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Enfermería Global

On-line version ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.21 n.65 Murcia Jan. 2022  Epub Mar 28, 2022

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.484561 

Originais

Opinião e percepção das atitudes relacionadas ao tabagismo e sua proibição em serviços de saúde mental

Renata Marques de Oliveira1  , Jair Lício Ferreira Santos2  , Antonia Regina Ferreira Furegato2 

1 Universidad Federal de Minas Gerais. Brasil. renata_marques@outlook.com

2 Universidad de São Paulo. Brasil.

RESUMO:

Introdução:

As opiniões e percepções acerca do tabagismo da população psiquiátrica contribuem para sua prevalência, nessa população, ser duas a três vezes superior à encontrada em outros grupos.

Objetivo:

1) Comparar as opiniões da população psiquiátrica e da população geral em relação à proibição do fumo nos serviços de saúde mental, bem como a percepção que elas têm das atitudes dos profissionais de saúde mental em relação ao tabagismo; 2) Identificar a associação entre variáveis pessoais e clínicas com as opiniões e percepção das atitudes.

Método:

Este estudo epidemiológico brasileiro de corte transversal foi realizado em: Ambulatório de Saúde Mental (n=126), Hospital psiquiátrico (n=126) e Unidade Básica de Saúde (n=126). Foram conduzidas entrevistas individuais usando questionário.

Resultados:

A maioria dos participantes acredita que os sintomas psiquiátricos podem ser agravados com a proibição do fumo. Ao comparar as respostas da população psiquiátrica com as da população geral, é observado que os dois grupos têm opiniões similares acerca dos efeitos do tabaco nos sintomas psiquiátricos e no comportamento. A população internada no hospital psiquiátrico foi a que mais concordou com as afirmativas relacionadas às atitudes dos profissionais que trabalham nos serviços de saúde mental em relação ao tabagismo, possivelmente devido às situações que experienciam no hospital psiquiátrico. Dentre as variáveis pessoais e clínicas, os analfabetos e os que estudaram até o ensino fundamental foram os que mais concordaram que a proibição do fumo pode agravar os sintomas psiquiátricos.

Conclusão:

Este estudo contribui para a prática da enfermagem psiquiátrica ao revelar as opiniões e percepções das atitudes relacionadas ao tabagismo nos serviços de saúde mental.

Descritores: Tabagismo; Áreas proibidas ao tabagismo; Serviços de saúde mental; Cultura; Enfermagem psiquiátrica

INTRODUÇÃO

O tabagismo, ao longo da história da humanidade, foi envolto por diferentes crenças. Os primeiros relatos históricos sugerem que o tabaco, ao ser descoberto pelos aborígenes americanos (1000 anos A.C.), foi utilizado para fins terapêuticos e em rituais religiosos, nos quais recebia diferentes atributos: mágico; purificar; protetor; encorajador dos guerreiros; preditor do futuro e salvador da humanidade1,2.

A introdução do tabaco, em alguns países, foi acompanhada por polêmicas. Os efeitos alucinogênicos, decorrentes de algumas variações das plantas do tabaco (Nicotiana Penicilata e Nicotiana Ondulata), eram confundidos com possessão demoníaca. Conta-se que, por volta de 1630, o fumo foi proibido na Turquia e na China, tendo sido decretada pena de morte para quem contrariasse. Na Rússia, no Sudão e na Pérsia, os fumantes eram mortos após terem o nariz e os lábios mutilados. Alguns produtores de tabaco foram queimados vivos1,2.

Inobstante as polêmicas, o tabaco disseminou-se rapidamente em todas as classes sociais. O fumo, juntamente com o café, era incentivado como símbolo de modernidade. Em 1577, médicos europeus indicaram que o tabaco poderia ser utilizado para a cura de algumas doenças. O reconhecimento de seu uso terapêutico reforçou a aceitação pela sociedade1,2.

