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Enfermería Global

versión On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.21 no.65 Murcia ene. 2022  Epub 28-Mar-2022

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.482911 

Originais

Expressão da incerteza em pacientes cirúrgicos de retirada de órgão: estudo transversal

Thaís Martins Gomes de Oliveira1  , Cristine Alves Costa de Jesus2 

1 Máster en Enfermería. Doctoranda del Programa de Posgraduación en Enfermería de la Universidad de Brasilia (UnB). Brasil. Campus Universitario Darcy Ribeiro, Facultad de Ciencias de la Salud, Brasilia-Distrito Federal Brasil. thaismmgomes@gmail.com

2 Doctora en Enfermería. Docente del Programa de Posgraduación en Enfermería de la Universidad de Brasilia (UnB). Brasil. Campus Universitario Darcy Ribeiro, Facultad de Ciencias de la Salud, Brasilia-Distrito Federal Brasil.

RESUMO:

Introdução:

O tratamento cirúrgico de retirada de órgãos surge para atender a uma diversidade de patologias que emergem como necessidade de saúde apresentadas pelas populações, sendo considerado um procedimento que provoca no paciente sentimentos de incerteza.

Objetivo:

Investigar a incerteza na doença, em pacientes cirúrgicos submetidos à retirada de órgão.

Método:

Estudo transversal desenvolvido com pacientes internados na clínica cirúrgica de um hospital universitário. Coletaram-se as variáveis sociodemográficas e clínicas e aplicou-se a escala da incerteza na doença de Mishel (MUIS).

Resultados:

O perfil de diagnósticos médicos nos 60 participantes revelou que as doenças mais frequentes foram as neoplasias. Quanto a aplicação da escala, 68% dos participantes apresentaram escores maiores ou iguais a 80 pontos. O valor encontrado para o Alpha de Cronbach foi de 0,842. Os procedimentos cirúrgicos, histerectomia via abdominal e mastectomia, os quais foram os mais prevalentes para os participantes, se associam aos domínios da incerteza.

Conclusões:

Elevados níveis de incerteza evidenciaram a necessidade do manejo dessa condição. Os aspectos psicossociais dos tratamentos cirúrgicos acabam secundarizados em detrimento do reestabelecimento clínico, circunstância em que se negligencia o sofrimento emocional do paciente. A melhora da comunicação entre o profissional da saúde e o paciente pode influenciar para que não ocorra a manifestação da falta de informação, uma das formas de expressão da incerteza. Aspectos como perfil socioeconômico do paciente, escolaridade e renda devem ser levados em consideração no tratamento cirúrgico de retirada de órgãos. A incerteza vivenciada por esses pacientes precisa ser mais conhecida e amplamente disseminada para ganhar destaque no ambiente de saúde.

Palavras chave: Incerteza; Cirurgia; Procedimentos Cirúrgicos Operatórios; Teorias de Enfermagem; Enfermagem

INTRODUÇÃO

O tratamento cirúrgico de retirada de órgãos surge para atender a uma diversidade de patologias que emergem como necessidade de saúde apresentadas pelas populações, sendo considerado um procedimento que provoca no paciente sentimentos de ansiedade e incerteza. Quando o paciente experimenta a incerteza proveniente de uma doença ou tratamento, poderá resultar em estresse que afeta a mente, o corpo e as relações sociais. Além disso, após realização de procedimento cirúrgico, é possível que o paciente sinta dor, perda momentânea ou permanente da função do órgão e algum nível de dependência de cuidados que interfira em suas atividades de vida diária, não sendo incomum o receio da reincidência da doença, medo das limitações pós-cirúrgicas e sofrimento psíquico 1,2.

O ato cirúrgico pode ser considerado como uma agressão. Partindo-se dos aspectos fisiológicos e anatômicos envolvidos relacionados ao corte, o qual rompe a integralidade da pele, o sangramento e a retirada de um órgão. Por outro lado, quanto aos fenômenos psicológicos envolvidos, advém medo, angústia, dúvida, expectativa e incerteza. Contudo, os aspectos psicológicos dos tratamentos cirúrgicos são muitas vezes negligenciados, considerados pela equipe multiprofissional como secundários3,4.

