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Enfermería Global

versão On-line ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.21 no.65 Murcia Jan. 2022  Epub 28-Mar-2022

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.484571 

Originais

Infecções sexualmente transmissíveis na população ribeirinha: prevalência e comportamento de risco

Isabella Martelleto Teixeira de Paula1  , Maria Hellena Ferreira Brasil1  , Patrícia da Silva Araújo2  , Wynne Pereira Nogueira2  , Gabriela Silva Esteves de Hollanda2  , Ana Cristina de Oliveira e Silva3 

1 Graduanda en Enfermería, Universidad Federal de Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil. bebelamartelleto1@gmail.com

2 Enfermera. Maestra en Enfermería - Programa de Posgraduación en Enfermería (PPGENF) de la Universidad Federal de Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.

3 Enfermera. Doctora en Enfermería. Profesora adjunta del Departamento de Enfermería Clínica de la Universidad Federal de Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.

RESUMO:

Introdução:

A população ribeirinha é considerada vulnerável às Infecções Sexualmente Transmissíveis devido às restrições relacionadas ao acesso à saúde, informação e educação.

Objetivo:

Analisar a prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis autorreferidas entre a população ribeirinha e fatores sociodemográficos e comportamentais associados.

Material e Método:

Estudo transversal, analítico, realizado com 250 ribeirinhos de João Pessoa, no estado da Paraíba, no período de junho a outubro de 2019. Os dados foram coletados por meio de entrevista com a utilização de questionário estruturado. Realizou-se análise de regressão logística. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob número de parecer 3.340.273.

Resultados

A prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis foi de 20,8%. Ribeirinhos do sexo masculino (OR=3,27;IC95%: 1,74-6,15), que relataram relação sexual com profissional do sexo (OR=6,54;IC95%:3,05-14,0) e uso de droga ilícita (OR 2,13; IC95%: 1,10-4,13) apresentaram maiores chances de desenvolver alguma infecção sexualmente transmissível.

Conclusões:

Alta prevalência de infecções sexualmente transmissíveis e presença de comportamentos de risco entre os ribeirinhos. Rastreio, diagnóstico precoce e educação em saúde é fundamental para descontinuação da cadeia de transmissão.

Palavras-Chave: Infecções Sexualmente Transmissíveis; Populações Vulneráveis; Epidemiologia; Comportamento de Risco; Saúde Pública

INTRODUÇÃO

As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) representam um importante problema de saúde, tanto para os indivíduos infectados quanto para as autoridades sanitárias do Brasil e do mundo, principalmente por serem infecções facilitadoras da transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)1.

De acordo com a OPAS Brasil2 não houve um declínio dos casos de IST desde 2012 e diariamente mais de 1 milhão de pessoas são contaminadas por IST curáveis. De um modo geral, o número de casos destas infecções entre os indivíduos no Brasil se mantém constante, porém as características sociodemográficas e comportamentais de risco se modificaram ao longo do tempo, aspectos que favorecem a permanência de IST.

A vulnerabilidade e o risco de contaminação das IST estão atrelados a carência e a exclusão social. Populações socioeconomicamente desfavoráveis são consideradas vulneráveis por não possuírem os recursos necessários para conter os riscos as quais estão expostas. Diante disso, o baixo nível de escolaridade, acesso limitado aos serviços de saúde e a prática de comportamentos sexuais de risco são alguns aspectos relacionados à vulnerabilidade às IST3.

Nesse contexto, enquadram-se as populações ribeirinhas. São populações caracterizadas por possuírem suas moradias localizadas às margens dos rios e por apresentarem restrições relacionadas ao acesso a saúde, informações e educação4.

No Brasil, a população ribeirinha foi reconhecida como população tradicional pelo Decreto Presidencial nº 6.040/2007, garantindo assim sua valorização, segurança alimentar, linguagem acessível das informações e respeito a sua diversidade socioambiental e cultural. A maioria dessa população está localizada na Amazônia brasileira, as quais sobrevivem de artesanatos, pesca e agricultura5.

No estado da Paraíba algumas dessas comunidades estão localizadas na zona urbana, em aglomerados subnormais, com moradias localizadas as margens dos principais rios que cortam as cidades. São indivíduos expostos a poluição dos rios, com condições inadequadas de habitação, baixa renda e com limitação de acesso aos serviços de saúde.

Nesse ínterim, as populações ribeirinhas apresentam fatores de risco que podem contribuir para a prática de comportamento sexual de risco e consequentemente, o aumento da vulnerabilidade à aquisição de IST. A iniciação da vida sexual precoce, o consumo de álcool e outras drogas, a prática do sexo inseguro e a multiplicidade de parceiros são alguns dos comportamentos de risco que favorecem a prevalência e a incidência destas infecções, tornando-se desafiador o combate as IST6,7.