Na população de portadores de transtornos mentais, as crenças relacionadas ao tabaco dizem respeito, principalmente, a sua interferência nos sintomas psiquiátricos e ao controle da agressividade de alguns pacientes. Por muitos anos, essas crenças justificaram a utilização do tabaco, nos serviços de saúde mental, como meio de favorecer a adesão aos planos terapêuticos, recompensar a contribuição dos pacientes, nas atividades do cuidado (banho de pacientes dependentes, organização da enfermaria), bem como de controlar o comportamento deles3,4.

Embora o tabagismo da população psiquiátrica seja apresentado na literatura científica como histórico e cultural, o que remete à ideia de algo ocorrido no passado e sem consequências atuais, o uso de tabaco nos serviços de saúde mental, como recurso terapêutico (tentativa de acalmar os pacientes) e como forma de recompensa, ainda é presente em muitos serviços psiquiátricos que insistem em desafiar a proibição do fumo nos ambientes coletivos (Lei 12.546/2011 e Decreto 8262/2014), perpetuando a cultura do tabagismo e suas crenças no meio psiquiátrico.

Nesse cenário, as opiniões e as percepções das atitudes relacionadas ao consumo de tabaco pela população psiquiátrica contribuem para o fato de a prevalência do tabagismo nessa população ser duas ou três vezes superior à encontrada em outros grupos. Além disso, é reconhecido que os pacientes psiquiátricos têm dependência do tabaco mais intensa do que as pessoas sem transtornos mentais5)(6)(7.

Evidências da influência das opiniões e percepções das atitudes relacionadas ao fumo de tabaco na população psiquiátrica contribuem para perpetuar a elevada prevalência de fumantes nesse público apesar da conhecimento disseminado acerca dos prejuízos para essa população como aumento de comorbidades somáticas, diminuição da expectativa de vida, agravo dos sintomas psiquiátricos e risco de suicídio8)(9)(10.

Essas opiniões são, direta e indiretamente, influenciadas pela indústria de tabaco, fator decisivo para a prevalência de fumantes entre as pessoas com transtornos mentais não acompanharem o declínio do uso de tabaco observado na população em geral. Ao geral controvérsias na literatura científica, a indústria de tabaco contribui para a criação de mitos objetivando desencorajar o desenvolvimento de tratamentos para a dependência do tabaco nessa população e enfraquecer avanços científicos e políticos no que tange a proibição do fumo nos serviços de saúde mental11.

Considerando o exposto, enfermeiros conscientes quanto à necessidade de intervir no tabagismo da população psiquiátrica enfrentam dificuldades e resistências, pois a percepção que o tabaco alivia sintomas psiquiátricos e reduz agressividade é compartilhada tanto pelo público leigo como por muitos profissionais de saúde12,13.

As opiniões e percepções das atitudes associadas ao uso de tabaco em diferentes períodos históricos e populações mostram a complexidade do assunto. A polêmica proibição do fumo em locais públicos torna necessário discutir as opiniões e percepções das atitudes acerca do tabagismo relacionado à população psiquiátrica, uma vez que entra em conflito com a história e a cultura do tabagismo nos serviços de saúde mental.

Para tanto, vale compreender as opiniões e as percepções das atitudes relacionadas à proibição do fumo nos serviços de saúde mental, de modo a contribuir para se entender a dificuldade de cumprimento da legislação, nesses serviços. Vale ressaltar que Leis e Decretos impõem restrições ao uso do tabaco, contudo, há falta de controle do seu real cumprimento.

Partindo da premissa de que as opiniões e percepções, associadas ao fumo de tabaco nos serviços de saúde mental, influenciam seu controle, identificá-las se torna relevante.

Devido à complexidade do tema e ao reconhecimento da cultura dos antigos manicômios (atuais hospitais psiquiátricos), neste estudo optou-se por investigar e comparar a opinião e a percepção das atitudes entre pacientes psiquiátricos internados, pacientes psiquiátricos acompanhados no sistema ambulatorial e a população geral atendida da Atenção Primária à Saúde (abrangendo pessoas com e sem transtornos mentais).