Sentimentos conflitantes estão presentes nesses pacientes que se submetem à retirada de órgãos. O tratamento cirúrgico muitas vezes é necessário, como intervenção no tratamento de doenças. Há muitos sentimentos, expectativas e percepções envolvidos. O paciente pode criar expectativas quanto aos resultados de uma intervenção cirúrgica, levando a danos emocionais que interferem no bom funcionamento fisiológico do paciente afetando seu bem-estar-geral. O ato cirúrgico pode vir acompanhado de ansiedade, dúvidas e anseios independente do porte da cirurgia. A intervenção cirúrgica é considerada uma ameaça ao paciente, pois além de romper a integridade física, causa importantes impactos emocionais e fragilidade ocasionada pelo medo 5.

Nesse contexto, surge a instalação do estado de incerteza. A Incerteza na Doença foi apresentada por uma teorista de enfermagem chamada Merle Mishel, que desenvolveu a Teoria da Incerteza na Doença 6. A incerteza é definida como a incapacidade de atribuir significados a eventos relacionados ao adoecimento 6. A teoria enfatiza que com o surgimento da incerteza na doença, é necessário a reorganização e procura por estratégias de enfrentamento tal como a adaptação 6. Pesquisas afirmam que o estabelecimento da incerteza pode levar a sensação de ausência de controle sobre eventos da vida e sentimentos negativos, entre eles o isolamento, a perda da identidade, a desesperança e a desmoralização 7)(8)(9. Altos níveis de incerteza associam-se com a redução de habilidades como o processamento de novas informações, a compreensão de resultados e a adaptação ao diagnóstico da doença 10. Atualmente, o modelo da incerteza na doença vem sendo amplamente utilizado e reconhecido pela literatura, abordando diferentes contextos de problemas em saúde 10.

Ainda na Teoria da Incerteza na Doença, os profissionais de saúde são definidos como importantes provedores de informações 11. As evidências caracterizam a falta de informação como grande geradora de incerteza. Por outro lado, o fornecimento de informações é uma estratégia importante e frequentemente utilizada para o enfrentamento dessa condição 12. Ressalta-se que, no ato de comunicar informações ao paciente, é imprescindível dotá-lo de capacidade de interpretá-las, assimilá-las e reproduzi-las; cabe ao profissional de saúde buscar estratégias eficazes para se fazer compreender. Estudos descrevem experiências falhas entre os provedores de informações do sistema de saúde e o paciente durante o tratamento, ou seja, relatam a prática de informações parciais ou mesmo a falta delas 11,13. Esses estudos também revelam a necessidade de sincronizar a comunicação entre o profissional de saúde e o paciente. Afinal, enquanto um pode pensar em como lidar com os efeitos colaterais inerentes ao tratamento, o outro pode se perguntar quanto tempo vai demorar para se recuperar ou sobreviver. Nesse sentido, é fundamental harmonizar os objetivos da comunicação 11,13.

Portanto, o objetivo do estudo é investigar a incerteza na doença, segundo a teoria de Mishel em pacientes cirúrgicos submetidos à retirada de órgão.

MÉTODO

Desenho do Estudo

Estudo transversal, descritivo e exploratório.

População e Contexto do Estudo

Foram selecionados 63 pacientes internados na clínica cirúrgica de um hospital universitário brasileiro em 2017. O Hospital é uma instituição pública que oferece atendimento gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Possui um Centro de Alta Especialidade em Oncologia e a pesquisa foi desenvolvida na clínica cirúrgica que atende as seguintes especialidades cirúrgicas: Crânio-maxilo-facial, geral, pediátrica, torácica, vascular e neurocirurgia. A clínica cirúrgica atende pacientes no pré-operatório e pós-operatório e possui 39 leitos instalados. Durante a coleta de dados, ocorreu uma ampla gama de cirurgias oncológicas que envolveram a retirada de parte ou de todo o órgão.

