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Enfermería Global

On-line version ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.21 n.67 Murcia Jul. 2022  Epub Sep 19, 2022

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.502051 

Revisões

Estratégias de comunicação efetiva entre profissionais de saúde em neonatologia: revisão integrativa

Mychelangela de Assis-Brito1  , Cristianne Teixeira-Carneiro2  , Maria Augusta Rocha-Bezerra1  , Ruth Cardoso-Rocha3  , Silvana Santiago-da Rocha4 

1Universidade Federal do Piauí - Campus Amilcar Ferreira Sobral. Floriano- PI. Brasil

2Colégio Técnico de Floriano (CTF/UFPI). Brasil

RESUMO:

Objetivo:

Identificar estratégias disponíveis na literatura científica sobre a comunicação efetiva entre profissionais de saúde em neonatologia.

Métodos:

Trata-se de uma revisão integrativa realizada no período de abril a agosto de 2021, através de uma consulta nas seguintes bases de dados: BDEnf, LILACS, IBECS, MEDLINE/PUBMED, Scopus e Science Direct. Foram incluídos estudos cujos títulos e resumos estivessem relacionados a estratégias de comunicação efetiva entre profissionais de saúde para promoção da segurança em neonatologia e excluindo-se duplicados e revisões integrativas/sistemáticas/bibliográficas/narrativas.

Resultados:

As estratégias que visam promover uma comunicação eficaz encontrados nesta revisão foram SBAR, P.U.R.E e a passagem de plantão.

Conclusões:

Essas estratégias se conFiguram como eficazes na melhoria da comunicação entre a equipe multidisciplinar em neonatologia, refletindo positivamente na qualidade da assistência e na segurança do paciente.

Palavras chave: Comunicação; Segurança do Paciente; Neonatologia; Pessoal de Saúde

INTRODUÇÃO

A comunicação efetiva entre profissionais de saúde trata-se de fator indispensável para garantir a segurança do paciente nos serviços de saúde1, especialmente no âmbito da neonatologia2. O Ministério da Saúde seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, elencou a comunicação efetiva como a segunda meta internacional como garantia para a qualidade no atendimento e a integridade do paciente dentro da unidade de saúde3.

Quando há deficiência na comunicação, a possibilidade de erros profissionais aumenta e como consequência se intensifica o aparecimento de eventos adversos2. Investigação daJoint Commissionque analisou um total de 936 eventos sentinela durante o ano de 2015, confirma que a comunicação ineficaz é a causa raiz em mais de 70% dos erros médicos graves, incluindo as lesões e mortes perinatais4,5.

Dentre os principais entraves para a realização da comunicação efetiva, encontram-se a supervalorização de informações de natureza clínica, o cruzamento de mensagens a respeito das informações do serviço e informações pessoais, a desmotivação6, a falta de tempo, escassez de pessoal, ausência de padronização das informações, imperícia ou desconhecimento da importância de tal ação7, a quantidade excessiva ou reduzida de informações; limitada oportunidade para possíveis questionamentos; qualidade inconsistente das informações; omissão ou repasse de informações errôneas; registros ilegíveis; interrupções e distrações provocadas pelo uso de telefones, além das interrupções desnecessárias por parte dos familiares8.

No âmbito da unidade intensiva neonatal, evidenciam-se ainda que ruídos dos monitores, atrasos e saídas antecipadas dos profissionais, choro dos recém-nascidos, conversas paralelas entre profissionais e intercorrências com pacientes, interferem no processo de comunicação efetiva entre as equipes de saúde9.

Seguindo esse direcionamento, a assistência aos recém-nascidos, posto que se refere a um grupo heterogêneo, pode ser considerada um grande desafio aos profissionais de saúde no que diz respeito à comunicação efetiva e segura, havendo a necessidade de investimento em uma cultura organizacional embasada em objetivos e estratégias com efetivas conFigurações de comunicação10.