Questões do estudo: 1) Há diferença na opinião da população psiquiátrica e da população geral quanto à proibição do fumo nos serviços de saúde mental? 2) Como a população psiquiátrica e a população geral percebem as atitudes dos profissionais de saúde mental em relação ao tabagismo? 3) Há variáveis pessoais e clínicas associadas com as opiniões e percepções das atitudes?

Este estudo objetivou: 1) Comparar as opiniões da população psiquiátrica e da população geral em relação à proibição do fumo nos serviços de saúde mental, bem como a percepção que elas têm das atitudes dos profissionais de saúde mental em relação ao tabagismo; 2) Identificar a associação entre variáveis pessoais e clínicas com as opiniões e percepção das atitudes.

MÉTODO

Estudo epidemiológico, transversal, conduzido em um Ambulatório de Saúde Mental, um Hospital Psiquiátrico e uma Unidade Básica de Saúde de uma cidade do estado de São Paulo, Brasil.

O Ambulatório de Saúde Mental está vinculado ao hospital-escola, público, do município. Os portadores de transtornos mentais são encaminhados para atendimento do Pronto-Socorro, da enfermaria psiquiátrica do hospital geral e do hospital psiquiátrico. São realizadas em torno de 4000 consultas mensais.

O hospital psiquiátrico é filantrópico com administração privada. Ele dispõe de 215 leitos financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do país, divididos em cinco enfermarias: feminina (n= 51); masculina dependentes químicos (n= 46); masculina psicóticos (n= 36); menores infratores (n= 20) e moradores (n= 62). O presente estudo foi conduzido nas unidades feminina (média mensal de internações= 44, média permanência hospitalar= 39 dias) e masculina de psicóticos (média mensal de internações= 36, média permanência hospitalar= 34 dias). No hospital psiquiátrico, é permitido que os pacientes fumem um maço de cigarros por dia.

A Unidade Básica de Saúde definida para a condução do estudo foi a que apresentava maior fluxo de atendimentos dentre 12 unidades presentes no município. São realizados, mensalmente, 1450 consultas médicas e 11.564 procedimentos (atendimento pelos demais profissionais de nível superior, ações de enfermagem de nível médio e exames) nessa unidade.

A amostra foi calculada estimando-se que a prevalência de fumantes no ambulatório de saúde mental seria 40% (P1) e no hospital psiquiátrico 60% (P2). A prevalência de 40% de fumantes no ambulatório e de 60% no hospital psiquiátrico foi estimada com base em experiências prévias dos pesquisadores nos locais do estudo6.

Adotando-se nível de significância (α) de 5% e 10% de probabilidade de ocorrer o erro do tipo 2 (β), o cálculo amostral indicou a necessidade de 126 participantes em cada local investigado. Portanto, a amostra total foi constituída por 378 pessoas.

Os criterios de inclusão foram: 1) pessoas que moravam no municipio investigado e 2) frequentar um dos locais do estudo durante o periodo da coleta dos dados. Critérios de exclusão: menores de 15 anos de idade; em tratamento para dependencia de álcool ou substancias ilícitas, sem comorbidades psiquiátricas; impossibilidade de comunicação verbal; diagnóstico médico de retardo mental.

Indivíduos com menos de 15 anos de idade foram excluídos de modo a garantir comparabilidade com importantes estudos subsidiados pela Organização Mundial da Saúde, nos quais são adotados o mesmo critério de exclusão14. Pessoas com uso problemático de álcool e substâncias ilícitas sem diagnóstico de transtornos mentais (transtornos do humor, ansiosos, da personalidade, alimentares e psicóticos) não foram incluídas porque sua presença no estudo poderia superestimar a prevalência de fumantes.