O número amostral de participantes foi obtido por meio de cálculo amostral, considerando o fluxo de pacientes internados no hospital universitário para cirurgia de retirada de órgãos no ano anterior à coleta de dados. O cálculo da amostra resultou em 66 pacientes considerando intervalo de confiança de 95% e precisão de 10%. Devido ao período disponível para a coleta de dados, foi possível coletar 60 pacientes. Para o cálculo amostral, utilizou-se a versão 3.4 do software R ®.

Os participantes foram selecionados por amostra de conveniência. Os critérios de inclusão foram pacientes maiores ou iguais a 18 anos, de ambos os sexos, em pós-operatório superior a 24 horas, submetidos à cirurgia que envolveu a retirada de um órgão, em pleno estado intelectual e mental para responder às questões. Os critérios de exclusão foram pacientes que não se enquadrassem no conceito de retirada de órgãos utilizado na pesquisa.

Variáveis

Foram coletadas variáveis sociodemográficas e clínicas para identificar o perfil amostral. Neste estudo, destaca-se a importância das variáveis clínicas que permitiram identificar o perfil das cirurgias de retirada de órgãos na amostra. Além disso, os dados foram coletados usando a Escala da Incerteza da Doença de Mishel - MUIS 14.

Coleta de dados

Os participantes foram selecionados por meio de prontuários e orientados sobre como participar da pesquisa. Foi aplicado o instrumento de coleta de dados construído pelas pesquisadoras, validado por três expertises na área cirúrgica e de sistematização da assistência de enfermagem, todos com formação mínima de dez anos em enfermagem, atuantes como docentes e na prática do cuidado à pacientes clínicos ou cirúrgicos e com experiência na aplicação do processo de enfermagem. O instrumento incluiu questões sociodemográficas e clínicas. Também foi utilizado a MUIS, validada para o português, cujas propriedades psicométricas analisadas no processo de validação foram validade de conteúdo (comitê de juízes), validade de construto (análise fatorial confirmatória e comparação de médias fatoriais e escores totais segundo variáveis sociodemográficas do público-alvo), confiabilidade (teste-reteste e alfa de Cronbach) 15. Essa escala validada contém 30 itens do tipo Likert, quanto maior a pontuação do paciente, maior o grau de incerteza da doença, que varia de 30 a 150 pontos 14,15.

A MUIS objetiva medir a incerteza na doença, por meio de itens subdivididos em domínios, a saber: ambiguidade, complexidade, inconsistência e imprevisibilidade, dos quais as afirmações representam as formas de manifestação da incerteza. A duração da coleta de dados foi de três meses e quatro dias, sendo realizada por uma das autoras. A entrevista e aplicação da escala durava em torno de 2 horas compreendendo os passos mencionados. Após essa etapa, consultava-se o prontuário do paciente a fim de se obter informações complementares.

Análise dos dados

Análise estatística descritiva dos dados sociodemográficos e clínicos por meio de medidas de tendência central, média e mediana, e de dispersão (desvio padrão), frequências simples e absolutas das variáveis quantitativas. Foi utilizado o software Excel® 2016. O escore da MUIS foi obtido somando-se os escores de cada item. A frequência de respostas relacionadas à escala também foi avaliada. O alfa de Cronbach foi utilizado para avaliar a confiabilidade dos itens da escala, considerando valores aceitáveis iguais ou superiores a 0,70.

Para as correlações entre as cirurgias mais prevalentes na amostra e os domínios de incerteza, foram utilizados os testes estatísticos de Mann-Whitney. Os resultados foram considerados estatisticamente significativos para p ≤ 0,05. Para a análise de correlação, consideraram-se as médias obtidas em cada um dos domínios da MUIS, a saber: Falta de clareza, Ambiguidade, Falta de informação e Imprevisibilidade. Também foram aplicadas as médias obtidas considerando-se todos os itens da escala, o qual foi nomeado de Total. Os testes estatísticos foram obtidos por meio do software R v3.4 ®.

Considerações éticas

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília - CEPFS/UnB, sob o CAAE 55134615.7.0000.0030, número de parecer 2.177.498. Para realização da pesquisa, foi disponibilizado ao participante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE. Foi assegurada à população de participantes a garantia de desistência do estudo em qualquer fase da pesquisa.