Em maio de 2016, a Organização Mundial de Saúde considerou a Estratégia Global do Setor de Saúde 2016-2021 sobre IST. Esta estratégia inclui um aumento de intervenções e serviços baseados em evidências para controlar e erradicar a transmissão sexual de infecções, que representa uma das preocupações de saúde pública em 20308.

Frente ao exposto, justifica-se a realização desse estudo pela importância de conhecer o cenário das populações ribeirinhas no que concerne às IST, assim como pela escassez de estudos direcionados à essa população. Desse modo, o estudo tem como objetivo analisar a prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) autorreferidas entre a população ribeirinha do município de João Pessoa, Paraíba, e fatores sociodemográficos e comportamentais associados às infecções.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal, analítico, realizado com a população ribeirinha residente no município de João Pessoa, no estado da Paraíba, no período de junho a outubro de 2019.

A população do estudo foi composta por pessoas maiores de 18 anos que residem em comunidades ribeirinhas. Foram excluídos os indivíduos que possuíam mais de uma residência, onde pelo menos uma delas, não estava localizada na comunidade ribeirinha investigada. Para a composição da amostra foram considerados 11.498 indivíduos, dado que corresponde a soma do total de moradores das referidas comunidades. Para a determinação do tamanho amostral admitiu-se um Intervalo de Confiança (IC) de 95%, uma margem desejável de erro de 5,4% e uma frequência estimada de 26,15%, referente a estimativa das IST obtida pelo cálculo dos pontos médios dos intervalos das estimativas das principais IST encontradas em estudos9,10. Sendo assim, obteve-se o número de 250 participantes da amostra.

Os dados foram coletados em um local de apoio estruturado dentro da comunidade ribeirinha, com o apoio da equipe de saúde da família. Os ribeirinhos foram convidados a participar do estudo por meio de contato prévio realizado pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Os indivíduos elegíveis foram informados sobre a importância do estudo e objetivos. Mediante aceite do participante, realizou-se entrevista individual e privativa, por meio de um questionário estruturado, validado e adaptado do instrumento utilizado na Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira, contemplando dados sociodemográficos e possíveis fatores e comportamentos de risco para aquisição de IST11.

Os dados coletados foram digitados em uma planilha do Microsoft Excel e importados para o programa estatístico SPSS versão 20.0 para a realização das análises estatísticas. A prevalência de IST, segundo relato, foi calculada com intervalo de confiança de 95% (IC95%).

A variável dependente desta pesquisa foi operacionalizada da seguinte forma: “Você teve alguma doença sexualmente transmissível?”, com opções de resposta do tipo: (0) Não/ (1) Sim. Especificar (infecção e/ou sinais e sintomas)”. As variáveis consideradas independentes foram: sexo (masculino e feminino), idade (18 a 40 anos, > 40 anos), escolaridade (até oito anos de estudo e acima de 8 anos de estudo), estado civil (casado/união estável e solteiro/divorciado/viúvo), renda mensal (até um salário mínimo e acima de um salário mínimo), idade da primeira relação sexual (≤ 15 anos e > 15 anos), nº de parceiros sexuais nos últimos 12 meses (0 a 1 parceiro e ≥ 2 parceiros), uso do preservativo na última relação sexual (sim e não), frequência do uso do preservativo (sempre/as vezes e nunca), relação sexual com profissional do sexo (sim e não), uso de drogas ilícitas na vida (sim e não), fuma atualmente (sim e não) e histórico de prisão (sim e não).

Para investigar a associação entre as variáveis sociodemográficas e comportamentais utilizou-se a análise bivariada do modelo de regressão logística, gerando as razões de chances ou odds ratio (OR) com IC95%. Valores de p<0,05 foram considerados significantes.

Ressalta-se que foram obedecidos os preceitos éticos que norteiam as pesquisas envolvendo seres humanos, descritos e estabelecidos pela Resolução nº466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS). Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) sob número de parecer 3.340.273.

RESULTADOS

Do total de 250 ribeirinhos entrevistados no estudo, observou-se predomínio de ribeirinhos do sexo feminino - 170 (68,0%), na faixa etária entre 18 e 39 anos - 108 (43,2%), com até oito anos de estudo - 155 (62,0%). Quanto ao estado civil, 160 (64,0%) declarou ser casado ou ter união consensual e 208 (83,2%) com renda familiar mensal até 1,5 salário mínimo (Salário mínimo: R$998,00).