Este estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (308/2013) (CAAE 21101113.3.0000.5393, registrado na Plataforma Brasil). Os sujeitos assinaram duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A coleta dos dados foi realizada a partir de entrevistas individuais (entre fevereiro e julho de 2016), conduzidas por um único pesquisador, em uma sala reservada dos respectivos serviços de saúde. Tiveram duração média de 18 minutos (10 a 47 minutos). O instrumento utilizado: 1) Questionário de identificação dos pacientes dos serviços de saúde mental e da unidade básica de saúde.

O questionário de identificação foi desenvolvido pelos pesquisadores especialmente para este projeto. Foi submetido a avaliação de seu conteúdo por quatro juízes. Dez variáveis de identificação e cinco sentenças em forma de afirmativas foram utilizadas para investigar as opiniões e as percepções das atitudes acerca do fumo de tabaco e da sua proibição nos serviços de saúde mental. As variáveis de identificação: sexo (feminino, masculino); grupo etário (15 a 29, 30 a 39, 40 a 49, 50 a 59, ≥ 60); escolaridade (analfabeto, ensino fundamental, ensino médio, ensino superior); religião (católica, evangélica, espírita/outras, sem religião), comorbidades somáticas (sim, não); população (pessoas com transtornos mentais atendidas no ambulatório de saúde mental, pessoas com transtornos mentais internadas no hospital psiquiátrico, pessoas da população geral que buscam atendimento na atenção primária à saúde); diagnóstico psiquiátrico principal (transtornos mentais severos, outros transtornos mentais, ausência de diagnóstico psiquiátrico); duração do transtorno mental (< 1 ano, 1 a 12 anos, > 12 anos); internações psiquiátricas (sim, não); fumo de tabaco (fumante, ex-fumante, não fumante).

As cinco sentenças afirmativas relacionadas às opiniões e às percepções das atitudes foram: 1) Proibir o fumo nos serviços de saúde mental pode agravar os sintomas psiquiátricos dos pacientes; 2) Permitir que os pacientes psiquiátricos fumem é uma forma de os profissionais de saúde se sentirem seguros quanto a potenciais agressões; 3) Nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para facilitar o diálogo entre pacientes e os profissionais de saúde; 4) Nos serviços e saúde mental, os cigarros são usados para encorajar os pacientes psiquiátricos a ingerirem os medicamentos; 5) Nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para encorajar os pacientes psiquiátricos a participarem das atividades terapêuticas. Para cada afirmativa, há duas opções de resposta: concordo ou discordo/não sei.

O tratamento estatístico foi realizado no Stata (versão 12). Utilizaram-se ferramentas de estatística descritiva (frequência absoluta e relativa) e análise bivariada (teste do qui quadrado). Adotado nível de significância de 5%.

RESULTADOS

Caracterização dos participantes

A maioria dos participantes era mulher (67%), tinha ≥ 40 anos (69%) e havia concluído o ensino fundamental (56%). Na Tabela 1, é apresentado o perfil pessoal e clínico dos participantes.

Tabela 1.  Frequência absoluta e relativa (%) da caracterização dos participantes- Brasil 

ASM: Ambulatório Saúde Mental, HP: Hospital psiquiátrico, UBS: Unidade Básica de Saúde Fonte: elaboração própria

A prevalência de fumantes foi maior no hospital psiquiátrico do que nos demais locais (ambulatório de saúde mental= 27%, hospital psiquiátrico= 60,3%, Unidade básica de saúde= 19%). Dois participantes do hospital psiquiátrico relataram que começaram a fumar durante a internação atual.

Opiniões acerca da proibição do fumo nos serviços de saúde mental

Na Tabela 2, são apresentadas as opiniões dos participantes quanto ao agravo dos sintomas psiquiátricos devido à proibição do fumo nos serviços de saúde mental e quanto à permissão do uso de tabaco como tentativa de os profissionais de saúde de se sentirem seguros em relação às agressões.