RESULTADOS

Durante o período de coleta de dados, foram selecionados 63 pacientes, porém três desistiram durante a entrevista. Entre os 60 pacientes restantes, 47 (78,3%) eram do sexo feminino e 13 (21,7%) do masculino. A idade variou de 18 a 87 anos, a média foi de 51,9 (± 16,4) anos. A Tabela 1 resume as características sociodemográficas da amostra.

Tabela 1.  Perfil sociodemográfico dos pacientes (n= 60). 

Pardo é definido como pessoas com uma mistura de cores de pele, seja essa miscigenação mulata (descendentes de brancos e negros), cabocla (descendentes de brancos e ameríndios), cafuza (descendentes de negros e indígenas) ou mestiça.

A Tabela 2 apresenta as medidas estatísticas descritivas necessárias para testar a relação entre os domínios de incerteza e o nível de escolaridade dos participantes do estudo.

Tabela 2.  Nível de escolaridade e domínios da incerteza (n = 60). 

* p < 0,05.

Foram testadas as associações entre os domínios da incerteza e todas as variáveis sociodemográficas e clínicas do estudo. A partir do teste de Mann-Whitney, apenas entre a variável escolaridade e os domínios de Incerteza, foi encontrada significância estatística para os domínios “Falta de clareza” (p = 0,001), “Falta de informação” (p = 0,01) e também no “Incerteza total” (p = 0,002). O “total” corresponde ao teste de significância dos quatro domínios como um todo, ou seja, todos os itens da escala MUIS.

Embora apenas a escolaridade apresente diferença estatisticamente significativa para a incerteza, o perfil sociodemográfico dos pacientes obtido mostra um predomínio de baixa renda familiar (p> 0,05). A maioria dos participantes era aposentada, com renda familiar variando de 1 a 2 salários mínimos (41,7% dos participantes).

Dentre os 28 diagnósticos médicos dos participantes, os dez descritos na Tabela 3 foram os mais frequentes, identificando uma importante heterogeneidade de diagnósticos que motivaram os procedimentos cirúrgicos. O perfil de diagnósticos médicos dos participantes revela que as doenças mais frequentes foram as neoplasias.

Tabela 3.  Diagnósticos médicos mais frequentes que ocasionaram a retirada de órgão (n = 60). 

De acordo com a Mishel 9, o escore total para cada paciente pode variar entre 30 e 150, cujo valor maior representa maior a Incerteza na Doença. Portanto, 11 (18%) pacientes alcançaram escore total maior ou igual a 100, 13 (22%) pacientes maior ou igual a 90, 17 (28%) pacientes maior ou igual a 80, 10 (17%) pacientes maior ou igual a 70, 8 (13%) pacientes maior ou igual a 60 e 1 (2%) menor que 60. O intervalo com maior prevalência de pacientes foi aquele cujos escores foram maiores ou iguais a 80, alcançando 17 pacientes. Enquanto o menor registro foi apenas um paciente para o intervalo menor que 60. Cada participante apresentou uma resposta para cada item e todos responderam a todos os itens.

A confiabilidade da escala foi verificada através da avaliação da sua consistência interna. O valor encontrado para o coeficiente Alpha de Cronbach foi de 0,842.

Tabela 4.  Relação entre a cirurgia histerectomia via abdominal e os domínios da Incerteza (n = 60). 

* p < 0,05.

Quanto aos procedimentos cirúrgicos aos quais os participantes foram submetidos destacam-se as cirurgias Histerectomia e Mastectomia. Foram aplicados teste de hipóteses a todos os 28 procedimentos cirúrgicos advindos do estudo, contudo, Histerectomia e Mastectomia foram aqueles que apresentaram resultados mais significativos os quais foram representados na Tabela 4 e Tabela 5, respectivamente.

Tabela 5.  Relação entre a cirurgia mastectomia e os domínios da Incerteza (n = 60). 

* p < 0,05.