Com vistas a transpor barreiras que impedem a Comunicação Efetiva entre profissionais de saúde, estudos apontam programas de treinamentos de habilidades de comunicação, simulações práticas e maneiras padronizadas para apresentar informações do paciente2,11. Além disso, estão entre as principais ferramentas para qualificar a comunicação a integração da equipe assistencial, a prática de dupla checagem das informações, utilização de sistemas informatizados, passagem de plantão sistemática e criteriosa entre os profissionais,roundsmultidisciplinares, transferência de cuidado entre setores e reuniões ordinárias de equipe12.

Diante da compreensão de que a comunicação efetiva é imprescindível para garantir a segurança e qualidade da assistência, especialmente aos recém-nascidos, além de favorecer ambiente com relações humanas agradáveis e respeitosas para o processo de trabalho13, objetivou-se identificar estratégias disponíveis na literatura científica sobre a comunicação efetiva entre profissionais de saúde em neonatologia.

MÉTODO

Utilizou-se como método de pesquisa a revisão integrativa da literatura, que abrange o estudo da literatura teórica e empírica, bem como o mapeamento dos estudos com diferentes abordagens metodológicas14.

Para o desenvolvimento desta pesquisa foram seguidas seis etapas, descritas a seguir: 1) escolha e definição do tema e estabelecimento de hipótese ou questão de pesquisa, 2) amostragem ou busca na literatura, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, 3) organização e sumarização das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e categorização dos estudos, 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão, 5) interpretação dos resultados e sugestões para futuras pesquisas, 6) apresentação da revisão/síntese do conhecimento15.

A Etapa 1, referente a escolha e definição do tema e estabelecimento de hipótese ou questão de pesquisa, foi construída e organizada de acordo com a estratégia PICo (P - população; I - intervenção/área de interesse; Co - contexto16, considerando-se a seguinte estrutura: P - Segurança do paciente; I - Comunicação efetiva; Co - Neonatologia. Dessa forma, surgiu a seguinte questão norteadora: “Quais estratégias de comunicação efetiva são utilizadas entre os profissionais de saúde em Neonatologia?”.

A Etapa 2 é correspondente a amostragem ou busca na literatura, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão. Para a seleção das publicações foram estabelecidos como critérios de inclusão: estudos primários, sem recorte temporal, nos idiomas português, inglês e espanhol, que utilizam estratégias para melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde na unidade neonatal. Foram excluídos capítulos de livros, teses de doutorado, dissertações de mestrado, estudos de caso, relatos de experiência, relatórios técnicos, editoriais e os diversos tipos de revisões.

A Etapa 3 é referente à organização e sumarização das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e categorização dos estudos. É neste momento em que se utiliza um instrumento de coleta de dados, para reunir e resumir as informações mais importantes a serem extraídas dos estudos selecionados, e assim, formar um banco de dados de fácil acesso e manejo. Elaborou-se um instrumento de coleta de dados utilizando-se os seguintes itens: autores/ano de publicação, idioma, objetivos do estudo, tipo de estudo, nível de evidência, principais achados e lacunas/limitações15.

O levantamento foi realizado entre os meses de abril e agosto de 2021. A busca foi realizada via Portal Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) com acesso pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) nas seguintes bases de dados: Banco de Dados em Enfermagem (BDEnf)), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência da Saúde ( LILACS) e Índice Bibliográfico Espanhol em Ciências da Saúde (IBECS) via Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),Medical Literature Analysis and Retrieval System Online(MEDLINE) viaUS National Library of Medicine(PUBMED), Scopus eScience Directambas Elsevier. A escolha dessas bases ocorreu por razão da relevância acadêmico-científica.