Tabela 2.  Frequência absoluta e relativa (%) das opiniões dos participantes acerca da proibição do fumo nos serviços de saúde mental, de acordo com a população, sexo, idade, escolaridade, religião, comorbidades somáticas, diagnóstico psiquiátrico principal, duração do transtorno mental, internação psiquiátrica e fumo de tabaco - Brasil 

ASM: Ambulatório Saúde Mental, HP: Hospital psiquiátrico, UBS: Unidade Básica de Saúde

* Evidência de associação estatística (p <0.05)

Fonte: elaboração própria

Embora 319 (84,4%) participantes tenham se declarado contra a permissão do fumo nos serviços de saúde mental, três quartos dos entrevistados disseram que os sintomas psiquiátricos podem ser agravados com a proibição do fumo nesses locais. Ao comparar as respostas para essas afirmativas entre a população psiquiátrica e a população geral, não foi evidenciada diferença estatística, mostrando que as duas populações têm opiniões similares. Houve uma variável pessoal com evidência de diferença estatística: escolaridade - analfabetos e aqueles que concluíram o ensino fundamental foram os que mais concordaram com a possibilidade de agravo dos sintomas.

Aproximadamente, dois terços concordaram que permitir que o paciente psiquiátrico fume é uma forma de os profissionais se sentirem seguros em relação a possíveis agressões. Ao comparar as respostas a essas afirmativas entre a população psiquiátrica e a população geral, diferença estatística foi evidenciada, mostrando que a população psiquiátrica internada foi mais suscetível a concordar com a afirmativa do que os demais participantes. Essa opinião também foi mais prevalente entre os idosos (60 anos ou mais), analfabetos ou aqueles que estudaram até o ensino fundamental e quem relatou ter comorbidades somáticas.

Percepção da população psiquiátrica e da população geral quanto às atitudes dos profissionais de saúde mental em relação à proibição do fumo

Na Tabela 3, é apresentada a percepção da população psiquiátrica e da população geral em relação às atitudes dos profissionais de saúde mental quanto à proibição do fumo.

Tabela 3.1.  Frequência absoluta e relativa (%) da percepção da população psiquiátrica e da população geral quanto às atitudes dos profissionais de saúde mental em relação à proibição do fumo, de acordo com população, sexo, idade, escolaridade, religião, comorbidades somáticas, diagnóstico psiquiátrico principal, duração do transtorno mental, internação psiquiátrica e fumo de tabaco - Brasil 

ASM: Ambulatório Saúde Mental, HP: Hospital psiquiátrico, UBS: Unidade Básica de Saúde

* Evidência de associação estatística (p <0.05)

Fonte: elaboração própria

Mais da metade discordou que o cigarro é usado, atualmente, nos serviços de saúde mental, como “instrumento” do cuidado (para facilitar o diálogo entre profissional-paciente, incentivar a adesão à terapêutica medicamentosa e a participação nos grupos, oficinas etc.). Ainda assim, foi elevada a frequência dos que concordaram com essas afirmativas (Tabela 3).

Ao comparar a percepção da população psiquiátrica e da população geral quanto às atitudes dos profissionais de saúde mental em relação ao fumo, observou-se no hospital psiquiátrico maior prevalência de pessoas que concordaram com essas afirmativas, especialmente a que menciona que o fumo é usado para facilitar o diálogo entre pacientes e profissionais de saúde. A frequência de pessoas que concordaram com essas afirmativas foi similar no ambulatório de saúde mental e na Unidade Básica de Saúde (Tabela 3).

Aproximadamente, 44% concordaram que “nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para facilitar o diálogo entre pacientes e profissionais de saúde”. Com evidência de diferença estatística, essa opinião foi também mais prevalente entre os analfabetos e pessoas que estudaram até o ensino fundamental, diagnosticados com transtornos mentais severos, diagnosticados com transtornos mentais há 12 anos ou mais, com história de internação psiquiátrica e fumantes (Tabela 3).

Como pode ser observado na Tabela 3, a maior frequência de pessoas que responderam que acreditam que “nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para encorajar os pacientes psiquiátricos a ingerirem os medicamentos” também ocorreu entre os analfabetos ou pessoas que estudaram até o ensino fundamental, pessoas com história de internação psiquiátrica e fumantes.

