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Enfermería Global

On-line version ISSN 1695-6141

Enferm. glob. vol.22 n.69 Murcia Jan. 2023  Epub Mar 20, 2023

https://dx.doi.org/10.6018/eglobal.512211 

Originais

Perfil clínico e sociodemográfico de usuários com doenças crônicas na atenção primária à saúde

Tarcísio Tércio das Neves Júnior1  , Ana Angélica Rêgo-de Queiroz2  , Eloísa Araújo-de Carvalho3  , Carlos Jordão de Assis-Silva3  , Tatiana Maria Nóbrega-Elias3  , Rejane Maria Paiva-de Menezes3 

1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

2Fundação de Apoio a Pesquisa do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

3Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil

RESUMO:

Objetivo:

Descrever o perfil clínico e sociodemográfico de vida e saúde de usuários com doenças crônicas não transmissíveis na Atenção Primária à Saúde.

Método:

Estudo transversal com 80 usuários com doenças crônicas no Rio Grande do Norte. Aplicou-se um formulário validado, entre janeiro de 2018 e março de 2020. Os resultados foram analisados com frequências relativas, absolutas e intervalo de confiança de 95%.

Resultados:

Prevaleceram usuários do sexo feminino (87,5%), idosos (51,3%), pardos (53,8%), vínculo empregatício informal (53,75%), ensino fundamental incompleto (62,6%), renda maior a um salário-mínimo (51,3%), dependiam totalmente da assistência do Sistema Único de Saúde (93,85%) e acompanhados pela Estratégia Saúde da Família (91,2%). Quanto a saúde, sobressaíram-se as doenças crônicas Hipertensão (82,5%) e Diabetes Mellitus (56,3%), porém (68,8%) não possuíam histórico de hospitalização por complicação da doença crônica.

Conclusão

O envelhecimento é um fator importante para a presença das doenças crônicas, dentre elas a hipertensão e diabetes mellitus. Os usuários apresentaram características socioeconômicas desfavoráveis como baixos índices de renda e escolaridade que podem comprometer a qualidade de vida e influenciar negativamente as ações de autocuidado desses usuários. A dependência total do sistema público de saúde chama atenção, isso deve direcionar as ações de saúde e as estratégias de combate e controle as doenças crônicas.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde; Doenças não Transmissíveis; Perfil de Saúde; Hipertensão; Diabetes Mellitus

INTRODUÇÃO

As últimas décadas do século XX, foram marcadas por grandes transformações em sua estrutura etária, decorrentes do processo de transição demográfica devido o envelhecimento da população, acompanhado pelo processo de transição epidemiológica caracterizado pelo aumento dos indicadores de morbimortalidade por doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), que se interpõem como um grande desafio aos sistemas de saúde1)(2)(3.

As DCNT, como as doenças do sistema cardiovascular e neoplasias, são doenças de longo curso associadas ao desenvolvimento de limitações e incapacidades, geram modificações orgânicas e mudanças nos hábitos de vida com necessidade de cuidados específicos, que envolvem ações de promoção à saúde e adoção de estilo de vida mais saudável(1;4).

Além disso, essas doenças são incluídas como causas das mortes prematuras, promoção de incapacidades laborais, impacto financeiro na família e diminuição da produtividade e assim geram impactos negativos na qualidade de vida do indivíduo1)(2)(3)(4.

É interessante ressaltar que com o processo de envelhecimento e o estilo de vida da população e as mudanças das cargas das doenças, observam-se novas demandas de saúde, como maior necessidade dos serviços de saúde, maior tempo de internação e acompanhamento constante4)(5. Os indivíduos com vulnerabilidade socioeconômica, e com menor acesso aos serviços de saúde são os mais expostos aos riscos de adoecimento6, tornando-se imperativo o atendimento urgente dessas demandas por parte dos serviços de saúde.

Evidências apontam que no Brasil as DCNT são responsáveis por 75% dos gastos com atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se um desafio para a gestão pública, com consequente aumento da demanda por cuidados específicos e elevação dos custos para o SUS, em razão da cronicidade dessas doenças1.