Os descritores controlados utilizados na busca encontram-se inseridos no Banco de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e noMedical Subject Headings(MeSH). São eles: “Patient Safety”; “Communication”; “Neonatology”. Os termos não controlados (palavras-chave), sinônimos dos descritores controlados foram: “Effective communication” e “Comunicação efetiva”. Enfatiza-se que estes termos foram elencados após exaustiva análise de sinônimos e combinações que correspondessem ao conteúdo da busca. Para sistematizar a coleta da amostra, foram utilizados os operadores booleanos “OR” e “AND”, optando-se por diferentes estratégias de busca, tendo em vista que as bases de dados possuem peculiaridades e características distintas.

Durante o processo de identificação, seleção e inclusão dos estudos primários, identificou-se um total de 3.022 artigos. Obteve-se 395 publicações nas bases MEDLINE,ScopuseScience Directe 2.627 publicações na BVS. Das 395 publicações, 44 eram na base de dados MEDLINE, 32 naScopus, 319Science Direct. Na BVS, devido quantidade de artigos, optou-se por utilizar os filtrosLILACS(262), BDEnf (233) eIBECS(68), permanecendo 563 publicações. Portanto, foi feita análise de 958 publicações nessa primeira etapa.

A seguir executou-se a seleção, considerando-se, a princípio, como potencialmente elegíveis, os estudos cujos títulos e resumos estivessem relacionados a estratégias de comunicação efetiva entre profissionais de saúde para promoção da segurança em Neonatologia e excluindo-se duplicados e revisões integrativas/sistemáticas/bibliográficas/narrativas; nesta etapa 48 publicações foram eleitas para realização da leitura na íntegra, sendo 16 na MEDLINE, cinco (5) naScopus, 14 naScience Direct, três (3) na LILACS, duas (2) na BDEnf, três (3) no IBECS e cinco (5) nas bases LILACS e BDEnf.

Para a seleção final, os estudos foram lidos na íntegra minuciosamente, verificando se atendiam aos critérios de inclusão e exclusão pré-estabelecidos (MENDES; SILVEIRA; GALVÂO, 2008). Assim, 43 estudos foram excluídos, permanecendo cinco (5) estudos, sendo um (1) na MEDLINE, um (1) naScience Directe três (3) na BVS (LILACS/BDEnf - 2; IBECS - 1), os quais foram incluídos na amostra desta revisão.

A pesquisa foi realizada por dois revisores de forma independente, de modo a garantir o rigor metodológico e a fidedignidade dos resultados, com o intuito de minimizar prováveis erros sistemáticos ou viés de aferição dos estudos, por falhas na interpretação dos resultados bem como do seu delineamento. Para isso, utilizou-se o roteiro proposto na metodologia doPreferred Reporting Itens for Systematic Reviews and Meta-Analyses(PRISMA) e está representado nofluxograma a seguir.

Fluxograma 2.  Estratégia de busca para seleção dos artigos incluídos na revisão, considerando as recomendações doPreferred Reprting Items for Sustematic Reviews and Meta- Analyses(PRISMA) 

O nível de evidência dos artigos foi determinado de acordo com classificação proposta pelo Instituto Joanna Briggs - JBI (2014): Nível 1 - Projetos Experimentais (Nível 1.a - Revisão sistemática de Ensaios Clínicos Controlados Aleatórios (RCTs); Nível 1.b - Revisão sistemática de Ensaio Clínico Randomizado (ECR) e outros desenhos de estudo; Nível 1.c - RCT; Nível 1.d - Pseudo-RCTs); Nível 2 - Projetos quase experimentais (Nível 2.a - Revisão sistemática de estudos quase experimentais; Nível 2.b - Revisão sistemática de delineamentos quase-experimentais e outros estudos menores; Nível 2.c - Estudo prospectivo quase-experimental controlado; Nível 2.d - Pré-teste - pós-teste ou estudo de grupo controle histórico / retrospectivo).