Dentre os 378 participantes, 41,3% acreditam que “nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para encorajar o paciente psiquiátrico a participar das atividades terapêuticas (grupos, oficinas etc.)”. O teste exato de Fisher mostrou diferença estatística entre idosos, pessoas diagnosticadas com transtorno mental há 12 anos ou mais e com histórico de internação psiquiátrica (Tabela 3).

DISCUSSÃO

No presente estudo, quatro em cada dez entrevistados concordaram que o cigarro é usado, nos serviços de saúde mental, como “instrumento do cuidado” tanto para facilitar o diálogo entre os profissionais e os pacientes como para incentivar o paciente a tomar os medicamentos e a participar dos grupos, oficinas e reuniões com os profissionais.

Participantes do ambulatório de saúde mental e da atenção primária à saúde expressaram opiniões similares, o que é compreensível considerando que metade dos entrevistados do ambulatório de saúde mental não tinha histórico de internação psiquiátrica.

A maioria dos participantes do hospital psiquiátrico, por outro lado, disseram que o fumo era usado como “instrumento do cuidado”; isso representa uma percepção mais fidedigna, visto que eles relataram o que estavam presenciando ou vivenciando, durante a internação atual.

Dentre as afirmações que avaliavam a utilização do tabaco como “instrumento do cuidado”, foi mais significativa, entre os participantes do hospital psiquiátrico, a que indicava o uso do cigarro como forma de facilitar o diálogo entre os pacientes e os profissionais. Essa questão envolve diretamente a equipe de enfermagem devido à maior proximidade pessoal e temporal com os pacientes.

Esses resultados estão em consonância com a literatura científica que mostra que o tabaco vem sendo utilizado, há muitos anos, como forma de recompensar os bons comportamentos dos pacientes psiquiátricos, controlar seus sintomas, incentivá-los a serem menos resistentes aos planos de cuidado e facilitar as interações. Ademais, em algumas situações é utilizado como chantagem3)(4)(15)(16)(17)(18)(19.

Dois participantes do HP relataram ter começado a fumar durante a internação atual. Coerentemente, há relatos na literatura científica de portadores de transtornos mentais que começaram a fumar e de ex-fumantes que voltaram a fumar, durante a internação psiquiátrica, para passar o tempo e aliviar a ansiedade20.

Um dos motivos que contribui para a resistência contra a proibição do tabagismo nos serviços de saúde está relacionado à percepção de que a retirada do tabaco pode agravar os sintomas psiquiátricos. Três quartos dos participantes concordaram com a possibilidade de os sintomas serem intensificados.

Contrariando essa percepção, um estudo americano conduzido com 577 pacientes psiquiátricos mostrou melhora dos sintomas psiquiátricos (depressão, psicóticos, labilidade afetiva) seis meses após cessar o fumo21.

Interessante que neste estudo o percentual de pessoas que concordaram que a proibição do fumo pode agravar os sintomas psiquiátricos não diferiu entre a população psiquiátrica dos níveis secundário e terciário de atenção e a população geral da rede básica de saúde, revelando o quão consolidada essa opinião está entre o público leigo.

Coerentemente, a ampla maioria concordou que o fumo é permitido, nos serviços de saúde, como forma de os profissionais se sentirem seguros quanto às agressões. Todavia, essa opinião foi mais expressiva entre os participantes do hospital psiquiátrico.

Embora essa opinião possa ter sido mais recorrente no hospital psiquiátrico, devido às situações vivenciadas nesse serviço (briga por cigarros e bitucas, desentendimento entre pacientes e profissionais devido ao limite de um maço por dia, roubo de objetos para trocar por cigarros), percebeu-se, durante as entrevistas, que alguns fumantes concordaram com essa afirmação utilizando-se de um tom velado de ameaça à pesquisadora como se quisessem intimidar qualquer possibilidade de a proibição total ser implementada no serviço.