Diante desse contexto, como resposta a essa demanda, a Atenção Primária à Saúde (APS) destaca-se como o melhor nível de atenção voltado as ações de promoção e prevenção com foco nas condições crônicas, haja visto que seu modelo assistencial se baseia num cuidado integral e continuado, com preservação do vínculo, corresponsabilização e a longitudinalidade do cuidado2.

A assistência à saúde na APS para o cuidado ao usuário com doenças crônicas volta-se para ações de promoção da saúde, prevenção e controle de suas complicações, com incentivo a mudanças comportamentais de estilo de vida, que embora não promovam a cura, permitem manter a doença sob controle e/ou em melhores condições, proporcionando maior qualidade de vida e diminuição dos impactos na funcionalidade do indivíduo7. Dessa forma, a APS pode direcionar suas ações a uma atenção integral apta a restabelecer o estado de saúde, qualidade de vida e a autonomia do usuário e/ou coletividade 2.

Descrever o perfil epidemiológico dos usuários atendidos nos informa sobre a ocorrência das DCNT e o acometimento de agravos crônicos, assim como, a necessidade de atuação na APS, com enfoque nas ações de prevenção e controle desses agravos com base na identificação dos determinantes presentes na vida desses usuários. Trata-se de uma assistência que evita e/ou retarda a instalação de complicações e incapacidades, além das mortes prematuras relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis. Para tanto, é fundamental identificar as características socioeconômicas e de saúde da população, as quais, relacionam-se diretamente como fatores de risco para as doenças e condições crônicas8.

Logo é necessário priorizar o reconhecimento dos perfis socioeconômicos e de morbimortalidade da população atendida, assim como a identificação dos serviços de saúde utilizados pelos usuários, indispensáveis para a minimização das barreiras existentes e operacionalização do cuidado através das ações de promoção à saúde, prevenção de riscos e agravos, para atendimento de um plano de vigilância epidemiológico de controle das doenças crônicas.

Diante do exposto, o objetivo desse estudo é descrever o perfil clínico e sociodemográfico de vida e saúde de usuários com doenças crônicas não transmissíveis na Atenção Primária à Saúde.

MÉTODO

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal, guiado pela feramenta Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE). Esse artigo é oriundo do projeto de pós-doutorado “O autocuidado de usuários com Doenças Crônicas Não Transmissíveis e sua relação com as condições socioeconômicas no contexto da Atenção Primária à Saúde”.

O estudo foi realizado no período de janeiro de 2018 a março de 2020, cujo cenário corresponde a área adscrita de Unidade de Saúde da Família (USF), localizado em bairro com população de 110 mil habitantes situado no Distrito Sanitário Oeste, no município de Natal, Rio Grande do Norte. Sobre a comunidade em questão ressalta-se a presença de uma população adulta em sua fase reprodutiva de trabalho, crescimento do número de pessoas acima de 60 anos, além de elevados índices de desemprego, criminalidade e baixos níveis de escolaridade e renda9.

Participaram desta pesquisa 80 usuários, escolhidos em amostra definida por técnica de amostragem não probabilística do tipo intencional, através dos critérios de idade maior que 18 anos, cadastrados em área adscrita de Unidade de Saúde da Família, diagnosticado com no mínimo uma DCNT, em boas condições cognitivas para manter diálogo durante entrevista.

O contato inicial com os usuários ocorreu na sala de espera da USF, enquanto eles aguardavam atendimento, com o apoio das enfermeiras do serviço; a coleta dos dados, através de uma entrevista estruturada com uso de um formulário validado10, contendo questões sobre as variáveis sociodemográficas, história da doença, requisitos e competências de autocuidado e atendimento dos profissionais de saúde. Em alguns momentos, a entrevista se realizou no domicílio do usuário, e nesses casos, houve um planejamento prévio da unidade e apoio de familiares.