A prevalência de IST autorreferidas entre os indivíduos foi de 20,8% (IC 95%: 18,2-23,3) que corresponde a 52 ribeirinhos que relataram a presença de alguma IST na vida. Dentre as IST relatadas estão a sífilis, 17 (32,7%), gonorreia, 15 (28,8%), Papiloma Vírus Humano (HPV), 9 (17,3%), HIV, 2 (3,8%), herpes, 1 (1,9%), e outras, 8 (15,4%). Dos ribeirinhos que relataram presença de IST, os sinais clínicos mais frequentes relacionados a presença de infecção foram o corrimento vaginal e/ou uretral, 24 (46,2%), e o aparecimento de bolhas na região genital, 23 (44,2%). Quanto ao tratamento, 48 (92,3%) dos ribeirinhos buscaram tratamento para a IST apresentada, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1:  Características relacionadas a presença de IST em indivíduos de comunidades ribeirinhas. João Pessoa, PB, Brasil, 2019 

Fonte: Dados da Pesquisa, 2019.

Foram realizadas análises bivariadas das características sociodemográficas e dos principais comportamentos de risco relatados pelos ribeirinhos e sua associação com a presença de IST. No que se refere as variáveis sociodemográficas (sexo, idade, escolaridade, estado civil e renda) observou-se significância estatística para a variável sexo (OR = 3,27; IC 95%:1,74-6,15), de acordo com a Tabela 2.

Tabela 2:  Características sociodemográficas associadas com a presença de IST em indivíduos de comunidades ribeirinhas. João Pessoa, PB, Brasil, 2019. 

ª Valor significativo com p<0,05.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2019.

Em relação aos principais comportamentos de risco, as variáveis que apresentaram significância estatística com a presença de IST foram: relação sexual com profissional do sexo (OR 6,54; IC95%:3,05-14,0) e uso de droga ilícita (OR 2,13; IC95%: 1,10-4,13). Com isso, observou-se que os ribeirinhos que relataram relação sexual com profissional do sexo e que em algum momento da vida fez uso de droga ilícita tem aproximadamente sete e duas vezes mais chances de adquirir uma IST, respectivamente (Tabela 3).

Tabela 3:  Principais comportamentos de risco associados com a presença de IST em indivíduos de comunidades ribeirinhas. João Pessoa, PB, Brasil, 2019. 

ªAqueles que tiveram relação sexual nos últimos 12 meses.

ᵇValor significativo com p<0,05.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2019.

DISCUSSÃO

As comunidades ribeirinhas que vivem na zona urbana, em um espaço de aglomerados subnormais, são marcadas por desigualdades socioeconômicas e por vulnerabilidades relacionadas a saúde que favorecem o risco para a aquisição de IST. Devido à escassez de estudos relacionados a temática e ao público-alvo do estudo, para as análises comparativas serão consideradas pesquisas que envolvam outras populações vulneráveis.

Quanto aos aspectos sociodemográficos dos ribeirinhos investigados, observa-se a baixa renda e baixa escolaridade. Um inquérito populacional realizado com 492 ribeirinhos da Região Amazônica obteve achados semelhantes, nos quais 68,5% declarou ter até nove anos de estudo. De acordo com esta pesquisa, tal fato está relacionado com as barreiras de locomoção encontradas por essa população para se deslocar até o ambiente escolar12. Além disso, a baixa escolaridade está intimamente relacionada com a alta prevalência de IST, devido a limitação de informações sobre as infecções e formas de prevenção, tornando-se uma importante barreira para a promoção da saúde sexual em áreas ribeirinhas13.

O estudo mostrou uma prevalência de IST autorreferida de 20,8% (IC 95%: 18,2-23,3). A prevalência encontrada no estudo foi maior do que em uma investigação realizada com 31.639 mulheres da zona rural da África Ocidental, (4,0%; IC 95%: 3,8-4,2%)14. Um estudo de revisão sistemática sobre adultos moradores de rua dos Estados Unidos mostrou uma prevalência de IST de 2,1% a 52,5%15. Dentre as IST relatadas, a sífilis foi a infecção mais frequente, 17 (32,7%). Dados epidemiológicos revelam que a prevalência da sífilis a passo que se estabiliza na população geral, apresenta altas prevalências em segmentos populacionais sob maior vulnerabilidade e risco de infecção. É possível que os declínios na população em geral reflitam mudanças que ocorrem em redes sexuais específicas, como redes sexuais de casais heterossexuais, enquanto a incidência pode estar aumentando em outras redes sexuais, como entre Homens que fazem Sexo com Homens (HSH) e relação sexual com profissional do sexo16,17.