Diversos estudos mostraram que após a restrição do fumo, nos serviços de psiquiatria, a saúde mental dos pacientes psiquiátricos foi melhorada, diminuindo a chance de uma nova internação. Além disso, há evidências de que a proibição do fumo não é acompanhada de aumento da agressividade dos pacientes, mostrando que a sua implementação é mais fácil do que inicialmente se imaginava21)(22)(23)(24)(25)(26.

Um estudo americano com 14 pacientes psiquiátricos internados mostrou que não houve alteração na incidência de contenção física ou mecânica após a implementação da proibição do fumo27.

Estudos identificaram benefícios para os pacientes psiquiátricos com o tratamento da dependência do tabaco como: melhora da saúde mental; redução dos sintomas depressivos; diminuição da dosagem de antipsicóticos e de antiparkinsonianos27.

Quanto às afirmativas que dizem respeito à percepção dos participantes das atitudes dos profissionais que trabalham em serviços de saúde mental em relação ao fumo, a população internada no hospital psiquiátrico foi a que mais concordou com elas, possivelmente, devido às situações que estavam experienciando ou testemunhando no hospital psiquiátrico. Isso é reforçado ao notar que as opiniões da população psiquiátrica do ambulatório de saúde mental e da população geral da atenção primária à saúde são similares.

Embora o uso de cigarros como instrumento do cuidado (para facilitar diálogo ou realizar barganha com os pacientes) seja uma característica dos antigos manicômios, estudos atuais têm discutido esse comportamento, mostrando a dificuldade dessa cultura ser superada nos serviços de saúde mental16)(18)(19.

No que tange o perfil pessoal e clínico, a escolaridade desperta atenção visto que é associada com quatro das cinco afirmativas investigadas no presente estudo: (1) “Proibir o fumo nos serviços de saúde mental pode agravar os sintomas psiquiátricos dos pacientes”; 2) “Permitir que os pacientes psiquiátricos fumem é uma forma de os profissionais de saúde se sentirem seguros quanto a potenciais agressões”; 3) “Nos serviços de saúde mental, os cigarros são usados para facilitar o diálogo entre pacientes e os profissionais de saúde” e 4) “Nos serviços e saúde mental, os cigarros são usados para encorajar os pacientes psiquiátricos a ingerirem os medicamentos”). A frequência de pessoas que concordam com essas quatro afirmativas foi maior entre os analfabetos e pessoas que estudaram até o ensino fundamental do que entre quem estudou até o ensino médio ou superior.

A associação entre escolaridade com as opiniões e percepções sugere que as pessoas com menor escolaridade são mais prováveis de defenderem crenças passadas de geração para geração, possivelmente pela limitação do conhecimento servir como barreira para filtrar informações. Uma hipótese que emergiu desse artigo, a qual poderá ser objeto de estudos futuros, é o potencial da educação em saúde para despertar consciência em relação ao fumo de tabaco entre pessoas da população psiquiátrica e da população geral, visto que a conscientização é um importante passa para a mudança de comportamento.

Complementando a discussão relacionada à escolaridade, maior frequência de pessoas que concordam com as afirmativas “permitir que o paciente psiquiátrico fume é uma forma de os profissionais de saúde se sentirem seguros quanto a agressões” e “nos serviços de saúde mental, o cigarro é usado para encorajar o paciente psiquiátrico a participar das atividades terapêuticas (grupos, oficinas etc.)” foram identificadas entre os idosos. Isso ocorreu, provavelmente, devido à menor escolaridade verificada entre pessoas com 60 anos ou mais. Além disso, menor acesso às informações veiculadas pelas novas tecnologias como mídias sociais pode interferir na aquisição de conhecimento por esse público.

A opinião relacionada ao uso de cigarros para promover diálogo entre pacientes e profissionais foi mais frequente entre as pessoas com transtornos mentais severos, com 12 anos ou mais de diagnóstico psiquiátrico, com histórico de internações psiquiátricas e os fumantes. O perfil de pessoas que compartilham essa opinião é similar ao perfil dos fumantes da população psiquiátrica, assim como evidenciado em outros estudos28).