Já o Nível 3 - Observacional - Projetos Analíticos (Nível 3.a - Revisão sistemática de estudos de coorte comparáveis; Nível 3.b - Revisão sistemática de coorte comparável e outros desenhos de estudo mais baixos; Nível 3.c - Estudo de coorte com grupo controle; Nível 3.d - Estudo controlado por caso; Nível 3.e - Estudo observacional sem grupo controle); Nível 4 - Observacional - Estudos Descritivos (Nível 4.a - Revisão sistemática de estudos descritivos; Nível 4.b - Estudo transversal; Nível 4.c - Série de Casos; Nível 4.d - Estudo de caso); e Nível 5 - Opinião de Especialista e Pesquisa em Bancada (Nível 5.a - Revisão sistemática da opinião de especialistas; Nível 5.b - Consenso de especialistas; Nível 5.c - Pesquisa de bancada / opinião de especialista único)17.

Na Etapa 4, os estudos incluídos na revisão foram selecionados e analisados com detalhe e rigor, procurando explicações para resultados divergentes ou contraditórios18. Na Etapa 5, interpretação dos resultados e sugestões para futuras pesquisas, o revisor, após análise crítica dos estudos, realizou a interpretação dos resultados, a comparação com o conhecimento teórico, as considerações, as conclusões e implicações advindas da revisão integrativa. Corresponde a fase de discussão dos resultados na pesquisa convencional15,18.

Na Etapa 6, apresentação da revisão/síntese do conhecimento contém a construção do documento que deve analisar as características das etapas examinadas e os principais resultados exibidos na análise dos artigos incluídos. Desta forma, realizou-se uma revisão minuciosa de todos os artigos escolhidos, o que possibilitou a interpretação dos dados, e com isso, propiciou um resumo do conhecimento existente. Nesta revisão integrativa, a análise dos resultados foi realizada de forma descritiva, com a síntese de cada estudo incluído na amostra. Tais dados foram agrupados e organizados na ordem em que foram listados. Os aspectos éticos e legais foram assegurados, garantindo a legitimidade dos autores, os quais foram citados em todos os momentos em que os artigos foram mencionados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os cinco artigos selecionados estão descritos a seguir, sendo oQuadro 1relacionado às variáveis de caracterização dos estudos: base de dados, autores/ano de publicação, tipo de estudo, nível de evidência, idioma e oQuadro 2com as variáveis: objetivos do estudo, principais achados, conclusão, lacunas/limitações e estratégia utilizada para melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde.

Quadro 1.  Caracterização dos estudos incluídos na amostra 

Evidenciou-se que os estudos estão indexados em três bases de dados, sendo a maioria na BVS (n=3; 60%), publicados nos anos de 2012 e 2021 (n=1; 20% cada ano), tipo de estudo descritivo (n=4; 80%), com nível 4 de evidência (n=4; 80%) e idioma português (n=3; 60%).

A pequena quantidade de estudos incluídos nesta revisão pode ser justificada pela escassez de pesquisas sobre a temática comunicação efetiva entre profissionais de saúde realizados em ambiente de neonatologia, o que demonstra que esse tema deve ser difundido em estudos dessa natureza, além disso, os níveis de evidência identificados, mostram uma carência de estudos com evidência científica forte.

Quadro 2.  Características principais dos estudos incluídos na amostra 

Os estudos que compuseram esta revisão evidenciaram que a estratégia de comunicação efetiva SBAR (Situation, Background, Assessment and Recommendation) é a mais utilizada para melhorar a assistência no ambiente hospitalar (n=2; 40%).

A adoção da ferramenta SBAR está associada à melhora na comunicação entre os profissionais e na qualidade e segurança do atendimento ao paciente em neonatologia (A1), além de ser um instrumento padronizado e validado importante para a promoção da comunicação efetiva entre os profissionais de saúde em unidades pediátricas (A3)19,21.

