a incorporação de instrumentos adaptados para as práticas de autocuidado rotineiras das pessoas com hanseníase, a pesquisa de Maia e colaboradores28 revelou contribuições relevantes ao cuidado a esta clientela referente a sentimentos, percepções e conteúdos significativos sobre o social, familiar e dimensões individuais e também o estigma associado à hanseníase.

Cavalcante e colaboradores29 ressalta em revisão sobre as tecnologias em saúde para a promoção do autocuidado em pacientes com hanseníase, que estas são compreendidas como um conjunto de recursos desenvolvidos com base em conhecimentos científicos e experiências reais, portanto agem como como transformador de condições de saúde e ressignificando práticas assistenciais.

Ainda sobre as sugestões dos juízes quanto a inclusão do construto “limitações para o autocuidado”, esse foi adicionada ao instrumento, posto que a literatura científica cita uma diversidade de fatores impeditivos ou limitantes a realização do autocuidado24, assim, os fatores que dificultam o enfrentamento da doença afetam a realização do autocuidado e, portanto, devem ser identificados pela equipe de saúde, que conhecendo esses coeficientes, melhor direciona o cuidado ao indivíduo30,31.

Frente ao exposto, consubstancia-se a validade psicométrica do instrumento quanto à avaliação de seu conteúdo, ou seja, a representatividade dos itens em relação às áreas de conteúdo e à relevância dos objetivos a medir14.

Na realização deste estudo foram encontradas algumas dificuldades, dentre as quais se destacaram o número pequeno de especialistas que responderam positivamente a solicitação de participação e o tempo elevado (superior a 60 dias) de retorno das avaliações.

CONCLUSÃO

O processo de adoecimento pela hanseníase embora potencialmente conhecido na comunidade científica resguarda nuances investigativas que margeiam o universo, entre outros pontos, da adesão as práticas de autocuidado. Sob este prisma, o desenvolvimento de tecnologias, estratégias e meios permissivos a sua compreensão e intervenientes ao processo de cuidar, culminam como facilitadores na evolução da qualidade da assistência.

Embasadas por essa necessidade de ampliação do conhecimento, a proposta de um instrumento que viabilize o conhecimento de práticas prévias dos indivíduos, que elucidem as falhas dessas práticas, e que operacionalizem a sistematização da adesão as práticas de autocuidado fazem-se não apenas pertinente como significativo.

Os resultados apontaram uma validade de conteúdo satisfatória, com o conjunto total de itens apresentando IVC’s de categorias entre ótimo e perfeito, enquanto o índice Kappa apresentou concordância total para permanência no instrumento.

A escolha do modelo conceitual permitiu identificar e dispor tópicos relevantes para abranger os construtos (atitude e prática) e dimensões do autocuidado com face, mãos e pés na hanseníase.

Conclui-se, por quanto, que a tecnologia instrumento “Atitude e Prática de Autocuidado na hanseníase: face, mãos e pés - APAHansen”, validada neste estudo, apresenta características psicométricas (clareza e relevância), ou seja, é compatível ao fim a que se propõe, isto é, mensurar a atitude e prática de autocuidado na hanseníase.

Entende-se que o processo de validação de instrumentos é complexo e envolve diferentes etapas e formas, isto posto, a realização apenas da validade de conteúdo se apresenta como limitação desta pesquisa, muito embora, oportunize-se dizer, que correspondeu aos objetivos elencados.

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Recebido: 10 de Março de 2021; Aceito: 10 de Julho de 2021

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