Através dos valores de p retratados na Tabela 4, houve relação estatisticamente significativa somente para o domínio “Falta de informação” quanto à Histerectomia, portanto, sendo maior no grupo que não fez essa cirurgia.

No caso da mastectomia, Tabela 5, houve relação estatística tanto com o domínio “Falta de informação”, quanto para o “Total” de domínios de Incerteza, o qual avalia os quatro domínios simultaneamente, entre aquelas pacientes que enfrentaram a mastectomia.

DISCUSSÃO

A respeito da aplicação da MUIS, mostrou-se uma ferramenta de grande aplicabilidade para mensuração da incerteza 7)(8)(11)(16)(17)(18. A pontuação obtida para os participantes do estudo foi muito expressiva, pois 75% deles apresentaram pontuações significativas da vivência da incerteza, na qual a menor pontuação correspondeu a 57 e a maior a 108 pontos. Os estudos a seguir evidenciaram pontuações semelhantes. No estudo de Hagen et al. 7 aplicado a pacientes com câncer de mama, para avaliar a incerteza, obteve-se como resultado um grau moderado da presença da incerteza entre os participantes, com uma escala que variava de 33 a 165. Outro estudo envolvendo pacientes gastrectomizados revelou que os participantes apresentaram um elevado nível de incerteza 19.

A confiabilidade dos itens da escala descreve o quanto o instrumento aplicado está apto e preciso. O valor de Alpha de Cronbach (0,842), o qual mede a consistência interna dos itens de modo geral para os domínios, foi considerado bom pelo proposto na literatura 9. Isso corrobora com o valor de Alpha encontrado em um estudo de validação da escala MUIS para pacientes crônicos na Itália 8. Consta ainda na literatura, parâmetros de variação do Alpha em uma faixa de 0,74 a 0,92 11.

Uma pesquisa de sobreviventes do câncer de mama utilizou a MUIS obtendo Alpha de Cronbach total equivalente a 0,849 9. Já em outro estudo da aplicação da MUIS, o coeficiente de Alpha de Cronbach dos itens da escala foi considerado aceitável com valor de 0,72 20.

O perfil de diagnósticos médicos para os participantes do estudo revela que as doenças mais frequentes foram as neoplasias. No Brasil, os diferentes tipos de câncer que tem afetado a população são reflexo da transição epidemiológica e demográfica 16. Fatores estão fortemente associados a ocorrência de determinadas neoplasias, como por exemplo, as condições socioeconômicas precárias, associadas ao câncer de mama, próstata, cólon e reto, fortemente evidenciados nesse estudo 16.

O diagnóstico do câncer envolve situações complexas que podem gerar nos indivíduos sentimentos como ansiedade, medo, angustia, solidão, falta de controle da situação e perda da auto identidade, associados a um elevado nível de incerteza 19. E de acordo com a Teoria da Incerteza na Doença, o surgimento de neoplasias, possibilita a utilização de recursos como, por exemplo, os antecedentes da incerteza, os provedores de estrutura e a reformulação do esquema cognitivo 11.

Quanto aos procedimentos cirúrgicos, histerectomia via abdominal e mastectomia, os quais foram os mais prevalentes para os participantes, apresentaram resultados que se associam significativamente aos domínios da incerteza: falta de informação de acordo com o p = 0,048 e os p valores para o domínio falta de informação (p = 0,001) e o total (p = 0,018).

Inicialmente, para a cirurgia histerectomia via abdominal, o domínio “Falta de informação” obteve maiores médias, para os que não fizeram a cirurgia histerectomia via abdominal.

Embora tenha havido diferença estatística da incerteza entre o grupo que fez cirurgia de histerectomia e aquele que não o fez, no quesito “Falta de informação”, os valores médios foram muito aproximados. Esse resultado supõe que houve maior disponibilização de informações às pacientes submetidas a retirada do útero, comparada a outros procedimentos cirúrgicos. Estudo com mulheres histerectomizadas relatou boa oferta de informações e resultados positivos no pós-operatório 21.