SBAR (Situação, Histórico/Contexto, Avaliação e Recomendação) é uma ferramenta de comunicação padronizada recomendada pelaJoint Commission,Agency for Healthcare Research and Quality(AHRQ),Institute for Health Care Improvement(IHI), Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido. É um método estruturado para comunicar informações críticas que requerem atenção e ação imediata, contribuindo para o escalonamento eficaz da gestão e aumento da segurança do paciente em neonatologia, reduzindo a barreira para uma comunicação efetiva em diferentes hierarquias e níveis de equipe, agindo como um lembrete que incentiva a preparação prévia para a comunicação19.

Desenvolvida originalmente para ser implementada em ambientes de cuidados agudos de saúde com a intenção de melhorar a comunicação enfermeiro-médico; porém, também demonstrou melhorar a comunicação entre os outros profissionais de saúde. Assim, outras especialidades aderiram ao uso da ferramenta como a anestesia, cirurgia, obstetrícia, emergência, cuidados intensivos, pediatria e neonatologia4.

Uma revisão narrativa com estudos que utilizaram a ferramenta de comunicação SBAR entre profissionais de saúde em ambiente de saúde também concorda que SBAR é uma ferramenta de comunicação confiável e validada que demonstrou redução de eventos adversos em ambiente hospitalar, melhorou a comunicação entre os profissionais de saúde e promoveu a segurança do paciente. Refere também que foi desenvolvida para estruturar conversas entre médicos e enfermeiras sobre situações que requerem atenção imediata4.

Estudo italiano corrobora que o uso da ferramenta SBAR em ambiente hospitalar melhora a transferência de informações de pacientes entre profissionais da equipe multidisciplinar e pode ser útil no monitoramento do impacto na segurança do paciente, melhorando, assim, a comunicação23.

Outras estratégias de comunicação efetiva entre profissionais de saúde no ambiente hospitalar também foram citadas nesta revisão (n=1; 20% cada estratégia), tais como PURE (Purposeful, Unambiguous, Respectful, Effective) - A220, a checagem e repasse de informações instantaneamente - A422e a passagem de plantão - A58.

PURE é uma sigla utilizada para facilitar o processo de comunicação no ambiente perinatal e neonatal e o desenvolvimento profissional, tendo o seguinte significado: Propósito - definida como uma meta que é desejada para o qual uma ação é realizada; Inequívoco - que contém palavras diretas e claras; Respeitoso - forma que mostra honra, aceitação adequada e cortesia; e Eficaz - comunicação precisa entre emissor e receptor. A intenção do PURE é garantir que a mensagem seja entregue, compreendida, recebida e posta em prática pelos profissionais; além disso, reconhece as contribuições de cada membro da equipe que a utiliza. É uma abordagem flexível que pode incorporar outras ferramentas de comunicação, como a SBAR20.

A estratégia PURE também foi utilizada no estudo de Veltman e Larison24que identificaram as falhas de comunicação como uma causa significativa de resultados adversos em obstetrícia, enfatizando a importância dessa estratégia para conduzir e monitorar comunicações estruturadas e as relações existentes entre os profissionais. Os participantes desse estudo identificaram a importância dessa estratégia de formação de equipe como uma força positiva para melhorar a comunicação em sua unidade.

Além dessa estratégia foram citadas também dois estudos que trouxeram a comunicação efetiva como recurso indispensável para a segurança do paciente, utilizando, para isso, a passagem de plantão na comunicação entre os profissionais de saúde8,22.

Estudo enfatizou a passagem de plantão no processo de transferência do paciente e sua interface com a comunicação e os fatores que interferem na comunicação durante essa atividade. Observou-se com resultados que as consequências advindas das falhas na comunicação entre unidades hospitalares e entre equipes pode comprometer seriamente a segurança do paciente, ocasionando a quebra na continuidade do cuidado e tratamento oferecidos, ressaltando a importância da comunicação como uma continuidade do atendimento do paciente8.