Os dados coletados, relacionados as variáveis socioeconômicas de raça/cor, estado civil, sexo, religião, profissão, escolaridade, renda e condições de moradia, além de clínicas e de atendimento dos serviços de saúde, foram tabulados e organizados em uma planilha no Excel. Posteriormente, analisados no programa Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 20.0. A análise estatística dos dados, do tipo descritiva foi apresentada por frequências relativa e absoluta, e de seus respectivos intervalos de confiança (IC 95%), em Tabelas simples.

O estudo atendeu as exigências da Resolução de nº 466, de 12 dezembro de 2012, regulamentadora das normas para o desenvolvimento de pesquisas com seres humanos e recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), sob parecer de número 3.002.347.

RESULTADOS

Dentre os usuários participantes, 43 (53,8%) possuem cor parda, 31 (35,8%) são casados, 70 (87,5%) do sexo feminino, 50 (62,5%) tem religião católica, 43 (53,75%) com vínculo empregatício informal, 50 (62,6%) com ensino fundamental incompleto e 41 (51,3%) com renda maior a um salário-mínimo, como observado na Tabela 1.

Quanto a idade, 39 (48,8%) dos usuários encontravam-se na faixa etária entre 18 e 59 anos de idade com média de idade de 58,4 anos; dentre os usuários entrevistados, o mais jovem tinha 25 anos e o mais velho, 85 anos de idade representando as idades mínima e máxima da população estudada.

Tabela 1. Caracterização sociodemográfica de usuários com doenças crônicas não transmissíveis atendidos na Unidade de Saúde da Família (n=80). Natal, RN, Brasil, 2020. 

Fonte: elaborado pelos autores, 2021.

n = número de participantes;

*IC95%: Intervalo de confiança de 95%;

Com relação a condição de moradia, 69 (86,3%) moravam em casa própria, 52 (65%) dispunham de saneamento básico, e 80 (100%) possuíam energia elétrica e água encanada.

Tabela 2. Caracterização de moradia dos usuários com doenças crônicas não transmissíveis, atendidos na Unidade de Saúde da Família (n=80). Natal, RN, Brasil, 2020. 

Fonte: elaborado pelos autores, 2021.

n = número de participantes;

*IC95%: Intervalo de confiança de 95%;

Quanto a caracterização sobre a saúde dos usuários, os resultados demonstraram que, entre as doenças referidas estão a hipertensão arterial sistêmica com 66 (82,5%), seguida do diabetes mellitus, em 45 (56,3%) dados demonstrados na Tabela 3.

De acordo com o atendimento recebido da unidade de saúde, 73 (91,2%) dos usuários entrevistados, foram acompanhados pelos profissionais da Unidades; com relação ao cadastramento e acesso gratuito aos remédios, 68 (85,1%) afirmaram cadastramento em farmácia popular e/ou farmácia da Unidade de Saúde da Família; outros 55 (68,8%), negaram internamento anterior tendo como causa uma DCNT, e ainda, 75 (93,8%) que não possuem plano de saúde conforme dados registrados na Tabela 3.

Tabela 3. Distribuição de morbidade referida por usuários atendidos em Unidade Básica de Saúde da Família, em Natal-RN (n=80). Natal, RN, Brasil, 2020. 

Fonte: elaborado pelos autores, 2021.

n = número de participantes;

*IC95%: Intervalo de confiança de 95%;

**ESF: Unidade de Saúde da Família;

DISCUSSÃO

As DCNT se constituem num dos maiores problemas de saúde pública no mundo. São doenças que interferem fortemente na qualidade de vida dos indivíduos e nos serviços de saúde, além de serem responsáveis por mais da metade das mortes ocorridas no Brasil no ano de 201711.

Em se tratando do perfil dos usuários, acometidos pelas DCNT, observou-se que o conjunto de doenças e das variáveis como baixa renda, baixo grau de escolaridade e a idade atinge grupos mais vulneráveis12. No Brasil, por exemplo, percebe-se que as doenças crônicas aumentam em direção aos segmentos mais vulneráveis socialmente6.