Para os pacientes participantes, os procedimentos cirúrgicos, decorrentes da necessidade de se extirpar um tumor ou mesmo para cessar problemas como sangramentos constantes e dores, representaram a saída para problemas vivenciados, muitas vezes por longos períodos. A retirada de um órgão impõe a necessidade de se conviver com essa ausência, o que gera muitas inseguranças e incertezas 22. No presente estudo, houve uma diversidade de indicações cirúrgicas o que trouxe uma variedade de situações das quais todas, de maneira geral, ocasionaram um grau de incerteza.

Há também na literatura, relato dos benefícios em se realizar a histerectomia, traduzindo importante ambivalência de sentimentos quanto ao este procedimento cirúrgico. Muitas mulheres realizam a retirada do útero devido aos episódios de anemia, fadiga, dores e constantes sangramentos, interferindo na qualidade de vida delas, expondo-as a situações desconfortáveis 23. Portanto, a cirurgia pode também ser enxergada como possibilidade de cura e resolução de problemas, e nesses casos a retirada do órgão passa ser mais facilmente aceita, podendo a expressão da incerteza não se associar a falta de informação, já que se sentem mais confiantes nesse caso 24.

A mastectomia realizada nas participantes do estudo foram motivadas pelo câncer e em um dos casos, por infecção na mama. Independente da motivação cirúrgica, esse procedimento gera sérios impactos psicológicos, sociais e físicos nas mulheres 9. A mudança ocasionada na imagem corporal, por meio da vivência de uma ausência visível de uma parte do corpo, pode influenciar na relação com a família, com o parceiro sexual e consigo mesma. Soma-se a isso o medo constante do retorno da doença e a imprevisibilidade do futuro 25.

Um estudo de abordagem qualitativa com mulheres no pré-operatório de mastectomia revelou que as instruções médicas anteriores ao procedimento cirúrgico se concentraram somente no passo a passo proposto pela cirurgia. Consequentemente, evidenciando fragilidade no discurso profissional quanto a abordagem da pessoa. Além disso, não consideraram a pessoa como um ser integral, como um sujeito que demonstra sentimentos e possui apreensões, que tem dúvidas e incertezas e que necessita de tempo e atenção cuidadosa 26. Quanto à avaliação do profissional enfermeiro, esse foi visto como alguém que faz perguntas para reunir informações sobre o estado de saúde da paciente e confere instruções a respeito do preparo cirúrgico 26.

Diante dessa visão, é necessário que o profissional enfermeiro não seja somente aquele que coleta dados e disponibiliza instruções, mas que esteja atento ao manejo da ansiedade, medo e sofrimento, acolhendo com escuta qualificada, abordando aspectos como recuperação pós-operatória, acesso ao acompanhamento psicológico pela equipe multiprofissional, possibilidade de recuperação da imagem corporal e demais cuidados necessários. Dessa forma, o enfermeiro tem potencial no pré-operatório de tornar a cirurgia um momento mais tranquilo e menos traumatizante, o que repercutirá na recuperação cirúrgica 27.

A falta de informação impede a formação do esquema cognitivo que é a interpretação pessoal do indivíduo a respeito de sua doença, tratamento e hospitalização 6.

Outro fator relacionado a possível causa para relação obtida nesse estudo entre a falta de informação e a incerteza é o nível de escolaridade dos participantes. Um estudo relatou que pacientes com câncer ginecológico que tinham ensino superior apresentaram menores níveis de incerteza do que aqueles com menor escolaridade, devido à sua capacidade de compreender melhor as informações sobre sua condição. Esse dado corrobora com os resultados obtidos nesse estudo, afinal, os participantes compõem em sua maior parte pessoas com baixa escolaridade e com níveis de incerteza significativos 22,25. Os níveis de escolaridade podem afetar negativamente a comunicação entre o paciente e o profissional de saúde e podem criar barreiras para a compreensão das opções de tratamento e manejo dos sintomas.

De acordo com a Teoria da Incerteza na Doença, existe uma relação inversamente proporcional entre o nível de escolaridade e a incerteza 6. Em estudo 13, que utilizou a teoria, constatou-se que tanto a baixa escolaridade, quanto a baixa renda, foram preditoras de altos níveis de incerteza, corroborando com o presente estudo. Observa-se que um baixo poder aquisitivo influencia na diminuição da qualidade de vida do paciente e pode causar maior incerteza.