O Ministério da Saúde, através da Portaria nº 529 instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente, tem por finalidade promover ações que visem à melhoria da segurança do cuidado em saúde, dentre elas a comunicação no ambiente dos serviços de saúde25. A comunicação efetiva é uma estratégia indispensável para garantir a segurança do paciente e tem como principais facilitadores da comunicação efetiva a checagem e repasse das informações instantaneamente, discussão presencial com todos os envolvidos no cuidado, abordagem sobre a comunicação efetiva nos cursos da área da saúde, técnicas de comunicação na transferência do cuidado e evolução das informações no prontuário do paciente22.

Dentre essas falhas destacam-se ruídos, quantidade excessiva ou reduzida de informações, limitada oportunidade para possíveis questionamentos, qualidade inconsistente das informações, omissão ou repasse de informações errôneas, não utilização de padronização, registros ilegíveis, interrupções e distrações provocadas pelo uso de telefones ou pelos familiares8.

Estudo apontou a falha de comunicação e a sua padronização entre os profissionais de saúde, bem como o inadequado registro de informações no prontuário do paciente, como barreiras para uma comunicação efetiva. Ainda, trouxeram como principais ferramentas para qualificar a comunicação a integração da equipe assistencial, a prática de dupla checagem das informações, utilização de sistemas informatizados, passagem de plantão sistemática e criteriosa entre os profissionais,roundsmultidisciplinares, transferência de cuidado entre setores e reuniões ordinárias de equipe12.

Estratégias utilizadas pelos profissionais para melhorar a comunicação são o planejamento de reuniões periódicas, com foco em avaliações de desempenho efeedbackpermanentes com toda a equipe multidisciplinar para pontuar os problemas em busca de soluções. Além disso, o reconhecimento dos comportamentos destrutivos por parte da equipe e a abertura para o diálogo, também foram citadas como estratégias para uma comunicação efetiva13.

Essas ferramentas citadas na literatura fazem parte das propostas de melhorias na comunicação efetiva entre profissionais de saúde em diversos estudos encontrados na busca inicial, porém, poucos estudos trazem essa abordagem para a área de neonatologia, o que justifica a importância dessa revisão integrativa. Ademais, embora utilizando estratégias diferentes para melhorar a comunicação entre os profissionais de saúde, os resultados acima apontam para a necessidade da utilização de instrumentos padronizados como estratégias para comunicação efetiva entre os profissionais de saúde.

CONCLUSÃO

Com base na produção científica apresentada nocorpusdesta pesquisa, embora haja um número incipiente de estudos acerca da temática envolvendo as estratégias de comunicação efetiva entre os profissionais de saúde em neonatologia, essas estratégias se conFiguram como eficazes na melhoria da comunicação entre a equipe multidisciplinar, especialmente quando se trata de pacientes críticos.

Partindo dessa premissa, cabe ressaltar as estratégias que visam promover uma comunicação eficaz encontrados nesta revisão, sendo: SBAR, P.U.R.E e a passagem de plantão. Destarte, reforça a utilização de estratégias validadas, uma vez que possuem propriedades psicométricas.

Compreende-se, portanto, a magnitude da utilização de informações padronizadas através de instrumentos, pois é comprovadamente eficaz para uma comunicação efetiva nos serviços de saúde, especialmente em neonatologia, refletindo positivamente na qualidade da assistência e na segurança do paciente.

Sugere-se, assim, a elaboração de um instrumento padronizado do tipochecklistque possa ser utilizado como ferramenta para promover e sensibilizar os profissionais de saúde para a importância da comunicação efetiva no serviço de neonatologia. As estratégias listadas acima possibilitarão a criação dos possíveis itens que comporão ochecklistpara comunicação efetiva entre os profissionais de saúde.

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Recebido: 22 de Novembro de 2021; Aceito: 03 de Janeiro de 2022

Docente do Curso Bacharelado em Enfermagem.

Docente do Curso Técnico em Enfermagem do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico.

Professora efetiva.

Docente da graduação e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (Mestrado e Doutorado).

Docente, orientadora e pesquisadora da residencia em enfermagem Obstétrica-UFPI.

mychelangela@ufpi.edu.br

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