Relacionada a cor dos participantes, estudo13 realizado observou uma maior prevalência de DCNT entre indivíduos da raça parda (57,4%). A prevalência semelhante é apontada nesse estudo se comparada as características socioeconômicas. Tal fato, pode ter associação com as semelhanças das características populacionais onde foi realizada a coletas de dados.

No que confere a faixa etária, é importante destacar que na conjuntura do processo de envelhecimento da população, a multiplicidade de necessidades de saúde manifestadas pelos idosos, frente a maior exposição as DCNT, demanda que os serviços de saúde sejam capazes de atender adequadamente as necessidades de prevenção e controle de doenças, assim como sejam capazes de promover um envelhecimento ativo e saudável, numa perspectiva de autonomia e bem-estar, com atividades de promoção à saúde2.

Os resultados apontaram ainda, que (87,5%) dos usuários do sexo feminino foram diagnosticados com algum tipo de DCNT. Tal prevalência corrobora com a literatura, que aponta estudos em que, as doenças crônicas foram encontradas principalmente nas mulheres. E, tal circunstância pode estar relacionada ao fato da maior utilização dos serviços de saúde por mulheres, assim como, pelo fato da mulher ter uma maior percepção em relação aos sinais e sintomas das doenças e, por consequência, maior procura por serviços de saúde, médicos, exames, entre outros6)(14)(15.

Tendo isso como uma realidade, ressalta-se a importância das campanhas de promoção, recuperação e habilitação da saúde do homem. Nesse sentido, o Ministério da Saúde edita a Política Nacional de Assistência Integral à Saúde do Homem (PNAISH) com a finalidade de promover uma maior aproximação do homem com os serviços de saúde, sobretudo aqueles voltados a APS. Essa medida, associada a um serviço de saúde que seja receptivo as demandas desses usuários, poderão refletir em uma maior utilização dos serviços ofertados na APS e consequentemente influenciar na redução de agravos e doenças16.

Pertinente a variável escolaridade, percebe-se que a maioria dos usuários entrevistados possuíam ensino fundamental incompleto. Resultados semelhantes foram encontrados na literatura17 os quais, indicam que a maioria dos indivíduos pesquisados possuíam ensino médio (30,3%), seguido de ensino fundamental (25,6%). Tais achados foram relacionados ao fato de que, baixos níveis de escolaridade podem prejudicar a prevenção de DCNT e seus fatores de risco, uma vez que inviabiliza o indivíduo de buscar conhecimento para promover a saúde18, bem como, outras formas de prevenção das doenças.

Outros resultados semelhantes19, apontaram o alto nível de escolaridade como um fator a ser apreciado no âmbito da prevenção de DCNT, uma vez que essas pessoas tendem a seguir uma dieta mais saudável, diminuir o uso do tabaco, realizar mais atividades físicas. Por conseguinte, entre os profissionais de saúde a escolaridade é considerada como um fator importante na elaboração de atividades de educação em saúde na APS20.

ConFiguram como as DCNT mais prevalentes: doenças cardiovasculares, câncer, Diabetes Mellitus e doenças respiratórias crônicas. Sendo elas responsáveis por mais da metade de todas as mortes no mundo. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), revelam que quase metade da população declara estar acometido por, pelo menos, uma DNCT15. Sendo a Hipertensão Arterial a condição mais citada. Essa doença é caracterizada pelos níveis pressóricos sustentados acima do padrão de normalidade da pressão arterial e geralmente está associada a alterações funcionais de órgãos e/ou alterações metabólicas21.

A Diabetes Mellitus, por sua vez, corresponde a um conjunto de alterações metabólicas decorrentes de problemas na ação e/ou secreção de insulina. Em consequência há uma hiperglicemia sérica que, quando não tratada, pode provocar complicações agudas ou crônicas no sistema cardiovascular, renal e neurológico. Quando associadas, essas duas condições apresentam maiores riscos para o desenvolvimento de doença renal, doença cardíaca coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico21.