Estudo sobre incerteza com pacientes portadoras de neoplasias vulvares e submetidas à cirurgia mutilatória de retirada de órgãos, destaca que maior incerteza também se correlaciona com: idade avançada, situação familiar de casado, menor escolaridade, menor renda, menor qualidade de vida, menor suporte social e informações insuficientes 28. Apesar deste estudo ter envolvido apenas mulheres, a maior prevalência de mulheres participantes no presente estudo permite correlacionar achados anteriores com os resultados obtidos até o momento em relação a: idade avançada, estado civil casado, menor escolaridade, menor renda e informações insuficientes. Embora a Teoria da Incerteza na Doença não mencione, o que pode ser uma limitação do modelo, a renda mensal e o perfil sociodemográfico do paciente podem estar associados a eventos relacionados à incerteza.

Muitas vezes quando o paciente busca o enfermeiro para sanar suas dúvidas, este explica que o profissional médico que irá respondê-las, eximindo-se de sua competência, muitas vezes justificada pela falta de tempo e inúmeras atividades solicitadas por outros pacientes entre atendimentos e procedimentos. Essa realidade não pode tornar-se um hábito, pois demandar tempo a comunicação com o paciente sempre que solicitado é uma atividade tão importante quanto o acompanhamento da ferida operatória 29. Também é importante oferecer a estrutura necessária a esse profissional para que ofereça a atenção necessária ao paciente, o correto dimensionamento de profissionais, recursos materiais, físicos e apoio multiprofissional são medidas que auxiliam no desempenho dessas funções 30.

A enfermagem pode intervir para diminuir o grau de incerteza do paciente na medida em que fornece informações sobre sua condição. Oferecer suporte educativo, social e estrutural é requisito importante para que possam conhecer e compreender todo o contexto em que estão envolvidos, isso é fornecer mecanismos de enfrentamento 13. Outra pesquisa revela que quanto mais o paciente está informado, maiores são as chances de grandes mudanças e bons resultados no tratamento, e que o número de contatos entre o médico e o paciente, além de toda equipe multiprofissional, influencia no sucesso dos tratamentos 31.

O conhecimento é o principal meio dos pacientes realizarem o manejo da incerteza. Por isso é tão importante a informação fornecida pela enfermagem e toda a equipe multidisciplinar. A informação precisa ser personalizada e adaptada ao seu nível cultural, pois auxilia o paciente a desenvolver sua compreensão e experiência do sentido da doença a fim de obter mais estratégias para enfrentar as mudanças implicadas por essa condição 12.

Como limitação, destaca-se a heterogeneidade dos participantes, o que dificulta a extrapolação dos resultados encontrados, o que só é possível com estudos semelhantes. Outra limitação é que o tamanho da amostra do estudo foi pequeno, associado a uma amostra de conveniência de um único centro de tratamento. Circunstâncias que enfatizam a necessidade de expansão da pesquisa para outros centros de tratamento.

CONCLUSÕES

Como conclusões, através da aplicação da MUIS, o estudo demonstrou a presença de níveis elevados de Incerteza, verificados pelos escores dos pacientes, evidenciando a necessidade do manejo dessa condição. Constata-se, também através dos resultados obtidos que os aspectos psicossociais dos tratamentos cirúrgicos acabam secundarizados em detrimento do reestabelecimento clínico, circunstância em que se negligencia o sofrimento emocional do paciente.

Há ainda, a necessidade da melhora da comunicação entre o profissional da saúde e o paciente, para que não ocorra a manifestação da falta de informação, uma das formas de expressão da incerteza. Aspectos como perfil socioeconômico do paciente, nível educacional e renda precisam ser levados em consideração no tratamento cirúrgico de retirada de órgão.

A incerteza vivenciada por esses pacientes, necessita ser melhor conhecida e amplamente divulgada para que também esses aspectos ganhem destaque no cenário assistencial.

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Recebido: 09 de Junho de 2021; Aceito: 21 de Setembro de 2021

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