Considerando que o conteúdo aprendido a partir da vida diária tem o potencial de interferir na motivação das pessoas para fumar tabaco, é necessário compreender as opiniões e como as atitudes dos profissionais de saúde mental são percebidas tanto pela população psiquiátrica quanto pela população geral. Um exemplo foi o relato de duas pessoas internadas no hospital psiquiátrico que afirmaram terem começado a fumar durante a internação atual.

Uma vez que o fumo de tabaco é visto como positivo devido ao fato de algumas pessoas, erroneamente, pensarem que ele melhora os sintomas psiquiátricos e favorece o diálogo, isso leva a uma aceitação desse comportamento pela comunidade, tornando a mudança de comportamento difícil. Para intervir na alta prevalência de fumantes na população psiquiátrica, é, primeiramente, necessário conhecer as opiniões que essa população tem acerca do assunto para realizar uso adequado das estratégias de educação em saúde para combater conhecimentos errôneos e equivocados que persistem entre essas pessoas.

Como os serviços de saúde mental persistem em reproduzir a cultura manicomial em que os cigarros são colocados no centro do cuidado, há poucas oportunidades para reeducação e construção de novos conceitos, atitudes e comportamentos. Novas experiências devem ser adotadas nesses serviços para que os pacientes tenham oportunidade de perceber que eles podem ter experiências prazerosas sem os cigarros.

Como limitações do estudo, destaca-se sua condução em um único hospital psiquiátrico, ambulatório de saúde mental e Unidade Básica de Saúde.

CONCLUSÃO

Conclui-se que tanto a população psiquiátrica quanto a população geral concordam que o cigarro é usado nos serviços de saúde mental para tentar controlar as atitudes agressivas e que a proibição do fumo pode agravar os sintomas dos indivíduos.

As opiniões relacionadas ao uso do tabaco como instrumento do cuidado (facilitar o diálogo entre paciente-profissional, incentivar o paciente a aderir à terapêutica medicamentosa e convencê-lo a participar dos grupos e oficinas) prevaleceram entre os internados no hospital psiquiátrico, possivelmente por estarem vivenciando essa realidade, no momento da entrevista.

Dentre as variáveis pessoais e clínicas, idade, escolaridade, presença de comorbidades somáticas, diagnóstico psiquiátrico, duração do diagnóstico, história de internações e fumo atual de tabaco foram associados com algumas das opiniões e percepção de atitudes, mostrando que as características pessoais e experiências interferem no que se acredita e no que é percebido.

Implicações para os enfermeiros de saúde mental

O fumo de tabaco nos serviços de saúde mental envolve diretamente a equipe de enfermagem devido ao maior contato com os pacientes tanto pelas relações interpessoais estabelecidas como pelo tempo que permanecem com eles no serviço. Historicamente, essa proximidade tem levado a enfermagem a usar os cigarros como “instrumento do cuidado” como tentativa de facilitar o diálogo entre profissionais de saúde e pacientes, controlar seus comportamentos e encorajá-los a ingerir os medicamentos e a participar em grupos. Refletir quanto às crenças relacionadas ao fumo pela população psiquiátrica é fundamental para a equipe de enfermagem, uma vez que elas interferem na prática diária e na perpetuação da cultura do tabagismo. A enfermagem é a equipe chave para promover mudança.

Espera-se que este estudo contribua para a prática da enfermagem psiquiátrica e de outros membros da equipe de saúde ao revelar as opiniões da população psiquiátrica e da população geral em relação à proibição do fumo nos serviços de saúde mental e que encoraje o desenvolvimento de programas e políticas que objetivem estimular a restrição do fumo, possibilitando impactos positivos na saúde das pessoas com transtornos mentais.

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Recebido: 25 de Junho de 2021; Aceito: 21 de Setembro de 2021

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