Dos ribeirinhos que relataram a presença de IST, o sinal clínico de infecção mais autorreferido foi o corrimento vaginal e/ou uretral, 24 (46,2%), seguido pela presença de bolhas e feridas. Dado semelhante foi encontrado em um estudo realizado com indígenas residentes em aldeias rurais e ribeirinhas da Guatemala que mostrou que o sintoma mais frequente de IST foi o corrimento genital (48,5%)18. A presença de sintomas de IST em populações vulneráveis pode estar relacionada a um nível menor de escolaridade que reflete no conhecimento e nos esforços para a prevenção das IST15), o que pôde ser visto na presente pesquisa. Ademais, há evidências que este fato ocorre devido o início precoce à vida sexual, relacionado à um menor conhecimento a respeito das formas de transmissão das IST, culminando na prática sexual desprotegida19.

A análise dos fatores sociodemográficos mostrou que ribeirinhos do sexo masculino apresentam aproximadamente três vezes mais chances (OR=3,27; IC 95%:1,74-6,15) de apresentar uma IST. No tocante à associação do sexo com maiores chances de adquirir IST, estudos20,21 corroboram com este achado. Tal fato pode ser justificado devido à imagem de virilidade associada ao sexo masculino, que acredita que a procura pelo serviço de saúde para prevenção é demonstração de fraqueza, o que implica em baixa adesão aos serviços de atenção primária, reforçando a importância da Política Nacional de Saúde do Homem.

Quanto aos comportamentos de risco, a análise mostrou que ribeirinhos que relataram relação sexual com profissional do sexo apresentam aproximadamente seis vezes mais chances (OR 6,54; IC95%:3,05-14,0) de apresentar uma IST. Pesquisa22 desenvolvida em capitais brasileiras concluiu que 61,2% dos profissionais do sexo aceitariam a prática de relação sexual sem preservativo por algum motivo, como remuneração, envolvimento emocional, uso de álcool ou outras drogas. Resultado que evidencia a necessidade do fortalecimento das medidas de prevenção, principalmente o encorajamento de comportamentos sexuais mais seguros com o uso de preservativo e de conscientização do risco de infecção.

O estudo também mostrou que ribeirinhos que fazem uso de droga ilícita apresentam maiores chances (OR 2,13; IC95%: 1,10-4,13) de desenvolver uma IST. Associações entre uso de drogas ilícitas e IST também foram evidenciadas em outras pesquisas23,24. Um estudo23 realizado nos Estados Unidos com jovens adultos mostrou associação entre essas variáveis (OR: 3,10, IC95%: 2,77-3,47) e em um estudo24 realizado com 2.320 indivíduos aborígenos residentes nas Ilhas do Estreito de Torres, também identificou associação entre o uso de droga ilícita com a prevalência de IST autorreferida (OR: 1,86, IC 95%: 1,24, 2,79).

Na maioria das vezes, o uso de drogas ilícitas pode estar relacionado às sensações dos efeitos neurológicos provocados pelas drogas que diminuem a percepção do risco do indivíduo, o que pode impactar no não uso do preservativo durante as relações sexuais. Tal resultado pode sugerir que a redução do uso de drogas ilícitas pode ter um impacto significativo na transmissão de IST25,26.

Destaca-se como limitações do estudo o seu tipo transversal, o que não permite inferir uma relação de causa e efeito entre as variáveis. Os dados relacionados à prevalência de IST e seus sinais e sintomas foram coletados por meio de autorrelato e podem estar sujeitos a viés de memória e erro de medição. Todavia, o estudo traz importantes dados sobre IST em populações ribeirinhas e os principais fatores que podem estar associados ao desenvolvimento e transmissibilidade dessas infecções.

CONCLUSÕES

A pesquisa fornece evidência de uma alta prevalência de IST autorreferidas na população ribeirinha e que ser do sexo masculino, ter relações sexuais com profissionais do sexo e fazer uso de drogas ilícitas aumentam as chances de os ribeirinhos apresentarem uma IST.

Com isso, as populações ribeirinhas vivenciam situações de vulnerabilidade, como as condições socioeconomicamente desfavoráveis e dificuldade de acesso aos serviços de saúde que as expõem aos riscos relacionados à saúde. É possível visualizar a necessidade das práticas de educação em saúde direcionadas para a s saúde sexual das populações ribeirinhas, com vistas a reduzir os comportamentos de risco e promover conhecimento a respeito da importância da prevenção das IST.

Espera-se que os achados contribuam para o fortalecimento das ações das políticas públicas voltadas para esse grupo populacional e que as estratégias de prevenção e rastreamento das IST sejam ampliadas. Bem como forneçam subsídios para a realização de pesquisas futuras com foco na temática das IST nas populações ribeirinhas.

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Recebido: 25 de Junho de 2021; Aceito: 28 de Setembro de 2021

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