A APS por meio de suas equipes de saúde, desenvolve ações de promoção do autocuidado, possibilitando a expansão da aprendizagem, assim como as mudanças de estilo de vida. Visando, dessa forma, capacitar o indivíduo para o autocuidado de modo que ele possa apresentar melhores resultados clínicos, no seu estado de saúde e melhor qualidade de vida21)(22)(23. Logo, a APS deve encorajar o desenvolvimento de práticas que possibilitem a diminuição dos fatores de risco modificáveis, como sobrepeso, obesidade, sedentarismo e tabagismo24.

A dificuldade de acesso aos serviços de saúde para a população desse estudo, não se configurou como um fator de risco importante, uma vez que, 91,2% dos entrevistados afirmaram ser acompanhados pelos profissionais da Unidade de Saúde da Família. Além disso, 94,3%, referiram acesso gratuito aos medicamentos, para tratamento de doenças crônicas, corroborando com resultados de estudo semelhante25. No entanto, a OMS26) destaca a dificuldade de acesso e utilização dos serviços de saúde como sendo a principal barreira para o enfrentamento das DCNT.

No tocante à hospitalização por complicações da doença crônica, têm-se que 68,8% dos usuários entrevistados não precisaram de internação, o que pode ser um reflexo da cobertura dada através do modelo assistencial de Estratégia Saúde da Família (ESF), uma vez que esse modelo demonstra menores taxas de internação hospitalar27. Trata-se de um modelo voltado para a prevenção e promoção da saúde, sendo guiado por uma equipe multidisciplinar com a participação da comunidade, que uma vez capilarizado para a comunidade, é capaz de beneficiar os usuários mais vulneráveis, impedindo que estes sejam encaminhados para outros níveis de atenção à saúde desnecessariamente24.

Em resultados de estudo transversal nacional, observou-se uma maioria de usuários do sexo feminino, de etnia parda, casada ou em união estável, sem plano de saúde, com classificação social C e somente com ensino fundamental. Quanto a frequência de doenças crônicas, hipertensão, dislipidemia, osteoarticulares (como artrite/artrose), depressão e diabetes foram as mais citadas pelos usuários23. Estes resultados quando comparados aos desse estudo, identificam-se semelhanças relacionadas a caracterização socioeconômica e de doenças evidenciadas pela maioria dos usuários acometidos pelas DCNT.

Tais achados, tornaram evidentes a necessidade de se atuar sobre os condicionantes e determinantes sociais em saúde, com a finalidade de dirimir as desigualdades e possibilitar uma abordagem integral e longitudinal dos fatores de risco e das DCNT28.

Portanto, fica claro a importância e o impacto que a APS pode ter no cuidado ao usuário com DCNT, destacando práticas de prevenção e promoção da saúde. Contudo é necessário a melhoria no monitoramento das doenças crônicas na APS, a fim de possibilitar um melhor planejamento e acompanhamento do tratamento desses usuários.

CONCLUSÃO

O perfil clínico e socioeconômico observado caracterizou-se por idosos com altas prevalências de hipertensão e diabetes mellitus como principais DCNT, porém sem histórico de hospitalização por complicação da doença crônica. Esses usuários apresentaram baixos índices de renda e escolaridade que podem comprometer a qualidade de vida e influenciar negativamente as ações de autocuidado desses usuários.

A maioria dos usuários dependem totalmente do SUS e tem acesso ao serviço de saúde, com base no acompanhamento com a equipe de saúde da família o que deve direcionar as ações de saúde e as estratégias de combate e controle as doenças crônicas.

No que concerne a limitação desta pesquisa, destaca-se tamanho da amostra, devido à maioria das entrevistas serem conduzidas apenas com os usuários presentes na Unidade de Saúde da Família. Além disso, por se tratar de um estudo transversal, os achados não permitiram estabelecimento de relações causais, devido delineamento transversal utilizado.

Têm-se como outro fator limitador a impossibilidade de um tempo maior para o período de coleta de dados devido a emergência sanitária relacionada à pandemia do COVID-19 decretada em março de 2020 pela OMS.

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Recebido: 22 de Fevereiro de 2022; Aceito: 08 de Julho de 2022

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